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sábado, abril 29, 2017

PAPA NA MISSA: ÚNICO EXTREMISMO PERMITIDO AOS CRENTES É O DA CARIDADE




No segundo dia da sua visita apostólica ao Egipto o Papa Francisco celebrou a Missa no Estádio da Aeronáutica Militar do Cairo e na homilia, falando dos dois discípulos de Emaús que deixaram Jerusalém, resumiu o Evangelho do dia em três palavras: morte, ressurreição e vida.

Na Morte estão representados os dois discípulos que voltam à sua vida quotidiana, repletos de desânimo e desilusão – disse Francisco – porque o Mestre morreu e se sentiam desorientados, enganados e desiludidos, sem saberem que, na realidade, eram eles os mortos no sepulcro da sua limitada compreensão, disse o Papa:

“Quantas vezes o homem se autoparalisa, recusando-se a superar a sua ideia de Deus, um deus criado à imagem e semelhança do homem! Quantas vezes se desespera, recusando-se a crer que a omnipotência de Deus não é omnipotência de força, de autoridade, mas é apenas omnipotência de amor, de perdão e de vida!”

Mas os discípulos reconheceram Jesus no ato de «partir o pão», na Eucaristia – prosseguiu Francisco, sublinhando que também nós, se não deixarmos romper o endurecimento do nosso coração e dos nossos preconceitos, nunca poderemos reconhecer o rosto de Deus.

Em seguida Francisco falou da Ressurreição ressaltando que o Ressuscitado fez ressurgir os dois discípulos do túmulo da sua incredulidade e tristeza e acharam o sentido da aparente derrota da Cruz. Nós também não podemos encontrar Deus, sem crucificar primeiro as nossas ideias limitadas dum deus que reflecte a nossa limitada compreensão da omnipotência e do poder.

A seguir Francisco falou da Vida. O encontro com Jesus ressuscitado transformou a vida dos dois discípulos, disse o papa, porque encontrar o Ressuscitado transforma toda a vida e torna fecunda qualquer esterilidade. Os discípulos de Emaús compreenderam isto e voltaram a Jerusalém para partilhar com os outros a sua experiência, observou ainda Francisco:

“A experiência dos discípulos de Emaús ensina-nos que não vale a pena encher os lugares de culto, se os nossos corações estiverem vazios do temor de Deus e da sua presença; não vale a pena rezar, se a nossa oração dirigida a Deus não se transformar em amor dirigido ao irmão; não vale a pena ter muita religiosidade, se não for animada por muita fé e muita caridade; não vale a pena cuidar da aparência, porque Deus vê a alma e o coração e detesta a hipocrisia. Para Deus, é melhor não acreditar do que ser um falso crente, um hipócrita!”

E o Papa fez breve síntese da verdadeira fé ressaltando que Deus só aprecia a fé professada com a vida, e que o único extremismo permitido aos crentes é o da caridade, e qualquer outro extremismo não provém de Deus nem Lhe agrada:

“A fé verdadeira é a que nos torna mais caridosos, mais misericordiosos, mais honestos e mais humanos; é a que anima os corações levando-os a amar a todos gratuitamente, sem distinção nem preferências; é a que nos leva a ver no outro, não um inimigo a vencer, mas um irmão a amar, servir e ajudar; é a que nos leva a espalhar, defender e viver a cultura do encontro, do diálogo, do respeito e da fraternidade; é a que nos leva a ter a coragem de perdoar a quem nos ofende, a dar uma mão a quem caiu, a vestir o nu, a alimentar o faminto, a visitar o preso, a ajudar o órfão, a dar de beber ao sedento, a socorrer o idoso e o necessitado. A verdadeira fé é a que nos leva a proteger os direitos dos outros, com a mesma força e o mesmo entusiasmo com que defendemos os nossos”.

E Francisco terminou convidando os presentes a voltar à sua Jerusalém, como os discípulos de Emaús, isto é, à sua vida diária, suas famílias, seu trabalho e sua amada pátria, cheios de alegria, coragem e fé, sem medo de amar a todos, amigos e inimigos.

