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sábado, janeiro 24, 2015

O ISLAMISMO por Professor Felipe de Aquino

O Islamismo (ou Islã) foi fundado por Maomé (Muhammad-ibn-Abdallag-ibn-Mottalib), que nasceu em Meca (Arábia Central), por volta de 580, e morreu em 632. Desde adolescente, viajava com seu tio comerciante em caravanas pela Arábia, a Assíria e a Mesopotâmia, e teve contato com judeus e cristãos. Foi casado com a viúva Kadija.

Impressionado pela desunião dos homens entre si, mortificava-se e rezava nas montanhas. Diz ele que, certa vez, na “Noite do Destino”, teve uma visão: em sonho, um estranho personagem lhe deu um livro (rolo), o Corão ou Alcorão. Ele, então, sentiu que Deus lhe dava a missão de reformar as crenças, pôr termo à idolatria e às disputas religiosas do povo árabe, indicando a todos o caminho do céu. Diz ele que julgava-se perseguido por espíritos, quando, certa vez, a estranha voz lhe declarou: “Sou o anjo Gabriel e tu serás o apóstolo do Senhor”.
Daí para frente, pôs-se a pregar nova forma de religião: o “Islã” ou, em árabe, a Submissão, Dedicação à Vontade de Deus. Maomé apoiava-se na fé em um só Deus, Alá, criticando os cultos pagãos. Isso irritou a aristocracia de Meca, que o perseguiu. Transferiu-se, então, para a cidade de Medina na noite de 16 de julho de 622. Esse acontecimento ficou com o nome de Hidjra ou Hegira, Fuga, e marca o início da era maometana.
Em Medina, Maomé, apoiado pela população, fortaleceu-se e agrupou adeptos. Em 629, conseguiu entrar em Meca e tomou posse do famoso santuário desta cidade, “a Caaba”, donde removeu os ídolos. Nos anos seguintes, foi dilatando o seu poder mediante guerras. Em 08 de junho de 632, morreu; mas já tinha conseguido unir os árabes e lançá-los, unidos, à conquista de numerosas nações com a prática da “guerra santa”, Jihah, em nome de Alá.
Depois da morte de Maomé, os sucessores (califas = lugar-tenentes) conquistaram países vizinhos e distantes da Arábia. O Cristianismo foi altamente prejudicado pela expansão maometana. Os califas Abu Bekr (632-4) e Omar (634-44) conquistaram a Palestina, a Síria, o Egito e a Pérsia. Assim, os patriarcados cristãos de Antioquia (637), Jerusalém (638) e Alexandria (642) ficaram sob a dominação árabe. O Califa Othmam (644-56) mandou invadir também a Armênia, Chipre e o Norte da África (especialmente Cartago, grande centro cristão que caiu em 698). 

As tropas muçulmanas foram avançando para o Ocidente, atravessaram a Espanha de Sul a Norte e chegaram até Poitiers na França. Finalmente, os muçulmanos estabeleceram a sua capital ou a sede do seu Império no califado de Bagdad (750-1258). Na Espanha, ficaram sete séculos e só foram expulsos, em 1492, pelos reis católicos Fernando e Isabel.

DOUTRINA ISLÂMICA
As fontes doutrinárias do Islã são o código sagrado do Corão (em Árabe, recitação, declamação, recitado no culto) e a tradição oral dita Sunna. É uma religião monoteísta, reconhece um só Deus Criador, derivado do monoteísmo judaico-cristão. Maomé nunca se apresentou como o fundador de uma religião nova, e sim como o novo profeta de tradições mais antigas. 
A sua teologia é proveniente da antiga religião árabe, a religião israelita, professada por judeus residentes na Arábia. Daí Maomé tirou a base de sua orientação religiosa: existe um só Deus, que se foi revelando aos profetas da humanidade: Adão, Abraão, Moisés, Jesus Cristo e consumou a sua revelação por meio de Maomé, o maior de todos os profetas. 
Ele via em Jesus Cristo não o Filho de Deus feito homem, mas um profeta eminente. E tomou alguns dados do Cristianismo que conheceu em suas viagens. Venerava a Virgem Maria, “a única mulher que não foi tocada pelo demônio”, diz o Corão.
Maomé se definiu como o continuador da religião de Abraão e de seu filho Ismael ( o povo árabe é descendente de Ismael, filho de Abraão e Agar). Para justificar sua independência religiosa, Maomé atribuiu a judeus e cristãos “o grande erro de terem falsificado os livros sagrados e o monoteísmo de Abraão e Ismael”.


