sexta-feira, dezembro 05, 2014

PELA PRIMEIRA VEZ NA HISTÓRIA, AS RELIGIÕES SE UNEM CONTRA O TRÁFICO DE PESSOAS


Nesta terça-feira, 2, Dia Internacional para a Abolição da Escravidão, o Papa Francisco se reuniu com líderes religiosos para a assinatura de um documento contra a escravidão moderna e o tráfico de pessoas. 

A iniciativa histórica é promovida pela Organização Global Freedom Network (GFN), sob inspiração do Papa Francisco e do Primaz Anglicano, Justin Welby.

Representantes de organizações internacionais, da sociedade civil e empresas também estiveram presentes. Entre os pontos do acordo, os signatários se comprometem em inspirar todas as pessoas de boa vontade a ações pela erradicação da escravidão moderna, mobilizando jovens, famílias, escolas e universidades para que o tema seja conhecido.
Um convite será enviado a 50 grandes empresas para que seja excluído qualquer tipo de escravidão de seu ambiente de trabalho. O mesmo convite será encaminhado a 162 governos, buscando angariar o apoio público de ao menos 30 Chefes de Estado antes do final do ano.

Outro objetivo será que os países que formam o G20 condenem o tráfico de pessoas e adotem medidas contra esta chaga social e apoiem o acordo.  Deverá ser anunciada ainda a instauração de um dia mundial de oração pelas vítimas e por sua libertação.

“DECLARAMOS, EM CADA UM DOS NOSSOS CREDOS, QUE A ESCRAVIDÃO MODERNA EM TODAS AS SUAS FORMAS – PROSTITUIÇÃO, TRABALHO FORÇADO, MUTILAÇÃO, VENDA DE ÓRGÃOS OU TRABALHO INFANTIL – É UM CRIME DE LESA HUMANIDADE”, AFIRMOU O PAPA.

O Papa Francisco denunciou um "flagelo atroz, presente em todo o mundo e em todas as formas, econômicas, psicológicas, sexuais", incluindo "no turismo".
Benjamin Skorka, rabino de Buenos Aires, afirmou que todos os homens têm "um único Pai" e lembrou a escravidão nos campos de concentração e de extermínio durante a Segunda Guerra Mundial.

"São nossos irmãos, irmãs, filhos, filhas que são explorados: nesta era de globalização, o que acontece a um acontece a todos nós", afirmou a venerável Bhikkhuni Thich Nu Chan Khong, representante do budismo.
Ela apelou à "compaixão" não só pelas vítimas, mas também 'aos traficantes que sofreram e que podemos despertar e transformar para que se tornem nossos irmãos e aliados'.

Em uma mensagem de vídeo, o patriarca ortodoxo de Constantinopla, Bartolomeu, associou a luta contra a escravidão e a proteção do meio ambiente, "os dois lados da mesma moeda."
"À medida que trabalhamos para estabelecer prazos e limites" para a proteção do meio ambiente, "não podemos ser indiferentes à exploração que faz desconectar um corpo de sua alma", ressaltou.

O líder dos anglicanos, o arcebispo de Canterbury, Justin Welby - um dos principais defensores da iniciativa--, pediu leis mais eficazes "contra as formas de escravidão, bem como a colaboração com o mundo empresarial não excluindo campanhas de denúncia".

No documento, os líderes religiosos se comprometem a erradicar a escravidão moderna e o tráfico de seres humanos, e convidam os governo e chefes de Estado a apoiar publicamente tal iniciativa.

Os representantes das diversas religiões pedem a todos os países que reconheçam a "exploração física, econômica e sexual de homens, mulheres e crianças como um crime contra a humanidade".
Além do Papa Francisco, assinaram o documento o arcebispo de Cantuária da Comunhão Anglicana Justin Welby; os Rabinos David Rosen, do Comitê Judeu-americano, e o argentino Abraham Skorka, amigo de Francisco; o Metropolita Emmanuel de França, o Sub-Secretário de Al-Azhar, Abbas Abdalla Abbas Soliman, representando o Grão-Imame Mohamed Ahmed El-Tayeb;  o Grão Ayatolá iraquiano Mohammad Taqui al-Modarresi  e o Sheique argentino Omar Aboud, amigo de Francisco, entre outros.

Zenit, Radio Vaticano, Canção Nova e G1


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