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segunda-feira, janeiro 02, 2023

SANTA MÃE DE DEUS






O contexto do Evangelho deste Domingo é ainda da Noite de Natal. Chama-nos atenção que naquele momento crucial para a humanidade, nada de espetacular aconteceu, mas tão somente: um menino recém-nascido, um pai e uma mãe. Na aparente ausência de tudo (casa, conforto, segurança…), a humanidade conhecia a máxima presença de Deus entre nós. Mas, tudo de Deus estava revestido com a mais pura natureza humana: uma criança que veio ao mundo.

Os anjos dão a confirmação que tudo está conforme a vontade de Deus. Eles sentem a presença, veem a luz e se deixam inundar pela novidade de Deus. Aqueles homens do campo marcados pelo sofrimento e pelo desprezo recebem o anúncio da presença entre nós da paz que vem de Deus. Na noite, olhando para o céu, os pastores descobrem o rosto de Deus não mais nas estrelas, mas foram convidados e encontrá-Lo na face de uma criança. Para eles, o rebanho que guardavam era tudo que possuíam, mas Deus lhes indicou onde estava o verdadeiro tesouro para eles e para toda a humanidade: o Menino Salvador.

De lado, na cena narrada por Lucas, há uma certa “agitação”: os pastores correm apressados, narram tudo com euforia e retornam agradecendo a Deus por tudo que tinham visto e ouvido. Aqueles que ouviram tudo (Maria e José) ficaram espantados e maravilhados por tudo que estava acontecendo. Nosso Deus sempre nos surpreende! Para o casal, até aquele momento, desde a concepção até o nascimento de Jesus, tudo tinha acontecido sem brilho, sem esplendor e parecia que tudo ficaria restrito a eles.

Aqueles homens que correram para encontrar o sinal de Deus (Menino enrolado em faixas) se transformaram em anunciadores da paz. Experimentaram ouvindo o anuncio e vendo o menino Jesus. Eles foram mais uma confirmação importante para Maria e José sobre tudo que estava acontecendo em suas vidas.

A promessa do “rosto de Deus” como fonte de paz e graças, tinha se realizado com o Menino Jesus. Não nos palácios, nas grandes cidades, ou nos Templos, mas em uma criança e dentro de uma família. Uma fonte acessível a todos que queiram experimentar a presença de Deus que quer nos inundar de sua paz. Por isto, Paulo na segunda leitura nos fala que o maior dom que Deus nos deu é de sermos seus filhos adotivos.

A paz que tanto desejamos jamais acontecerá se cada um não for capaz de reconhecer a presença de Deus nas coisas simples e cotidianas, mas o principal meio que Deus nos revela sua paz é contemplarmos o Seu rosto em cada pessoa. Os pastores foram convocados a reconhecer o Salvador no rosto do Menino Jesus, nós somos convocados a encontrar o mesmo rosto de Deus em cada pessoa que encontramos em nossa vida. Não existe paz nos isolando do próximo ou – pior – considerando o outro como inimigo.

Na cena do presépio, o evangelista Lucas nos dá o testemunho de Maria diante de tudo que estava acontecendo. Dentre as pessoas presentes, ela certamente era a que mais estava segura sobre as maravilhas de Deus que estavam acontecendo naquela noite, mas Maria é descrita com aquela que “conservava” tudo que estava acontecendo e “meditava” em seu coração (este segundo verbo, o seu sentido em grego é “ajuntar”). Ela tinha já percebido que o caminho para encontrar sempre a vontade de Deus, bem como experimentar sua presença, estava não em grandes eventos e espetaculares acontecimentos, nem menos nos grandes locais e entre as pessoas tidas como especiais deste mundo, mas nas coisas singelas, simples da vida e com as pessoas que nós amamos.

A estrada que necessitamos percorrer para encontrar a paz não está no acúmulo de coisas materiais e nem mesmo em grandes sinais que se costuma pedir a Deus, mas na convivência com as pessoas que temos ao nosso redor e no nosso dia a dia. Para Maria, cada acontecimento e momento, era uma oportunidade de se encontrar com Deus. Por isto, a Mãe de Jesus procurava “ajuntar” tudo em seu coração. A paz que necessitamos não é somente um dom de Deus, mas é o próprio Deus conosco!

Vimos que Deus ensina Aarão abençoar seu povo e promete a todos de estar presente e lhes proporcionar um rosto de paz, de proteção e de graças. Jesus é o rosto de bênção de Deus para a humanidade que um dia veio morar em nosso meio e mesmo depois de sua ressurreição, continua presente em cada rosto e pessoa. A paz que desejamos não é uma promessa com um dom especial e exclusivo, mas constante e cotidiano, basta sabermos perceber o Deus da Paz presente em cada pessoa que encontrarmos em nosso caminho em todos os momentos do ano, pois cada ser humano é o próprio rosto de Jesus nosso irmão.