Que a Virgem Maria e a Sagrada Família, que viveram nesta terra abençoada, iluminem os nossos corações e vos abençoem a vós e ao amado Egipto que, ao longo da história, deu muitos mártires e uma longa série de Santos e Santas! – concluiu Francisco. (BS)


sexta-feira, abril 28, 2017

PAPA FRANCISCO NO EGITO



Cairo (RV) - O Papa Francisco encontrou-se com as autoridades egípcias, nesta sexta-feira (28/04), no Palácio Presidencial, no Cairo, no âmbito de sua 18ª viagem apostólica internacional.


“Sinto-me feliz por me encontrar no Egito, terra duma civilização muito antiga e nobre, cujos vestígios podemos admirar ainda hoje e que, na sua majestade, parecem querer desafiar os séculos. Esta terra é muito significativa para a história da humanidade e para a Tradição da Igreja, não só pelo seu prestigioso passado histórico – faraônico, copta e muçulmano –, mas também porque muitos Patriarcas viveram no Egito ou o cruzaram. Na verdade, aparece mencionado numerosas vezes na Sagrada Escritura. Nesta terra, Deus se fez ouvir, «revelou o seu nome a Moisés» e, no Monte Sinai, confiou ao seu povo e à humanidade os Mandamentos divinos. No solo egípcio, encontrou refúgio e hospitalidade a Sagrada Família: Jesus, Maria e José”, disse Francisco em seu segundo discurso em terras egípcias.


“Também hoje encontram aqui hospitalidade milhões de refugiados provenientes de vários países, entre os quais se conta o Sudão, a Eritreia, a Síria e o Iraque; refugiados esses, aos quais se procura, com um louvável esforço, integrar na sociedade egípcia”, frisou o Papa.


“Por causa da sua história e da sua particular posição geográfica, o Egito ocupa um papel insubstituível no Oriente Médio e no contexto dos países empenhados na busca de soluções para problemas agudos e complexos que precisam ser encarados agora para se evitar uma precipitação de violência ainda mais grave. Refiro-me à violência cega e desumana, causada por vários fatores: o desejo obtuso de poder, o comércio de armas, os graves problemas sociais e o extremismo religioso que utiliza o Santo Nome de Deus para realizar inauditos massacres e injustiças.”


“Este destino e esta tarefa do Egito constituem também o motivo que levou o povo a solicitar um Egito, onde a ninguém falte o pão, a liberdade e a justiça social. Com certeza, este objetivo tornar-se-á realidade, se todos juntos tiverem a vontade de transformar as palavras em ações, as aspirações válidas em compromissos, as leis escritas em leis aplicadas, valorizando a genialidade inata deste povo.”


O Papa recordou em seu discurso, “as pessoas que, nos últimos anos, deram a vida para salvaguardar a sua pátria: os jovens, os membros das forças armadas e da polícia, os cidadãos coptas e todos os desconhecidos que tombaram por causa de várias ações terroristas. Penso também nos assassinatos e nas ameaças que levaram a um êxodo de cristãos do norte do Sinai. Expresso viva gratidão às autoridades civis e religiosas e a quantos deram hospitalidade e assistência a estas pessoas tão provadas. Penso igualmente naqueles que foram atingidos nos atentados contra as igrejas coptas, quer em dezembro passado quer mais recentemente em Tanta e Alexandria. Aos seus familiares e a todo o Egito, as minhas sentidas condolências com a certeza da minha oração ao Senhor pela rápida recuperação dos feridos”. 


“Não posso deixar de encorajar os esforços audaciosos na realização de numerosos projetos nacionais, bem como as muitas iniciativas que foram tomadas a favor da paz no Egito e fora dele, tendo em vista o almejado desenvolvimento na prosperidade e na paz que o povo deseja e merece”. 

“A grandeza de qualquer nação revela-se no cuidado que efetivamente dedica aos membros mais frágeis da sociedade: as mulheres, as crianças, os idosos, os doentes, as pessoas com deficiência, as minorias, de modo que nenhuma pessoa e nenhum grupo social fique excluído ou marginalizado”, disse ainda o Papa, recordando que este ano, comemora-se o 70º aniversário das relações diplomáticas entre a Santa Sé e a República Árabe do Egito.

