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sábado, janeiro 21, 2023

SÃO SEBASTIÃO







Origens

São Sebastião nasceu em Narbonne; os pais eram oriundos de Milão, na Itália, do século terceiro. São Sebastião, desde cedo, foi muito generoso e dado ao serviço. Recebeu a graça do santo batismo e zelou por ele em relação à sua vida e à dos irmãos.

 

Soldado

Ao entrar para o serviço no Império, como soldado, tinha muita saúde no físico, na mente e, principalmente, na alma. Não demorou muito, tornou-se o primeiro capitão da guarda do Império. Esse grande homem de Deus ficou conhecido por muitos cristãos, pois, sem que as autoridades soubessem – nesse tempo, no Império de Diocleciano, a Igreja e os cristãos eram duramente perseguidos –, porque o imperador adorava os deuses. Enquanto os cristãos não adoravam as coisas, mas as três Pessoas da Santíssima Trindade.

 

O Consolo

Esse mistério o levava a consolar os cristãos que eram presos de maneira secreta, mas muito sábia; uma evangelização eficaz pelo testemunho que não podia ser explícito.

 

São Sebastião: Soldado da Igreja

Defensor da Igreja

São Sebastião tornou-se defensor da Igreja como soldado, como capitão e também como apóstolo dos confessores, daqueles que eram presos. Também foi apóstolo dos mártires, os que confessavam Jesus em todas as situações, renunciando à própria vida.

 

Um desejo

O coração de São Sebastião tinha esse desejo: tornar-se mártir. E um apóstata denunciou-o para o Império e lá estava ele, diante do imperador, que estava muito decepcionado com ele por se sentir traído. Mas esse santo deixou claro, com muita sabedoria, auxiliado pelo Espírito Santo, que o melhor que ele fazia para o Império era esse serviço; denunciando o paganismo e a injustiça.

 

Defensor da Verdade

São Sebastião, defensor da verdade no amor apaixonado a Deus. O imperador, com o coração fechado, mandou prendê-lo num tronco e muitas flechadas sobre ele foram lançadas até o ponto de pensarem que estava morto. Mas uma mulher, esposa de um mártir, o conhecia, aproximou-se dele e percebeu que ele estava ainda vivo por graça. Ela cuidou das feridas dele.

 

Páscoa

Ao recobrar sua saúde depois de um tempo, apresentou-se novamente para o imperador, pois queria o seu bem e o bem de todo o Império. Evangelizou, testemunhou, mas, dessa vez, no ano de 288, foi duramente martirizado.

 

Minha oração

“ São Sebastião que foste flechado pelo povo, mas também pelo amor divino, colocai em nós essa ferida de amor que não sara e não se cansa de procurar o amado de nossas vidas até às últimas consequências. amém”










terça-feira, janeiro 17, 2023

II DOMINGO DO TEMPO COMUM





Os evangelistas procuram distinguir bem o batismo de Jesus do batismo de João. Não devemos confundi-los. O batismo de Jesus não consiste em submergir seus seguidores nas águas de um rio. Jesus submerge os seus no Espírito Santo. O Evangelho de João o diz de maneira bem clara. Jesus possui a plenitude do Espírito de Deus, e por isso pode comunicar aos seus essa plenitude. A grande novidade de Jesus consiste em ser Ele "o Filho de Deus" que pode "batizar com Espírito Santo".

Este batismo de Jesus não é um banho externo, parecido com o que talvez alguns puderam conhecer nas águas do Jordão. É um "banho interior". A metáfora sugere que Jesus comunica seu Espírito para penetrar, impregnar e transformar o coração das pessoas.

Este Espírito Santo é considerado pelos evangelistas como "Espírito de vida". Por isso, deixar-nos batizar por Jesus significa acolher seu Espírito como fonte de vida nova. Seu Espírito pode potenciar em nós uma relação mais vital com Ele. Pode levar-nos a um novo nível de vida cristã, a uma nova etapa de cristianismo mais fiel a Jesus.

