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sexta-feira, abril 10, 2020

CELEBRAÇÃO DA PAIXÃO

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Hoje, a Igreja convida-nos a viver este dia e realizar esta celebração em silêncio. Reconheço que não é um exercício fácil, este de silenciar, até mesmo na Sexta-feira Santa, porque temos dificuldade de calar nossa boca e calar nossos ouvidos, já que, até mesmo na Sexta-feira Santa temos muitas atrações que impedem silenciar. O silêncio é necessário para podermos penetrar no Mistério da Cruz de Jesus Cristo. O silêncio é a atitude do contemplativo, daquele que não faz barulho em sua cabeça querendo entender a Cruz com explicações ou teorias. O silêncio é a atitude do contemplativo e é esta atitude que somos convidados a ter no dia de hoje. Se, por algum motivo, você não pôde silenciar até este momento, procure colocar-se diante da Cruz para simplesmente contemplá-la sem querer entender ou buscar significados e explicações.

Vou me servir de um termo usado nas celebrações natalinas: epifania. É um termo grego que significa manifestação; manifestação da presença divina entre nós. Hoje, vou emprestar este termo da Liturgia natalina para ajudar-nos a compreender que a Cruz é a epifania do amor divino. A Cruz é a manifestação, o local, o momento onde Deus manifesta o seu amor por nós. Também Jesus, chagado no alto da Cruz, é a grande epifania, a grande manifestação do amor divino por nós. Como ouvimos na 1ª leitura, o cenário do Calvário e da Cruz não é atraente; em certo sentido, é repulsivo. A 1ª leitura ajuda-nos a compreender que o corpo chagado de Jesus é a manifestação do pecado de toda a humanidade. De uma humanidade sofredora, violenta e violentada pelo pecado, pelo mal e pela maldade. Uma humanidade ensanguentada por crimes, sufocada até a morte, bebendo o vinagre de vidas sem sentido. É esta humanidade, diz a 2ª leitura, com o corpo chagado de Jesus, que entra no santuário eterno para ser purificada e oferecer um sacrifício vivo e agradável ao Pai.

A 2ª leitura ajuda-nos a refletir o efeito da Cruz para toda a humanidade, considerando a Cruz como o altar onde Jesus, o sumo e eterno sacerdote, oferece em seu corpo a vida humana, chagada pelos pecados, repleta de fraquezas e debilidades. A Cruz, como epifania do amor divino, não é somente representação da morte, é o altar onde Jesus sacerdote oferece a vida humana em sacrifício, em oblação agradável a Deus. Na Cruz, Jesus não camufla a condição humana marcada pelo pecado; ele a torna visível no seu corpo está chagado. Oferece no seu corpo a vida humana entre forte clamor e lágrimas para que fosse salvo da morte. E foi atendido. A Cruz, o altar do sumo-sacerdote Jesus, tornou-se, para todo o sempre, a fonte da nossa Salvação. A morte de Jesus, na Cruz, foi sua oferta definitiva para que eternamente, nossa vida humana, pudesse acolher o Espírito Santo e participar da santidade divina. Por isso, hoje, contemplamos a Cruz de Jesus, adoramos esta Cruz e a proclamamos como bendita e louvada. Amém!