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sábado, abril 03, 2021

CELEBRAÇÃO DA PAIXÃO DE JESUS









1 – A violência vem ao encontro da humanidade

Durante o ano passado, e em parte, ainda neste ano, fomos agredidos pela violência da pandemia. A Covid 19 é uma peste violenta que silenciosamente agrediu a humanidade. A violência nem sempre é barulhenta; muitas vezes é silenciosa e causa estragos terríveis na vida das pessoas. Infelizmente, não foi somente a violência pandêmica que nos agrediu, também políticas atrapalhadas e corruptas atingiram a sociedade de modo violento. Seria injusto generalizar, mas quando vemos que foi gasto dinheiro para construir hospitais de campanha que sequer foram abertos e, olhamos para hospitais com pessoas amontoadas, então podemos ver a cara da violência feita pelo descaso e matando pessoas. Neste tempo de pandemia, pudemos ver o rosto do servo sofredor estampado em tantos homens e mulheres de todas as idades. Diante de tamanha covardia, o salmista retrata o coração do servo sofredor de nossos tempos: só pode esperar em Deus, por isso entrega-se completamente nas mãos de Deus. Neles continua ecoando o mesmo grito de Jesus: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes?”

 

2 – Contemplar o sofrimento

Hoje, Sexta-feira Santa, é dia para contemplar o sofrimento. Não é um quadro agradável diante de nossos olhos, como fez Isaías, na 1ª leitura, e João, no Evangelho. Mas, o sofrimento é humano e por isso é importante considerar como olhamos o sofrimento e como olhamos o sofredor. Isaias, na 1ª leitura, fala de desvio do olhar. Não é fácil entrar em contato com o sofrimento pessoal e com o sofrimento do outro. Arrumamos desculpas, buscamos argumentos, criamos suposições para explicar o sofrimento. O “Servo Sofredor”, Jesus Cristo, acolheu o sofrimento com ansiedade, com temor, mas não se furtou a ele. Fez sua Páscoa, sua passagem pelo sofrimento. Isaías diz que o sofrimento faz alcançar uma ciência perfeita. Sim, porque o sofrimento coloca-nos em contato com nossa realidade existencial, com nossas fragilidades, com nossas fraquezas com aquilo que é essencial na vida. A sabedoria do sofrimento ensina-nos o caminho da humildade, da simplicidade da vida e da serenidade diante dos reveses da vida.

 

3 – Reagir ao sofrimento

Neste momento histórico que vivemos, marcado pela pandemia, provocadora de sofrimento, celebramos a Paixão do Senhor como um encontro da violência contra a vida divina. Jesus não buscou a violência; ele foi agredido e transfigurado pela violência. Quando Pedro reage com violência, Jesus manda Pedro guardar a espada. O segredo para resistir a violência não está na força e nem em se mostrar mais forte; o segredo está no amor. Toda violência precisa ser perdoada e isto só é possível pelo amor. É pelo amor que Jesus venceu a violência. Em tempo de sofrimento, como este, algumas escolhas parecem continuar sendo opções pela violência do descaso, pela violência do descuido com a saúde pública, pela violência da irresponsabilidade de poder contagiar outras vidas, pela violência de disputas políticas sem sentido... O julgamento de Jesus continua acontecendo e, como aconteceu com o Mestre, são os mais vulneráveis que sofrem condenações injustas e evitáveis. Não escolhamos a violência de Barrabás, escolhamos a vida de Jesus. Amém!