O Espírito de Jesus é "Espírito de verdade" Deixar-nos batizar por Ele é pôr verdade em nosso cristianismo. Não deixar-nos enganar por falsas seguranças. Recuperar sempre de novo nossa identidade irrenunciável de seguidores de Jesus. Abandonar caminhos que nos desviam do Evangelho.

O Espírito de Jesus é "Espírito de amor', capaz de libertar-nos da covardia e do egoísmo de viver pensando só em nossos interesses e nosso bem-estar. Deixar-nos batizar por Ele é abrir-nos ao amor solidário, gratuito e compassivo.

O Espírito de Jesus é "Espírito de conversão" a Deus. Deixar-nos batizar por Ele significa deixar-nos transformar lentamente por Ele. Aprender a viver com seus critérios, suas atitudes, seu coração e sua sensibilidade com aqueles que vivem sofrendo.

O Espírito de Jesus é "Espírito de renovação”. Deixar-nos batizar por Ele é deixar-nos atrair por sua novidade criadora. Ele pode despertar o melhor que há na Igreja e dar-lhe um "coração novo", com maior capacidade de ser fiel ao Evangelho.











quarta-feira, janeiro 11, 2023

O NOVO NASCIMENTO







Nesta semana, com a festa do Batismo de Jesus no rio Jordão, início da sua vida pública, começa o tempo comum na Liturgia. Tempo também de refletirmos sobre o nosso Batismo, começo da nossa vida cristã, o primeiro dos sete sacramentos da Igreja.

Sacramentos são sinais eficazes da graça, instituídos por Cristo e confiados à Igreja, pelos quais nos é dispensada a graça divina.

O Batismo é o primeiro dos Sacramentos da iniciação cristã, ou seja, começamos a ser cristãos, incorporados em Cristo, no dia do nosso Batismo. É o fundamento de toda a vida cristã e a porta que dá acesso aos outros sacramentos. Pelo Batismo somos libertos do pecado e regenerados como filhos de Deus: tornamo-nos membros de Cristo e somos incorporados na Igreja e tornados participantes na sua missão. É o que se chama: nascer de novo, significa e realiza aquele nascimento da água e do Espírito, sem o qual “ninguém pode entrar no Reino de Deus” (Jo 3,5).

O Batismo foi prefigurado na Antiga Aliança: a Arca de Noé, prefigura aqueles que foram salvos pela água; a travessia do Mar Vermelho, verdadeira libertação de Israel da escravidão do Egito, que anuncia a libertação operada pelo Batismo; na travessia do rio Jordão, graças à qual o povo de Deus recebe o dom da terra prometida à descendência de Abraão, imagem da vida eterna. A promessa desta herança bem-aventurada cumpre-se na Nova Aliança. Todas as prefigurações da Antiga Aliança encontram a sua realização em Jesus Cristo. Ele começa a sua vida pública depois de se ter feito batizar por São João Batista no Jordão. E depois da sua ressurreição, confere esta missão aos Apóstolos: “Ide, pois, fazei discípulos de todas as nações; batizai-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo e ensinai-os a cumprir tudo quanto vos mandei” (Mt 28, 19-20).

Nosso Senhor sujeitou-se voluntariamente ao Batismo de São João, destinado aos pecadores, para cumprir toda a justiça. Este gesto de Jesus é uma manifestação do seu “aniquilamento”. O Espírito que pairava sobre as águas da primeira criação, desce então sobre Cristo como prelúdio da nova criação e o Pai manifesta Jesus como seu “Filho muito amado”. “Repara: Onde é que foste batizado, de onde é que vem o Batismo, senão da cruz de Cristo, da morte de Cristo? Ali está todo o mistério: Ele sofreu por ti. Foi n'Ele que tu foste resgatado, n'Ele que foste salvo” (Santo Agostinho). Nascidas com uma natureza humana decaída e manchada pelo pecado original, as crianças também têm necessidade do novo nascimento no Batismo para serem libertas do poder das trevas e transferidas para o domínio da liberdade dos filhos de Deus, a que todos os homens são chamados. A pura gratuidade da graça da salvação é particularmente manifesta no Batismo das crianças. Por isso, a Igreja e os pais privariam, a criança da graça inestimável de se tornar filho de Deus, se não lhe conferissem o Batismo pouco depois do seu nascimento.

