Páginas

domingo, março 31, 2019

24 HORAS COM O SENHOR




O Papa Francisco pediu que neste fim de semana as igrejas fiquem "abertas por muito tempo" para que os fiéis se confessem na iniciativa "24 horas para o Senhor" que será realizada na sexta-feira, 29, e sábado, 30 de março.

Em sua saudação em italiano durante a Audiência Geral na quarta-feira, na Praça São Pedro, o Santo Padre lembrou que, "como todos os anos, na próxima sexta-feira e próximo sábado, nos encontraremos para a tradicional iniciativa: '24 horas para o Senhor'".

Depois de recordar que na sexta-feira, 29, irá celebrar uma liturgia penitencial na Basílica de São Pedro às 17h, o Pontífice manifestou que seria muito significativo que "nossas igrejas também, nesta ocasião especial, estejam abertas por muito tempo, para pedir a misericórdia de Deus e recebê-la no sacramento do perdão".
Por outro lado, o presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, Dom Rino Fisichella, disse que o tema desta edição é: "Nem eu te condeno".

O Arcebispo, que dirige o dicastério responsável por esta iniciativa que em 2019 chega a sua sexta edição, disse que este tema "significa que ninguém, diante do Senhor, encontrará um juiz, mas encontrará um Pai que o acolhe, o consola e indica o caminho para se renovar" nesta Quaresma.

Em entrevista concedida a Vatican News, explicou que a estrutura desse dia de conversão "é a mesma. Após o momento profundo de adoração Eucarística em silêncio, na oração, onde cada um pode encontrar-se consigo mesmo e pensar sobre sua própria vida, segue o sacramento da Confissão para que se possa experimentar em primeira pessoa a misericórdia de Deus".

O mundo, disse o Arcebispo, "sempre precisa de perdão, porque o perdão é o sinal do amor. Se não tivermos a dimensão do perdão, isso significaria que não haveria a dimensão do amor que nos permite entender que ninguém é perfeito. Todos sabem que precisam ser perdoados e assim converter-se em um instrumento de perdão para os outros. E esse perdão é o ápice do amor".

Depois de explicar que esta iniciativa será realizada em diferentes hospitais e prisões em todo o mundo, como Malásia, Austrália, México e Europa, Dom Fisichella indicou que "a misericórdia não conhece limites".

O Prelado advertiu que "ali onde esquecemos o sacramento da Confissão, também esquecemos um pouco nossa humanidade. Esquecemo-nos de nós mesmos”.

Isso, indicou, deve mudar para voltar a colocar a reconciliação no centro da Igreja e "tomar consciência de quem somos realmente e daquilo que está no meio da mensagem do Evangelho que chama a converter-se e acreditar: muda de vida e lembra que sempre estarás diante do amor de Deus".

O Arcebispo também informou que o Congresso Mundial da Misericórdia 2020 será realizado em Samoa, na Oceania, "em uma parte do mundo que nos permite indicar que a misericórdia é uma realidade que todos, a Igreja e o mundo, necessitamos"










sábado, março 30, 2019

VIA SACRA COM AS CRIANÇAS DA CATEQUESE




O Caminho da Cruz
Em cada estação repita esta oração: Nós vos adoramos, Senhor Jesus, e vos bendizemos porque, pela Santa Cruz, remiste o mundo. No final de cada estação, Rezar um Pai-Nosso.




1° Estação
Jesus é condenado à morte. Obrigado, Jesus, porque aceitaste ser condenado apesar de ser inocente. Prometo que não ficarei mais chateado quando alguém pensar ou falar mal de mim.

2° Estação
Jesus carrega a cruz nas costas. Obrigado, Jesus, por ter carregado uma cruz tão pesada. Eu também não reclamarei quando precisar fazer algo difícil.

3° Estação
Jesus cai pela primeira vez. Obrigado, Jesus, por ter se levantado. Prometo nunca ficar desanimado perante as dificuldades e sempre confiar em Ti.

4° Estação
Jesus se encontra com sua mãe. Obrigado, Virgem Maria, por aceitar a vontade de Deus. Ensina-me

5° Estação
Simão ajuda Jesus a carregar a cruz. Jesus, eu também quero ajudar-Te e dividir contigo alguns dos teus sofrimentos para poder demonstrar que Te amo muito.

6° Estação
Verônica limpa o rosto de Jesus. Jesus, assim como Veronica, eu também serei corajoso e não terei medo de demonstrar que sou teu amigo.

7° Estação
Jesus cai pela segunda vez. Obrigado, Jesus, porque não desiste em nenhum momento. Eu também não desistirei quando precisar mostrar a minha amizade.
8° Estação
Jesus consola as santas mulheres. Em meio a tanta dor, te esqueceste de ti mesmo para consolar os outros. Eu seguirei o teu exemplo de generosidade.