Fonte:radiovaticano





quinta-feira, abril 27, 2017

O BOM PASTOR, POR DOM FERNANDO RIFAN


Em sua mensagem “Urbi et Orbi” pela Páscoa deste ano, o Papa Francisco nos exorta: “Hoje, em todo o mundo, a Igreja renova o anúncio maravilhoso dos primeiros discípulos: Jesus ressuscitou!’ – ‘Ressuscitou verdadeiramente, como havia predito!’ A antiga festa de Páscoa, memorial da libertação do povo hebreu da escravidão, alcança aqui o seu cumprimento: Jesus Cristo, com a sua ressurreição, libertou-nos da escravidão do pecado e da morte e abriu-nos a passagem para a vida eterna”.
“Todos nós, quando nos deixamos dominar pelo pecado, perdemos o caminho certo e vagamos como ovelhas perdidas. Mas o próprio Deus, o nosso Pastor, veio procurar-nos e, para nos salvar, abaixou-Se até à humilhação da cruz. E hoje podemos proclamar: ‘Ressuscitou o bom Pastor, que deu a vida pelas suas ovelhas e Se entregou à morte pelo seu rebanho. Aleluia!’ Através dos tempos, o Pastor ressuscitado não Se cansa de nos procurar, a nós seus irmãos extraviados nos desertos do mundo. E, com os sinais da Paixão – as feridas do seu amor misericordioso –, atrai-nos ao seu caminho, o caminho da vida. Também hoje Ele toma sobre os seus ombros muitos dos nossos irmãos e irmãs oprimidos pelo mal nas suas mais variadas formas. O Pastor ressuscitado vai à procura de quem se extraviou nos labirintos da solidão e da marginalização; vai ao seu encontro através de irmãos e irmãs que sabem aproximar-se com respeito e ternura e fazer sentir àquelas pessoas a voz d’Ele, uma voz nunca esquecida, que as chama à amizade com Deus”.
“Cuida de quantos são vítimas de escravidões antigas e novas: trabalhos desumanos, tráficos ilícitos, exploração e discriminação, dependências graves. Cuida das crianças e adolescentes que se veem privados da sua vida despreocupada para ser explorados; e de quem tem o coração ferido pelas violências que sofre dentro das paredes da própria casa...”.
“Nas vicissitudes complexas e por vezes dramáticas dos povos, que o Senhor ressuscitado guie os passos de quem procura a justiça e a paz; e dê aos responsáveis das nações a coragem de evitar a propagação dos conflitos e deter o tráfico das armas”.
“Concretamente nos tempos que correm, sustente os esforços de quantos trabalham ativamente para levar alívio e conforto à população civil na Síria, a amada e martirizada Síria, vítima duma guerra que não cessa de semear horrores e morte. Ontem mesmo teve lugar o último ataque vergonhoso aos refugiados em fuga, que deixou numerosos mortos e feridos. Conceda paz a todo o Médio Oriente, a começar pela Terra Santa, bem como ao Iraque e ao Iémen...”.
“... Que seja possível construir pontes de diálogo, perseverando na luta contra o flagelo da corrupção e na busca de soluções pacíficas viáveis para as controvérsias, para o progresso e a consolidação das instituições democráticas, no pleno respeito pelo estado de direito”...
“Ele, que venceu as trevas do pecado e da morte, conceda paz aos nossos dias”. 


*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney



quarta-feira, abril 26, 2017

FESTA DE SÃO MARCOS



No dia que a Igreja recorda São Marcos evangelista, Francisco dedicou a Missa celebrada na manhã de terça-feira (25/04) na capela da Casa Santa Marta ao Patriarca dos coptas Tawadros II e aos fiéis coptas, os quais encontrará daqui poucos dias em sua viagem apostólica ao Egito.

