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segunda-feira, outubro 07, 2019

XXVII DOMINGO DO TEMPO COMUM






A mensagem mais nuclear de Jesus consistiu precisamente em convidar o ser humano a confiar incondicionalmente no Mistério insondável que está na origem de tudo. É isso que ressoa em seu anúncio : “Não tenhais medo. Confiai em Deus. Chamai-o de “Abbá” , Pai querido . Ele cuida de vós. Até os cabelos de vossa cabeça estão contados. Tende fé em Deus”.

Esta fé radical em Deus está na base de toda oração. Orar não é uma ocupação a mais entre muitas outras possíveis. É a ação mais séria e fundamental da pessoa, pois na oração nos aceitamos a nós mesmos em nosso mistério mais profundo como criaturas que têm sua origem e fundamento em Deus .

O ser humano está se afastando hoje de Deus não porque esteja convencido de sua não existência , mas porque não se atreve a abandonar-se confiantemente a Ele. O primeiro passo para fé consistiria , para muitos, em prostrar-se diante do Mistério insondável do universo e atrever-se a dizer com confiança: “Pai”. Neste tempos em que esta confiança parasse debilitar-se , nossa oração deveria ser a que os discípulos dirigem a Jesus; “Aumenta-nos a fé”.

A primeira atitude não é encontrar respostas às minhas interrogações concretas, mas perguntar-me que orientação quero dar à minha vida. Desejo realmente encontrar a verdade? Estou disposto a deixar-me interpelar pela verdade do Evangelho ?

A fé brota do coração sincero que se detém para escutar a Deus. A fé não está em nossas afirmações ou em nossas dúvidas . Esta além : no coração ...que ninguém , exceto Deus, conhece.  O importante é ver se o nosso coração busca a Deus ou , ao contrário, o evita. Apesar de todo tipo de interrogações e incertezas, se buscamos deveras a Deus, sempre podemos dizer que do fundo de nosso coração brota essa oração dos discípulos : “Senhor , aumenta-nos a fé”. Aquele que ora assim já é crente .

Hoje não se pode crer em Deus como há alguns anos. Cabe a nós a apaixonante tarefa de aprender caminhos novos para abrir-nos ao mistério de Deus, seguindo de perto esse Jesus que sabia “ensinar o caminho de Deus conforme a verdade”. Como reconstruir hoje a experiência religiosa ?

A primeira coisa , hoje como sempre , é reconhecer e aceitar a própria finitude. Não é tão difícil chegar a esta experiência. “Eu não posso dar-me a mim mesmo o que estou buscando”. No fundo, a vida vai me dizendo de mil formas que eu não sou tudo , não posso tudo, não sou a fonte do meu ser nem seu dono.

O segundo passo é aceitar ser a parte dessa realidade que chamamos “DEUS”. Aceitar com confiança esse Mistério que fundamenta nosso ser. Nesta confiança radical consiste propriamente a fé, muito antes de o indivíduo integrar-se numa religião ou numa Igreja determinada. A pessoa perde a fé quando se desliga dessa Realidade suprema que fundamenta o seu ser.

Estes passos não são dados com segurança absoluta . Há uma certeza de fundo, mas acompanhada de obscuridade . A pessoa percebe que é bom confiar em Deus , mas sua confiança não é resultado de um raciocínio nem a convicção provocada por outros a partir de fora . A fé “acontece” em nosso interior como graça e dom próprio Deus. A pessoa “sabe” que não está só e aceita viver dessa presença obscura , mas inconfundível , de Deus .

O importante então é deixar-se amar . . Não é o muito saber , mas saborear e sentir as coisas internamente. Quanto bem faz aos que vivem em plena crise religiosa repetir a oração dos apóstolos : “Aumenta-nos a fé”.