9° Estação
Jesus cai pela terceira vez. Teu exemplo me anima a seguir em frente. Mesmo que eu caia em tentação, eu me levantarei por amor a Ti.

10° Estação
Jesus é despojado de suas vestes. Vós que sois rei ficais sem nada para me mostrar o quanto me ama. Eu também te entrego tudo o que tenho.

11° Estação
Jesus é pregado na cruz. Obrigado, Jesus, por aceitar uma dor tão grande. Eu também aceito tudo o que quiser para mim.

12° Estação
Jesus morre na cruz. Tu entregaste a tua vida por mim. O que posso te entregar para agradecer tão grande amor?

13° Estação
Jesus é descido da cruz. Virgem Maria, quando viste o corpo de teu filho morto tu não ficastes desesperada, tampouco te queixaste de Deus. Ajuda-me a ter essa fé.

14° Estação
Jesus é sepultado. Jesus, não estás sozinho. Jamais estarás sozinho, pois sempre estarei contigo. Prometo ser teu amigo para sempre e cumprir sempre a tua vontade a todo momento.







sexta-feira, março 29, 2019

A ORAÇÃO DO CRISTÃO NA QUARESMA



Do Tratado sobre a oração, de Tertuliano, presbítero
(Cap.28-29: CCL 1,273-274)
(Séc. III)

O sacrifício espiritual

A oração é o sacrifício espiritual que aboliu os antigos sacrifícios. Que me importa a abundância de vossos sacrifícios? – diz o Senhor. Estou farto de holocaustos de carneiros e de gordura de animais cevados; do sangue de touros, de cordeiros e de bodes, não me agrado. Quem vos pediu estas coisas? (Is 1,11). O Evangelho nos ensina o que pede o Senhor: Está chegando a hora, diz ele,em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade. Deus é espírito (Jo 4,23.24), e por isso procura tais adoradores. Nós somos verdadeiros adoradores e verdadeiros sacerdotes, quando, orando em espírito, oferecemos o sacrifício espiritual da oração, como oferenda digna e agradável a Deus, aquela que ele mesmo pediu e preparou.
Esta oferenda, apresentada de coração sincero, alimentada pela fé, preparada pela verdade, íntegra e inocente, casta e sem mancha, coroada pelo amor, é a que devemos levar ao altar de Deus, acompanhada pelo solene cortejo das boas obras, entre salmos e hinos; ela nos alcançará de Deus tudo o que pedimos. Que poderia Deus negar à oração que procede do espírito e da verdade, se foi ele mesmo que assim exigiu? Todos nós lemos, ouvimos e acreditamos como são grandes os testemunhos da sua eficácia!
Nos tempos passados, a oração livrava do fogo, das feras e da fome; e no entanto ainda não havia recebido de Cristo toda a sua eficácia. Quanto maior não será, portanto, a eficácia da oração cristã! Talvez não faça descer sobre as chamas o orvalho do Anjo, não feche a boca dos leões, não leve a refeição aos camponeses famintos, não impeça milagrosamente o sofrimento; mas vem em auxílio dos que suportam a dor com paciência, aumenta a graça aos que sofrem com fortaleza, para que vejam com os olhos da fé a recompensa do Senhor, reservada aos que sofrem pelo nome de Deus. Outrora a oração fazia vir as pragas, derrotava os exércitos inimigos, impedia a chuva necessária. Agora, porém, a oração autêntica afasta a ira de Deus, vela pelo bem dos inimigos e roga pelos perseguidores. Será para admirar que faça cair do céu as águas, se conseguiu que de lá descessem as línguas de fogo? Só a oração vence a Deus. Mas Cristo não quis que ela servisse para fazer mal algum; quis antes que toda a eficácia que lhe deu fosse apenas para servir o bem.
Conseqüentemente, ela não tem outra finalidade senão tirar do caminho da morte as almas dos defuntos, robustecer os fracos, curar os enfermos, libertar os possessos, abrir as portas das prisões, romper os grilhões dos inocentes. Ela perdoa os pecados, afasta as tentações, faz cessar as perseguições, reconforta os de ânimo abatido, enche de alegria os generosos, conduz os peregrinos, acalma as tempestades, detém os ladrões, dá alimento aos pobres, ensina os ricos, levanta os que caíram, sustenta os que vacilam, confirma os que estão de pé.
Oram todos os anjos, ora toda criatura. Oram à sua maneira os animais domésticos e as feras, que dobram os joelhos. Saindo de seus estábulos ou de suas tocas, levantam os olhos para o céu e não abrem a boca em vão, fazendo vibrar o ar com seus gritos. Mesmo as aves quando levantam vôo, elevam-se para o céu e, em lugar de mãos, estendem as asas em forma de cruz, dizendo algo semelhante a uma prece. Que dizer ainda a respeito da oração? O próprio Senhor também orou; a ele honra e poder pelos séculos dos séculos.

