O
episódio da mulher apanhada em adultério, trazida até Jesus pelos escribas e
doutores da Lei, oferece-nos um muito belo retrato de Deus e da forma como Deus
encara a fragilidade dos seus filhos e filhas. Garante-nos que o Deus que Jesus
nos veio revelar funciona numa lógica de misericórdia e não numa lógica de
estrita retribuição; diz-nos que a força de Deus não está na condenação e no
castigo, mas sim no amor e no perdão
Sempre
que caímos uma e outra e outra vez nos mesmos erros, Ele diz-nos: “Eu não te
condeno”; sempre que nos apresentamos diante d’Ele dececionados com a forma
como conduzimos a nossa vida, Ele consola-nos e garante-nos: “Eu não te
condeno”; sempre que nos sentimos malvistos, incompreendidos, marginalizados,
Ele diz-nos: “Eu não te condeno”. Neste tempo quaresmal, quando somos
convidados a olhar para as nossas fragilidades mil vezes repetidas, é
consolador ouvirmos de Deus este “Eu não te condeno”; dá-nos vontade de
superarmos as nossas limitações e de abraçarmos, com decisão, um caminho novo,
uma vida nova.
Jesus
não se limitou a dizer à mulher que não a condenava, mas, com respeito e
delicadeza, colocou-a na rota de uma vida nova: “vai e não tornes a pecar”.
LEITURA
II – Filipenses 3,8-14
O
que é perdoar? É esquecer ingenuamente as injustiças passadas? Não. Perdoar é
recordar o mal que nos fizeram e, apesar disso, adotar uma atitude não
discriminatória nem vingativa contra aquele que fez o mal; é ter presente o que
nos feriu e, apesar disso, inverter a lógica de violência e de agressividade
para começar uma história nova, criadora de um futuro diferente com a pessoa
que nos magoou. Quem perdoa, evidentemente, corre riscos; mas, ao perdoar,
estamos a evitar o maior de todos os riscos: o de nos fecharmos a qualquer
futuro e de deixarmos que o ódio envenene as nossas vidas.