A moral maometana ensina cinco grandes deveres:
1) professar a fé – o maior pecado é a apostasia da fé ou a adesão à idolatria e ao paganismo; a bem-aventurança celeste é prometida àqueles que morrem na guerra santa;
2) orar cinco vezes por dia (ao amanhecer, ao meio-dia, pela tarde, ao pôr do sol, no primeiro quarto da noite), cumprindo-se, de cada vez, as abluções rituais prescritas;
3) jejuar durante o mês inteiro de Ramadã, desde o nascer até o pôr do sol diariamente;
4) dar esmola aos pobres, e também a obrigação de dar hospedagem momentânea seja a quem for e a qualquer hora;
5) peregrinar a Meca uma vez na vida.
O Corão autoriza todo homem a ter quatro esposas legítimas e tantas concubinas escravas quantas seus recursos financeiros lhe permitam. O conceito de guerra santa é central no Islamismo e foi responsável pela rápida propagação árabe nos séculos VII e VIII; morrer em batalha armada torna o maometano “mártir”, ou seja, herói religioso. Aceitam a “predestinação”, que marca para cada pessoa a hora da sua morte; isso muito concorreu para que os discípulos de Maomé se lançassem em guerras.
O Islã defende um regime de governo teocrático (poder exercido em nome de Alá), um poder religioso; como acontece hoje no Irã e no Paquistão.

O Corão foi capaz de inspirar uma piedade intensa e profunda; criou-se uma mística muçulmana, da qual dois grandes expoentes são Al-Hallaj († 922) e Al-Ghazali († 1111). Especialmente a corrente sufita dedicou-se ao cultivo da vida interior. A partir do século XII foram-se formando comunidades de sufitas ou derviches, que seguiam os ensinamentos dos grandes mestres; observavam regras de vida cenobítica, assemelhando-se às congregações religiosas do Catolicismo.
O Islã não aceita a veneração de imagens nem música instrumental, apenas percussão, e não permite sexo antes do casamento. O ano muçulmano é medido pelas 12 revoluções completas da Lua em torno da Terra. Numa média, seu ano é 11 dias menor que o nosso ano solar.
Os muçulmanos sofreram uma cisão, como a que ocorreu entre católicos e protestantes. A divisão foi entre os sunitas e xiitas, que disputam o direito à sucessão de Maomé. Os sunitas representam 90% dos muçulmanos no mundo.

QUAIS SÃO AS SEMELHANÇAS E DIFERENÇAS ENTRE A BÍBLIA E O ALCORÃO?
Você sabia que o Alcorão fala de Adão, Noé, Abraão, Moisés, Jesus e Maria? Mas o sentido que os muçulmanos dão a eles é bem diferente do nosso.

ALCORÃO (OU CORÃO) E BÍBLIA SÃO EQUIPARÁVEIS? SIM E NÃO.
Para entender de maneira simples, podemos dizer que entre ambos há conexões e diferenças, tanto no conteúdo como na forma.
Sem pretender esgotar o tema, podemos começar dizendo que ambos são escrituras reveladas. E, em certos aspectos, o conteúdo dessa revelação é similar e constante: adorar um único Deus e submeter-se à sua vontade. Alcorão e Bíblia representam a cristalização da palavra de Deus que "descende" em épocas diferentes até os profetas.

