"E pensar que
Cristo, o Filho de Deus, veio à Terra, sobre tudo para ensinar que Seu Pai é
não só o Deus todo poderoso e cheio de majestade e que Deus deseja acima de
tudo, ser Pai, mas não apenas Pai de um pequeno grupo privilegiado, mas Pai de
todos nós...
Cristo disse que
nasceu para trazer vida, mas vida abundante para todos. Cristo, nosso Salvador
e nosso Mestre, é o nosso grande exemplo de prioridade pelo pobre. Ele preferiu
nascer pobre; viver no seio de uma Família pobre; ter como colaboradores
diretos, homens pobres pescadores, mas, sobretudo, Cristo se identificou com o
pobre, com o oprimido, o sem-voz...
Algumas pessoas chamam, imediatamente, a atenção para as palavras de Cristo,
abençoando a pobreza. Perdão! Ele abençoou a pobreza e não a miséria, que é um
insulto ao Criador e Pai.
Sempre e em toda parte, quando uma pessoa está sofrendo – sem alimento,
sem roupa, sem liberdade e sendo oprimida, não temos tempo para discutir
teorias, temos que ajudar Cristo, presente no pobre.
Mas eu chamo,
fraternalmente, a atenção: já descobriram como é perigoso denunciar injustiças
e tentar dar apoio aos direitos humanos?
Uma pessoa é
recebida como santa enquanto faz caridade, sinônimo da sempre necessária
distribuição de alimentos, roupas, remédios e casas. A partir do momento em que
esta mesma pessoa começa a denunciar injustiças, sem pregar ódio ou violência,
imediatamente é julgada como fazendo política, como subversiva e comunista..."
"...Cristãos de todas
as denominações, minhas irmãs e meus irmãos em Cristo: juntos, precisamos
sustentar que política, sinônimo de preocupação com os grandes problemas
humanos, sinônimo de defesa dos fundamentais direitos humanos, é não só um
direito, mas um dever de toda criatura humana, mas, sobretudo, dos cristãos".
"Cristãos, minhas
irmãs e meus irmãos; precisamos deixar
claro que as Nações Unidas proclamaram os fundamentais Direitos Humanos, mas
que o autêntico Autor dos mesmos é o nosso Criador e Pai..."
"Cristãos, minhas
irmãs e meus irmãos; precisamos exigir de nossos pastores que eles sejam não só
Pastores de almas, mas Pastores de Criaturas Humanas, com Alma e Corpo".
"Cristãos, minhas
irmãs e meus irmãos; precisamos guardar em nossa mente a presença da Vida
Eterna. Mas precisamos ter a convicção de que a Vida Eterna começa agora e
aqui, porque é agora e aqui que construímos nossa Eternidade".
"Cristãos, minhas
irmãs e meus irmãos; guardando a ideia de nossos pecados pessoais, que exigiam,
exigem e sempre exigirão conversões pessoais, precisamos ter atenção, sempre
mais, aos pecados sociais, que exigem conversões sociais... precisamos passar
das palavras aos atos!"
"Que o Espírito
Divino realize o que, pela nossa fraqueza tem ficado em desejo, em boa
intenção... pensando em nossas várias denominações Cristãs, que o Santo Espírito
nos faça superar nossas estreitezas, nosso melindres, nosso amor próprio,
nossas divisões, nossos conflitos e nos torne UM em Cristo, como o próprio
Cristo pediu, em seu testemunho espiritual na última Ceia!
Que o Espírito
Divino faça com que nós Cristãos sejamos
exemplos de sermos Irmãos de verdade, dos homens de todas as Raças, de todas as
Cores, todas as Culturas, de todas as Religiões.. Irmãos porque filhos do mesmo
Pai e irmãos em Jesus Cristo".
Palestra feita por +Helder Câmara, Arcebispo de Olinda e Recife (Brasil), a 23/10/1980, em Glasgow (Escócia – Inglaterra), em uma Cerimônia Ecumênica realizada na Igreja de São Luis
DOM HELDER CÂMARA PODERÁ VIRAR SANTO
No fim de maio, a arquidiocese de Olinda e Recife enviou à Congregação
para Causa dos Santos, no Vaticano, o pedido de abertura para o processo de
beatificação de dom Helder Câmara. O anúncio foi
feito por dom Antônio Fernando Saburino (OSB), arcebispo metropolitano da
Igreja local, onde viveu e faleceu dom Helder.
Na ocasião, dom
Antônio apresentou a carta enviada ao Vaticano com o pedido de
beatificação e canonização. O parecer dos bispos do Regional Nordeste 2 da
Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) foi positivo e unânime. Uma vez
aberto o processo, frei Jociel Gomes se torna vice-postulador da
causa.
UM POUCO DA HISTÓRIA DE DOM HELDER
Conhecido como “Dom da Paz”, Helder Câmara nasceu no dia
7 de fevereiro de 1909, em Fortaleza, Ceará. Mas foi no Rio
de Janeiro e em Pernambuco que ganhou destaque com o exercício frutuoso do
ministério episcopal voltado para os pobres.
Aos 27 anos, já
como sacerdote, foi para a arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro,
onde, em 1952, se tornou bispo auxiliar. Lá, fundou a Cruzada São
Sebastião, em prol das famílias carentes que sonhavam com uma moradia digna, e
o Banco Providência, voltado para a redução da desigualdade social e
desenvolvimento humano nas comunidades mais pobres. Ainda no Rio, articulou a
realização do XXXVI Congresso Eucarístico Internacional, em 1955.
Em 1964 recebeu
a missão de dirigir a arquidiocese de Olinda e Recife como arcebispo
metropolitano. Neste ínterim, criou a Comissão de Justiça e Paz,
que defendeu presos políticos e perseguidos da ditadura militar,
assim como protegeu os excluídos sociais.
Dom Helder também ajudou na criação da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB), na qual exerceu o cargo de secretário geral, e o Conselho
Episcopal Latino Americano (Celam), do qual foi vice-presidente.
Incansável,
o Dom da Paz lutou contra a fome e a miséria no Brasil. Em 1990
lançou a campanha Ano 2000 sem Miséria.
Com uma vida toda dedicada aos pobres, Dom Helder chegou a ser indicado quatro vezes ao Prêmio Nobel da Paz.
Com uma vida toda dedicada aos pobres, Dom Helder chegou a ser indicado quatro vezes ao Prêmio Nobel da Paz.
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