terça-feira, agosto 22, 2023

EM DEFESA DA VIDA







Com o julgamento da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 442 (ADPF 442) que objetiva descriminalizar a interrupção voluntária da gestação no primeiro trimestre, ou seja, o aborto até 12 semanas, volta à baila a discussão sobre esse tema tão fundamental que é a defesa da vida contra o aborto provocado.

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) nos alerta: “Muitas são as investidas contra a vida dos mais vulneráveis. Porém, é na escuridão que a luz mais brilha. Deus, em seu olhar dirigido a Jeremias ainda in útero materno, é inspiração para que olhemos na direção dos mais vulneráveis entre os vulneráveis, o nascituro”.

“Estamos em uma situação que requer muita atenção e oração... A Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental 442 (ADPF) objetiva descriminalizar a interrupção voluntária da gestação no primeiro trimestre, ou seja, o aborto até 12 semanas”.

“Em fidelidade ao Evangelho, cabe-nos defender a vida humana, opondo-se a toda discriminação e preconceito, em especial dos mais fortes sobre os mais fracos, dos maiores sobre os menores, dos grandes sobre os pequenos. Não o fazer é associar-se à cultura de morte, que tudo relativiza e mercantiliza, inclusive a vida humana inocente. Somos do Evangelho da vida e da vida em abundância, desde a concepção até a morte natural”.

“Solicitamos que cada Diocese – se possível paróquia – tenha a sua Comissão de Serviço à Vida, para que lá onde a vida humana, em qualquer fase do seu desenvolvimento, desde a concepção até a velhice, estiver ameaçada ou aviltada, possamos articuladamente promove-la, defende-la e cuidá-la”.

Considerando-se o feto como um amontoado de células ou algo pertencente ao corpo da mãe, o aborto seria defensável. Mas, cientificamente falando, não é. Trata-se, segundo a ciência moderna, de um ser humano, apesar de ainda em formação, - como, aliás, também o é um bebê recém-nascido - com código genético, conjunto de cromossomos e personalidade independente da sua mãe. E a sua morte provocada vem a se constituir em um voluntário e direto ato de se tirar a vida de um ser humano inocente, ato ilícito perante a lei natural e a lei positiva de Deus.

E já foi estatisticamente refutado o argumento de que, nos países em que o aborto foi legalizado, o seu número diminuiu. E mesmo que o fosse, continua o princípio de que não se pode legalizar um crime, mas sim estabelecer a proteção da criança que está no ventre de sua mãe. Cada bebê é um dom precioso com personalidade própria e não um número de estatística.

E ao argumento falso de que a mulher é dona do seu próprio corpo devemos responder com a ciência que o nascituro não faz parte do corpo da sua mãe, não é um apêndice ou um órgão seu, mas é um ser independente em formação nela.

A questão de uma nova vida começar com a concepção é um dado científico atual e não objeto da fé. Portanto, ser contra o aborto é posição normal de quem aceita os dados da ciência.

 

