Nesta terça-feira, 2, Dia Internacional para a Abolição da Escravidão, o Papa Francisco se reuniu com líderes religiosos para a assinatura de um documento contra a escravidão moderna e o tráfico de pessoas.
A iniciativa histórica é promovida pela Organização Global Freedom Network (GFN), sob inspiração do Papa Francisco e do Primaz Anglicano, Justin Welby.
Representantes
de organizações internacionais, da sociedade civil e empresas também estiveram
presentes. Entre os pontos
do acordo, os signatários se comprometem em inspirar todas as pessoas de boa
vontade a ações pela erradicação da escravidão moderna, mobilizando jovens,
famílias, escolas e universidades para que o tema seja conhecido.
Um convite será enviado a 50 grandes empresas para que seja excluído qualquer tipo de escravidão
de seu ambiente de trabalho. O mesmo convite será encaminhado a 162 governos,
buscando angariar o apoio público de ao menos 30 Chefes de Estado antes do
final do ano.
Outro objetivo
será que os países que formam o G20 condenem o tráfico de pessoas e adotem
medidas contra esta chaga social e apoiem o acordo. Deverá ser anunciada
ainda a instauração de um dia mundial de oração pelas vítimas e por sua
libertação.
“DECLARAMOS, EM CADA UM DOS NOSSOS CREDOS,
QUE A ESCRAVIDÃO MODERNA EM TODAS AS SUAS FORMAS – PROSTITUIÇÃO, TRABALHO
FORÇADO, MUTILAÇÃO, VENDA DE ÓRGÃOS OU TRABALHO INFANTIL – É UM CRIME DE LESA
HUMANIDADE”, AFIRMOU O PAPA.
O Papa Francisco
denunciou um "flagelo atroz, presente em todo o mundo e em todas as
formas, econômicas, psicológicas, sexuais", incluindo "no turismo".
Benjamin Skorka,
rabino de Buenos Aires, afirmou que todos os homens têm "um único
Pai" e lembrou a escravidão nos campos de concentração e de extermínio
durante a Segunda Guerra Mundial.
"São nossos
irmãos, irmãs, filhos, filhas que são explorados: nesta era de globalização, o
que acontece a um acontece a todos nós", afirmou a venerável Bhikkhuni
Thich Nu Chan Khong, representante do budismo.
Ela apelou à
"compaixão" não só pelas vítimas, mas também 'aos traficantes que
sofreram e que podemos despertar e transformar para que se tornem nossos irmãos
e aliados'.
Em uma mensagem
de vídeo, o patriarca ortodoxo de Constantinopla, Bartolomeu, associou a luta
contra a escravidão e a proteção do meio ambiente, "os dois lados da mesma
moeda."
"À medida
que trabalhamos para estabelecer prazos e limites" para a proteção do meio
ambiente, "não podemos ser indiferentes à exploração que faz desconectar
um corpo de sua alma", ressaltou.
O líder dos
anglicanos, o arcebispo de Canterbury, Justin Welby - um dos principais defensores
da iniciativa--, pediu leis mais eficazes "contra as formas de escravidão,
bem como a colaboração com o mundo empresarial não excluindo campanhas de
denúncia".
No documento, os
líderes religiosos se comprometem a erradicar a escravidão moderna e o tráfico
de seres humanos, e convidam os governo e chefes de Estado a apoiar
publicamente tal iniciativa.
Os
representantes das diversas religiões pedem a todos os países que reconheçam a
"exploração física, econômica e sexual de homens, mulheres e crianças como
um crime contra a humanidade".
Além do Papa
Francisco, assinaram o documento o arcebispo de Cantuária da Comunhão Anglicana
Justin Welby; os Rabinos David Rosen, do Comitê Judeu-americano, e o argentino
Abraham Skorka, amigo de Francisco; o Metropolita Emmanuel de França, o
Sub-Secretário de Al-Azhar, Abbas Abdalla Abbas Soliman, representando o
Grão-Imame Mohamed Ahmed El-Tayeb; o Grão Ayatolá iraquiano Mohammad
Taqui al-Modarresi e o Sheique argentino Omar Aboud, amigo de Francisco,
entre outros.
Zenit, Radio Vaticano, Canção Nova e G1
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