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quarta-feira, dezembro 30, 2020

FELIZ 2021 !

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Rio de Janeiro , 30 de dezembro de 2020

 

Queridos Paroquianos de São Conrado,

 

 

Sem dúvidas 2020 ficará na história de todos aqueles que viveram até o dia de hoje, foi um tempo surpreendente e nós surpreendidos por um vírus "misterioso", sobretudo silencioso. Sem estrondos, sem bombas, sem sequer uma declaração de guerra, mas "guerreamos" contra inimigos invisíveis e visíveis.  Não desistimos, não desisti, mantivemo-nos firmes na batalha espiritual com orações e clamores. Perdemos, mas apreendemos.  Aprendemos a invocar a Misericórdia Divina, aprendemos que a perseverança é a melhor arma contra os que nos perseguem e que amar aos inimigos é simplesmente uma dádiva. Cristãos perseguidos no Mundo Inteiro, até mesmo dentro de nossas igrejas. Assistimos igrejas que foram incendiadas e vimos que na nossa própria igreja existem aqueles que a incendeiam, sem fogo, mas apenas com a palavra enganosa, mentirosa e arrogante, porém,  não existe dificuldade para perceber que a grande bênção divina é Jesus Cristo. Deus nos abençoa com a vida divina encarnando-se no seio da Virgem Mãe. Benzer é "dizer bem", "derramar o bem", “invocar o bem” sobre alguém. Deus nos abençoa derramando a bênção do seu Filho sobre nós. Derrama sobre nós a bênção da vida divina. Todo os tempo invocamos os BEM sobre os que nos perseguiram, a nós Católicos Romanos.

O senso comum entende por "bem" a ausência do mal, do sofrimento, de infortúnios. A compreensão Bíblica, entende o "bem" como atitude: assumir o estilo de vida divino. Para isso, a necessidade de acolher o Espírito Santo, vivendo como Jesus viveu. Ser abençoado por Deus, portanto, é acolher o estilo de vida de Jesus Cristo, é tornar-se filho e filha de Deus, vivendo como Jesus, o Filho, viveu.

Um modelo de como viver a filiação divina encontra-se na pessoa de Maria, a Mãe de Deus. O Evangelho propõe o caminho do silêncio e da meditação. Um não pode viver sem a outra; são interligados e interdependentes: silenciar para meditar. Do ponto de vista de modelo, no Advento, a Liturgia apresenta Maria acolhendo o projeto divino; no Natal, Maria aceita as provações presentes no nascimento do Menino Jesus e, agora, na Liturgia da Maternidade Divina, Maria silencia para meditar.

Está evidente, como acontece com todos nós, que Maria não tinha claro o que Deus lhe propunha. Não compreendia tudo, por isso a necessidade de entrar em contato com os fatos pela via do silêncio meditativo. O exercício da meditação não nos permite viver de modo superficial, mas habitua-nos a buscar significados profundos nos acontecimentos existenciais. No início do novo ano, a proposta de encontrar tempos de silêncio e meditação é saudável para a saúde psicológica, para a saúde corporal e para o crescimento espiritual.

"Minha proposta é iniciarmos o novo ano, de 2021, acolher os revezes que a pandemia nos proporcionou é melhor que encher-se de raiva porque os planos feitos no início de 2020 não deram certo. Aceitar o que se colocou contra nós, aceitar o que nos impediu de viver em condições ideais. Isto não significa resignação, achar que não tinha outro jeito; aceitar significa entrar em contato com a situação sem revoltas e sem raivas em nossos corações.  Meditar sobre tudo no silêncio para encontrar significados. O que cada fato da vida significa para mim? Que mensagem está me passando: de raiva ou de aceitação? Não faço e nem aconselho fazer previsões para 2021, apenas convido você, convido toda nossa comunidade, a interceder a Misericórdia Divina para que nos liberte da peste em 2021, para que nos abençoe com sua paz, para que nos livre de todo mal e nos conceda a luz da sua bênção. Feliz Ano Novo!