Fonte: Dom Fernando Arêas Rifan

sábado, agosto 19, 2023

ASSUNÇÃO DE NOSSA SENHORA









A Solenidade da Assunção da Bem-aventurada Virgem Maria é celebrada no dia 15 de agosto, desde o século V, com o significado de "Nascimento para o Céu" ou, segundo a tradição bizantina, de "Dormição". Em Roma, esta festa era celebrada desde meados do século VII, mas foi preciso esperar até 1° de novembro de 1950, quando Pio XII proclamou o Dogma da Assunção de Maria, elevada ao céu em corpo e alma. No Credo Apostólico, professamos a nossa fé na "ressurreição da carne" e na "vida eterna", fim e sentido último do caminho da vida terrena. Esta promessa de fé cumpriu-se em Maria, sinal de “consolo e esperança” (Prefácio). Trata-se de um privilégio de Maria, por ser intimamente ligado ao fato de ser Mãe de Jesus: visto que a morte e a corrupção do corpo humano são consequências do pecado, não era oportuno que a Virgem Maria - isenta de pecado - fosse implicada nesta lei humana. Daí o mistério da sua "Dormição" ou "Assunção ao céu". O fato de Maria ter sido elevada ao céu é motivo de júbilo, alegria e esperança para nós: "Já e ainda não". Uma criatura de Deus, Maria, já está no Céu e, com ela e como ela, também nós, criaturas de Deus, estaremos um dia. Portanto, o destino de Maria, unida ao corpo transfigurado e glorioso de Jesus, será o mesmo destino de todos os que estão unidos ao Senhor Jesus, na fé e no amor. É interessante notar que a liturgia - através dos textos bíblicos, extraídos do livro do Apocalipse e de Lucas – nos leva não tanto a refletir sobre o canto do Magnificat, mas a rezar. O Evangelho sugere ler o mistério de Maria à luz da sua oração, o Magnificat: o amor gratuito, que se estende de geração em geração; a predileção pelos simples e pobres encontra em Maria o melhor fruto: poderíamos dizer que é a sua obra-prima, um espelho no qual todo o Povo de Deus pode refletir seus próprios lineamentos. A Solenidade da Assunção da Bem-Aventurada Virgem Maria, em corpo e alma ao Céu, é um sinal eloquente do que, não só a "alma", mas também a "corporeidade" confirmam que "tudo era muito bom" (Gn 1,31), tanto que, como aconteceu com a Virgem Maria, também a "nossa carne" será elevada ao céu. Isto, porém, não quer dizer que somos isentos do nosso compromisso com a história; pelo contrário, é precisamente o nosso olhar, voltado para a Meta, o Céu, a nossa Pátria, que nos dá o impulso para nos comprometermos com a vida presente, nas pegadas do Magnificat: felizes pela misericórdia de Deus, atenciosos com todos nossos irmãos e irmãs, que encontramos ao longo do caminho, começando pelos mais fracos e frágeis.

 

Proclamação do Dogma

"Pelo que, depois de termos dirigido a Deus repetidas súplicas, e de termos invocado a paz do Espírito de verdade, para glória de Deus onipotente que à virgem Maria concedeu a sua especial benevolência, para honra do seu Filho, Rei imortal dos séculos e triunfador do pecado e da morte, para aumento da glória da sua augusta mãe, e para gozo e júbilo de toda a Igreja, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos bem-aventurados apóstolos s. Pedro e s. Paulo e com a nossa, pronunciamos, declaramos e definimos ser dogma divinamente revelado que: a imaculada Mãe de Deus, a sempre virgem Maria, terminado o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celestial" (Pio XII, Munificentissimus Deus, 1º de novembro de 1950).

 

«Naqueles dias, Maria se levantou e foi às pressas às montanhas, a uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Ora, apenas Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança estremeceu no seu seio; e Isabel ficou cheia do Espírito Santo. E exclamou em alta voz: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre. Donde me vem esta honra de vir a mim a mãe de meu Senhor? Pois assim que a voz de tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança estremeceu de alegria no meu seio. Bem-aventurada és tu que creste, pois se hão de cumprir as coisas que da parte do Senhor te foram ditas!”. E Maria disse:

 

“Minha alma glorifica ao Senhor,

meu espírito exulta de alegria em Deus, meu Salvador,

porque olhou para sua pobre serva.

Por isso, desde agora, me proclamarão bem-aventurada

todas as gerações, porque realizou em mim maravilhas

aquele que é Poderoso e cujo nome é Santo.

Sua misericórdia se estende, de geração em geração,

sobre os que o temem.

Manifestou o poder do seu braço:

desconcertou os corações dos soberbos.

Derrubou do trono os poderosos

e exaltou os humildes.

Saciou de bens os indigentes

e despediu de mãos vazias os ricos.

Acolheu a Israel, seu servo,

lembrado da sua misericórdia,

conforme prometera a nossos pais,

em favor de Abraão e sua posteridade, para sempre”.