Adão, Noé, Abraão, Moisés, Aarão, Jesus e Maria são figuras que também aparecem no Alcorão, ainda que suas histórias não coincidam exatamente com as do relato bíblico.
A principal diferença entre ambos quanto ao ensinamento se refere a que a figura de Cristo é concebida de maneira muito diferente. No Alcorão, Jesus é considerado um grande profeta, predecessor de Maomé. Em nenhum caso é reconhecido como Filho de Deus.
O Espírito Santo, para um cristão, é o Espírito de Deus, expressão do amor existente entre o Pai e o Filho. No Alcorão, o Espírito é uma emanação divina, mas não faz parte da sua própria natureza.
Para o Islã, o Alcorão é a palavra revelada de Deus. E o profeta Maomé é apenas seu transmissor, porque essa palavra foi ditada integramente pelo próprio Deus. Para o cristão, a Palavra de Deus é uma pessoa, Verbo encarnado em Jesus, Palavra de Deus feita Homem, e não um livro. O Novo Testamento nos transmite essa Palavra viva mediante o testemunho dos apóstolos.

TAMANHO E HISTÓRIA
Os 114 capítulos (suras) do Alcorão foram revelados a Maomé em língua árabe, ao longo de 23 anos.
Em comparação com a Bíblia, sua extensão total equivale a quatro quintos do Novo Testamento.
Ao contrário do texto muçulmano, a Bíblia, como seu nome indica, é um "conjunto de livros", escritos em diferentes línguas (hebraico, aramaico e grego), por autores diferentes, ao longo de cerca de mil anos (900 a.C. – 100 d.C.). Da mesma maneira, reúne gêneros literários muito variados (históricos, orações, poesia etc.). A vinda de Jesus Cristo é o acontecimento que divide a Bíblia em Antigo Testamento (história do povo hebreu) e Novo Testamento (vida, morte e ressurreição de Jesus).
O cristianismo aceita boa parte da Bíblia hebraica como parte da sua história, enquanto os muçulmanos acreditam que o conteúdo de ambos os testamentos desfigura a revelação original.

OUTRA GRANDE DIFERENÇA: COMO SÃO LIDOS
Católicos e muçulmanos se aproximam dos seus textos sagrados de maneira muito diferente.
Um católico vê a Bíblia como história de salvação. O muçulmano vê o Alcorão como "palavra eterna e incriada" e, portanto, que não pode ser alterada no mais mínimo.
Ambos os textos foram traduzidos a inúmeras línguas para tornar seu conteúdo compreensível. No entanto, a diferença radica em que, nos atos de culto, a Bíblia é usada na língua própria de cada povo. O Alcorão só se usa em árabe, língua de Deus. Daí que seja tão importante a recitação do textos em tais atos.
Quanto à interpretação dos textos, também existem diferenças. Para os estudiosos muçulmanos, estes comentários (tafsir) se centram na história do texto. É de vital importância a ordem da revelação de cada sura, ou seja, o contexto em que foi revelada dentro da vida do Profeta, já que influencia poderosamente em sua interpretação. Geralmente, estes comentários incluem várias interpretações possíveis e só os ramos fundamentalistas consideram uma única.
Para realizar estes comentários, foram usados os hadith, o conjunto de tradições nas quais alguns eruditos muçulmanos (ulemas) basearam a história e as leis islâmicas. Um método muito utilizado é o estudo da corrente de narradores (isnad) por meios dos quais a tradição foi transmitida.

Ao contrário disso, a exegese bíblica se centrou em determinar os princípios e normas que devem ser aplicados nesta interpretação. Revelados por Deus, mas compostos por homens, os textos bíblicos possuem dois significados diferentes: o literal e o espiritual. Portanto, é vital sublinhar que sua unidade radica no espírito que a inspirou e sua leitura deve ser realizada no contexto da tradição viva da Igreja.

É muito importante levar em consideração que os católicos precisam ser muito cuidadosos na hora de fazer paralelismos simples entre ambos os textos. Unindo a crença em um só Deus e tendo um tronco comum (Abraão), é preciso insistir em que o conhecimento das suas diferenças é recomendável para não relegar aspectos cruciais da fé. O aspecto fundamental consolida-se na figura de Cristo.

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