 

 

 

Padre Marcos Belizário Ferreira

 

Pároco da Paróquia de São Conrado, Rio de Janeiro







segunda-feira, dezembro 28, 2020

FESTA DA SAGRADA FAMÍLIA DE NAZARÉ

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Toda família bem constituída tem projetos. O casal jovem, que inicia uma nova família, tem seus projetos: como irá viver, quantos filhos pretende ter, quando terá os filhos. Não se pode formar uma família sem projetar, deixando que as coisas aconteçam espontaneamente. Mesmo quando as bodas começam a ser celebradas, faz parte da boa saúde familiar ter projetos. Famílias bem constituídas são famílias bem projetadas. Papa São João Paulo II, quando esteve no Rio de Janeiro, na celebração do Encontro Mundial das Famílias, em 1997, falava de “arquitetura familiar”, referindo-se ao projeto familiar. Também Deus tem o seu projeto, que chamamos de Reino de Deus. Ele convida a família a participar do seu projeto divino como acabamos de ouvir na Palavra, propondo os exemplos das famílias de Abraão e Sara, de José e Maria. Projeto divino em forma de vocação a ser vivenciado na fé.

 

A condição para o casal e toda a família acolher o projeto divino é a fé. Aceitar Deus como Senhor, acolher a proposta divina e crer com toda confiança. Assim cantávamos no salmo responsorial. Fé como obediência ao projeto divino. Deus pede que Abraão deixe sua terra prometendo a ele um filho. Abraão obedece, mesmo sabendo que nada lhe era favorável: ele e Sara estavam velhos. Além disso Sara era estéril. Abrão interroga Deus em oração. Novamente, Deus pede para sair da tenda, sair de seu modo de pensar, da sua dinâmica existencial para olhar o céu estrelado como garantia da realização da promessa. Se Deus criou tudo isso, pode favorecer a gravidez de Sara na velhice e esterilidade, porque para Deus nada é impossível. A 2ª leitura dizia que Sara acreditou na palavra de Abraão. Ela não viveu a experiência de encontro com Deus, como Abraão, mas acreditou no que Abraão dizia. Marido e mulher alimentam-se da mesma fé, partilham a mesma confiança, caminham na mesma estrada divina. 

 

A festa da Sagrada Família, na Oitava do Natal, apresenta a família como porta de entrada para Deus ingressar no mundo com seu projeto. A Sagrada Família torna-se modelo de acolhimento do projeto divino para as famílias de toda a terra e de todos os tempos. Olhando para a Sagrada Família, nossas famílias são convidadas a aceitar o projeto divino como modo de vida, e ser portas pelas quais Deus entra no mundo com o seu projeto de Salvação. O segredo está na obediência. Abraão e Sara obedecem e acolhem o projeto divino. José e Maria obedecem e vão ao Templo para consagrar Jesus. O Evangelho dizia que Jesus era obediente. No final deste ano tão atribulado para a maior parte das famílias, a Igreja apresenta a Sagrada Família como modelo e convite para que nossas famílias acolham o projeto divino no nosso hoje. Acolham o Evangelho e testemunhem com alegria e serenidade a graça de ser uma família evangelizada e evangelizadora. Amém!







sábado, dezembro 26, 2020

MISSA DO GALO DO NATAL DE JESUS

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O menino de Belém leva-nos a contemplar  o incrível amor de um Deus que Se preocupa até ao extremo com a vida e a felicidade dos homens e que envia o próprio Filho ao mundo para apresentar-nos um projeto de salvação/libertação. Nesse menino de Belém, Deus grita-nos a radicalidade do seu amor por nós.

 

O presépio apresenta-nos a lógica de Deus que não é, tantas vezes, igual à lógica dos homens: a salvação de Deus não se manifesta nos encontros internacionais onde os donos do mundo decidem o destino da humanidade, nem nos gabinetes ministeriais, nem nos conselhos de administração das multinacionais, nem nos salões onde se concentram as estrelas do jet-set, mas numa gruta de pastores onde brilha a fragilidade, a dependência, a ternura, a simplicidade de um  recém-nascido.