Maria ficou com Isabel cerca de três meses. Depois voltou para casa» (Lc 1,39-56).

 

Dar louvor

Hoje, com o seu Magnificat, a Virgem Maria nos ensina a dar louvor e glória a Deus. Com este convite, por meio do qual a Virgem Maria é contemplada na glória, ela nos exorta a superar o nosso modo exagerado de encarar os problemas e dificuldades habituais. Maria é capaz e, hoje, nos ensina também a olhar a vida de outro ponto de vista: o nosso coração é bem maior que os nossos pecados; e, se o nosso coração nos censurar, Deus é maior que o nosso coração! (cf. 1 Jo 3,20). Logo, não se trata, de uma ilusão, como se não houvesse problemas na vida, mas de valorizar a beleza e o bem que existe na vida, sabendo dar graças a Deus por tudo isso! Dessa forma, até os problemas se tornam relativos.

 

Deus surpreende

Outro aspecto, que merece destaque neste dia, é o fato de Maria ser virgem e Isabel estéril. Deus é aquele que vai “além”, que surpreende com a sua ação salvífica providencial.

 

A Meta

Maria encontra-se na glória de Deus; ela alcançou a Meta, onde, um dia, todos nos encontraremos. Eis porque, hoje, Maria é sinal de consolação e esperança, pois, se ela, criatura como nós, conseguiu, também nós conseguiremos. Mantenhamos nosso olhar e coração fixos naquela Mulher, que nunca abandonou seu Filho Jesus e, com Ele, agora, goza da alegria e da glória celeste. Confiemos em Maria! Que ela nos ajude a percorrer o caminho da vida, reconhecendo as grandes coisas, que Deus faz em nós e em torno de nós, sendo capazes de engrandecê-Lo com o Canto da nossa existência!

 

Fonte: https://www.vaticannews.va/


sexta-feira, agosto 11, 2023

32 ANOS DE ORDENAÇÃO SACERDOTAL PADRE MARCOS






Os sacerdotes fazem parte do cristianismo desde o início, e suas raízes estão já no Antigo Testamento

Um dos termos mais distintivos usados na Igreja Católica (embora às vezes usado por outras denominações) é a palavra “sacerdote”. É o termo mais comum usado para identificar um membro ordenado do clero e tem uma rica história no cristianismo.

Em inglês, a palavra “padre” – “priest” – é derivada do grego “presbyteros”, que significa “ancião”. O termo é usado em todo o Velho e Novo Testamentos para identificar um indivíduo que oferece um sacrifício a Deus.

O primeiro uso do termo está no livro de Gênesis, para identificar o misterioso Melquisedeque, que aparece do nada em um encontro com Abraão.

Melquisedeque, rei de Salém e sacerdote do Deus Altíssimo, mandou trazer pão e vinho, e abençoou Abrão, dizendo: “Bendito seja Abrão pelo Deus Altíssimo, que criou o céu e terra! Bendito seja o Deus Altíssimo, que entregou os teus inimigos em tuas mãos!” E Abrão deu-lhe o dízimo de tudo. (Gênesis 14, 18-20)

Mais tarde, desenvolve-se um sacerdócio levítico sob Moisés, que é mantido por vários séculos em um sacerdócio associado ao Templo Judaico. É dever do sacerdote judaico oferecer sacrifícios a Deus em nome do povo.

Jesus tornou-se conhecido entre os cristãos como o supremo sacerdote, Aquele que ofereceu  sua própria vida como sacrifício puro, substituindo o antigo sacerdócio por um novo sacerdócio.

Porém, já veio Cristo, Sumo Sacerdote dos bens vindouros. E através de um tabernáculo mais excelente e mais perfeito, não construído por mãos humanas (isto é, não deste mundo), sem levar consigo o sangue de carneiros ou novilhos, mas com seu próprio sangue, entrou de uma vez por todas no santuário, adquirindo-nos uma redenção eterna. (Hebreus 9, 11-12)

Seu sacerdócio também está ligado ao de Melquisedeque, como a Bíblia menciona: “onde Jesus entrou por nós como precursor, Pontífice eterno, segundo a ordem de Melquisedeque” (Hebreus 6, 20).