 

Fonte: Dom Fernando Arêas Rifan


EPIFANIA DO SENHOR






Herodes e sua corte representam o mundo dos poderosos. Tudo vale nesse mundo, desde que assegure o próprio poder: o cálculo, a estratégia e a mentira. Vale inclusive a crueldade, o terror, o desprezo ao ser humano e a destruição de inocentes. Parece um mundo grande e poderoso e se apresenta a nós como defensor da ordem e da justiça, mas é fraco e mesquinho, pois acaba sempre buscando o menino "para matá-lo”.

Segundo o relato de Mateus, magos vindos do Oriente irrompem neste mundo de trevas. Os magos representam o caminho seguido por aqueles que escutam os anseios mais nobres do coração humano; a estrela que os guias é a nostalgia do divino; o caminho que percorrem é o desejo. Para descobrir o divino no humano, para adorar o menino em vez de buscar sua morte, para reconhecer a dignidade do ser humano em vez de destruí-la, é preciso percorrer um caminho oposto ao seguido por Herodes.

Não é um caminho fácil. Não basta ouvir o chamado do coração: é preciso pôr-se a caminho, expor-se, correr riscos. O gesto final dos magos é sublime. Não matam o Menino, mas o adoram. Inclinam-se respeitosamente diante de sua dignidade; descobrem o divino no humano. Esta é a mensagem de sua adoração ao Filho de Deus encarnado no Menino de Belém.

Podemos vislumbrar também o significado simbólico dos presentes que lhe oferecem. Com o ouro reconhecem a dignidade e o valor inestimável do ser humano: tudo deve ficar subordinado à sua felicidade; um menino merece que se ponham a seus pés todas as riquezas do mundo. O incenso resume o desejo de que a vida desse menino desabroche e sua dignidade se eleve até o céu: todo ser humano é chamado a participar da própria vida de Deus. A mirra é medicamento para curar a enfermidade e aliviar o sofrimento: o ser humano necessita de cuidados e consolo, não de violência e agressão.

Com sua atenção para com o frágil e sua ternura para com o humilhado, este Menino nascido em Belém introduzirá no mundo a magia do amor, única força de salvação que já desde agora faz tremer o poderoso Herodes.










sexta-feira, janeiro 06, 2023

HOMENAGEM A BENTO XVI






Os grandes acontecimentos históricos mostram seus efeitos a longo prazo. Isso certamente é o que constataremos com o legado de Bento XVI, papa-emérito que nos deixou neste dia 31 de dezembro de 2022, após um pontificado de cerca de oito anos e outros dez anos como papa-emérito.

Em fevereiro de 2013, quando anunciou sua renúncia, as opiniões se dividiram entre os que criticaram a criação de um precedente negativo, delicado e perigoso; e os que elogiaram sua coragem, mostrando que a Igreja é viva, dinâmica, sempre atual. A renúncia de Bento XVI mostrou exatamente sua consciência de que a Igreja é muito maior do que o Papa, que a Igreja é um conjunto, Corpo, como define o Concílio Vaticano II. Bento XVI mostrou que o pontificado é realmente serviço, ministério, e não poder. Serviço a Deus, à Igreja e aos seres humanos, católicos ou não. O Papa é o símbolo da unidade desta Igreja sinodal, universal, diversificada. Quando Bento XVI sentiu que não conseguiria exercer com perfeição esse serviço, preferiu deixar que outra pessoa o sucedesse. O ministério não poderia ser exercido com limitações ou fragilidades, e por isso a sensibilidade do Papa Ratzinger neste aspeto foi louvável e serve de modelo para muitos ministérios/serviços exercidos na Igreja. Foi um ato de extrema humildade, liberdade e ousadia, que expressou de fato o verdadeiro sentido da fé cristã: deixar-se guiar plenamente pelo Espírito Santo e não por interesses terrenos.