 

A presença libertadora de Jesus neste mundo é uma "boa notícia" que devia encher de felicidade os pobres, os débeis, os marginalizados e dizer-lhes que Deus os ama, que quer caminhar com eles e que quer oferecer-lhes a salvação. É essa proposta que nós, os seguidores de Jesus, passamos ao mundo. Nós, Igreja, não estaremos demasiado ocupados a discutir questões laterais, esquecendo o essencial - Jesus.

 

Jesus - o Jesus da justiça, do amor, da fraternidade e da paz - já nasceu, de forma efetiva, na vida de cada um de nós.

 

A transformação da "Palavra" em "carne" (em menino do presépio de Belém) é a espantosa aventura de um Deus que ama até ao inimaginável e que, por amor, aceita revestir-Se da nossa fragilidade, a fim de nos dar vida em plenitude. Neste dia, somos convidados a contemplar, numa atitude de serena adoração, esse incrível passo de Deus, expressão extrema de um amor sem limites.

 

Acolher a "Palavra" é deixar que Jesus nos transforme, nos dê a vida plena, a fim de nos tornarmos, verdadeiramente, "filhos de Deus". O presépio que hoje contemplamos é apenas um quadro bonito e terno, ou uma interpelação a acolher a "Palavra", de forma a crescermos até à dimensão do homem novo?

 

Hoje, como ontem, a "Palavra" continua a confrontar-se com os sistemas geradores de morte e a procurar eliminar, na origem, tudo o que rouba a vida e a felicidade do homem. Sensíveis à "Palavra", embarcados na mesma aventura de Jesus - a "Palavra" viva de Deus - Não podemos pactuar com a mentira, o oportunismo, a violência, a exploração dos pobres, a miséria, as limitações aos direitos e à dignidade do homem.

 

Jesus (esse menino do presépio) é para nós a "Palavra" suprema que dá sentido à nossa vida, ou deixaremos que outras "palavras" nos condicionem e nos induzam a procurar a felicidade em caminhos de egoísmo, de alienação, de comodismo, de pecado. 

 

É na noite que é belo acreditar na luz... Era a noite para este casal em viagem e, no momento em que a mulher devia dar à luz. Nunca há lugar para aqueles que incomodam. É então, na obscuridade de um estábulo, que a luz aparece para iluminar não somente este lugar bem sombrio, mas o mundo inteiro tantas vezes tão mergulhado na noite da dúvida e da violência. Era a noite para estes pastores em cuja palavra havia tanta dificuldade em acreditar, por estar muitas vezes longe da verdade. Ora, é a eles que a boa nova é anunciada para que ela não cesse de seguida de se transmitir de geração em geração. Uma luz rasga então a noite da Judeia, é a luz da glória do Senhor e o anúncio da paz sobre a terra aos homens que Deus ama. Não espanta que esta criança acabada de nascer proclame mais tarde: «Eu sou a luz do mundo». Esperar é levantar os olhos quando ainda é noite, para descobrir a luz mais forte que a noite.  











quarta-feira, dezembro 23, 2020

IV DOMINGO DO ADVENTO

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1 – Templos e mentalidade pagã

 

A tentação de impressionar o mundo com construções suntuosas sempre fez parte da psicologia religiosa dos povos. Ouvimos, na 1ª leitura, que Davi também foi tentado a construir um mega templo. Tinha boa intenção. Os estudiosos, contudo, dizem que se tratava de um jogo político para calar a boca daqueles que criticavam seu reinado. É o uso da religião para impressionar, para ganhar dinheiro, para mostrar poder pela grandeza de templos. Outra questão é a Teologia do Templo. Nós cristãos não temos templos. Ouve-se aqui e ali falar de construção de templos. É um verbete que, liturgicamente falando, não pertence ao nosso dicionário. No mundo pagão, o templo é o local onde Deus habita. Na Teologia Bíblica, Deus habita no meio do povo. Na Encarnação de Maria, como dizia o Evangelho, Deus habita no seio da Virgem Mãe. Na Teologia litúrgica, Deus habita na Igreja, não nesta construção, mas na Igreja Corpo Místico de Jesus Cristo. É o que professamos em cada Liturgia: “Ele está no meio de nós!”