“Hoje – disse o Papa no início da celebração – é São Marcos evangelista, fundador da Igreja de Alexandria. Ofereço esta missa pelo meu irmão Papa Tawadros II, Patriarca de Alexandria dos Coptas, pedindo a graça que o Senhor abençoe as nossas duas Igrejas com a abundância do Espírito Santo.”

Em sua homilia, o Pontífice comentou o Evangelho do dia, em que Jesus convida os discípulos a saírem para anunciar. Um pregador, disse, deve estar sempre a caminho. 

No dia que a Igreja recorda São Marcos evangelista, Francisco em sua homilia comentou o Evangelho em que Jesus convida os discípulos a saírem para anunciar. Um pregador, disse, deve estar sempre a caminho.

Sair para anunciar

Para Francisco, é preciso “ir onde Jesus não é conhecido e onde Jesus é perseguido ou desfigurado, para proclamar o verdadeiro Evangelho”:

“Sair para anunciar. E nesta saída está a vida, se joga a vida do pregador. Ele não está protegido, não há seguro de vida para o pregador. E se um pregador busca um seguro de vida, não é um verdadeiro pregador do Evangelho: não sai, permanece protegido. Primeiro: ir, sair. O Evangelho, o anúncio de Jesus Cristo, se faz em saída, sempre; em caminho, sempre. Seja em caminho físico, seja em caminho espiritual do sofrimento: pensemos no anúncio do Evangelho que tantos doentes fazem – tantos doentes! – que oferecem a dor pela Igreja, pelos cristãos. Mas sempre saem de si mesmos”.

Mas como é “o estilo deste anúncio?”, se questiona o Papa. “São Pedro, que foi propriamente o mestre de Marcos – responde – é muito claro na descrição deste estilo”: “O Evangelho deve ser anunciado em humildade, porque o Filho de Deus se humilhou, se aniquilou. O estilo de Deus é este” e “não existe outro”. “O anúncio do Evangelho não é um carnaval, uma festa”. Este “não é o anúncio do Evangelho”.

Vencer a tentação da mundanidade

“O Evangelho não pode ser anunciado com o poder humano, não pode ser anunciado com o espírito de escalada, de subir”, “este não é o Evangelho”. Portanto, todos somos chamados a revestir-se de “humildade uns pelos outros”, porque “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes”:

“E por que esta humildade é necessária? Justamente porque nós levamos avante um anúncio de humilhação, de glória, mas através da humilhação. E o anúncio do Evangelho sofre a tentação: a tentação do poder, a tentação da soberba, a tentação da mundanidade, de tantas mundanidades que existem e nos levam a pregar ou a recitar; porque não é pregação um Evangelho aguado, sem força, um Evangelho sem Cristo crucificado e ressuscitado. E por isso Pedro diz: ‘Cuidado…o inimigo de vocês, o diabo, assim como um leão faminto circula buscando alguém para devorar. Resistam, firmes na fé, sabendo que os mesmos sofrimentos são impostos aos seus irmãos espalhados pelo mundo’. O verdadeiro o anúncio do Evangelho sofre a tentação”.

Francisco acrescentou que se um cristão afirma que anuncia o Evangelho, “mas nunca sofre tentação”, significa então que o “diabo não se preocupa” porque “estamos pregando algo que não serve”.

A graça de sair

“Por isso, na pregação verdadeira, há sempre algo de tentação e também de perseguição”. O Papa destacou que, quando estamos no sofrimento, será “o Senhor a nos resgatar, a dar força, porque é isto que Jesus prometeu quando enviou os Apóstolos”:

“Será o Senhor a nos confortar, a nos dar força para ir avante, porque Ele age conosco se formos fiéis ao anúncio do Evangelho, se sairmos de nós mesmos para pregar Cristo crucificado, escândalo e loucura, e se nós fizermos isso com um estilo de humildade, de verdadeira humildade. Que o Senhor nos dê esta graça, como batizados, todos, de empreender o caminho da evangelização com humildade, com confiança Nele, anunciando o verdadeiro Evangelho: ‘O Verbo se fez carne’. O Verbo de Deus se fez carne. E esta é uma loucura, é um escândalo; mas fazê-lo na consciência de que o Senhor está do nosso lado, age conosco e confirma o nosso trabalho”. 

