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quinta-feira, julho 10, 2014

SÃO BENTO ABADE

APÓS ABANDONAR O “MUNDO”, PASSOU A VIVER EM ORAÇÃO NO SILÊNCIO EM SUBIACO. DEPOIS FOI PARA MONTE CASSINO, ONDE ERGUEU O MOSTEIRO QUE SE TORNOU MODELO DA VIDA MONÁSTICA DA IGREJA. ESCREVEU A CÉLEBRE REGRA, QUE TEM COMO FUNDAMENTO “ORAÇÃO E TRABALHO”. PAULO VI PROCLAMOU-O PADROEIRO DA EUROPA.

São Bento nasceu em Núrsia (Itália) por volta do ano 480. Depois de ter recebido uma formação esmerada em Roma, começou a praticar a vida eremítica em Subíaco, onde reuniu alguns discípulos. 
Em  Cassino, fundou o Mosteiro de Montecassino. Escreveu a Regra da vida monástica, cuja difusão lhe valeu o título de Pai dos monges do Ocidente, e que teve e continua a ter grande influência em muitos estatutos da vida religiosa. Morreu em Montecassino no dia 21 de março de 547, mas desde os fins do século VIII a sua festa começou a ser celebrada em muitos lugares.
Mosteiro de Monte Cassino - Itália
Paulo VI, pela Carta Apostólica Pacis nuntius
(24-X-1964), proclamou São Bento Padroeiro da Europa, dada a extraordinária influência que exerceu pessoalmente e através dos seus monges no estabelecimento das raízes cristãs no velho Continente. João Paulo II, pela Carta Apostólica Egregiae virtutis (31-XII-1980), proclamou os Santos Cirilo e Metódio copadroeiros da Europa
(cfr. Encíclica Slavorum Apostoli, 2-VI-1985).

 Ao comemorar o décimo quinto centenário do nascimento de São Bento, o Papa João Paulo II recordou o “trabalho gigantesco” desse Santo, que contribuiu extraordinariamente para a configuração do que mais tarde seria a Europa. Era um tempo em que “corriam grande perigo não só a Igreja, mas também a sociedade civil e a cultura. Com obras insignes e com a sua santidade, São Bento testemunhou a perene juventude da Igreja”.
Mosteiro de São Bento - RJ
Além disso, “ele e os seus seguidores arrancaram da barbárie e levaram à vida civilizada e cristã os povos bárbaros; e, conduzindo-os à virtude, ao trabalho e ao pacífico exercício das letras, uniram-nos na caridade como se fossem irmãos”. São Bento contribuiu em grande medida para expressar a alma e as raízes da Europa, que são essencialmente cristãs e sem as quais não se entendem nem se explicam a nossa cultura e o nosso modo de ser. A própria identidade europeia “é incompreensível sem o Cristianismo” e “é precisamente nele que se encontram essas raízes comuns das quais brotaram a civilização do Continente, a sua cultura, o seu dinamismo, a sua atividade, a sua capacidade de estender-se construtivamente aos outros Continentes”.
Mosteiro de São Bento - RJ
Hoje assistimos, infelizmente, a um empenho decidido e sistemático por eliminar o aspecto mais essencial dos costumes ocidentais: o seu profundo sentido cristão. “Por um lado, a orientação quase exclusiva para o consumo dos bens materiais tira à vida humana o seu sentido mais profundo. Por outro, em muitos casos, o trabalho vem-se tornando praticamente uma coação alienante para o homem, submetido ao coletivismo e separado da oração quase a qualquer preço, excluindo-se a dimensão ultraterrena da vida humana”.
É como se povos inteiros se encaminhassem para uma nova barbárie, pior que a dos tempos passados. O materialismo prático “impõe hoje ao homem o seu domínio de diversas maneiras e com uma agressividade que não exclui ninguém.
Os princípios mais sagrados, que foram guia seguro do comportamento dos indivíduos e da sociedade, vêm sendo deslocados por falsos argumentos a propósito da liberdade, da sacralidade da vida, da indissolubilidade do matrimônio, do autêntico sentido da sexualidade humana, da atitude correta perante os bens materiais que o progresso trouxe consigo”.
Mosteiro de São Bento - SP
Não parece exagerado pensar que, se não se lançar mão do remédio oportuno, as ideias que se vêm cristalizando em muitos lugares farão surgir uma nova sociedade pagã. Por influência do laicismo, que prescinde de toda a relação com Deus, não são poucas as legislações em que os direitos e deveres do cidadão se estabelecem sem nenhuma referência a uma lei moral objetiva. E tudo isso com uma aparência de bondade, que só engana as pessoas de formação sofrível e os que perderam o sentido da dignidade humana.
Mosteiro de São Bento – Olinda - PE
Perante esta situação, cujas consequências observamos todos os dias, temos que sentir a urgência de recristianizar o mundo, essa parcela do mundo, talvez pequena, em que se desenvolve a nossa vida: “Cada um de nós deve perguntar-se de verdade: Que posso fazer – na minha cidade, no meu lugar de trabalho, na minha escola ou na minha Universidade, nessa agremiação social ou esportiva a que pertenço, etc. – para que Jesus Cristo reine efetivamente nas almas e nas atividades? Pensem-no diante de Deus, peçam conselho, rezem… e lancem-se com santa agressividade, com valentia espiritual, à conquista desse ambiente para Deus”.
A tarefa de recristianização da Europa e do mundo não pode ser encarada como missão exclusiva dos que exercem uma influência política ou pública considerável. Pelo contrário, é tarefa de todos.