 

 

 

2 – Mistério divino

 

A segunda palavra que merece destaque encontra-se na 2ª leitura. São Paulo fala de “Mistério”. No nosso linguajar, mistério significa algo misterioso, incompreensível. Na linguagem Bíblica, principalmente na Teologia de São Paulo, mistério é uma palavra usada para falar do projeto divino, do projeto de Deus em favor do mundo e para a nossa vida humana. Paulo diz que o mistério divino, o projeto divino se manifesta na história humana. A Encarnação do Verbo, no seio de Maria, como relatado no Evangelho, é o modo mais concreto possível de Deus entrar na história humana. Não apenas intervém na nossa história com milagres e prodígios, mas fazendo-se gente como nós. Entra na nossa história para dizer que se Deus vive como gente, como pessoa humana, nós podemos acolher e viver de acordo com o seu Mistério, com o seu projeto.

 

 

 

3 – Os planos de Deus e nossos projetos

 

Deus habita no meio do povo, pela Encarnação, Deus se faz humano para entra e viver a mesma vida humana na nossa história. Davi tinha seu plano de construir uma casa para Deus. A profecia de Natã esclarece a Davi que quem faz os projetos para a vida humana é Deus e não homem que projeta onde Deus vai morar. Maria, na Anunciação, coloca uma objeção: como posso ter um filho se não tenho relacionamento com nenhum homem? O anjo pede que Maria tenha fé, e aponta no sinal da maternidade de Isabel, que era estéril, uma obra divina, porque para Deus nada é impossível. Os planos de Davi e os planos de Maria se conformam ao Mistério divino, ao projeto divino. — Como eu estou preparando o Natal neste ano tão atribulado? Os meus planos se configuram com o plano de Deus, que vem ao mundo para que a vida seja plena e digna para todos? Ou sou que estou propondo projetos para Deus realizar na minha vida? Amém!


segunda-feira, dezembro 14, 2020

III DOMINGO DO ADVENTO

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A "voz", através da qual Deus fala, convida-nos a endireitar "o caminho do Senhor". É, na linguagem do Evangelho segundo João, um convite a deixar "as trevas" e a nascer para "a luz". Implica abandonar a mentira, os comportamentos egoístas, as atitudes injustas, os gestos de violência, os preconceitos, a instalação, o comodismo, a autossuficiência, tudo o que desfigura a nossa vida, nos torna escravos e nos impede de chegar à verdadeira felicidade.

 

A "voz", através da qual Deus fala, convida-nos a olhar para Jesus, pois só Ele é "a luz" e só Ele tem uma proposta de vida verdadeira para apresentar aos homens. À nossa volta abundam os "vendedores de sonhos", com propostas de felicidade "absolutamente garantida". Atraem-nos, seduzem-nos, manipulam-nos, escravizam-nos e, quase sempre, deixam-nos decepcionados e infelizes, mais angustiados, mais perdidos, mais frustrados. João garante-nos: só Jesus é "a luz" que liberta os homens da escravidão e das trevas e lhes oferece a vida verdadeira e definitiva.

 

Jesus marca, realmente, a minha existência? Os valores que Ele veio propor têm peso e impacto nas minhas decisões e opções? Quando celebro o nascimento de Jesus, celebro um acontecimento do passado que deixou a sua marca na história, ou celebro o encontro com alguém que é "a luz" que ilumina a minha existência e que enche a minha vida de paz, de alegria, de liberdade?

 

O "homem chamado João", enviado por Deus "para dar testemunho da luz", convida-nos a pensar sobre a forma de Deus atuar na história humana e sobre as responsabilidades que Deus nos atribui na recriação do mundo... Deus não utiliza métodos espetaculares e assombrosos para intervir na nossa história e para recriar o mundo; mas Ele vem ao encontro dos homens e do mundo para os envolver no seu amor através de pessoas concretas, com um nome e uma história, pessoas "normais" a quem Deus chama e a quem confia determinada missão. A todos nós, seus filhos, Deus confia uma missão no mundo - a missão de dar testemunho da "luz" e de tornar presente, para os nossos irmãos, a proposta libertadora de Jesus.