quarta-feira, março 27, 2019

DOMINGO DA ALEGRIA



A Quaresma é um tempo de oração, je-jum e caridade, onde nos preparamos para a Semana Santa e a Páscoa do Senhor. 
A cor litúrgica da Quaresma é o roxo. Mas no IV Domingo da Quaresma a cor litúrgica passa do roxo para o rosa. 
É o chamado "Domingo Laetare", ou "Domingo da Alegria". 
O IV Domingo da Quaresma recebe estes nomes porque assim começava,  neste dia, a Antífona de Entrada da Santa Ceia (Eucaristia): "Laetare, Ierusalem, et conventum facite omnes qui diligites eam; gaudete cum laetitia, qui in tristitia fuistis; ut exsultetis, et satiemini ab uberibus consolationis vestrae" ("Alegra-te Jerusalém! Reuni-vos, vós todos que a amais; vós que estais tristes, exultai de alegria! Saciai-vos com a abundância de suas consolações" -Isaías 66, 10-11).
Laetare significa “Alegra-te”. A cor li-túrgica passa do roxo para o rosa para repre-sentar a alegria pela proximidade da Páscoa.
Este domingo já foi chamado também de "Domingo das Rosas", pois, na antiguidade, os cristãos costumavam se presentear com rosas neste dia. 
E é aqui que surge a tradição da "Rosa de Ouro" na Igreja Católica Romana.
No século X surgiu a tradição da "Bênção da Rosa", ocasião em que o Bispo de Roma (Papa), no IV Domingo da Quaresma, ia do Palácio de Latrão à Basílica Estacional de Santa Cruz de Jerusalém, levando na mão esquerda uma rosa de ouro que significava a alegria pela proximidade da Páscoa. E com a mão direita, o Papa abençoava a multidão. 
Regressando processionalmente a cavalo, o Papa tinha sua montaria conduzida pelo pre-feito de Roma. Ao chegar, presenteava o prefeito com a rosa, em reconhecimento pelos seus atos de respeito e homenagem.
Daí, então, teve início o costume de ofere-cer a"Rosa de Ouro", para personalidades e au-toridades que mantinham uma relação saudável com o Vaticano (a Santa Sé), como príncipes, imperadores, reis. Passou a ser um gesto político e de diplomacia, sempre visando interesses nas relações amistosas.
Leão XIII enviou, em 1888, uma Rosa Áurea à princesa Isabel, no Brasil.
Nos tempos modernos os papas costumam remeter este símbolo de afeto pessoal a santuários de destaque. 
Por exemplo, o Santuário de Fátima, em Portugal, recebeu uma Rosa de Ouro de Paulo VI, em 1965, e a Basílica de Aparecida no Brasil recebeu uma de Paulo VI, em 1967 e outra de Bento XVI, em 2007.
Independente dos gestos políticos e li-túrgicos das confissões cristãs, celebramos o IV Domingo da Quaresma como o Domingo da nossa Alegria em saber que Jesus levou nossos pecados e nos salvou mediante sua morte e ressurreição na cruz.
A Igreja, como a Jerusalém de Deus, re-cebe esta palavra de ânimo e profecia: “Alegra-te Jerusalém! Reuni-vos, vós todos que a amais; vós que estais tristes, exultai de alegria! Saciai-vos com a abundância de suas consolações" (Isaías 66, 10-11).
"Laetare, Ierusalem”.