A missa foi concelebrada pelos cardeais conselheiros que compõem o C9 - o grupo de trabalho instituído pelo Papa Francisco para a reforma da Cúria Romana.

Fonte: radiovaticana.va




terça-feira, abril 25, 2017

2º DOMINGO DA PÁSCOA



“EKKLESIA ”

Depois da experiência da Ressurreição, os discípulos começaram a se reunir em comunidade, que se tornou uma “ekklesia” (Igreja). Na 1ª leitura, Lucas descreve três pilares da comunidade cristã. Pilares e, ao mesmo tempo, fonte de vitalidade criativa na vida de uma comunidade cristã. No Evangelho, outros três pilares narrados em dois momentos, aquele do encontro de Jesus com os Apóstolos e no encontro de Jesus com Tomé, quando proclama a bem-aventurança de crer sem ver. 

Um dos pilares da comunidade cristã está na “assiduidade no ensinamento dos Apóstolos”, realizada por meio da Palavra enquanto condição para colocar os discípulos em contato direto com Jesus Cristo. A base da comunidade cristã não se encontra num ensinamento moral, numa prescrição social, numa ideologia (como se fosse um partido político), mas na adesão a Jesus Cristo e no modo de viver de acordo com sua Palavra, o Evangelho. É pelo conhecimento e reflexão assíduos à Palavra que a comunidade torna-se vitalmente criativa. 



"KOINONIA"

É da criatividade vinda da Palavra que resulta um segundo pilar: a “koinonia”. Não se trata de simples amizade entre pares, mas de uma comunhão entre os membros da comunidade tendo como fundamento o próprio Jesus ressuscitado e presente na comunidade. A consequência disso está na partilha fraterna com os pobres, para que não haja necessitados; sempre que houver necessitados existe o sinal de uma comunhão fraterna incompleta. 


ευχαριστια
(EUCARISTIA)

Por fim, ainda na 1ª leitura, um terceiro pilar: a “fração do pão e a oração”. Fração do pão (Eucaristia) como momento de alegria de convivência fraterna na celebração e convite para festejar a alegria da vida nova comungada Eucaristicamente. Oração, momento de encontro com o Senhor ressuscitado que garantiu que onde dois ou mais estiverem reunidos em seu nome, ele está no meio deles (Mt 18,20). 

Mas existem outros três pilares da comunidade, estes presentes no Evangelho. Tem o pilar da “coragem”. João faz questão de dizer que as portas estavam fechadas por medo dos judeus (Evangelho), quando Jesus aparece no meio deles. Deixa-se ver, melhor dizendo, porque sempre estava com eles. É assim que o medo e a paralisia deles, por terem se fechados, transforma-se em alegria, condição indispensável para testemunhar o Evangelho. É pela alegria que se nasce para uma esperança viva (2ª leitura). 

Depois, tem também o pilar do “perdão”, dom oferecido e garantido pela presença e pela ação do Espírito Santo no meio da comunidade. Jesus sopra o Espírito Santo e recria uma comunidade humana nova, destinada a suplantar a violência que mata com a força do perdão que redime e reconstrói. É o perdão que liberta de todos os medos e permite experimentar a misericórdia divina na vida pessoal (salmo responsorial). 

Por fim, o pilar da fé, proposta no conhecido episódio do encontro de Jesus com Tomé. A dificuldade de Tomé é exemplo de alguém que permanecia preso em esquemas concretos do ver e do tocar, negando-se a crer no testemunho da Palavra, no Evangelho, na Boa Nova da Ressurreição que seus amigos anunciaram. A fé não viaja acompanhada de provas concretas, mas na Palavra que testemunha a Ressurreição de Jesus. Esta fé sem ver, garante São Paulo, é fonte de “alegria indizível”, uma alegria incapaz de se descrever (2ª leitura). 















segunda-feira, abril 24, 2017

CELEBRAÇÃO DA CRISMA


Crismar significa fazer um acordo com Deus

O Catecismo da Igreja Católica ensina que a Crisma, pertence, juntamente com o batismo e a Eucaristia, aos três sacramentos da iniciação cristã da Igreja Católica. Nesse sacramento, tal como ocorreu no Pentecostes, o Paráclito desceu sobre a comunidade dos discípulos, então reunida. Assim como neles, o Espírito Santo também desce em cada batizado que pede à Igreja esse dom [Espírito Santo]. Dessa forma, o sacramento encoraja o fiel e o fortalece para uma vida de testemunho de amor a Cristo.