Voltamos a evangelizar de novo o nosso mundo quando vivemos como Deus quer: quando os pais e as mães de família – começando pela sua conduta, pelo modo de conviverem com os vizinhos e com as pessoas que os ajudam no serviço doméstico… – educam os seus filhos no desprendimento das coisas pessoais, no sentido do dever, na austeridade de vida, no espírito de sacrifício em prol dos mais idosos e dos mais necessitados…
Saint-Benoît-Du-Lac, Qc J0b - Canadá

Cooperam na recristianização do mundo os pregadores e catequistas que recordam, sem cansaço e sem reducionismos oportunistas, toda a mensagem de Cristo; os colégios que, tendo em conta os objetivos para os quais foram fundados, formam realmente os seus alunos no espírito cristão; os profissionais que, embora isso lhes acarrete prejuízos econômicos, se negam a práticas imorais: comissões injustas, aproveitamento desleal de informações e influências, intervenções médicas que contradizem a Lei de Deus, mensagens publicitárias que ajudam a sustentar emissoras ou publicações claramente anti-cristãs…
Evangelizamos, enfim, o mundo quando nos empenhamos sem desfalecimentos num apostolado pessoal baseado na amizade, que é eficaz em todas as circunstâncias. Que fazemos?
Existe um antigo provérbio que diz: “Vale mais acender um fósforo do que reclamar da escuridão”. Além de que não é próprio de um filho de Deus queixar-se sistematicamente do mal, do clima pessimista e negativo que o rodeia, se nos decidíssemos a levar a cabo o que está ao alcance da nossa mão, mudaríamos novamente o mundo. Assim fizeram os primeiros cristãos, que eram numericamente poucos, mas tinham uma fé viva e operante.
Abbaye de Saint-Benoît-sur-Loire - França

É um grande erro não fazer nada por pensar que talvez se possa fazer pouco. O bem é difusivo por natureza, isto é, tem um efeito multiplicador que ultrapassa de longe a sua eficácia imediata… Com a graça de Deus, todas as nossas ações, por mais pequenas que sejam, têm repercussões insuspeitadas.
Por outro lado, contamos com o auxílio da Virgem e dos Santos Anjos da Guarda para levarmos adiante os nossos propósitos de bem-fazer, e contamos também com a fortaleza que nos confere a ajuda da Comunhão dos Santos, que se estende mesmo aos que estão longe.

São, pois, muitas as razões para sermos otimistas, “com um otimismo sobrenatural que mergulha as suas raízes na fé, que se alimenta da esperança e a que o amor concede asas. Temos de impregnar de sentido cristão todos os ambientes da sociedade. Não fiquem simplesmente no desejo: cada uma, cada um, ali onde trabalha, deve dar um conteúdo divino à sua tarefa e deve preocupar-se – com a sua oração, com a sua mortificação, com o seu trabalho profissional bem acabado – em formar-se e formar outras almas na Verdade de Cristo, para que seja proclamado Senhor de todos os afazeres terrenos”.
Abadia de Saint Benoît sur ​​Loire.
Esta é uma das mais antigas abadias na França. Ela é mostrada, porque contém as relíquias de São Bento de Núrsia (480-547), fundador da ordem do monaquismo beneditino Europeu, considerado o patriarca dos monges ocidentais.

Para isso aproveitaremos todas as situações, mesmo as viagens por motivos de descanso ou de trabalho, como fizeram os primeiros cristãos, que “viajando ou tendo de estabelecer-se em outras regiões onde Cristo não tinha sido anunciado, testemunhavam corajosamente a sua fé e fundavam aí as primeiras comunidades”.

Recomendamos hoje a São Bento esta tarefa de recristianização da sociedade e pedimos-lhe que saibamos proclamar com a nossa vida e a nossa palavra “a perene juventude da Igreja”. Pedimos-lhe sobretudo essa santidade pessoal que está na base de todo o apostolado. “Vejo alvorecer – diz o Papa João Paulo II – uma nova época missionária, que chegará a ser dia radioso e rico de frutos se todos os cristãos e, em particular, os missionários e as jovens Igrejas corresponderem, generosa e santamente, aos apelos e desafios do nosso tempo”.
Monastero di San Benedetto Subiaco - Roma
Mosteiro, que viu o nascimento da Ordem Beneditina.

