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terça-feira, julho 30, 2019

ALARGAR HORIZONTES






O capítulo IV da Laudato Si’ termina com palavras duras, que devemos ler devagar e atentamente: «a dificuldade em levar a sério este desafio tem a ver com uma deterioração ética e cultural, que acompanha a deterioração ecológica.

O homem e a mulher deste mundo pós-moderno correm o risco permanente de se tornarem profundamente individualistas, e muitos problemas sociais de hoje estão relacionados com a busca egoísta duma satisfação imediata, com as crises dos laços familiares e sociais, com as dificuldades em reconhecer o outro. Muitas vezes há um consumo excessivo e míope dos pais que prejudica os próprios filhos, que sentem cada vez mais dificuldade em comprar casa própria e fundar uma família. Além disso, esta falta de capacidade para pensar seriamente nas futuras gerações está ligada com a nossa incapacidade de alargar o horizonte das nossas preocupações e pensar naqueles que permanecem excluídos do desenvolvimento. Não percamos tempo a imaginar os pobres do futuro, é suficiente que recordemos os pobres de hoje, que poucos anos têm para viver nesta terra e não podem continuar a esperar. Por isso, para além de uma leal solidariedade entre as gerações, há que reafirmar a urgente necessidade moral de uma renovada solidariedade entre os indivíduos da mesma geração» (LS 162).

Estas palavras do Papa constituem uma denúncia do obscurecimento da dimensão transcendente nos nossos dias, do consequente excesso imanentista e da já muito falada «autorreferencialidade». De facto, ao vivermos muito centrados sobre nós próprios, deixamos de conseguir ver outras situações para além da nossa e estreitamos os horizontes que dão sentido à nossa vida. Damos então razão àquele comentário jocoso que diz que «vivemos num mundo de egoístas: toda a gente pensa em si e só eu é que penso em mim».

A crise ecológica reclama, sem sombra de dúvida, uma visão abrangente da realidade, decisões corajosas e uma capacidade resoluta de pôr o bem comum no centro da vida social. Não nos podemos sentir satisfeitos com uma globalização económica, mas precisamos urgentemente de uma globalização da solidariedade e da fraternidade.

Precisamos de acreditar que «é sempre possível desenvolver uma nova capacidade de sair de si mesmo rumo ao outro. Sem tal capacidade, não se reconhece às outras criaturas o seu valor, não se sente interesse em cuidar de algo para os outros, não se consegue impor limites para evitar o sofrimento ou a degradação do que nos rodeia. A atitude basilar de se autotranscender, rompendo com a consciência isolada e a autorreferencialidade, é a raiz que possibilita todo o cuidado dos outros e do meio ambiente; e faz brotar a reacção moral de ter em conta o impacto que possa provocar cada acção e decisão pessoal fora de si mesmo. Quando somos capazes de superar o individualismo, pode-se realmente desenvolver um estilo de vida alternativo e torna-se possível uma mudança radical na sociedade» (LS 208).

Fonte: Dehonianos

segunda-feira, julho 29, 2019

XVII DOMINGO DO TEMPO COMUM








Nós não pedimos a mesma coisa a um pai, a um filho, a um amigo, a um vizinho, ao chefe da empresa. A oração dirige-se a Deus que chamamos “Pai” (“Abba” em arameu, palavra cuja melhor tradução seria “Paizinho querido”). Não se trata de pedir qualquer coisa sem mais ao nosso Pai. Jesus indica-nos os objetos do nosso pedido. Primeiro, que Deus seja reconhecido como Deus e que o seu projeto de amor sobre o mundo seja posto em ação. Em seguida, pedimos-lhe aquilo que é vital para nós: o alimento para viver, o perdão para amar, a liberdade para permanecer de pé. Eis os pedidos essenciais. Então, não hesitemos em insistir de todos os modos: se Lhe pedimos isso, Ele não pode ficar surdo.


O “Pai Nosso” é a única oração que Jesus ensinou aos seus discípulos. É também a própria oração de Jesus. “Senhor, ensina-nos a orar”. Como ensinar os outros a rezar, se nós próprios não rezamos? Jesus foi buscar à sua experiência a oração que deu aos seus discípulos. Assim, dizemos palavras que o próprio Jesus diz conosco. A sua oração e a nossa oração são uma única e mesma súplica. Jesus está sempre vivo para interceder em nosso favor. Cada dia, Jesus reza conosco a seu Pai e nosso Pai. Hoje, coloca-se o acento numa oração de louvor e ação de graças. A oração de pedido não é tão valorizada. Porém, a oração que Jesus ensina aos seus discípulos é, antes de mais, uma oração de pedido. O verbo “pedir” aparece seis vezes na passagem de hoje (ver no Evangelho). A experiência parece dizer que os nossos pedidos não são atendidos. Mas Jesus dá-nos uma chave de leitura: é o Espírito Santo que o Pai nos quer dar, o Amor infinito. Trata-se, portanto, de pedir, antes de mais, que este Amor infinito nos modele cada vez mais profundamente, para que aprendamos a ver como Deus nos vê, a amar como Ele nos ama. Ora, entrar numa aventura de amor exige paciência, e também renúncia a nós mesmos para nos abrirmos cada vez mais ao outro. Na realidade, aí está todo o sentido da nossa vida. Nós somos muitas vezes impacientes, ficamos no imediato, na superfície das coisas. Deus olha o coração, vai além das aparências, numa confiança total. Caminho exigente, este que nos conduzirá para além de nós próprios, até à Casa do Nosso Pai.








