O
tema da segunda vinda de Jesus Cristo não causa grande interesse ao nosso
momento histórico; é até mesmo considerado como algo muito distante de nós. Já
houve tempos que esse tema foi assunto de grandes debates teológicos, mas não
no nosso. Apesar das dificuldades, como a que vivemos neste tempo de pandemia,
a humanidade se sente bem vivendo na terra; passa a impressão de pouco se
importar com uma promessa feita há dois mil anos, mesmo sendo feita pela boca
de Jesus.
Apesar
do desinteresse que o mundo demonstra para com o tema da segunda vinda de Jesus
Cristo, a Igreja celebra essa promessa do Senhor para avivar e preparar os
celebrantes propondo a dinâmica de produzir mais vidas vivendo na sobriedade e
na vigilância.
O
convite da parábola conduz-nos para o terceiro servo, aquele que enterrou o
talento. Jesus trata com normalidade os dois primeiros servos; é normal receber
talentos e torná-los rentáveis. O anormal é receber e enterrar. O servo que
enterra os talentos justifica-se como medo do patrão exigente. Uma
justificativa que deixa transparecer três atitudes: medo, resistências mentais
e protelação. Três atitudes impeditivas de produzir algo na vida.
Uma
coisa é a prudência para não perder o que se tem e, coisa bem diferente, é o
medo. O prudente avalia a situação e vai na segurança, mesmo correndo o risco
de errar. O medroso sequer avalia a situação, simplesmente fica bloqueado nos
seus temores e se impede de produzir. O medo de enterrar talentos produz o castigo
de perder até mesmo aquilo que se tem. A resistência é a atitude do
desconfiando. Não investe, não produz nada; o desconfiado não arrisca e vive
enterrando possibilidades. Na prática, o talento é a vida que o desconfiado
enterra, enterrando-se a si mesmo.
Quanto
a protelação esta é atitude de quem não vive o presente. Pode até ter
iniciativas, sabe o que precisa ser feito, mas sempre deixa para amanhã; é o
comportamento do desmotivado, de quem espera um tempo para começar a viver uma
vida com sentido. Um tempo que, talvez, nunca chegue.
Do
que foi dito, entende-se que a proposta de Jesus quanto ao modo de esperar a
segunda vinda não comporta medo, nem resistências e, menos ainda, protelação.
Não sabemos o dia da segunda vinda (2L), mas isso não nos licencia para
vivermos de qualquer jeito. É o que diz Paulo na 2ª leitura propondo a
vigilância e a sobriedade.
Paulo
chama atenção para o fato de não se enganar nem mesmo quando tudo conflui para
dizer "paz e segurança"; para dizer "está tudo bem!" A 1ª leitura cita a falácia do encanto e da
beleza passageira; temas que nos colocam no chão de nossas vidas, que nos
ajudam a perceber a finitude de tudo. Não se pode perder a vigilância em
situações de calmaria; estava tudo bem quando apareceu a Covid 19. Não se pode
passar a vida no sono ou na festa, é preciso produzir e lucrar talentos, é
preciso produzir vida, é importante investir na vida para que o projeto divino
aconteça na terra.