terça-feira, março 26, 2019

SACRAMENTO DA CONFISSÃO



1. O que é o sacramento da Penitência?
O sacramento da Penitência, ou Reconciliação, ou Confissão, é o sacramento instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo para apagar os pecados cometidos depois do Batismo. É, por conseguinte, o sacramento de nossa cura espiritual, chamado também sacramento da conversão, porque realiza sacramentalmente nosso retorno aos braços do pai depois de que nos afastamos com o pecado.
2. É possível obter o perdão dos pecados mortais sem a confissão?
Depois do Batismo não é possível obter o perdão dos pecados mortais sem a Confissão, embora seja possível antecipar o perdão com a contrição perfeita acompanhada do propósito de confessar-se.
3. E se depois de feita a constrição a pessoa  não se confessa?
Quem se comporta desta maneira comete uma falta grave. Pois todos os pecados mortais cometidos depois do batismo devem ser acusados na Confissão.
4. O que se requer para fazer uma boa confissão?
Para fazer uma boa confissão é  necessário: fazer um cuidadoso exame de consciência, arrepender-se  dos pecados cometidos e o firme propósito de não cometê-los mais (contrição), dizer os outros pecados ao sacerdote (confissão), e cumprir a penitência (satisfação).
5. O que é o exame de consciência?
O exame de consciência é a diligente busca dos pecados cometidos depois da última Confissão bem feita.
6. No exame de consciência é necessário ter exato o número dos pecados?
Dos pecados graves ou mortais é preciso acusar  também o número, porque cada pecado mortal deve ser dito na confissão.
7. O que é a dor dos pecados?
A dor dos pecados é o sincero pesar e a repulsa dos pecados cometidos.
8. De quantos tipos é a dor?
A dor é de dois tipos: dor perfeita (ou contrição) e dor imperfeita (ou atrição).
9. Quando se tem dor perfeita ou contrição?
Tem-se a dor perfeita ou contrição quando se arrepende dos próprios pecados porque se ofendeu a Deus, imensamente bom e digno de ser amado: quando a dor nasce do amor desinteressado a Deus, quer dizer, da caridade.
10. Quando se tem a dor imperfeita ou atrição?
Tem-se a dor imperfeita ou atrição quando o arrependimento, assim que inspirado pela fé, tem motivações menos nobres: por exemplo, quando nasce da consideração da desordem causada pelo pecado, ou pelo temor da condenação eterna (Inferno) e das penas que o pecador pode receber.
11. Pela dor dos pecados obtém-se imediatamente o perdão?
A dor perfeita unida ao propósito de confessar-se obtém imediatamente o perdão; a dor imperfeita só se obtém, pelo contrário,  na confissão sacramental.
12. É necessário arrepender-se de todos os pecados cometidos?
Para a validez da confissão é suficiente arrepender-se de todos os pecados mortais, mas para o progresso espiritual é necessário arrepender-se também dos pecados veniais.
13. Um verdadeiro arrependimento requer também o propósito de abandonar o pecado?
O arrependimento certamente olha para o passado, mas implica necessariamente um empenho para o futuro com a firme vontade de não cometer jamais o pecado.
14. Pode-se ter um verdadeiro arrependimento se a gente prevê que antes ou depois tornará a cair em pecado?
A previsão do pecado futuro não impede que se tenha o propósito sincero de não cometê-lo mais, porque o propósito depende só do conhecimento que nós temos de nossa fraqueza.
15. O que é a confissão?
A confissão é a manifestação humilde e sincera dos próprios pecados al sacerdote confessor.
16. Quais pecados são obrigatórios confessar?
Estamos obrigados a confessar todos e cada um dos pecados graves, ou mortais, cometidos depois da última confissão bem feita.
17. Quais são os pecados mortais mais freqüentes?
As faltas objetivamente mortais mais freqüentes são (seguindo a ordem dos mandamentos): praticar de qualquer modo a magia; blasfemar; perder a Missa dominical ou as festas de preceitos sem um  motivo sério; tratar mau aos próprios pais ou superiores; matar ou ferir gravemente a uma pessoa inocente; procurar diretamente o aborto; procurar o prazer sexual e solitário ou com outras pessoas que não sejam o próprio cônjuge; para os cônjuges, impedir a concepção no ato conjugal; roubar alguma soma relevante, inclusive desviando ou subtraindo no trabalho; murmurar gravemente sobre o próximo ou caluniá-lo; cultivar voluntariamente pensamentos ou desejos impuros; faltar gravemente com o próprio dever;  aproximar-se da Sagrada Comunhão em estado de pecado mortal; omitir voluntariamente um pecado grave na confissão.
18. Se a pessoa esquece um pecado mortal, obtém igualmente o perdão na confissão?
Se a pessoa esquecer um pecado mortal, pode obter igualmente o perdão, mas na confissão seguinte deve confessar o pecado esquecido.
19. Se a pessoa omitir voluntariamente um pecado mortal obtém o perdão dos outros pecados?
Se uma pessoa, por vergonha ou por outros motivos, omite um pecado mortal, não só não obtém nenhum perdão, mas também comete um novo pecado de sacrilégio, o de profanação de uma coisa sagrada.
20. Há obrigação de confessar os pecados veniais?
A confissão dos pecados veniais não é necessária, mas é muito útil para o progresso da vida cristã.
21. O confessor deve dar sempre a absolvição?
O confessor deve dar sempre a absolvição se o penitente estiver bem disposto, quer dizer, se estiver sinceramente arrependido de todos seus pecados mortais. Se pelo contrário, o penitente não está bem disposto, não tendo a dor ou o propósito de emenda, então o confessor não pode e não deve dar a absolvição.
22. O que deve fazer o penitente depois da absolvição?
O penitente depois da absolvição deve cumprir a penitência que lhe foi imposta e reparar os danos que seus pecados  eventualmente tiverem causado ao próximo (por exemplo, deve restituir o roubado).
23. Quais são os efeitos do sacramento da Penitência?
São a reconciliação com Deus e com a Igreja, a recuperação da graça santificante, o aumento das forças espirituais para caminhar para a perfeição, a paz e a serenidade da consciência com uma  viva consolação do espírito.
24. Como se pode superar a dificuldade que se sente para confessar-se?
Que tem dificuldades para confessar-se deve considerar que o sacramento da Penitência é um dom maravilhosos que o Senhor nos deu. No "tribunal" da Penitência o culpado jamais é condenado, mas sempre absolvido. Pois quem se confessa não se encontra com um simples homem, mas com  Jesus, o qual, presente em seu ministro, como fez um tempo com o leproso do Evangelho (Mc 1, 40ss.) também hoje nos toca ou nos cura; e, como fez com a menina que jazia morta nos toma pela mão repetindo aquelas palavras: "Talita kumi, menina,  eu te digo, levante-te!" (Mc 5, 41).
25. A confissão nos ajuda também no caminho da virtude?
A confissão é um meio extraordinariamente eficaz para progredir no caminho da perfeição. Com efeito, além de nos dar a graça "medicinal" própria do sacramento, faz-nos exercitar as virtudes fundamentais de nossa vida cristã. A humildade acima de tudo, que é a base de todo o edifício espiritual, depois a fé em Jesus Salvador e em seus méritos infinitos, a esperança do perdão e da vida eterna, o amor para Deus e para o próximo, a abertura de nosso coração à reconciliação com quem nos ofendeu. Enfim, a sinceridade, a separação do pecado e o desejo sincero de progredir espiritualmente.