sexta-feira, julho 26, 2019

26 de Julho dia de São Joaquim e Santa Ana





Viveram no primeiro século e sua festa é celebrada no leste no dia 9 de setembro. A tradição dá o nome de Joaquim e Ana (significa graciosa em hebreu) aos pais da Virgem Maria (Lc 3:23).
São João Damasceno exorta Joaquim e Ana como modelos de pais e esposos cujo principal dever era educar seus filhos. São Paulo diz que a educação dos filhos pelos pais é sagrada.
A tradição diz que Joaquim nasceu em Nazaré, e casou-se com Anna quando ele era jovem. Ele era um rico fazendeiro e possuía um grande rebanho. Como não tivessem filhos durante muitos anos Joaquim era publicamente debochado, (não ter filhos era considerado na época uma punição de Deus pela sua inutilidade).
Um dia o padre do templo recusou a oferta de Joaquim de um cordeiro e Joaquim foi para o deserto e jejuou e rezou por 40 dias. O Pai de Ana teria sido um judeu nômade chamado Akar que trouxe sua mulher para Nazaré com sua filha Anna.
Após o casamento de sua filha com Joaquim também ficou triste de não terem sido agraciados com netos. Ana chorava e orava a Deus para atendê-la. Um dia ela estava orando e um anjo disse a ela que Deus atenderia as suas preces. Ela estava sob uma árvore pensando que Joaquim a havia abandonado (ele estava no deserto). O anjo disse ainda que o filho que teriam seria honrado e louvado por todo o mundo. Anna teria respondido; “Se Deus vive e se eu conceber um filho ou filha será um dom do meu Deus e eu servirei a Ele toda a minha vida.”
O anjo disse a ela para ir correndo encontrar com o seu marido o qual, em obediência a outro anjo, retornava com o seu rebanho. Eles se encontraram em um local que a tradição chama de Portão de Ouro. Santa Anna deu a luz a Maria quando ela tinha 40 anos. É dito que Anna cumpriu a sua promessa e ofereceu Maria a serviço de Deus, no templo, quando ela tinha 3 anos. De acordo com a tradição ela e Joaquim viveram para ver o nascimento de Jesus e Joaquim morreu logo após ver o seu Divino neto presente no templo de Jerusalém.
O Imperador Justiniano construiu em Constantinopla, uma igreja em honra de Santa Anna lá pelos anos de 550.Seu corpo foi trasladado da Palestina para Constantinopla em 710 e algumas porções de suas relíquias estão dispersas no Oeste. Algumas em Duren (Rheinland-Alemanha), em Apt-en-Provence, (França) e Canterbury (Inglaterra).
O culto litúrgico de Santa Ana apareceu no sexto século no leste e no oitavo século no Ocidente. No século décimo a festa da concepção de Santa Anna era celebrada em Nápoles e se espalhou para Canterbury lá pelos anos de 1100 DC e daí por diante até século 14, quando o seu culto diminui pelo crescente interesse pela sua filha, a Virgem Maria.
O culto a Santa Ana chegou a ser até atacada por Martinho Lutero, especialmente as imagens com Jesus e Maria, um objeto favorito dos pintores da Renascença. Em resposta, a Santa Sé estendeu a sua festa para toda a Igreja em 1582.
São Joaquim tem sido honrado no Leste desde o início e no Ocidente desde o 16? século e imagens do culto a São Joaquim começaram no ocidente nas Comunas e nos Arcos em Veneza que datam do século 6? .
A Imaculada Concepção de Maria é comemorada no dia 8 de dezembro e o nascimento da Virgem Maria, nove meses depois, ou seja no dia 8 de Setembro.
A festa de São Joaquim era celebrada, no Ocidente no dia 16 de agosto.
Agora, ambos são comemorados no dia de Santa Ana ou seja no dia 26 de julho.

quinta-feira, julho 25, 2019

25 de julho: Dia de São Tiago, amigo próximo de Jesus e um dos doze apóstolos





O Dia de São Tiago é celebrado em 25 de julho em homenagem ao padroeiro dos peregrinos, cavaleiros, farmacêuticos, veterinários, químicos. Ele também é padroeiro da Espanha, Guatemala, Chile e Nicarágua.
São Tiago, um dos doze apóstolos de Jesus, é conhecido como Tiago Maior, para diferenciá-lo de Tiago Menor, que era de Nazaré e primo de Jesus. Ele é conhecido também como São Tiago Apóstolo, Santiago e Santiago de Compostela.
Segundo o bispo de Cametá (PA), dom José Altevir, o santo era filho de Zebedeu e Salomé e nasceu em Betsaida, às margens do Mar da Galiléia. São Tiago foi um dos primeiros discípulos chamados por Jesus e fazia parte dos mais íntimos, ao lado de Pedro e João. Nos momentos mais importantes da missão de Jesus, como a Transfiguração, a Ressurreição da filha de Jairo, a Santa Ceia entre outros, esses três estavam sempre presentes.
Dom José Altevir salienta que Santiago viveu uma missão muito prática onde a fé “estava para as suas ações assim como as suas ações eram reflexo de sua fé”. A última vez que São Tiago aparece nas Sagradas Escrituras é em Atos 12, 1-2, onde se noticia seu martírio. O texto diz que Herodes Agripa, filho de Herodes, rei da região sul de Israel chamada Judéia, “Mandou matar Tiago, irmão de João, pelo fio da espada”. Isso aconteceu perto do ano 44, na cidade de Jerusalém.
Seu corpo foi levado à comunidade de Galiza e sepultado na capital Compostela, que passou a ser chamada de Santiago de Compostela, em sua homenagem. Durante a Idade Média, a Igreja concedeu indulgência plenária a todos aqueles que fizessem peregrinação à Catedral de Santiago de Compostela, com espírito de penitência, de arrependimento e de conversão. Por isso, um grande número de fiéis começou a fazer este caminho de peregrinação e o seguem fazendo até hoje.
Dom Altevir enfatiza que o dia 25 de julho é uma data importante na vida dos santos, na vida da igreja. “É uma data a ser comemorada com bastante devoção porque ela é um convite onde nos une a fé à vida”, salienta. O bispo lembra também que neste mesmo dia é celebrado no Brasil o Dia do Agricultor. “É o dia do trabalhador rural e te digo isso porque é um convite realmente àquela palavra forte: a fé sem as obras é vã, é vazia, mas o que tem atrás de tudo isso é todo um contexto que a pessoa de São Tiago traz para a Igreja”, finaliza.