 

A atitude simples e discreta com que João se apresenta é muito sugestiva: ele não procura atrair sobre si as atenções, não usa a missão para a sua glória ou promoção pessoal, não busca a satisfação de interesses egoístas; ele é apenas uma "voz" anônima e discreta que recorda, na sombra, as realidades importantes. João é uma tremenda interpelação para todos aqueles a quem Deus chama e envia... Com ele, o profeta (isto é, todo aquele a quem Deus chama e a quem confia uma missão) deve aprender a ficar na sombra, a ser discreto e simples, de forma a que as pessoas não o vejam a ele mas às realidades importantes que ele propõe.

 

O testemunho é a dinâmica central na transmissão da fé. Seja no tempo de João Batista, como nosso tempo, a preparação do Natal ressalta a importância do testemunho para se chegar à fé e para atrair à fé. Um tempo, este do Advento, para percebermos testemunhos de fé entre nós e para avaliar como testemunhamos a nossa fé nas circunstâncias de nossas vidas











quinta-feira, dezembro 10, 2020

SOLENIDADE DA IMACULADA CONCEIÇÃO DE MARIA

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O diálogo entre Deus, o homem e a mulher

 

Depois do pecado, Deus interroga Adão: "onde estás?" (1L). Deus interroga o homem e a mulher porque são capazes de entrar em diálogo com ele. Mas, Deus não conversa com a serpente porque, enquanto símbolo do mal, não é digna e nem capaz de entrar em contato com Deus. Entre Deus e o mal, entre Deus e a maldade (pecado), existe total incompatibilidade. Um modo para entender que Deus não é responsável pelo mal e nem responsável pelo pecado.

 

Deus interroga o homem e lhe pergunta: "onde estás?" (1L). Não o interroga perguntando o que fez. Não interroga para ter informações, mas para oferecer ao homem a possibilidade de perceber onde ele se situa no diálogo: está dialogando com Deus ou dialogando com a serpente? (1L). Está em contato com Deus ou em contato com a serpente? Com quem o homem e a mulher estão em contato na sua vida?

 

Interessante perceber que Adão não se reconhece como autor do pecado. Transfere a responsabilidade, inicialmente a Eva e, depois, transfere a responsabilidade ao próprio Deus: "a mulher que me destes por companheira" (1L). Segundo o raciocínio de Adão, se Deus não tivesse criado a mulher, ele não teria pecado. De igual maneira, a mulher culpa a serpente. Quando se está em contato com o mal é difícil admitir o erro.

 

 

 

Punição terapêutica

 

O que acontece como punição, no relato da 1ª leitura, não se entenda como castigo, mas como atitude terapêutica da parte de Deus, depois de Adão e Eva aceitarem a promessa maldosa de que seriam como Deus (1L). Aquilo que se configura como punição de ser expulso do paraíso é, na realidade, uma atividade terapêutica, da parte de Deus, que consiste em ajudar Adão e Eva a perceber que se Deus cuida da criação sem fadiga alguma, o homem experimenta a fadiga do trabalho para transformar a terra e dela se alimentar. Se Deus não sofre para gerar a vida, a mulher passa pelas dores de parto. Fadiga no trabalho e dores de parto fazem compreender que não são iguais a Deus; são criaturas de Deus.

 

Neste processo terapêutico, Deus não abandona o homem e a mulher, mas coloca-se ao lado deles fortalecendo-os para combater o mal que está neles e fora deles. O êxito da luta, a vitória final, está na promessa divina de que a mulher esmagará a cabeça da serpente (1L) que, na teologia paulina, abre a possibilidade de ser admitido a participar da santidade divina, no amor (2L), cujo ponto alto desta santidade se faz presente na vida da Imaculada Conceição da Virgem Maria.