segunda-feira, março 25, 2019

III DOMINGO DA QUARESMA



Na mentalidade judaica, todas as doenças e enfermidades eram consequências de um pecado. O Evangelho de hoje confirma esta mentalidade… A morte dos Galileus, diz Jesus, massacrados por ordem de Pilatos, não significa que eles tenham merecido tal destino em razão dos seus pecados. Esta infelicidade tem a ver com a responsabilidade dos homens que são capazes de se matarem. A atualidade apresenta-nos todos os dias situações de vítimas inocentes de atentados e violências, por causa do ódio dos homens. Mas há outras causas dos acidentes, dos sofrimentos de todas as espécies. Não há ligação entre a morte das vítimas e a sua vida moral, diz Jesus no Evangelho. Mas Jesus aproveita para lançar um apelo à conversão. Diante de tantas situações dramáticas que atingem o ser humano, somos convidados a uma maior vigilância sobre nós mesmos. Devem ser uma ocasião para pensarmos na nossa condição humana que terminará, naturalmente, na morte. Recordar a nossa fragilidade deve levar-nos a voltar o nosso ser para Aquele que pode dar verdadeiro sentido à nossa vida. Não se trata de procurar culpabilidades, mas de abrir o nosso coração à vinda do Senhor. Não nos devemos desencorajar diante das nossas esterilidades (figueira estéril…), pois Deus é infinitamente paciente para connosco. Ele sabe da nossa fragilidade, conhece os nossos pecados, mas nunca deixa de ter confiança em nós, até ao fim do nosso caminho. Ele não quer punir-nos, quer fazer-nos viver!

Desde o início da sua pregação, Jesus apela à conversão, o que faz igualmente João Batista. É mesmo para Jesus uma questão de vida ou de morte. A conversão não é mortífera, ela é fonte de vida, pois faz o homem voltar-se para Deus, que quer que ele viva. O homem é como a figueira plantada no meio de uma vinha: pode ser que, durante anos, não dê frutos… mas Deus, como o vinhateiro, tem paciência e continua a esperar nele. Deus vai mesmo mais longe, dá ao homem os meios para se converter. Jesus não apela somente à conversão, mas propõe ao homem o caminho a empreender para amar Deus e amar os seus irmãos. A paciência de Deus não é uma atitude passiva, mas uma solicitude para que o homem viva. Paciência e confiança estão ligadas: Deus crê no homem, crê que ele pode mudar a sua conduta passada, para se voltar para Aquele de quem se afastou.