Fonte: CNBB

quarta-feira, julho 24, 2019

SANTA CRISTINA






A arqueologia não serve apenas para descobrir os dinossauros enterrados pelo mundo. Ela também pode confirmar a existência dos santos mártires que marcaram sua trajetória na História pela fé em Deus. Foi o que aconteceu com Santa Cristina, que teve sua tradição comprovada somente no século XIX, com as descobertas científicas destes pesquisadores.

Segundo os mosaicos descobertos na Igreja de Santo Apolinário em Ravena, construída no século VI, Cristina era realmente uma das virgens cristãs mártires das antigas perseguições. E portanto, já naquele século, venerada como Santa, como se pôde observar pela descoberta de sua sepultura, que também possibilitou o aparecimento de um cemitério subterrâneo, que estava oculto ao lado.

A Arte também compareceu para corroborar seu testemunho através dos tempos. O martírio da jovem virgem Cristina foi representado pelas mãos de famosos pintores como João Della Robbias, Lucas Signorelli, Paulo Veronese e Lucas Cranach, entre outros. Além dos textos escritos em latim e grego que relatam seu suplício e morte, que só discordam quanto a cidade de sua origem. Os registros gregos mostram como sua terra natal Tiro, na Fenícia, hoje conhecida como Tunísia, enquanto os latinos citam Bolsena, na Toscana, Itália.

Estes relatos do antigo povo cristão contam que o pai de Cristina, Urbano, era pagão e um oficial do Império, que ao saber da conversão da filha, queria obrigá-la a renunciar ao Cristianismo. Por isso, decidiu trancar a filha numa torre na companhia das doze servas pagãs. Para mostrar que não abdicava da fé em Cristo, Cristina despedaçou as estátuas dos deuses pagãos existentes na torre e jogou janela à baixo, as joias que as adornavam, para que os pobres pudessem pegá-las. Quando tomou conhecimento do feito, Urbano mandou chicoteá-la e prendê-la num cárcere. Nem assim conseguiu a rendição da filha e, por isso, a entregou aos juízes.

Cristina foi torturada terrivelmente e depois jogada numa cela, onde três anjos celestes limparam e curaram suas feridas. Como solução final, o governante pagão mandou que lhe amarrassem uma pedra ao pescoço e a jogassem num lago. Novamente anjos intervieram: sustentaram a pedra que ficou boiando na superfície da água e levaram a jovem até a margem do lago. As torturas continuaram, mesmo depois de seu pai ser castigado por Deus e morrer de forma terrível. Cristina ainda foi novamente flagelada, depois amarrada a uma grade de ferro quente e colocada numa fornalha superaquecida, mordida por cobras venenosas e teve os seios cortados, antes de finalmente ser morta com duas lanças transpassando seu corpo. Assim, o seu martírio foi divulgado pelo podo cristão desde 23 de julho de 287, data de sua morte. A festa de Santa Cristina foi confirmada e mantida pela Igreja neste dia.

Outros Santos do mesmo dia: Santo Charbel Makhluf, Santa Levina, Santo Declano, Santos Boris e Gleb, Beato Nicolau de Lindoping, Beata Felicia de Milão, Beato João de Tossigno, Beato Agostinho de Biella, Beato Antônio della Torre, São João Boste, São João Soreth, Santo Cunegundes, Beata Luisa de Sabóia, Beato Xavier Bordas Piferer, Beata Mercedes do Sagrado Coração Prat e Beato Modestino de Jesus e Maria.


Fonte: Cléofas

terça-feira, julho 23, 2019

TRANQUILIDADE





Não é fácil ficar tranquilo no meio das preocupações. Mas é possível e altamente necessário superar os problemas. Preocupados com o passado e o futuro, não vivemos bem o presente. A memória e a imaginação, não controladas, roubam-nos a paz e a tranquilidade.

Bem disse o teólogo e filósofo existencialista Sören Kierkegaard: “A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás; mas só pode ser vivida olhando-se para frente”. No mesmo sentido, afirma o Pe. Roque Schneider: “Que a saudade do ontem e o medo do amanhã não roubem a alegria do nosso hoje”. Precisamos controlar as lembranças do passado e as expectativas do futuro, para não perdermos a paz de espírito. Daí a consoladora oração de São Pio de Pietrelcina: “Senhor, eu peço para o meu passado a vossa misericórdia, para o meu presente o vosso amor, para o meu futuro a vossa providência”. E fiquemos tranquilos assim.