 

 

 

Maria e a fé

 

O Evangelho desta Solenidade proclama a cena da Anunciação. É o Evangelho da vocação de Maria em vista do projeto divino: "eis que conceberás e darás à luz, um filho, a quem porás o nome de Jesus" (E).

 

Diante do anúncio do anjo, "Maria ficou perturbada" (E). Não é uma experiência de medo, mas da consciência de estar diante de Deus e participando da transcendência divina. Chama atenção o fato de Maria não ficar calada, mas entrar em contato com o mensageiro divino para compreender sua vocação.

 

A resposta do anjo, como nas narrativas Bíblicas vocacionais, incentiva Maria a aderir ao chamado divino pela fé, manifestada por sinais. No caso de Maria, o sinal é outra gravidez: "também Isabel, tua parenta, concebeu um filho na velhice" (E). Diante do modo misterioso da concepção virginal de Maria, o anjo proclama o sinal da gravidez na velhice "porque para Deus nada é impossível" (E). Maria responde com a disposição de se fazer serva do Senhor (E). Assim, em Maria, a nova Eva, Deus recria uma humanidade nova, capaz de dialogar com Deus, cujo fruto do ventre imaculado é Jesus Cristo (2L), o homem novo, que não conversa com o mal, mas acolhe totalmente viver fazendo a vontade divina.

















segunda-feira, dezembro 07, 2020

II DOMINGO DO ADVENTO

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Antes de mais, temos de considerar a mensagem principal do nosso texto... João, o Batista, afirma claramente que preparar a vinda do Messias passa pela "metanoia" - isto é, por uma transformação total do homem, por uma nova atitude de base, por uma outra escala de valores, por uma radical mudança de pensamento, por uma postura vital inteiramente nova, por um movimento radical que leve o homem a reequacionar a sua vida e a colocar Deus no centro da sua existência e dos seus interesses. Neste tempo de Advento, de preparação para a celebração do Natal do Senhor, trata-se de uma proposta com sentido: preparar a vinda de Jesus exige de nós uma transformação radical da nossa vida, dos nossos valores, da nossa mentalidade.

 

O "estilo de vida" de João constitui uma interpelação pelo menos tão forte como as suas palavras. É o testemunho vivo de um homem que está consciente das prioridades e não dá importância aos aspectos secundários da vida - como sejam a roupa "de marca" ou a alimentação cuidada. A nossa vida também está marcada por valores, nos quais apostamos e à volta dos quais construímos toda a nossa existência... Quais são os valores fundamentais para mim, os valores que marcam as minhas decisões e opções? São valores importantes, decisivos, eternos, capazes de me dar vida e felicidade, ou são valores efémeros, particulares, egoístas e geradores de dependência e escravidão? Como nos situamos frente a valores e a um estilo de vida que contradiz, claramente, os valores do Evangelho?

 

Ao acentuar o carácter decisivo e determinante do apelo de João, Marcos convida-nos a uma resposta objetiva, franca, clara e decidida. Não podem existir meias palavras ou tentativas de protelar a decisão... Estamos ou não dispostos a dizer "sim" aos apelos de Deus? Estamos ou não dispostos a aceitar a sua proposta de "metanoia"? Não chega dizer "talvez" ou "sim, mas...". Deus espera uma resposta total, radical, decidida, inequívoca à oferta de salvação que Ele faz. Isso significa uma renúncia decidida ao nosso comodismo, à nossa preguiça, ao nosso egoísmo, à nossa autossuficiência e um embarcar decidido na aventura do Reino que Jesus, há mais de dois mil anos, veio propor aos homens...









sábado, dezembro 05, 2020

ADVENTO: 7 respostas às perguntas mais comuns

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REDAÇÃO CENTRAL, 01 dez. 17 / 07:00 am (ACI).- Muitos fiéis têm uma compreensão intuitiva e baseada na experiência do Advento, mas o que dizem os documentos da Igreja sobre este tempo de preparação para o Natal?

Estas são algumas das perguntas e respostas mais comuns acerca do Advento, que neste ano começa no dia 3 de dezembro.

