De que
modo Nosso Senhor está presente na hóstia, pois que não é aí percebido pelos
sentidos?
Responde
a teologia que o Senhor está presente na hóstia a modo de substância. E, como a
substância dos seres foge à percepção dos sentidos, assim não pode Cristo ser
aí percebido.
Precedentemente
dissemos que Jesus está aí presente a modo de espírito, o que exprime a mesma
verdade teológica. Somente devemos precaver-nos de supor que presença a modo de
espírito exclua a presença do Corpo de Nosso Senhor. É exatamente o Corpo de
Cristo que está aí de modo espiritual, isto é, fora das leis ordinárias a que
se sujeitam os corpos e, antes, regendo-se por leis que regem os espíritos. É o
Corpo de Cristo que aí está, porém a modo de espírito.
Como
a terminologia estar presente a modo de espírito pode induzir o leitor não
atento
ao erro contra que o premunimos, a maioria dos teólogos com Santo Tomás prefere
dizer que Cristo está presente na Eucaristia a modo de substância.
Este
modo de estar presente é um modo natural, ou extraordinário?
Está
claro que é um modo extraordinário, milagroso, de que não há exemplo em a
natureza. O Concílio Tridentino afirmou que Cristo está na hóstia consagrada em
virtude de uma conversão “maravilhosa e singular da substancia do pão na substância
do Corpo de Cristo” (Dez. 884)
Dizendo
que esta conversão é “singular“, quer o Santo Concílio dizer que não existe
outro exemplo símile na natureza. Dizendo-a “maravilhosa“, significa que excede
as forças naturais e se realiza por ação particular de Deus; daí também um dos
motivos por que o Sacramento da Eucaristia é justamente chamado “mistério de
fé“.
“Esta
conversão maravilhosa e única, diz ainda o Concílio, foi conveniente e
propriamente denominada, pela Igreja Católica, transubstanciação” (Dez. 877)
Como
podemos saber que houve de fato esta mudança de substância ou transubstanciação
do pão para o Corpo de Cristo, se o Evangelho não nos fala de tal coisa?
O
Evangelho não emprega o termo transubstanciação, mas os textos que provam a
presença real de Jesus na Eucaristia provam indiretamente a transubstanciação.
Pois a presença real não se pode entender, nos termos em que Jesus no-la
assegurou, senão mediante a conversão da substância do pão na substância do
Corpo de Cristo.
Vejamos.
Jesus toma o pão e afirma: “Isto é o meu corpo”. No momento em que toma entre
as mãos o pão, isto ainda é pão. Pelo poder onipotente de sua palavra, Ele quer
operar um milagre que o torne presente de modo novo. E Ele diz: “Isto é o meu
corpo”. Isto, que há alguns segundos antes, era pão, agora é o meu corpo.
Esta
palavra pronunciada sobre o pão: “Isto é o meu corpo” — significando obviamente
que isto (que era pão) é agora Jesus Cristo, afirma claramente que houve uma
mudança no ser apresentado aos nossos sentidos.
O
ser apresentado converteu-se essencialmente em outro, mediante as palavras
divinas do próprio Verbo. Esta conversão essencial, porém, não atinge as
exterioridades do ser, não atinge isto que chamamos acidentes (cor, cheiro,
forma externa, quantidade extensiva, etc.) pois os acidentes permanecem os
mesmos (de pão). Logo, houve uma mudança no íntimo do ser essencial, que os
filósofos chamam substância.
Muito
cabível, portanto, o ensinamento do Concílio Tridentino:
“Porque
Jesus Cristo nosso Redentor disse que o que Ele oferecia sob as aparências de
pão era verdadeiramente seu Corpo, por isso, sempre foi persuasão da Igreja de
Deus — e agora o Santo Concílio o declara de novo — que pela consagração do pão
e do vinho se efetua a conversão de toda a substância do pão na substância do
Corpo de Nosso Senhor, e de toda a substância do vinho na substância de seu
sangue. Esta conversão foi conveniente e propriamente denominada, pela Santa
Igreja Católica, transubstanciação” (Dez. 877, 997, 1469)
Fonte: rumoasantidade.com.br