O célebre livro “A imitação de Cristo”, nos adverte que “a imaginação dos lugares e mudanças a muitos tem iludido” (I, 9). É quase a interpretação da famosa poesia de Vicente de Carvalho: “Essa felicidade que supomos, / Árvore milagrosa, que sonhamos / Toda arreada de dourados pomos, // Existe, sim: mas nós não a alcançamos / Porque está sempre apenas onde a pomos / E nunca a pomos onde nós estamos”.

Jesus, no seu Sermão da Montanha, nos dá a receita da tranquilidade: “Não fiqueis preocupados quanto à vossa vida... Olhai os pássaros do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros. No entanto, vosso Pai celeste os alimenta. Será que vós não valeis mais do que eles?... Aprendei dos lírios do campo, como crescem. Não trabalham nem fiam, e, no entanto, eu vos digo, nem Salomão, em toda a sua glória, jamais se vestiu como um só dentre eles... Vosso Pai celeste sabe que precisais de tudo isso. Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça, e todas essas coisas vos serão dadas por acréscimo. Portanto, não fiqueis preocupados com o amanhã, pois o amanhã terá sua própria preocupação! A cada dia basta o seu mal” (Mt 6, 25-34).

O mundialmente conhecido escritor Dale Carnegie, no seu best seller “Como evitar preocupações e começar a viver”, cuja leitura recomendo, reforça a sua tese com essa frase do Evangelho, acima citada: “A cada dia basta o seu mal, o seu problema”. Não perder a paz com o que aconteceu ontem, nem com o que imaginamos poderá acontecer amanhã: basta o problema de cada dia. Santa Teresa chamava a imaginação de “a louca da casa”. Ela pode nos perturbar e nos tirar a tranquilidade e a paz, com os perigos e os problemas que nem sequer existem ainda.

No Pai-Nosso, Jesus nos ensinou a pedir “o pão nosso de cada dia”. Com a palavra “pão” podemos entender não só o alimento, mas também a solução de todos os problemas. De cada dia, não os de amanhã. Abandonemo-nos nas mãos de Deus, que é Pai, e se preocupa conosco e por nós. “Lança sobre Deus o teu cuidado, e ele te sustentará” (Sl 55, 23). “Lançai sobre ele toda a vossa preocupação, pois ele cuida de vós” (1Pd 5,7).



Fonte: Dom Fernando Arêas Rifan



segunda-feira, julho 22, 2019

XVI Domingo do Tempo Comum







O início da 1ª leitura revela um dado aos leitores, desconhecido a Abraão: o Senhor aparece, mas ele vê três homens. A perícope diz que, no momento da chegada do Senhor, na hora mais quente do dia, Abraão "estava sentado à entrada da sua tenda" (1L). A entrada da tenda indica uma situação de limite entre o calor do dia e a sombra protetora da tenda. Na narrativa do episódio, Abraão é apresentado como um velho sem filhos; outro indicativo de uma situação limite entre a vida e a morte sem que a vida tenha continuidade no filho.
Interessante perceber que o momento mais quente do dia é a hora menos oportuno para visitas. Abraão parece não se importar com isso; corre na direção dos visitantes antes de reconhecer neles a presença do Senhor. A corrida de Abraão, um velho, na hora mais quente do dia, revela desejo de acolher e oferecer hospitalidade. É claro que isso contém uma mensagem bem maior, não limitada a um simples elogio à hospitalidade de Abraão. Trata-se de uma mensagem maior, conhecida no fim da visita, quando as coisas mudam pela revelação que Sara iria engravidar e ele seria pai (1L). Mudam quando Deus revela-se como aquele que não se sujeita aos limites da hora menos oportuna do dia para vir ao encontro e nem aos limites da idade para gerar vida. Todo o momento é tempo para Deus nos visitar e para acolhermos; não existe hora marcada.
O exemplo de Abraão oferece uma atitude de quem deseja acolher: não se incomodar com o inesperado. Na hora mais quente do dia, Abraão acolhe.
No texto de Lucas é possível perceber um conceito de acolhimento de Marta e outro de Maria. Enquanto Marta presume conhecer as necessidades do hóspede, Maria senta-se aos pés dele para ouvi-lo. Dois conceitos diferentes de hospitalidade e acolhimento. — Qual o conceito de hospitalidade e acolhimento de Marta e Maria?
Para Marta, acolher significa oferecer aquilo que ela considera necessário para o hóspede: uma cadeira, uma mesa, um alimento. Por isso, ela se agita, preocupa-se e, consequentemente, pensa mais em oferecer que em ouvir o que o hóspede tem a dizer. É assim que ela entende a hospitalidade: como oferecer algo. 
Maria acolhe Jesus na condição de discípula, daquela que valoriza não tanto o que tem a oferecer, mas aquilo que o hóspede quer partilhar; por isso o escuta (E). Acolher o hóspede, no conceito de Maria, significa abrir espaço no coração para ouvir o que ele tem a dizer; estar disponível para ouvir, escutar. Marta entende por acolhimento oferecer algo; Maria entende o acolhimento como escuta de quem quer partilhar a vida. Quando Marta e Maria convivem na mesma pessoa tem-se um acolhimento ideal.
 Em todos os seus encontros, Jesus manifesta total disponibilidade para cada um, como se a pessoa encontrada fosse única no mundo. Ele quer dar-Se a Si próprio, porque o seu Pai Se dá primeiro a Ele. Assim, reservar tempo para escutar a Palavra, para nos retirarmos no segredo do nosso coração e para rezar, não é perder tempo. É enraizar a nossa ação no único "terreno" capaz de a vivificar verdadeiramente, para que ela dê fruto na vida eterna. Não é preciso opor Marta e Maria, mas uni-las, vivificar o serviço de uma pela escuta atenta da outra. O tempo do verão é propício para nos convidar a viver a esta luz... 











