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sexta-feira, abril 10, 2020

CELEBRAÇÃO DO LAVA-PÉS

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O serviço amoroso do lava-pés

João narra com detalhes cada gesto de Jesus no lava-pés: levanta-se da mesa, tira o manto, pega uma toalha, amarra na cintura, coloca água na bacia, começa a lavar os pés dos discípulos (E). Gesto por gesto. No Evangelho simbólico de João, a narrativa pormenorizada de cada gesto é símbolo da obra divina realizada por Jesus. Ele é o protagonista de todo e de cada ato do serviço, ninguém o ajuda nesse serviço de entregar a vida pela humanidade; ele cuida de cada detalhe e o realiza momento por momento.

Quando Jesus chama atenção para o significado do gesto, orientando que cada discípulo deve lavar os pés uns dos outros (E), não está se limitando ao gesto do lava-pés, mas a todo o processo, ou seja, de sair da sua mesa, de preparar o que é necessário até se ajoelhar para lavar os pés. Jesus não se queixa de não ser ajudado por ninguém. O amor de Jesus não espera ajuda, age e serve.
É um gesto para ser repetido pelos discípulos; um gesto identificador do discípulo e da discípula de Jesus. Mas, para isso é necessário permitir que Jesus lave nossos pés como condição para participar do seu amor. Quando Pedro reage, por não querer ver seu Mestre em situação de escravo, Jesus insiste na necessidade de se deixar tocar pelo amor serviçal divino do gesto do lava-pés. No contexto simbólico do Evangelho joanino, compreende-se a necessidade de participar de toda a obra de Jesus. O discípulo não estaciona na admiração ou na emoção, ele se envolve com Jesus que o toca e age lavando seus pés, membro do corpo humano que simboliza o seguimento no caminho do discipulado. João explicará isto mais tarde ao dizer que é necessário crer no amor que Deus tem para conosco (1Jo 4,16), amor que o conduz ao extremo do serviço: faz-se escravo diante de nós para que o sigamos no discipulado.

Entende-se que o lava-pés não é uma cena de impacto no decorrer da Última Ceia, mas é a melhor descrição da imagem de Deus que Jesus poderia proporcionar. Pelo lava-pés, Jesus não explica com teorias quem é Deus; ele mostra quem é Deus, como Deus age, como Deus nos ama e como Deus purifica nossos "pés" para podermos andar no caminho do Evangelho e caminharmos na estrada de Jesus (OE V).