A Confirmação é o sacramento que completa o batismo e pelo qual recebemos o dom do Espírito Santo. Quem se decide livremente por uma vida como filho de Deus e pede o Paráclito, sob o sinal da imposição das mãos e da unção do óleo do Crisma, obtém a força para testemunhar o amor e o poder do Senhor com palavras e atos. Essa pessoa agora é membro legítimo e responsável da Igreja Católica.

O significado da palavra Crisma

Chama-se Crisma (nas Igrejas Orientais: Crismação com o Santo Myron) por causa do rito essencial, que é a unção. Chama-se Confirmação, porque confirma e reforça a graça batismal. O óleo do Crisma é composto de óleo de oliveira (azeite) perfumado com resina balsâmica. Na manhã da Quinta-feira Santa, o bispo o consagra para ser utilizado no batismo, na confirmação, na ordenação dos sacerdotes e dos bispos e na consagração dos altares e dos sinos. O óleo representa a alegria, a força e a saúde. Quem é ungido com o Crisma deve difundir o bom perfume de Cristo (cf. II Cor 2,15).

O efeito da Confirmação é a efusão especial do Espírito Santo, como no Pentecostes. Tal efusão imprime, na alma, um carácter indelével e traz consigo um crescimento da graça batismal: enraíza mais profundamente na filiação divina, une mais firmemente a Cristo e a Sua Igreja, revigora na alma os dons do Espírito Santo e dá uma força especial para testemunhar a fé cristã.

Acordo com Deus

O YOUCAT – Catecismo Jovem da Igreja Católica – afirma que ser Confirmado-Crismado significa fazer um acordo com Deus. O confirmado diz: “Sim, eu creio em Ti, meu Deus! Dá-me o Teu Espírito, para que eu te pertença totalmente, nunca me separe de Ti e te testemunhe com o corpo e com a alma, durante toda a minha vida, em obras e palavras, em bons e maus dias!”. E Deus diz: “Sim, Eu também creio em ti, Meu filho, e te darei o Meu Espírito e até a mim mesmo, pertencer-te-ei totalmente, nunca me separarei de ti, nesta e na vida eterna, estarei no teu corpo e na tua alma, nas tuas obras e nas tuas palavras mesmo que me esqueças, estarei sempre aqui, em bons e maus dias”.
Quem pode receber o sacramento do Crisma?

Pode e deve receber esse sacramento qualquer cristão católico que tenha recebido o sacramento do batismo e esteja em estado de graça, isto é, não ter cometido nenhum pecado mortal (pecado grave). Mediante um pecado grave, separamo-nos de Deus e só podemos nos reconciliar com Ele por meio do sacramento da Penitência-Confissão.

O sacramento da Confirmação normalmente é presidido pelo bispo. Por razões pastorais, ele [bispo] pode incumbir determinado sacerdote de celebrá-lo. No rito litúrgico da Santa Missa do Crisma, o bispo dá ao crismando um suave sopro para que se lembre de que está se tornando um soldado de Cristo, a fim de perseverar com bravura na fidelidade ao Senhor.

Portanto, esse belíssimo sacramento da Confirmação completa o batismo. Por meio dele, o fiel recebe o dom do Espírito Santo, faz um acordo com Deus e, cheio dos dons do Espírito, é chamado a testemunhar o amor ao Senhor. Se preciso for, a dar a vida, uma vez que recebeu uma força especial para seguir Cristo até o fim de sua vida.

Formação Canção Nova



































Unção do Crisma