Isso conecta o sacrifício de Jesus de seu Corpo com a oferta do pão e do vinho na Última Ceia, inaugurando um novo sacerdócio. As cartas do Novo Testamento referem-se constantemente a esse sacerdócio, explicando como “presbíteros” são designados para várias comunidades cristãs.

Em cada igreja instituíram anciãos e, após orações com jejuns, encomendaram-nos ao Senhor, em quem tinham confiado. (Atos 14, 23)

Os sacerdotes católicos seguem nessa linha, oferecendo o sacrifício da missa que está espiritualmente ligado ao sacrifício de Jesus no altar da cruz. A vida de um sacerdote é em si um sacrifício, não apenas no contexto da missa, mas também em seu estilo de vida. Jesus chama cada sacerdote a seguir os seus passos: “se alguém quiser vir comigo, renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.” (Mateus 16, 24).

Deste modo, até os leigos são chamados a um tipo de sacerdócio, como explica o Catecismo da Igreja Católica: “A Igreja é, na sua totalidade, um povo sacerdotal. Graças ao Batismo, todos os fiéis participam no sacerdócio de Cristo. Esta participação chama-se «sacerdócio comum dos fiéis»” (CIC 1591). Este sacerdócio comum dos “se realiza no desenvolvimento da vida batismal – vida de fé, esperança e caridade, vida segundo o Espírito” (CIC 1547).

Embora nem todos sejam chamados ao sacerdócio ministerial, todos os católicos batizados são chamados a oferecer suas vidas diariamente como sacrifício a Deus.

Ser padre implica sacrifício, e essa definição sempre mostrou-se verdadeira ao longo da história.

 

Fonte : Aleteia








segunda-feira, agosto 07, 2023

MISSA DA MISERICÓRDIA E DO ENCONTRO EM SÃO PAULO









E o verdadeiro protagonista desta parábola é precisamente a semente, que produz frutos, em conformidade com o terreno onde ela caiu. Os primeiros três terrenos são improdutivos: ao longo da estrada a semente é comida pelos pássaros; no terreno pedregoso, os rebentos secam-se imediatamente porque não têm raízes; no meio dos arbustos a semente é sufocada pelos espinhos. E no terreno fértil, e somente neste terreno, a semente germina e produz frutos.

Jesus não se limitou a apresentar a parábola; também a explicou aos seus discípulos. A semente que caiu ao longo do caminho indica quantos ouvem o anúncio do Reino de Deus, mas não o acolhem; assim, sobrevém o Maligno e a leva embora. Com efeito, o maligno não quer que a semente do Evangelho germine no coração dos homens. Esta é a primeira comparação.

O segundo caso consiste na semente que caiu no meio das pedras: ela representa as pessoas que escutam a palavra de Deus e que a acolhem imediatamente, mas de modo superficial, porque não têm raízes e são inconstantes; e quanto se apresentam as dificuldades e as tribulações, estas pessoas deixam-se abater repentinamente.  É quando o homem se fecha à Palavra de Deus e, consequentemente, esta Palavra de Deus torna-se ineficaz.

O terceiro caso é o da semente que caiu entre os arbustos: Jesus explica que se refere às pessoas que ouvem a palavra, mas por causa das preocupações mundanas e da sedução da riqueza, é sufocada. Finalmente, a semente que caiu no terreno fértil representa quantos escutam a palavra, aqueles que a acolhem, cultivam e compreendem, e ela dá fruto.