sexta-feira, julho 19, 2019

20 DE JULHO DIA DA AMIZADE CRISTÃ







Boletim da Santa Sé

Amados Irmãos!

Um grande dom nos concede o Senhor, ao reunir-nos aqui, no Cenáculo, para celebrar a Eucaristia. Enquanto vos saúdo com fraterna alegria, desejo dirigir um pensamento afetuoso aos patriarcas orientais católicos que participaram desses dias da minha peregrinação.

Aqui, onde Jesus comeu a Última Ceia com os Apóstolos; onde, ressuscitado, apareceu no meio deles; onde o Espírito Santo desceu poderosamente sobre Maria e os discípulos. Aqui nasceu a Igreja, e nasceu em saída. Daqui partiu, com o Pão repartido nas mãos, as chagas de Jesus nos olhos e o Espírito de amor no coração.

Jesus ressuscitado, enviado pelo Pai, no Cenáculo comunicou aos Apóstolos o seu próprio Espírito e, com esta força, enviou-os a renovar a face da terra (cf. Sal 104, 30).
Sair, partir, não quer dizer esquecer. A Igreja em saída guarda a memória daquilo que aconteceu aqui; o Espírito Paráclito recorda-lhe cada palavra, cada gesto, e revela o seu significado.

O Cenáculo recorda-nos o serviço, o lava-pés que Jesus realizou, como exemplo para os seus discípulos. Lavar os pés uns aos outros significa acolher-se, aceitar-se, amar-se, servir-se reciprocamente. Quer dizer servir o pobre, o doente, o marginalizado, aquele que me é antipático, aquele que me tira a paciência.

O Cenáculo recorda-nos, com a Eucaristia, o sacrifício. Em cada celebração eucarística, Jesus oferece-Se por nós ao Pai, para que também nós possamos unir-nos a Ele, oferecendo a Deus a nossa vida, o nosso trabalho, as nossas alegrias e as nossas penas…, oferecer tudo em sacrifício espiritual.

O Cenáculo recorda-nos a amizade. «Já não vos chamo servos – disse Jesus aos Doze – (…) mas a vós chamei-vos amigos» (Jo 15, 15). O Senhor faz de nós seus amigos, confia-nos a vontade do Pai e dá-Se-nos a Si mesmo. Esta é a experiência mais bela do cristão e, de modo particular, do sacerdote: tornar-se amigo do Senhor Jesus, descobrir no seu coração que Ele é amigo.

O Cenáculo recorda-nos a despedida do Mestre e a promessa de reencontrar-se com os seus amigos: «Quando Eu tiver ido (…), virei novamente e hei-de levar-vos para junto de Mim, a fim de que, onde Eu estou, vós estejais também» (Jo 14, 3). Jesus não nos deixa, nunca nos abandona, vai à nossa frente para a casa do Pai; e, para lá, nos quer levar consigo.

Mas, o Cenáculo recorda também a mesquinhez, a curiosidade – «quem é o traidor?» – a traição. E reproduzir na vida estas atitudes não sucede só nem sempre aos outros, mas pode suceder a cada um de nós, quando olhamos com desdém o irmão e o julgamos; quando, com os nossos pecados, atraiçoamos Jesus.

O Cenáculo recorda-nos a partilha, a fraternidade, a harmonia, a paz entre nós. Quanto amor, quanto bem jorrou do Cenáculo! Quanta caridade saiu daqui como um rio da sua fonte, que, ao princípio, é um ribeiro e depois se alarga e torna grande… Todos os santos beberam daqui; o grande rio da santidade da Igreja, sempre sem cessar, tem origem daqui, do Coração de Cristo, da Eucaristia, do seu Santo Espírito.

Finalmente, o Cenáculo recorda-nos o nascimento da nova família, a Igreja, constituída por Jesus ressuscitado. Família esta, que tem uma Mãe, a Virgem Maria. As famílias cristãs pertencem a esta grande família e, nela, encontram luz e força para caminhar e se renovar no meio das fadigas e provações da vida. Para esta grande família, estão convidados e chamados todos os filhos de Deus de cada povo e língua, todos irmãos e filhos do único Pai que está nos céus.

Este é o horizonte do Cenáculo: o horizonte do Ressuscitado e da Igreja.

Daqui parte a Igreja em saída, animada pelo sopro vital do Espírito. Reunida em oração com a Mãe de Jesus, ela sempre revive a espera de uma renovada efusão do Espírito Santo: Desça o vosso Espírito, Senhor, e renove a face da terra (cf. Sal 104, 30)!

quinta-feira, julho 18, 2019

SER PARTE






O ser humano «é parte do mundo com o dever de cultivar as próprias capacidades para o proteger e desenvolver as suas potencialidades» (LS 78). Esta afirmação do papa Francisco vem reavivar algo que poderia estar coberto pela poeira no baú da memória: «somos parte» da criação.
  
