UM
POLÍTICO SANTO
7 de
julho de 2023
Paróquia
São Conrado
Isso
existiu, acreditem, por mais raro que seja! Foi São Tomás More, proclamado pelo
Papa São João Paulo II padroeiro dos governantes e dos políticos.
Nascido
em Londres em 1478, estudou em Oxford e aos vinte e dois anos já era doutor em
direito e brilhante professor, tornando-se logo um renomado intelectual,
literato e político. Casou-se, teve quatro filhos, foi um excelente esposo e
pai, vivendo sempre como virtuoso cristão. Dedicava-se à oração e à penitência
e participava das Missas na Igreja paroquial. Foi eleito duas vezes para o
Parlamento, Representante da Coroa, Juiz, Cavaleiro, Presidente da Câmara dos
Comuns e Chanceler do Reino da Inglaterra. Estimado por todos pela sua
integridade moral, caráter aberto e divertido, argúcia de pensamento e erudição
extraordinária, sempre amigo dos pobres e necessitados, nunca aceitou propinas
ou subornos no exercício de sua profissão. Em 1532, não querendo dar o seu
apoio ao plano de Henrique VIII que desejava dissolver o próprio casamento para
se casar com outra mulher e assumir o controle da Igreja na Inglaterra, opôs-se
duramente a isso e pediu demissão do seu cargo. Retirou-se da vida pública,
resignando-se a sofrer a pobreza e o abandono de muitos que, na prova, se
revelaram falsos amigos.
Recusou-se
a comparecer aos cerimoniais de coroação da nova rainha, amante do rei.
Constatando a firmeza irremovível com que ele recusava qualquer compromisso
contra a própria consciência, o rei mandou prendê-lo, em 1534, na Torre de
Londres, onde foi sujeito a várias formas de pressão psicológica. Mas Tomás
More não se deixou vencer, resistindo aderir ao cisma do rei e defendendo a
indissolubilidade do matrimônio. À pressão da sua família para que cedesse, ele
respondeu: “Se tivesse duas almas, poderia arriscar uma delas, mas como só
tenho uma, preciso salvá-la”. Na prisão escreveu o Diálogo do Conforto nas
Tribulações.
Foi
condenado por alta traição a ser decapitado. Mesmo condenado, não perdeu o seu
peculiar bom humor cristão, sua naturalidade e simplicidade. No dia da execução,
pediu ajuda para subir ao cadafalso. E disse ao povo: “Morro leal a Deus e ao
Rei, mas a Deus antes de tudo”. E abraçando o carrasco, disse: “Coragem, amigo,
não tenhas medo! Mas como tenho o pescoço muito curto, atenção! Está nisso a
tua honra!” E pediu para que não lhe estragasse a barba, porque ela, ao menos,
não cometera nenhuma traição. Morreu no dia 6 de Julho de 1535. Foi beatificado
em 1886 por Leão XIII e canonizado em 1935 por Pio XI.
Nesse
clima de corrupção e venalidade que invadiu o mundo político, possa o exemplo
de S. Tomás More ensinar aos nossos governantes e políticos, atuais e futuros,
que o homem não pode se separar de Deus, nem a política da moral, e que a
consciência não se vende por nenhum preço, mesmo que isto nos custe caro e até
a própria vida. O legítimo laicismo, que é a independência dos poderes da
Igreja e do Estado, não isenta a “César” do dever de dar a Deus o que é de
Deus. Recomendo a todos o excelente
filme, vencedor de seis Oscar, cujo título resume bem a vida de São Tomás More:
“O homem que não vendeu a sua alma”.
Fonte:
Dom Fernando Arêas Rifan