sábado, março 23, 2019

VIA SACRA CRECHE TIA MAURA, PEDRA BONITA


De Caifás, levaram Jesus à sede do governador romano. Era de manhã cedo e eles não entraram no edifício para não se contaminarem e poderem celebrar a Páscoa. Pilatos veio ter com eles cá fora e perguntou-lhes: "Que acusações apresentais contra este homem?" Responderam-lhe: "Se Ele não fosse um malfeitor, não to entregaríamos." Retorquiu-lhes Pilatos: "Tomai-o vós e julgai-o segundo a vossa Lei". "Não nos está permitido dar a morte a ninguém", disseram-lhe os judeus, em cumprimento do que Jesus tinha dito, quando explicou de que espécie de morte havia de morrer. Pilatos entrou de novo no edifício da sede, chamou Jesus e perguntou-lhe: "Tu és rei dos judeus?"
 Como Pilatos, também nós somos obrigados a confrontar-nos pessoalmente com Jesus. Pilatos continua a sair e a entrar no pretório. Com esta imagem, João quer transmitir-nos uma mensagem: para o crente tomar partido diante da verdade de Jesus implica o confronto com o exterior e empenha-o no seu modo de estar no mundo e na forma com que vive as suas responsabilidades na sociedade.
Pilatos deve decidir se colocar-se diante de Jesus só por curiosidade, ou, se pelo contrário, deve colocar-se perante Ele segundo a verdade. Com isto, Jesus também nos convida implicitamente porque, meditando na mensagem evangélica, estamos dispostos a colocar-nos em discussão e a olhar com liberdade e sinceridade a grande questão da verdade, que coincide com a do sentido da vida em si mesma.




Pilatos entrou de novo no edifício da sede, chamou Jesus e perguntou-lhe: "Tu és rei dos judeus?" Respondeu-lhe Jesus: "Tu perguntas isso por ti mesmo, ou porque outros to disseram de mim?" Pilatos replicou: "Serei eu judeu, porventura? A tua gente e os sumos sacerdotes é que te entregaram a mim! Que fizeste?" Jesus respondeu: "A minha realeza não é deste mundo; se a minha realeza fosse deste mundo, os meus guardas teriam lutado para que Eu não fosse entregue às autoridades judaicas; portanto, o meu reino não é de cá." Disse-lhe Pilatos: "Logo, Tu és rei!" Respondeu-lhe Jesus: "É como dizes: Eu sou rei! Para isto nasci, para isto vim ao mundo: para dar testemunho da Verdade. Todo aquele que vive da Verdade escuta a minha voz." Pilatos replicou-lhe: "Que é a verdade?" Dito isto, foi ter de novo com os judeus e disse-lhes: "Não vejo nele nenhum crime. Mas é costume eu libertar-vos um preso na Páscoa. Quereis que vos solte o rei dos judeus?" Eles puseram-se de novo a gritar, dizendo: "Este não, mas sim Barrabás!" E Barrabás era um salteador.

– Continua o diálogo entre Jesus e Pilatos. A discussão dirige-se agora para o tema da autêntica missão de um rei. A incompreensão de Pilatos frente a uma majestade que recusa o exercício da, força é total. Isto permite a Jesus completar a revelação sobre a própria realeza. A sua função de rei não consiste em dominar ou governar, mas em dar testemunho da verdade. A ‘verdade’ em sentido bíblico é revelação, é manifestação. Se a verdade de Deus no Antigo Testamento era a fidelidade às suas promessas e à solidez da aliança, em João adquire um sentido superior: é a revelação do amor de Deus pelo mundo
, revelação que se realiza através do Filho (Jo 1, 18). É o próprio Jesus, com as suas palavras e sobretudo com a sua vida e morte, a constituir a Verdade sobre Deus e a manifestação da fidelidade de Deus ao homem.