Nós não somos um corpo estranho nem completamente distinto da obra da criação. Nós também somos criaturas, o que quer dizer que «somos terra (cf. Gn 2,7). O nosso corpo é constituído pelos elementos do Planeta; o seu ar permite-nos respirar, e a sua água vivifica-nos e restaura-nos» (LS 2). Precisamos da natureza para viver e estamos dependentes dela, mas isto não abarca a totalidade da questão. Com efeito, o homem «é espírito e vontade, mas é também natureza» (LS 6). Esta, sim, é uma verdade basilar que não podemos esquecer, pois «a criação resulta comprometida onde nós mesmos somos a sua última instância, onde o conjunto é simplesmente nossa propriedade e onde o consumimos somente para nós mesmos» (LS 6). Esta verdade ajuda a explicar porque «um crime contra a natureza é um crime contra nós mesmos e um pecado contra Deus» (LS 8).

Crescer na consciência que «somos parte» da natureza estimula o sentido de pertença. Não somos extraterrestres, mas também não somos parasitas. Nós só temos este planeta e, se não cuidamos dele, a vida rapidamente se tornará impossível. Este planeta é a nossa casa, é aqui que pertencemos e, de alguma maneira, nos reconhecemos como seres humanos. Neste sentido, é preciso matizar bem o que se quer dizer, quando afirmamos que estamos de passagem por este mundo e que não temos aqui a nossa morada permanente. O risco de uma espiritualização excessiva que anule a nossa dimensão criatural é real e está bem presente…

«Ser parte» não se relaciona apenas com pertencer, mas também com partilhar. À luz do que escrevo, partilhar não é um acto de condescendência ou benevolência de quem dá alguma coisa. É antes o reconhecimento que a outra criatura tem necessidades e direitos e que eu não posso açambarcar aquilo que lhe pertence. A partilha torna-se, a este nível, uma questão de justiça, de dar a cada criatura aquilo que lhe é devido.

Por último, «ser parte» tem algo a ver com participar. Trata-se de assumir os deveres e responsabilidades que temos para com a criação. O cuidado da natureza que nos é pedido actualmente não se justifica pelo medo de uma catástrofe apocalíptica. Cuidar é a nossa forma de participar activamente enquanto parte da criação. Deus criou-nos para sermos os jardineiros da natureza: esta é a nossa vocação.

Em suma, é esta consciência que a humanidade é uma parte da criação, com deveres e responsabilidades para com a totalidade do criado, que leva o papa Francisco a falar numa «casa comum» (LS 1). Só é possível que esta seja a casa de todas as criaturas, se nós nunca ousarmos apoderar-nos dos vários espaços que a compõem…

Fonte: Dehonianos de Portugal



quarta-feira, julho 17, 2019

BEATO INÁCIO DE AZEVEDO E COMPANHEIROS MÁRTIRES






Inácio de Azevedo nasceu no Porto (Portugal), de família ilustre, em 1526 ou1527; entrou na Companhia de Jesus em 1548 e foi ordenado sacerdote em 1553. Mais tarde partiu para o Brasil, a fim de se consagrar ao apostolado missionário. Tendo voltado à pátria, conseguiu recrutar numerosos colaboradores para a sua obra evangelizadora e empreendeu a viagem de regresso; mas, interceptados ao largo das ilhas Canárias pelos corsários anticatólicos [protestantes calvinistas franceses], ali sofreu o martírio no dia 15 de julho de 1570. Os trinta e nove Companheiros que iam na mesma nau (trinta e um portugueses e oito espanhóis) foram também Martirizados no mesmo dia ou no dia seguinte. Foram beatificados pelo papa Pio IX em 1854.

Inácio e seus companheiros foram assassinados por serem católicos e missionários
Quarenta mártires. Entre eles 2 padres, 24 estudantes e 14 irmãos auxiliares. Portugueses e espanhóis. Todos pertenciam à Companhia de Jesus.

Inácio de Azevedo nasceu no Porto em 1526. Aos 23 anos, já tinha entrado na Companhia de Jesus ocupando vários serviços. Era ardoroso pelas missões além fronteiras.

Foi quando o Superior Geral o enviou para o Brasil e, ao retornar, testemunhou a necessidade de mais missionários. Saíram por isso, 3 naus missionárias. Em uma delas estavam Inácio de Azevedo e os 39 companheiros. A nau foi interceptada por 5 navios de inimigos da fé católica que queriam a morte de todos.

Por amor à Igreja ele aceitou o martírio, exortou e consolou seus filhos espirituais. Foi morto e lançado ao mar e todos foram martirizados, alcançando a coroa da glória na eternidade.

Inácio e seus companheiros foram assassinados por serem católicos e missionários. Estamos no tempo das novas missões, a começar na nossa casa e onde convivemos. Ali, é o primeiro lugar onde devemos testemunhar o amor a Cristo e, se preciso, sofrer por Ele.

Bem-aventurado Inácio de Azevedo e companheiros mártires, rogai por nós!

