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sexta-feira, outubro 22, 2021

SÍNODO E MISSÃO






O dia mundial das Missões, que será acontecerá no próximo domingo, data criada em 1926 pelo Papa Pio XI, é celebrado anualmente em toda a Igreja, para recordar o caráter missionário que deve sempre estar presente na ação eclesial, incentivando a todos os cristãos a se comprometerem como missionários, emissários da evangelização. O Mês de outubro é o mês das Missões. Missão é o mandato que Jesus deu à sua Igreja: “Ide e fazei discípulos todos os povos...” (Mt 28, 19).

Domingo passado, tivemos a abertura da fase do Sínodo dos Bispos em todas as dioceses, como preparação para a grande assembleia do Sínodo dos Bispos no Vaticano, em outubro de 2023, com o tema “Por uma Igreja Sinodal: Comunhão, Participação e Missão”.

Em sua mensagem para o dia das Missões deste ano, o Papa Francisco usou como lema a frase dos Apóstolos: “Não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos” (At 4, 20).

“Quando experimentamos a força do amor de Deus, quando reconhecemos a sua presença de Pai na nossa vida pessoal e comunitária, não podemos deixar de anunciar e partilhar o que vimos e ouvimos. A relação de Jesus com os seus discípulos, a sua humanidade que nos é revelada no mistério da Encarnação, no seu Evangelho e na sua Páscoa mostram-nos até que ponto Deus ama a nossa humanidade e assume as nossas alegrias e sofrimentos, os nossos anseios e angústias (cf. Conc. Ecum. Vat II, Const. past. Gaudium et spes, 22). Tudo, em Cristo, nos lembra que o mundo em que vivemos e a sua necessidade de redenção não Lhe são estranhos e também nos chama a sentirmo-nos parte ativa desta missão: ‘Ide às saídas dos caminhos e convidai todos quantos encontrardes’ (cf. Mt 22, 9). Ninguém é estranho, ninguém pode sentir-se estranho ou afastado deste amor de compaixão”.

“A história da evangelização tem início com uma busca apaixonada do Senhor, que chama e quer estabelecer com cada pessoa, onde quer que esteja, um diálogo de amizade (cf. Jo 15, 12-17). Os Apóstolos são os primeiros que nos referem isso, lembrando inclusive a hora do dia em que O encontraram: ‘Eram as quatro da tarde’ (Jo 1, 39). A amizade com o Senhor, vê-Lo curar os doentes, comer com os pecadores, alimentar os famintos, aproximar-Se dos excluídos, tocar os impuros, identificar-Se com os necessitados, fazer apelo às bem-aventuranças, ensinar de maneira nova e cheia de autoridade, deixa uma marca indelével, capaz de suscitar admiração e uma alegria expansiva e gratuita que não se pode conter. Como dizia o profeta Jeremias, esta experiência é o fogo ardente da sua presença ativa no nosso coração que nos impele à missão, mesmo que às vezes implique sacrifícios e incompreensões (cf. 20, 7-9). O amor está sempre em movimento e põe-nos em movimento, para partilhar o anúncio mais belo e promissor: ‘Encontramos o Messias’ (Jo 1, 41)”.

“Como os apóstolos e os primeiros cristãos, também nós exclamamos com todas as nossas forças: ‘não podemos deixar de afirmar o que vimos e ouvimos’ (At 4, 20)”.

 

Fonte: Dom Fernando Arêas Rifan


segunda-feira, outubro 04, 2021

XXVII DOMINGO DO TEMPO COMUM






A criação da mulher (1L) é considerada como necessidade humana para o relacionamento amoroso gerador da vida. Depois de estabelecer relação com o mundo, Adão (homem da terra) percebe uma ausência, que nem mesmo os animais, seres vivos, são capazes de preencher. Entende-se que a verdadeira comunhão de vida não acontece pela posse, mas pela possibilidade de pertença recíproca, e esta só é possível quando a comunhão é estabelecida em igual dignidade.

O sono de Adão, provocado por Deus (1L), é um modo literário para dizer que foi no silêncio do mistério divino que Deus criou a mulher. Adão e Eva se reconhecem na mesma dignidade e se acolhem concretamente, como carne da mesma carne, ossos do mesmo osso. Na reciprocidade do "eu" e do "tu" não acontece a dissolvência, mas o acolhimento “no nós” que comporta igual dignidade e relacionamento dialógico. No "mono-logo" (monólogo), o outro é obrigado a entrar no “meu esquema”; no "dia-logo" (diálogo) acontece o acolhimento, o favorecimento da partilha de experiências existenciais. Deus nos criou homem e mulher (1L) para o diálogo, para a convivência de vidas capazes de gerar mais vida.

Em síntese, compreendemos que a vida conjugal, do homem e da mulher, acontece pelo acolhimento, que se realiza no diálogo para gerar mais vida. Isto só é possível pelo e no amor oblativo, o amor que ama sem cobranças e sem esperar nada em troca, como é o modo divino de amar. Amor que se realiza trilhando os caminhos de Deus (SR); motivo pelo qual Jesus recusa a prática do divórcio (E).

O ponto central da recusa do divórcio, da parte de Jesus, encontra-se na "dureza de coração" (E). Jesus explica que as concessões a favor do divórcio aconteceram no tempo da "dureza de coração"; agora é necessário restituir a vontade originária de Deus, que criou o homem e a mulher não como propriedade um do outro, mas como companheiros de vida que se completam um ao outro no amor e pelo amor.