Então, Pilatos mandou levar Jesus e flagelá-lo. Depois, os soldados entrelaçaram uma coroa de espinhos e cravaram-lha na cabeça, e cobriram-no com um manto de púrpura, e, aproximando-se dele, diziam-lhe: "Salve, ó rei dos judeus!" E davam-lhe bofetadas. Pilatos saiu de novo e disse-lhes: "Vou trazê-lo cá fora para saberdes que eu não vejo nele nenhuma causa de condenação." Então, saiu Jesus com a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Disse-lhes Pilatos: "Eis o Homem!" Assim que viram Jesus, os sumos sacerdotes e os seus servidores gritaram: "Crucifica-o! Crucifica-o!" Disse-lhes Pilatos: "Levai-o vós e crucificai-o. Eu não descubro nele nenhum crime." Os judeus replicaram-lhe: "Nós temos uma Lei, e segundo essa Lei deve morrer, porque disse ser Filho de Deus." Quando Pilatos ouviu estas palavras, mais assustado ficou. Voltou a entrar no edifício da sede e perguntou a Jesus: "Donde és Tu?" Mas Jesus não lhe deu resposta. Pilatos disse-lhe, então: "Não me dizes nada? Não sabes que tenho poder de te libertar e o poder de te crucificar?" Respondeu-lhe Jesus: "Não terias nenhum poder sobre mim, se não te fosse dado do Alto. Por isso, quem me entregou a ti tem maior pecado."
A segunda parte do colóquio entre Jesus e Pilatos é precedida pela cena da flagelação e coroação de espinhos e pela célebre passagem do ‘Ecce homo’. A coroação de espinhos, pela sua brevidade, é o episódio central da narração de João no processo. Os soldados vestem Jesus de imperador romano, para gozarem dele. Mas se aos soldados escapa o verdadeiro sentido da cena, os olhos da fé olham como Jesus fundamenta a sua realeza na Paixão, o dom perfeito em si, na obediência total ao Pai e no amor para com todos os homens. No ‘Ecce homo’, mesmo que Pilatos escarneça de Jesus e exiba a incapacidade humana de compreender o reino que Jesus veio estabelecer, contemplamos a imagem da verdade divina sobre o homem e descobrimos n’Ele o cumprimento do sonho de Deus que criou o homem à sua "imagem e semelhança".



 A partir daí, Pilatos procurava libertá-lo, mas os judeus clamavam: "Se libertas este homem, não és amigo de César! Todo aquele que se faz rei declara-se contra César." Ouvindo estas palavras, Pilatos trouxe Jesus para fora e fê-lo sentar numa tribuna, no lugar chamado Lajedo, ou Gabatá em hebraico. Era a Véspera da Páscoa, por volta do meio-dia. Disse, então, aos judeus: "Aqui está o vosso Rei!" E eles bradaram: "Fora, fora! Crucifica-o!" Diz-lhes Pilatos: "Então, hei-de crucificar o vosso Rei?" Replicaram os sumos sacerdotes: "Não temos outro rei, senão César." Então, entregou-o para ser crucificado. E eles tomaram conta de Jesus.
Tanto os judeus como Pilatos declaram enganosos os dois sistemas de poder que incarnam: Pilatos subtrai-se à autoridade civil que o acredita, para se colocar à disposição dos acusadores de Jesus; estes renunciam à autoridade da sua Lei para se colocarem sobre a autoridade de Roma. É uma mudança na qual já não se entende mais quem governa ou é governado. A última cena vivida fora do pretório é a mais impressionante. A hora é muito importante – é o momento da luz plena, é meio dia: agora manifesta-se a glória do Juiz, mesmo que paradoxalmente seja ele o julgado! Os soldados tinham feito a investidura real de Jesus, agora Pilatos entronizava-o diante do seu povo como rei (depois no Gólgota será feita proclamação universal da sua realeza). Realiza-se aqui a nível simbólico o sentido fundamental da crucifixão e da ressurreição: a exaltação do Rei-Messias – rei espoliado de atributos de poder, mas deslumbrante na luz do amor – e a condenação do mundo pecador.



sexta-feira, março 22, 2019

ANUNCIAÇÃO DO ANJO





Das Homilias em louvor da Virgem Mãe, de São Bernardo, abade 
(Hom. 4,8-9: Opera omnia, Edit. Cisterc. 4, [1966], 53-54)

O mundo inteiro espera a resposta de Maria
Ouviste, ó Virgem, que vais conceber e dar à luz um filho, não por obra de homem — tu ouviste — mas do Espírito Santo. O Anjo espera tua resposta: já é tempo de voltar para Deus que o enviou. Também nós, Senhora, miseravelmente esmagados por uma sentença de condenação, esperamos tua palavra de misericórdia. 

Eis que te é oferecido o preço de nossa salvação; se consentes, seremos livres. Todos fomos criados pelo Verbo eterno, mas caímos na morte; com uma breve resposta tua seremos recriados e novamente chamados à vida. 

Ó Virgem cheia de bondade, o pobre Adão, expulso do paraíso com a sua mísera descendência, implora a tua resposta; Abraão a implora, Davi a implora. Os outros patriarcas, teus antepassados, que também habitam a região da sombra da morte, suplicam esta resposta. O mundo inteiro a espera, prostrado a teus pés. 

E não é sem razão, pois de tua palavra depende o alívio dos infelizes, a redenção dos cativos, a liberdade dos condenados, enfim, a salvação de todos os filhos de Adão, de toda a tua raça. 