Os sofrimentos e a glória dos mártires
Consideremos a sabedoria de Paulo. Que diz ele? Eu entendo que os sofrimentos do tempo presente nem merecem ser comparados com a glória que deve ser revelada em nós(Rm 8,18). Por que, exclama, me falais das feridas, dos tormentos, dos altares, dos algozes, dos suplícios, da fome, do exílio, das privações, dos grilhões e das algemas? Ainda que invoqueis todas as coisas que atormentam os homens, nada podeis mencionar que esteja à altura daqueles prêmios, daquelas coroas, daquelas recompensas. Pois as provações cessam com a vida presente, ao passo que a recompensa é imortal, permanecendo para sempre.

Também isto insinuava o Apóstolo em outro lugar, quando dizia: O que no presente é insignificante e momentânea tribulação (cf. 2Cor 4,17). Ele diminuía a quantidade pela qualidade, e alivia a dureza pelo breve espaço de tempo. Como as tribulações que então sofriam eram penosas e duras por natureza, Paulo se serve de sua brevidade para diminuir-lhe a dureza, dizendo: O que no presente é insignificante e momentânea tribulação, acarreta para nós uma glória eterna e incomensurável. E isso acontece, porque voltamos os nossos olhares para as coisas invisíveis e não para as coisas visíveis. Pois o que é visível é passageiro, mas o que é invisível é eterno (cf. 2Cor 4,17- 18).

Vede como é grande a glória que acompanha a tribulação! Vós mesmos sois testemunhas do que dizemos. Antes mesmo que os mártires tenham recebido as recompensas, os prêmios, as coroas, enquanto ainda se vão transformando em pó e cinza, já acorremos com entusiasmo para honrá-los, convocando uma assembléia espiritual, proclamando o seu triunfo, exaltando o sangue que derramaram, os tormentos, os golpes, as aflições e as angústias que sofreram. Assim, as próprias tribulações são para eles uma fonte de glória, mesmo antes da recompensa final.

Tendo refletido sobre estas coisas, irmãos caríssimos, suportemos generosamente todas as adversidades que sobrevierem. Se Deus as permite, é porque são úteis para nós. Não percamos a esperança nem a coragem, prostrados pelo peso dos sofrimentos, mas resistamos com fortaleza e demos graças a Deus pelos benefícios que nos concedeu. Deste modo, depois de gozarmos dos seus dons na vida presente, alcançaremos os bens da vida futura, pela graça, misericórdia e bondade de nosso Senhor Jesus Cristo. A ele pertencem a glória e o poder, com o Espírito Santo, agora e sempre e pelos séculos. Amém.



Autor: Das Homilias de São João Crisóstomo, bispo

terça-feira, julho 16, 2019

XV DOMINGO DO TEMPO COMUM







Na parábola do Bom Samaritano, Jesus descreve a dinâmica da fraternidade. O primeiro elemento da dinâmica fraterna está no olhar, em ter olhos para ver as necessidades de nossos irmãos e irmãs. A caridade fraterna começa pelo modo de olhar. Na pessoa caída por terra, podemos ver um vagabundo bêbado ou um coitado que está perdendo a vida. A segunda atividade na dinâmica da fraternidade é um movimento interior, espiritual, próprio de quem tem o coração iluminado pela misericórdia divina por viver os Mandamentos de Deus. Corações revoltados nunca ajudarão um coitado caído por terra; corações com religião teórica faz teorias e passa ao lado de um necessitado. Por fim, o terceiro elemento: a aproximação e o cuidado na recuperação. Tudo isso é uma grande provocação de Jesus, que — confesso publicamente — me incomoda muito e espero que incomode nossos corações. A parábola do Bom Samaritano não é apenas uma história bonita, é uma grande provocação para nossa vida cristã. Amém!












segunda-feira, julho 15, 2019

Dom Bernardo: “o Barco-Hospital Papa Francisco, é um sinal de paz e esperança na Amazônia”






Projetado e construído no estaleiro da Empresa Gerencial de Projetos Navais, em Fortaleza (CE), o Barco-Hospital Papa Francisco partiu em expedição nos dias 06 e 07 de julho, para as cidades de Óbidos e Juruti, ambas no Pará, com o objetivo de ser simbolicamente entregue à população. A comitiva foi formada por religiosos da Fraternidade São Francisco na Providência de Deus, da Congregação das Pequenas Missionárias de Maria Imaculada, além de leigos e a própria tripulação.

O barco-hospital é uma proposta da Igreja no Brasil, e sua maquete foi apresentada pelo bispo do Óbidos dom Bernardo Bahlmann e pelo frei Francisco Belotti, da Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de Deus ao papa Francisco, em novembro de 2018, no Vaticano. A iniciativa partiu de uma provocação feita pelo pontífice, que, durante a Jornada Mundial da Juventude de 2013, realizou uma visita a um hospital administrado pela Fraternidade no Rio de Janeiro. Na ocasião, Francisco perguntou ao frade se eles já estavam presentes também na Amazônia.

A ideia é que o barco faça um longo percurso pelo Rio Amazonas, a fim de levar atendimento médico a comunidades ribeirinhas de 12 municípios, beneficiando cerca de 700 mil pessoas. O projeto que leva o nome do pontífice foi planejado para ter em sua estrutura ambulatórios, laboratórios, bloco cirúrgico e alojamentos para profissionais de saúde. O navio conta ainda com assistência de congregações franciscanas femininas, como as Pequenas Missionárias de Maria Imaculada.

