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sábado, abril 03, 2021

MISSA DA SANTA CEIA





Páscoa é uma palavra de origem judaica com o significado de passagem. Fazer uma passagem é realizar uma Páscoa. A 1ª leitura e o Evangelho relatam duas celebrações pascais: aquela da Páscoa judaica, na 1ª leitura, e a Páscoa de Jesus, no Evangelho. São Paulo, na 2ª leitura, explica que na Páscoa celebrada com seus discípulos, Jesus instituiu a Eucaristia. Seja na páscoa judaica como na Páscoa de Jesus acontece a passagem de uma situação para outra situação existencial. A páscoa dos judeus fez a passagem da situação de povo escravo para a situação de povo livre. Para isso precisou passar, fazer sua páscoa, pelo deserto, que foi um tempo de provação e grandes desafios. Jesus também faz sua passagem de um modo de viver para outro modo de viver. O evangelista São João define este momento como a “hora”. A Páscoa de Jesus consiste dele passar pela morte. Depois da Ceia, no Monte das Oliveiras, Jesus passa por seu momento de deserto rodeado de angústia a ponto de suar sangue. No ano passado, também realizamos uma páscoa, uma passagem pelo deserto. Foi um tempo de provação, de sofrimento e de luto. A provação, o padecimento, o sofrimento fazem parte da páscoa: da páscoa dos judeus, da páscoa de Jesus e da passagem pela pandemia.

 

A Páscoa dos judeus foi realizada com altos e baixos. Entraram no deserto confiantes, mas logo perceberam que a passagem seria longa; começaram a murmurar e chegaram a ponto de trocar Deus pela idolatria. Os profetas sempre alertavam e pediam que o povo voltasse à fidelidade. Nem sempre tiveram êxito. Jesus tinha consciência que havia chegada a sua “hora”. O Evangelho diz que Jesus amou até o fim; não fez como os judeus; não murmurou e nem trocou Deus pela idolatria. Viveu na fé e na fidelidade ao projeto do Pai; e isto até o fim da sua vida. Jesus vive sua Páscoa traduzida num rito: levanta-se da mesa, despe as vestes de Mestre e se paramenta com um avental. Não faz um ensinamento com palavras, mas com um rito: a páscoa se faz entregando a vida pelo serviço; fazendo-se servidor de todos. A páscoa, a passagem da humanidade em 2020, foi realizada com análises de conjunturas sociais e financeiras, com reclamações e protestos, com depressões e luto. Mas, também com profetas da esperança e da alegria.

 

Nesta celebração da Quinta-feira Santa é preciso falar do Mandamento Novo como necessidade para vivermos a nossa páscoa, a nossa passagem na história deste ano. Diferente de Jesus, que se levantou, podemos ficar acomodados nas mesas dos analistas, dos reclamadores, dos amigos ou adversários políticos; na mesa dos acomodados. Em Cada uma das mesas fartando-se com comentários e estatísticas. A Eucaristia, desde aquela Quinta-feira Santa, nunca nos deixa sentados à mesa. Sempre nos oferece um avental e nos envia para servir. Sim, na páscoa da nossa história tão particular neste ano de 2021, podemos levantar da mesa, vestir o avental e nos dispor ao serviço, como pede o Mandamento Novo. Na passagem do tempo da pandemia para o a normalidade, é preciso se fazer servidor e ajudar quem está com medo do caminho, quem se enfraqueceu a ponto de não conseguir realizar a travessia. A Páscoa de Jesus nos inspira