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segunda-feira, novembro 09, 2015

32º DOMINGO DO TEMPO COMUM ANO B


O exemplo de uma mulher pobre de Sarepta, uma viúva, para sermos exatos, apesar da sua pobreza e necessidade, se faz atenta aos apelos, aos desafios e aos dons de Deus (1ª leitura). A história da viúva que reparte com o profeta a escassez de seus alimentos propõe um ensinamento que deve ecoar na assembléia litúrgica deste Domingo: a generosidade, a partilha e a solidariedade não empobrecem, ao contrário, promovem vida, especialmente quando isto acontece em contexto de necessidade. O pão e o azeite que a mulher reparte com o profeta multiplicam-se milagrosamente. Quando alguém é capaz de sair do seu egoísmo para partilhar os dons recebidos de Deus, a retribuição não promove carestia, mas a sobra, como aconteceu na multiplicação dos pães (Jo 6,12-13). Repetindo: a generosidade, a partilha e a solidariedade não empobrecem; são geradoras de vida e de vida em abundância.

O exemplo de outra mulher pobre, de outra viúva (Evangelho) aprofunda o sentido da religião como meio de promover a generosidade e a solidariedade na vida social. A pessoa religiosa não oferece o pouco que tem, mas no espírito do Evangelho, é capaz de oferecer aquilo que tem para viver, em completa doação, mesmo que esta seja feita numa pobreza humilde e generosa, num despojamento de si que brota de um amor sem limites e sem condições. O exemplo da viúva, que tanto admirou Jesus, ajuda-nos a compreender a primeira bem-aventurança, dos pobres em espírito (Mt 5,3). Ter o espírito de pobre, segundo Jesus, é estar desprovido de todo apego terreno, a ponto de se ser capaz de oferecer a Deus o culto verdadeiro que Ele espera, isto é, o oferecimento da própria vida, daquilo que se tem para viver. É justamente o oposto da discussão proposta no início do Evangelho, onde se ressalta não a bem-aventurança dos pobres em espírito, mas a mesquinhez daqueles que buscam aparecer diante dos olhos do mundo. O que Deus pede é que sejamos capazes de oferecer tudo, até mesmo as nossas certezas, nas quais tanto confiamos, para nos abandonar confiadamente em suas mãos. Esse é o verdadeiro culto, o modo mais autêntico de se viver no discipulado.


Os gestos das viúvas, aquela de Sarepta e aquela do Templo (1ª leitura e Evangelho) tornam-se oração na boca do salmista proclamando total confiança na Providência divina, que alimenta os famintos e liberta os cativos, que ampara as viúvas e os órfãos, mas confunde o caminho dos maus (salmo responsorial). É a imagem de um Deus que se manifesta concretamente através da generosidade e da solidariedade em favor da vida. É o mesmo que conclui a promessa de Elias: “a vasilha de farinha não acabará e a jarra de azeite não diminuirá” (1ª leitura).
O exemplo maior desta solidariedade e generosidade partilhada está no próprio Cristo, apresentado como o sumo-sacerdote que entregou a sua vida em favor dos homens (2ª leitura). Ele mostrou-nos a dimensão de sua solidariedade e generosidade para com a humanidade pela oblação de sua vida. A oferta da sua vida é o dom perfeito que Deus quer e espera de cada um de seus filhos e filhas. A generosidade e a solidariedade humana estão acima da ajuda financeira ou de outros bens materiais, embora eles possam ser expressão generosa e solidária. Mas o que Deus espera mesmo de nós é o dom da vida, a dedicação e a disponibilidade de se colocar a serviço do seu projeto de Salvação, que chamamos de Reino de Deus.





A generosidade e o dízimo

Vou concluir fazendo uma breve menção sobre o dízimo, uma vez que o Evangelho se encontra neste contexto de dízimo. Jesus está no Templo e observa como o dízimo era oferecido: alguns dão somas altas, porque estas não lhe farão falta; até que uma viúva oferece seu dízimo com uma simples moeda. Jesus conclui sua observação com uma contabilidade estranha aos nossos conceitos: a viúva deu mais que os outros, porque deu com generosidade. Porque colocou a sua própria vida naquela oferenda. Isto vale também para a oferta do dízimo. A maior parte de nós faz do dízimo um oferecimento semelhante ao dos fariseus. Contribuir, sim, com o dízimo, mas com uma quantia que não fará falta. Não contribui com a medida da generosidade que, segundo Jesus, é dar daquilo que se tem para viver. Como também é atitude egoísta aquele padre ou pastor que promete recompensas materiais para quem “pagar o dízimo”. Neste caso, ele tira a generosidade do dizimista por transformar o dízimo em moeda de troca. Concluamos com duas interrogações: com que espírito eu contribuo com o dízimo, aqui na comunidade e, o segundo pensamento: se sou generoso, como vivo a generosidade e como a cultivo e a semeio na convivência social? Amém!