Apressa-te, ó Virgem, em dar a tua resposta; responde sem demora ao Anjo, ou melhor, responde ao Senhor por meio do Anjo. Pronuncia uma palavra e recebe a Palavra; profere a tua palavra e concebe a Palavra de Deus; dize uma palavra passageira e abraça a Palavra eterna. 

Por que demoras? Por que hesitas? Crê, consente, recebe. Que tua humildade se encha de coragem, tua modéstia de confiança. De modo algum convém que tua simplicidade virginal esqueça a prudência. Neste encontro único, porém, Virgem prudente, não temas a presunção. Pois, se tua modéstia no silêncio foi agradável a Deus, mais necessário é agora mostrar tua piedade pela palavra. 

Abre, ó Virgem santa, teu coração à fé, teus lábios ao consentimento, teu seio ao Criador. Eis que o Desejado de todas as nações bate à tua porta. Ah! se tardas e ele passa, começarás novamente a procurar com lágrimas aquele que teu coração ama! Levanta-te, corre, abre. Levanta-te pela fé, corre pela entrega a Deus, abre pelo consentimento. Eis aqui, diz a Virgem, a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra (Lc 1, 38).

quarta-feira, março 20, 2019

O PAI PRESENTE, POR DOM FERNANDO ARÊAS RIFAN


                                                            
   Dom Fernando Arêas Rifan*
 
        A família é composta de pai e mãe, que geram os filhos. A presença do pai é necessária, não só para a geração, mas, sobretudo, para a educação dos filhos. O filho precisa do pai, da figura do pai, da presença do pai na sua vida. É dele que os filhos esperam o exemplo e a proteção, e a esposa espera a ajuda, a defesa e a cooperação na edificação e conservação da família. Isso é tão marcante que o próprio Pai eterno, quando enviou o seu filho ao mundo, Deus feito homem, concebido de maneira virginal, quis que alguém o substituísse visivelmente como Pai adotivo na Sagrada Família de Belém e Nazaré e fosse o guarda e protetor daquela que viria a ser a mãe do Filho de Deus feito homem: o escolhido foi São José, cuja solenidade celebramos ontem e festejamos durante todo o mês de março.

        São José era de família nobre, a família real de Davi. Se a sua família ainda estivesse reinando, ele seria um príncipe. Quando ele tinha apenas desposado Maria, primeira parte do casamento hebraico, mas antes de recebê-la em casa, ocorreu a Anunciação e a Encarnação do Filho de Deus. Maria objetou ao Anjo mensageiro a impossibilidade de ter um filho, pois “não conhecia varão” (Lc 1,34), isso apesar de ser noiva de José, o que claramente indica o seu voto de virgindade, de pleno conhecimento do seu futuro esposo. O Anjo, da parte de Deus, lhe garantiu que a concepção daquele filho não seria por obra humana, mas sim “por virtude do Espírito Santo” (Mt 1,18). O próprio José, em sonho, foi advertido pelo anjo do que ocorrera. E ele teria como missão ser o guarda daquela Virgem Mãe e pai nutrício daquele Filho, que era realmente o Filho de Deus. E Jesus lhe dava o nome de pai, sendo conhecido como “o filho do carpinteiro” (Mt 13,55), tido por todos “como sendo filho de José” (Lc 3,23).

        São José protegeu a Sagrada Família, sobretudo na fuga para o Egito, quando da perseguição de Herodes ao Menino Jesus. Como chefe e protetor da Sagrada Família, ele se tornou o patrono de todas as famílias. E seu modelo de amor, humildade, paciência e obediência a Deus. : “Do exemplo de São José chega a todos um forte convite a desenvolver com fidelidade, simplicidade e modéstia a tarefa que a Providência nos designou” (Bento XVI). 

        São José é também o padroeiro dos trabalhadores porque, como carpinteiro, sustentava a Sagrada Família com o seu suor e o trabalho de suas mãos. A festa de São José, como padroeiro dos trabalhadores, se comemora no dia 1º de maio, dia do trabalho.

        Antigamente havia uma festa especial para honrar o Patrocínio de São José, ou seja, sua proteção, seu amparo. Daí o nome muito comum a pessoas e cidades, Patrocínio e José do Patrocínio, em honra do patrocínio de São José. Tendo tido a mais bela das mortes, pois morreu assistido por Jesus, que ainda não tinha começado a sua vida pública, e por Maria Santíssima, São José é invocado como padroeiro dos moribundos e patrono da boa morte. 

        O Papa Pio IX proclamou São José patrono da Igreja, que é a família de Deus. Por tantos gloriosos motivos, São José faz jus à honra e à devoção especial que lhe tributamos.  


*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney
http://domfernandorifan.blogspot.com.br/