Talvez hoje, após a sua páscoa, temos mais clara a grandiosidade da sua ação e do seu pontificado como um todo. Não há dúvidas de que o legado que deixou à Igreja é muito vasto. Não tardará em ser considerado “doutor da Igreja”, ao lado de grandes papas do passado. Há inclusive quem diga que daqui a cem anos os nossos breviários estarão repletos de leituras de Bento XVI. De imediato, temos a certeza que seus escritos, variados e sempre muito profundos, são referência no mundo eclesial e acadêmico. Não por acaso recebeu dez títulos “Doutor Honoris Causa”.

Se tivesse que definir o pontificado de Bento XVI em poucas palavras, diria exatamente que foi uma grande escola da fé. Sua renúncia veio em meio ao Ano da Fé, praticamente a continuidade do Ano Paulino e do Ano Sacerdotal, por ele tão desejados e bem celebrados. Essa foi a marca que Bento XVI quis deixar à história: refletir sobre a fé, saber em que cremos. Dirigindo-se aos jovens, no prefácio do YOUCAT, por exemplo, disse: “Tendes de conhecer a vossa fé como um especialista em tecnologia domina o sistema funcional de um computador. Tendes de a compreender como um bom músico entende uma partitura. Tendes de estar enraizados na fé ainda mais profundamente que a geração dos vossos pais, para enfrentar os desafios e as tentações deste tempo com força e determinação”.

Consciente das dificuldades em viver a fé num tempo de secularismo e perseguição aos valores cristãos, Bento XVI procurou sempre ajudar os católicos a aprofundarem a fé, como verdadeiro pedagogo e mestre. Suas catequeses das quartas-feiras traçaram um percurso fundamental para o aprofundamento da fé: iniciando pela origem do cristianismo, as bases da nossa fé (Apóstolos e São Paulo); percorreram os padres e doutores da Igreja, grandes santos e santas, modelos de fé; para enfim concluírem com a oração e a vivência da fé hoje. Foi uma verdadeira catequese – palavra de origem grega que significa “instruir a viva voz” –, conduzindo os cristãos a um aprofundamento da fé e da vida cristã.

Mas isso é apenas a ponta do grande iceberg do legado de Bento XVI. Seus discursos, homilias, documentos e mensagens para diferentes situações e datas do ano estão repletas de ensinamentos, são tesouro inesgotável que será descoberto e valorizado aos poucos e que só teremos a noção exata da sua preciosidade daqui a alguns anos. Além de ser um pontífice-doutor, mestre, Bento XVI foi também um pontífice-humanista, pastor, como podemos ver muito bem retratado na sua biografia Bento XVI: A Vida, escrita por Peter Seewald e publicada pela Paulus em 2021. No conjunto da obra de Bento XVI (e mesmo antes, enquanto o professor Ratzinger) vemos aflorar um profundo humanismo cristão. O ser humano vem sempre em primeiro lugar, em oposição às leis do mercado, ao consumismo, à ganância de poder, de riqueza, de prazer. O ser humano, como filho de Deus que caminha no mundo em busca do bem e da verdade, é o essencial.

Suas viagens apostólicas (24 fora da Itália) mostraram a luta pelos valores e pela dignidade humana. Veio ao Brasil em 2007, foi ao Oriente Médio e a países conflituosos da África, por exemplo. Em cada país abordou questões fundamentais relativas aos valores humanos e sociais. Não teve medo de falar sobre os verdadeiros problemas da humanidade e por isso muitas vezes sofreu críticas.