A REGRA DE SÃO BENTO
A Regula Monasteriorum, que conta com 73 capítulos e um prólogo, foi retomada por Bento de Aniane no século IX, antes das invasões normandas; ele a estudou e codificou, dando origem a sua expansão por toda Europa carolíngia, ainda que tenha sido adaptada diversas vezes, conforme diversos costumes.
Posteriormente, através da Ordem de Cluny e da centralização de todos os mosteiros que utilizavam a Regra, ela foi adquirindo grande importância na vida religiosa europeia durante a Idade Média.

No século XI surgiu a reforma de Cister, que buscava recuperar um regime beneditino mais de acordo com a regra primitiva. Outras reformas (como a camaldulense, a olivetana ou a silvestriana), buscaram também dar ênfase a diferentes aspectos da Regra de São Bento.
Apesar dos diferentes momentos históricos, nos quais a disciplina, as perseguições ou as agitações políticas causaram uma certa decadência da prática da Regra de São Bento, e mesmo da população monástica, os mosteiros beneditinos conseguiram manter, durante todos os tempos, um grande número de religiosos e religiosas.
Atualmente, perto de 700 mosteiros masculinos e 900 mosteiros e casas religiosas femininas, espalhados pelos cinco continentes, seguem a Regra de São Bento. Inclusive algumas comunidades de confissões Luterana e Anglicana

SANTIFICAÇÃO
De acordo com a tradição, São Bento de Núrsia foi santificado por ter vencido duas ciladas armadas pelo Diabo, nas quais lhe é oferecido um cálice de vinho envenenado e um pedaço de pão, também envenenado.
Além disso, em inúmeras vezes fora tentado efetivamente pelo Inimigo, além de ser ofendido e insultado de tal maneira que os irmãos de hábito que estavam ao seu redor podiam escutar as ofensas que ele recebia.
O Santo Varão, como também é chamado, vencia o Tentador utilizando-se do sinal da cruz e da oração contida na Cruz Medalha que fora esculpida nas paredes de um mosteiro.

MEDALHA DE SÃO BENTO
AS INSCRIÇÕES NA MEDALHA:
Na frente da medalha:
"Ejus in obitu nostro praesentia muniamur"
Sejamos protegidos pela sua presença na hora de nossa morte.

Nas antigas medalhas aparece, rodeando a figura do santo, este texto latino em frase inteira:
Eius in obitu nostro presentia muniamur.
"Que a hora de nossa morte, nos proteja tua presença".
Nas medalhas atuais, freqüentemente  desaparece a frase que é substituída por esta: Crux Sancti Patris Benedicti, ou mais simplesmente, pela inscrição: Sanctus Benedictus.

No reverso da medalha:
Em cada um dos quatro lados da cruz:
C. S. P. B. Crux Sancti Patris Benedicti.
Cruz do Santo Pai Bento.

Na vertical da cruz:
C. S. S. M. L. Crux Sacra Sit Mihi Lux.
Que a Santa Cruz seja minha luz

Na horizontal da cruz:
N. D. S. M. D. Non Draco Sit Mihi Dux. Que o demônio não seja o meu guia.

Começando pela parte superior,
no sentido do relógio:
V. R. S. Vade Retro Satana. Afasta-te Satanás.
N. S. M. V.  Non Suade Mihi Vana. Não me aconselhes coisas vãs.
S. M. Q. L. Sunt Mala Quae Libas.
É mau o que me ofereces
I. V. B. Ipse Venena Bibas.
Bebe tu mesmo teu veneno.

Na parte superior, em cima da cruz aparece a palavra PAX e nas mais antigas IESUS ou IHS.
A palavra PAX (“Paz”)
é o lema da Ordem de São Bento.

ORAÇÃO A SÃO BENTO
Contra espíritos perversos e de
Proteção contra o inimigo

“Santa Cruz do Santo Pai Bento
A Cruz sagrada seja minha Luz
Não seja o Dragão meu guia
Retira-te Satanás
Nunca me aconselhes coisas vãs
É mal o que tu me ofereces
Bebe tu mesmo do teu veneno.”

ROGAI POR NÓS BEM AVENTURADO
 SÃO BENTO.
PARA QUE SEJAMOS DIGNOS DAS
PROMESSAS DE CRISTO.

Em latim:
Crux Sancti Patris Benedicti
Crux Sacra Sit Mihi Lux
Non Draco Sit Mihi Dux
Vade Retro Satana
Numquam Suade Mihi Vana
Sunt Mala Quae Libas
Ipse Venena Bibas

Esta oração contra os espíritos perversos é forte e poderosa, de tal forma que a Igreja Católica a usa em exorcismos. Para ter mais proteção ainda, deve-se usar uma medalha de São Bento, a qual tem as iniciais desta oração no verso.



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