 


1. Qual é o propósito do Advento?


O Advento é um tempo no calendário litúrgico da Igreja, especificamente, do calendário da Igreja Latina, que é a maior em comunhão com o Papa. Outras igrejas católicas – assim como muitas não católicas – têm a sua própria celebração do Advento.

Segundo as Normas Gerais para o Ano Litúrgico e o calendário, esta festa tem um duplo significado: em primeiro lugar é uma temporada para nos prepararmos para o Natal, quando recordamos a primeira vinda de Cristo; e em segundo lugar, um período que apela diretamente à mente e ao coração para esperar a segunda vinda de Cristo no final dos tempos. 

O Advento é, então, um período de espera devota e alegre (Norma 39) que nos recordas as duas vindas de Cristo.

 


2. Quando começa e termina o Advento?


O primeiro domingo de Advento é o primeiro dia do novo Ano Litúrgico, que neste ano será em 3 de dezembro. Os três domingos de Advento restantes serão os dias 10, 17 e 24 de dezembro. A duração deste tempo de preparação pode variar entre 21 e 28 dias, pois se celebram nos quatro domingos mais próximos à festa do Natal.

 


3. Por que não se canta nem recita o glória? 


Durante o Advento, não se recita o glória porque é uma das maneiras de expressar concretamente que, enquanto dura o nosso peregrinar, falta algo para que a alegria seja completa.

Quando o Senhor estiver presente no meio do seu povo, a Igreja terá chegado à sua festa completa, com a Solenidade do Natal do Senhor, quando é cantado novamente o glória.

O Missal Romano assinala que o glória é recitado ou cantado aos domingos, exceto nos tempos litúrgicos do Advento e da Quaresma.

As exceções desta regra durante o Advento são a Solenidade da Imaculada Conceição, em 8 de dezembro, e a festa da Virgem de Guadalupe, em 12 de dezembro.

 


4. Qual é a cor litúrgica deste tempo?


A cor normal do Advento é o roxo. Segundo o numeral 346 da Instrução Geral do Missal Romano (IGMR), “usa-se a cor roxa no Tempo do Advento e da Quaresma. Pode usar-se também nos Ofícios e Missas de defuntos”.

Em muitos lugares, há uma notável exceção para o terceiro domingo do Advento, conhecido como o domingo do Gaudete: “A cor de rosa pode usar-se, onde for costume, nos Domingos Gaudete (III do Advento) e Laetare (IV da Quaresma)” (IGMR, 346).

 


5. O Advento é um tempo penitencial?


Frequentemente pensamos no Advento como um tempo penitencial, porque a cor litúrgica é o roxo, como na Quaresma. Entretanto, segundo o cânon 1250 do Código de Direito Canônico: “Os dias e tempos de penitência na Igreja universal são todas as sextas-feiras do ano e o tempo da Quaresma”. 

Embora as autoridades locais possam estabelecer dias penitenciais adicionais, esta é uma lista completa dos dias e tempos penitenciais da Igreja Latina em seu conjunto e o Advento não é um deles.

 


6. Como as igrejas são decoradas?


O numeral 305 da Instrução Geral do Missal Romano assinala: “No tempo do Advento ornamente-se o altar com flores com a moderação que convém à índole deste tempo, de modo a não antecipar a plena alegria do Natal do Senhor”.

“A ornamentação com flores deve ser sempre sóbria e, em vez de as pôr sobre a mesa do altar, disponham-se junto dele”.

 


7. Quais expressões de piedade popular podemos usar neste tempo?


Existem várias expressões de piedade popular que a Igreja reconheceu para serem usadas durante o Advento. Entre elas estão: a Coroa de Advento, procissões, solenidade da Imaculada Conceição em 8 de dezembro, novena de Natal, Presépio etc.

 


Bônus: Como deve ser a música?


O numeral 305 da Instrução Geral do Missal Romano assinala que no “Advento o uso do órgão e de outros instrumentos musicais deve ser marcado por uma moderação adequada de acordo com este tempo litúrgico do ano, sem expressar com antecipação a alegria plena do Natal do Senhor”.

 

Publicado originalmente em National Catholic Register.



Fonte: acidigital.com