Suas exortações apostólicas e encíclicas também expressam muito bem essa dimensão. Numa análise rápida de seu magistério, poderíamos dizer que Bento XVI começou por ser o “Papa da caridade”, tornando-se depois o “Papa das virtudes” teologais. Logo na sua primeira encíclica, publicada em 25 de dezembro de 2005, quis mostrar o rosto do amor verdadeiro: Deus caritas est (Deus é amor). Nesse documento, Bento XVI abordou o amor humano nas suas três vertentes, segundo a tradição grega: eros, philia e ágape. Passados menos de dois anos, publicou sua segunda encíclica, sobre outra virtude teologal: a esperança. O documento Spe Salvi (Salvos na esperança) encoraja os cristãos a levarem uma vida cheia de esperança em oposição a uma vida vazia e sem sentido, distante do Deus verdadeiro. Anteriormente, naquele mesmo ano 2007, havia publicado uma exortação apostólica que mostrava a Eucaristia como verdadeiro Sacramento da caridade (Sacramentum Caritatis). Outros dois anos e uma nova encíclica sobre as virtudes teologais: Caritas in veritate (A caridade na verdade) apontou prioridades e valores a respeitar, especialmente em relação aos problemas financeiros e às questões relacionadas à doutrina social da Igreja, seguindo uma lógica bastante simples, mas muito profunda: “a economia precisa da ética, a ética da caridade, a caridade da verdade”. Propõe um ciclo virtuoso belíssimo. Em 2010, após o sínodo sobre a Palavra de Deus, ainda publicou a exortação Verbum Domini (A Palavra do Senhor).

Deixou inacabada a encíclica sobre a fé, terceira das virtudes teologais. Aguardada com grande ansiedade após Ano da Fé, foi concluída e publicada já sob o pontificado do seu sucessor, o Papa Francisco, com o título Lumen fidei (A luz da fé). Logo no início do documento Francisco recorda e agradece ao seu antecessor: “Estas considerações sobre a fé pretendem juntar-se a tudo aquilo que Bento XVI escreveu nas cartas encíclicas sobre a caridade e a esperança. Ele já tinha quase concluído um primeiro esboço desta carta encíclica sobre a fé. Estou-lhe profundamente agradecido e, na fraternidade de Cristo, assumo o seu precioso trabalho, limitando-me a acrescentar ao texto alguma nova contribuição. De fato, o Sucessor de Pedro, ontem, hoje e amanhã, sempre está chamado a «confirmar os irmãos» no tesouro incomensurável da fé que Deus dá a cada homem como luz para o seu caminho. Teríamos assim o “papa das virtudes” com um legado completo. Mas mesmo sem a publicação da nova encíclica, o seu ensinamento sobre a fé é bastante conhecido. O Ano da Fé é fruto e prova disso. Finalizar o seu pontificado em meio a esta celebração do Ano da Fé é de fato a moldura perfeita para o seu pontificado da fé, do amor e da esperança.” (Lumen fidei, n. 7)

Ao nos despedirmos do Papa Bento XVI, ficam o nosso agradecimento pelo seu precioso serviço à Igreja e a certeza de que ainda teremos muito por aprofundar e meditar sobre o vasto legado por ele deixado.

 

Fonte: vaticano.news






segunda-feira, janeiro 02, 2023

SANTA MÃE DE DEUS






O contexto do Evangelho deste Domingo é ainda da Noite de Natal. Chama-nos atenção que naquele momento crucial para a humanidade, nada de espetacular aconteceu, mas tão somente: um menino recém-nascido, um pai e uma mãe. Na aparente ausência de tudo (casa, conforto, segurança…), a humanidade conhecia a máxima presença de Deus entre nós. Mas, tudo de Deus estava revestido com a mais pura natureza humana: uma criança que veio ao mundo.

Os anjos dão a confirmação que tudo está conforme a vontade de Deus. Eles sentem a presença, veem a luz e se deixam inundar pela novidade de Deus. Aqueles homens do campo marcados pelo sofrimento e pelo desprezo recebem o anúncio da presença entre nós da paz que vem de Deus. Na noite, olhando para o céu, os pastores descobrem o rosto de Deus não mais nas estrelas, mas foram convidados e encontrá-Lo na face de uma criança. Para eles, o rebanho que guardavam era tudo que possuíam, mas Deus lhes indicou onde estava o verdadeiro tesouro para eles e para toda a humanidade: o Menino Salvador.