Nesta expedição, nos dias 06 e 07 de julho, aconteceu as cerimônias de entrega das chaves do Barco, nas cidades de Óbidos e Juruti. A embarcação hospitalar realizou sua primeira parada, na localidade ribeirinha Januária, pertencente ao município de Óbidos, onde está a Comunidade Nossa Senhora de Nazaré, primeira pertencente à diocese de Óbidos na divisa do território da diocese de Santarém.

Na ocasião, a comitiva que trazia também a imagem da Padroeira Diocesana, Senhora Santana, foi recebida calorosamente, com fogos de artifício, danças e cantos. Em suas palavras de agradecimento, o frei Francisco Belotti falou de sua alegria e emoção ao ver esses primeiros momentos do Barco-Hospital Papa Francisco junto às populações ribeirinhas, e concluiu: “É exatamente essa a alma do Papa Francisco, ir até as pessoas. ”

No fim da tarde do sábado, 06, o Barco-Hospital chegou então à cidade de Óbidos, onde foi acolhido por várias pessoas, entre elas autoridades civis e eclesiásticas. Após a Santa Missa em ação de graças, presidida por dom Bernardo Bahlmann e concelebrada por vários sacerdotes, foi realizada a cerimônia de entrega das chaves, na qual simbolicamente, o bispo de Óbidos recebeu as chaves do Barco-Hospital.

Em Juruti, a festa se repetiu no dia 07, com a chegada do Barco-Hospital no início da noite. Na ocasião, dom Bernardo recordou os passos dados desde o sonho até a realização do projeto, e falou da importância de assim como Jesus e São Francisco, ser o Barco-Hospital Papa Francisco, um sinal de paz e esperança na Amazônia, e destacou ainda que este Barco, é um gesto concreto da Igreja no Brasil para o Sínodo da Amazônia.

A festa de acolhida se estendeu com apresentações de crianças dos projetos sociais da diocese de Óbidos sobre o Sínodo da Amazônia, além de apresentações culturais com o tradicional carimbo amazônico, e danças típicas do festival das tribos, tradicional festival jurutiense.

O Barco-Hospital Papa Francisco, terá seu lançamento oficial, no dia 17 de agosto, na cidade de Belém do Pará, e iniciará seus trabalhos de atendimento de saúde às comunidade ribeirinhas do Baixo Amazonas no mês de setembro.


Fonte: CNBB





quarta-feira, julho 10, 2019

URGÊNCIA DA PAZ






         A onda de violência que tem sacudido o mundo de hoje, torna urgente o nosso empenho pela paz. Por isso, faço minha a bela e pungente mensagem do nosso irmão, Dom Gilson Andrade da Silva, Bispo diocesano de Nova Iguaçu, preocupado com a violência na sua região, a Baixada Fluminense, mensagem na qual cita o nosso Papa Francisco:
        “‘Oferecer a paz está no coração da missão dos discípulos de Cristo. E esta oferta é feita a todos os homens e mulheres que, no meio dos dramas e violências da história humana, esperam na paz’ (Francisco, Mensagem para o Dia Mundial da Paz - 2019). Os esforços em vários âmbitos têm se demonstrado insuficientes para frear uma violência que transforma a todos em vítimas potenciais, mudando os hábitos de convivência e limitando o direito de ir e vir. Não podemos acostumar-nos com o que está acontecendo e ficar indiferentes e paralisados quando vemos que a vida humana, dom sagrado recebido de Deus, é desprezada e tratada como uma realidade banal que pode ser simplesmente eliminada. Temos que nos perguntar: onde está o valor e a dignidade da vida humana? Qual a responsabilidade dos poderes públicos, diante de tamanha violência? Como a mensagem de Cristo pode infundir a esperança em nossos corações? Como a Igreja pode ser um espaço de acolhida, fermento e vida diante desse cenário? Como os jovens, principais vítimas de homicídios, bem como a situação da violência contra a mulher têm recebido a devida e concreta atenção?”
        “Sabemos, por outro lado, que ‘a paz é fruto de um grande projeto político, que se baseia na responsabilidade mútua e na interdependência dos seres humanos. Mas é também um desafio que requer ser abraçado dia após dia. A paz é uma conversão do coração e da alma, sendo fácil reconhecer três dimensões indissociáveis desta paz interior e comunitária: a paz consigo mesmo, rejeitando a intransigência, a ira e a impaciência e – como aconselhava São Francisco de Sales – cultivando ‘um pouco de doçura para consigo mesmo’, a fim de oferecer ‘um pouco de doçura aos outros’; a paz com o outro: o familiar, o amigo, o estrangeiro, o pobre, o atribulado..., tendo a ousadia do encontro, para ouvir a mensagem que traz consigo; a paz com a criação, descobrindo a grandeza do dom de Deus e a parte de responsabilidade que compete a cada um de nós, como habitante deste mundo, cidadão e ator do futuro’ (Francisco, Mensagem para o Dia Mundial da Paz - 2019)”.
        Todos somos chamados a dar a nossa “contribuição para a construção de um novo tempo de reconciliação e de paz, com iniciativas que favoreçam a oração pela paz e possibilitem processos de reflexão, escuta e construção de alternativas de minimização e superação das violências percebidas. Queremos ser uma Igreja orante que se faz solidária, a exemplo do Bom Samaritano, ao lado de todas as vítimas das várias formas de violência. Que saibamos ser denúncia diante da inversão dos valores cristãos, mas sobretudo, mais do que nunca, anúncio de um jeito novo de ser e de viver”.

Fonte: Dom Fernando Rifan