Páscoa
é uma palavra de origem judaica com o significado de passagem. Fazer uma
passagem é realizar uma Páscoa. A 1ª leitura e o Evangelho relatam duas
celebrações pascais: aquela da Páscoa judaica, na 1ª leitura, e a Páscoa de
Jesus, no Evangelho. São Paulo, na 2ª leitura, explica que na Páscoa celebrada
com seus discípulos, Jesus instituiu a Eucaristia. Seja na páscoa judaica como
na Páscoa de Jesus acontece a passagem de uma situação para outra situação
existencial. A páscoa dos judeus fez a passagem da situação de povo escravo
para a situação de povo livre. Para isso precisou passar, fazer sua páscoa,
pelo deserto, que foi um tempo de provação e grandes desafios. Jesus também faz
sua passagem de um modo de viver para outro modo de viver. O evangelista São
João define este momento como a “hora”. A Páscoa de Jesus consiste dele passar
pela morte. Depois da Ceia, no Monte das Oliveiras, Jesus passa por seu momento
de deserto rodeado de angústia a ponto de suar sangue. No ano passado, também
realizamos uma páscoa, uma passagem pelo deserto. Foi um tempo de provação, de
sofrimento e de luto. A provação, o padecimento, o sofrimento fazem parte da
páscoa: da páscoa dos judeus, da páscoa de Jesus e da passagem pela pandemia.
A
Páscoa dos judeus foi realizada com altos e baixos. Entraram no deserto
confiantes, mas logo perceberam que a passagem seria longa; começaram a
murmurar e chegaram a ponto de trocar Deus pela idolatria. Os profetas sempre
alertavam e pediam que o povo voltasse à fidelidade. Nem sempre tiveram êxito.
Jesus tinha consciência que havia chegada a sua “hora”. O Evangelho diz que
Jesus amou até o fim; não fez como os judeus; não murmurou e nem trocou Deus
pela idolatria. Viveu na fé e na fidelidade ao projeto do Pai; e isto até o fim
da sua vida. Jesus vive sua Páscoa traduzida num rito: levanta-se da mesa,
despe as vestes de Mestre e se paramenta com um avental. Não faz um ensinamento
com palavras, mas com um rito: a páscoa se faz entregando a vida pelo serviço;
fazendo-se servidor de todos. A páscoa, a passagem da humanidade em 2020, foi
realizada com análises de conjunturas sociais e financeiras, com reclamações e
protestos, com depressões e luto. Mas, também com profetas da esperança e da
alegria.
Nesta
celebração da Quinta-feira Santa é preciso falar do Mandamento Novo como
necessidade para vivermos a nossa páscoa, a nossa passagem na história deste
ano. Diferente de Jesus, que se levantou, podemos ficar acomodados nas mesas
dos analistas, dos reclamadores, dos amigos ou adversários políticos; na mesa
dos acomodados. Em Cada uma das mesas fartando-se com comentários e
estatísticas. A Eucaristia, desde aquela Quinta-feira Santa, nunca nos deixa
sentados à mesa. Sempre nos oferece um avental e nos envia para servir. Sim, na
páscoa da nossa história tão particular neste ano de 2021, podemos levantar da
mesa, vestir o avental e nos dispor ao serviço, como pede o Mandamento Novo. Na
passagem do tempo da pandemia para o a normalidade, é preciso se fazer servidor
e ajudar quem está com medo do caminho, quem se enfraqueceu a ponto de não
conseguir realizar a travessia. A Páscoa de Jesus nos inspira