De lado, na cena narrada por Lucas, há uma certa “agitação”: os pastores correm apressados, narram tudo com euforia e retornam agradecendo a Deus por tudo que tinham visto e ouvido. Aqueles que ouviram tudo (Maria e José) ficaram espantados e maravilhados por tudo que estava acontecendo. Nosso Deus sempre nos surpreende! Para o casal, até aquele momento, desde a concepção até o nascimento de Jesus, tudo tinha acontecido sem brilho, sem esplendor e parecia que tudo ficaria restrito a eles.

Aqueles homens que correram para encontrar o sinal de Deus (Menino enrolado em faixas) se transformaram em anunciadores da paz. Experimentaram ouvindo o anuncio e vendo o menino Jesus. Eles foram mais uma confirmação importante para Maria e José sobre tudo que estava acontecendo em suas vidas.

A promessa do “rosto de Deus” como fonte de paz e graças, tinha se realizado com o Menino Jesus. Não nos palácios, nas grandes cidades, ou nos Templos, mas em uma criança e dentro de uma família. Uma fonte acessível a todos que queiram experimentar a presença de Deus que quer nos inundar de sua paz. Por isto, Paulo na segunda leitura nos fala que o maior dom que Deus nos deu é de sermos seus filhos adotivos.

A paz que tanto desejamos jamais acontecerá se cada um não for capaz de reconhecer a presença de Deus nas coisas simples e cotidianas, mas o principal meio que Deus nos revela sua paz é contemplarmos o Seu rosto em cada pessoa. Os pastores foram convocados a reconhecer o Salvador no rosto do Menino Jesus, nós somos convocados a encontrar o mesmo rosto de Deus em cada pessoa que encontramos em nossa vida. Não existe paz nos isolando do próximo ou – pior – considerando o outro como inimigo.

Na cena do presépio, o evangelista Lucas nos dá o testemunho de Maria diante de tudo que estava acontecendo. Dentre as pessoas presentes, ela certamente era a que mais estava segura sobre as maravilhas de Deus que estavam acontecendo naquela noite, mas Maria é descrita com aquela que “conservava” tudo que estava acontecendo e “meditava” em seu coração (este segundo verbo, o seu sentido em grego é “ajuntar”). Ela tinha já percebido que o caminho para encontrar sempre a vontade de Deus, bem como experimentar sua presença, estava não em grandes eventos e espetaculares acontecimentos, nem menos nos grandes locais e entre as pessoas tidas como especiais deste mundo, mas nas coisas singelas, simples da vida e com as pessoas que nós amamos.

A estrada que necessitamos percorrer para encontrar a paz não está no acúmulo de coisas materiais e nem mesmo em grandes sinais que se costuma pedir a Deus, mas na convivência com as pessoas que temos ao nosso redor e no nosso dia a dia. Para Maria, cada acontecimento e momento, era uma oportunidade de se encontrar com Deus. Por isto, a Mãe de Jesus procurava “ajuntar” tudo em seu coração. A paz que necessitamos não é somente um dom de Deus, mas é o próprio Deus conosco!

Vimos que Deus ensina Aarão abençoar seu povo e promete a todos de estar presente e lhes proporcionar um rosto de paz, de proteção e de graças. Jesus é o rosto de bênção de Deus para a humanidade que um dia veio morar em nosso meio e mesmo depois de sua ressurreição, continua presente em cada rosto e pessoa. A paz que desejamos não é uma promessa com um dom especial e exclusivo, mas constante e cotidiano, basta sabermos perceber o Deus da Paz presente em cada pessoa que encontrarmos em nosso caminho em todos os momentos do ano, pois cada ser humano é o próprio rosto de Jesus nosso irmão.