Nestas
circunstâncias, José não sabia como comportar-se perante a gravidez de Maria.
Ele está ciente de que o filho que Maria estava esperando não era dele, logo
teria sido Maria infiel. Tudo indica que este era certamente o seu pensamento.
Diante deste quadro inquietante, procura uma maneira de sair desta difícil
situação. Enquanto pensa, diz o texto bíblico, apareceu-lhe, em sonho, um anjo
do Senhor, que lhe disse: “José, filho de Davi, não temas receber contigo
Maria, tua esposa, pois o que nela gerou é obra do Espírito Santo. Ela dará à
luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos
seus pecados” (Mt 1,20-21).
E
o texto continua: “Despertando do sono, José fez como lhe ordenara o anjo do
Senhor e recebeu Maria como a sua esposa” (Mt 1, 24). Ele recebeu Maria com
todo o mistério da sua maternidade; recebeu-a com o Filho que havia de vir ao
mundo, por obra do Espírito Santo. Com
isto, São José demonstrou uma disponibilidade de vontade, semelhante à
disponibilidade de Maria, em ordem àquilo que Deus lhe pedia, pela mediação do
anjo Gabriel.
O
Evangelista São Mateus ainda relata: “José … recebeu consigo a sua esposa, a
qual, sem que ele a tivesse conhecido, deu à luz um filho” (Mt 1,24-25). Estas
palavras indicam ainda outra proximidade esponsal. A profundeza desta
proximidade, a intensidade espiritual da união e do contato entre o homem e a
mulher, provêm, em última análise, do Espírito que dá a vida (cf. Jo 6,63).
José, obediente ao Espírito, encontra precisamente nele a fonte do amor, do seu
amor esponsal, maior do que aquele “homem justo” poderia esperar, segundo a
medida do próprio coração humano.
Com
isto compreendemos a provação que José teve que enfrentar nos dias que
precederam o nascimento de Jesus. Este Evangelho nos mostra toda a grandeza de
alma de São José, um homem bom que não permitiu que o rancor lhe envenenasse a
alma. E, em sonho, o anjo ainda diz a
José: “Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus, pois ele vai
salvar o seu povo de seus pecados” (Mt 1,21). Tendo abandonado o pensamento de
repudiar Maria em segredo, ele a toma consigo, porque agora os seus olhos
conseguem ver em Maria a realização da obra de Deus.
São José recebe aquela que, segundo a lei, é a sua “esposa”, permanecendo virgem, tornou-se mãe pela virtude do Espírito Santo. E quando o Filho, que Maria traz no seu seio, vier ao mundo, há de receber o nome de Jesus. Este nome era bem conhecido entre os Israelitas e, em conformidade com a promessa divina, Ele realizará o que este nome significa. Em hebraico Jesus, “Yehosua”, quer dizer “Deus salva”. E de acordo com o costume da época, caberia ao pai dar o nome ao filho, por isto, o anjo prescreve a José: “E tu lhe darás o nome de Jesus”. O anjo se dirige a José, portanto, confiando-lhe os encargos de um pai terreno em relação ao Filho de Maria.
O
evangelista São Mateus ressalta em seu texto que através de São José, o Menino
estava legalmente inserido na descendência davídica e assim realizava o que
estava prescrito na Sagrada Escritura, onde o Messias era profetizado como
“filho de Davi” (cf. 2Sm 7,14-16. Contudo, o papel de José não pode certamente
reduzir-se a este aspecto legal. Ele é
modelo do homem “justo” (Mt 1,19), que em perfeita sintonia com a sua esposa
acolhe o Filho de Deus que se fez homem e vela sobre o seu crescimento humano.
Possamos
nos preparar com dignidade para celebrar o Natal contemplando Maria e José:
Maria, a mulher cheia de graça que confiou totalmente na Palavra de Deus; José,
o homem fiel e justo que preferiu acreditar no Senhor, em vez de ouvir as vozes
da dúvida e do orgulho humano. Caminhemos com eles rumo a Belém, e que eles
intercedam sempre por nós, para que possamos prosseguir com o coração dilatado
no caminho do bem. Assim seja.
Fonte:
presbíteros.com