segunda-feira, dezembro 19, 2022

IV DOMINGO DO ADVENTO









Nestas circunstâncias, José não sabia como comportar-se perante a gravidez de Maria. Ele está ciente de que o filho que Maria estava esperando não era dele, logo teria sido Maria infiel. Tudo indica que este era certamente o seu pensamento. Diante deste quadro inquietante, procura uma maneira de sair desta difícil situação. Enquanto pensa, diz o texto bíblico, apareceu-lhe, em sonho, um anjo do Senhor, que lhe disse: “José, filho de Davi, não temas receber contigo Maria, tua esposa, pois o que nela gerou é obra do Espírito Santo. Ela dará à luz um filho, a quem porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seus pecados” (Mt 1,20-21).

E o texto continua: “Despertando do sono, José fez como lhe ordenara o anjo do Senhor e recebeu Maria como a sua esposa” (Mt 1, 24). Ele recebeu Maria com todo o mistério da sua maternidade; recebeu-a com o Filho que havia de vir ao mundo, por obra do Espírito Santo.  Com isto, São José demonstrou uma disponibilidade de vontade, semelhante à disponibilidade de Maria, em ordem àquilo que Deus lhe pedia, pela mediação do anjo Gabriel.

O Evangelista São Mateus ainda relata: “José … recebeu consigo a sua esposa, a qual, sem que ele a tivesse conhecido, deu à luz um filho” (Mt 1,24-25). Estas palavras indicam ainda outra proximidade esponsal. A profundeza desta proximidade, a intensidade espiritual da união e do contato entre o homem e a mulher, provêm, em última análise, do Espírito que dá a vida (cf. Jo 6,63). José, obediente ao Espírito, encontra precisamente nele a fonte do amor, do seu amor esponsal, maior do que aquele “homem justo” poderia esperar, segundo a medida do próprio coração humano.

Com isto compreendemos a provação que José teve que enfrentar nos dias que precederam o nascimento de Jesus. Este Evangelho nos mostra toda a grandeza de alma de São José, um homem bom que não permitiu que o rancor lhe envenenasse a alma.  E, em sonho, o anjo ainda diz a José: “Ela dará à luz um filho, e tu lhe darás o nome de Jesus, pois ele vai salvar o seu povo de seus pecados” (Mt 1,21). Tendo abandonado o pensamento de repudiar Maria em segredo, ele a toma consigo, porque agora os seus olhos conseguem ver em Maria a realização da obra de Deus.

São José recebe aquela que, segundo a lei, é a sua “esposa”, permanecendo virgem, tornou-se mãe pela virtude do Espírito Santo. E quando o Filho, que Maria traz no seu seio, vier ao mundo, há de receber o nome de Jesus. Este nome era bem conhecido entre os Israelitas e, em conformidade com a promessa divina, Ele realizará o que este nome significa. Em hebraico Jesus, “Yehosua”, quer dizer “Deus salva”. E de acordo com o costume da época, caberia ao pai dar o nome ao filho, por isto, o anjo prescreve a José: “E tu lhe darás o nome de Jesus”.  O anjo se dirige a José, portanto, confiando-lhe os encargos de um pai terreno em relação ao Filho de Maria. 

O evangelista São Mateus ressalta em seu texto que através de São José, o Menino estava legalmente inserido na descendência davídica e assim realizava o que estava prescrito na Sagrada Escritura, onde o Messias era profetizado como “filho de Davi” (cf. 2Sm 7,14-16. Contudo, o papel de José não pode certamente reduzir-se a este aspecto legal.  Ele é modelo do homem “justo” (Mt 1,19), que em perfeita sintonia com a sua esposa acolhe o Filho de Deus que se fez homem e vela sobre o seu crescimento humano.

Possamos nos preparar com dignidade para celebrar o Natal contemplando Maria e José: Maria, a mulher cheia de graça que confiou totalmente na Palavra de Deus; José, o homem fiel e justo que preferiu acreditar no Senhor, em vez de ouvir as vozes da dúvida e do orgulho humano. Caminhemos com eles rumo a Belém, e que eles intercedam sempre por nós, para que possamos prosseguir com o coração dilatado no caminho do bem.  Assim seja.

 

Fonte: presbíteros.com