Jesus mesmo explica o sentido da parábola: a semente é a Palavra de Deus que é lançada nos nossos corações e é sempre fecunda.  Cada o dia Jesus continua semeando. Quando aceitamos a Palavra de Deus e deixamos que ela entre na nossa vida, certamente ela irá germinar, crescer e dará frutos.  Jesus nos diz que as sementes, que caíram à beira do caminho, em meio às pedras e em meio aos espinhos não deram fruto. Pode acontecer isto, também com cada um de nós. Podemos ser como as sementes que caíram à beira do caminho: escutamos o Senhor, mas na nossa vida não muda nada, continuamos no mesmo erro, nada altera.

Também pode acontecer de sermos como aquele terreno pedregoso: acolhemos Jesus com entusiasmo, mas somos inconstantes; diante das dificuldades, não temos a coragem de ir contra a corrente. Também podemos ser como aquele terreno com espinhos: o mundo acaba sufocando em nós as Palavras do Senhor.

Todos nós, no fundo, queremos ser um terreno bom, onde a Palavra de Deus possa dar muitos frutos.  Se o semeador é Jesus e a semente é a Palavra, o terreno somos nós. E aqui está a nossa responsabilidade: tornar o nosso coração uma terra boa!  Nós seremos o terreno bom na medida em que tivermos a capacidade de nos deixar transformar pelo Evangelho, de adequar a ele nosso modo de pensar, de julgar os valores; numa palavra, de nos converter.

O Apóstolo Pedro certa vez disse a Jesus: “Tu tens palavras de vida eterna” (Jo 6,69). Como de fato, também nós devemos estar sempre convictos de que “Nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4,4). A parábola do semeador e da semente nos faz um alerta sobre a importância de ouvirmos a palavra de Jesus e colocar em prática os seus ensinamentos. E que possamos ser como aquele “terreno bom” para darmos muitos frutos. Sejamos também semeadores incansáveis da paz, do perdão e da esperança.  O acolhimento do Evangelho não depende nem da semente, nem de quem semeia; mas depende da qualidade da terra.

Esta parábola deve tocar a cada um de nós e nos fazer recordar que somos o terreno onde o Senhor lança todos os dias a semente da sua Palavra e do seu amor. E podemos perguntar: Com que disposição estamos acolhendo a Palavra de Deus?  Ela está fazendo efeito em nós?  Também não podemos esquecer que, de certo modo, também somos semeadores. Deus lança sementes boas, e também aqui podemos interrogar-nos: Que tipo de semente sai do nosso coração e da nossa boca? As nossas palavras podem fazer muito bem, mas também podem fazer mal. Podem curar e podem ferir. Podem animar e podem deprimir.


A Missa da Misericórdia e do Encontro foi celebrada na Paróquia de Santo Agostinho, Bairro Liberdade, São Paulo.






















sexta-feira, agosto 04, 2023

SÃO JOÃO MARIA VIANNEY









SÃO JOÃO MARIA VIANNEY

Padroeiro dos párocos

4 de agosto de 2023

 

Paróquia São Conrado



S. João Maria Vianney nasceu perto da cidade de Lião, em França, a 8 de Maio de 1786. Cedo descobriu a sua vocação para o sacerdócio. Mas foi excluído do seminário pela sua dificuldade nos estudos. Foi, então, ajudado pelo pároco de Écully e, com quase trinta anos, foi ordenado sacerdote em Grenoble. Em 1819, foi nomeado pároco de Ars. Permaneceu quarenta e dois anos a paroquiar a pequena aldeia, que transformou, graças à sua bondade, à pregação da palavra de Deus, a sua mortificação e à sua caridade. A sua fama espalhou-se de tal forma que gente de toda a parte o procurava para se confessar e ouvir os seus conselhos. Faleceu a 4 de Agosto de 1859. Foi canonizado por Pio XI, em 1925, que também o declarou padroeiro de todos os párocos.

Hoje, pretendo percorrer brevemente a vida do Santo Cura d'Ars, destacando alguns traços que possam servir de exemplo para os sacerdotes do nosso tempo, certamente uma época diferente daquela em que ele viveu, mas marcada, em muitos aspectos, pelos mesmos desafios fundamentais humanos e espirituais... O Santo Cura d'Ars sempre manifestou a mais alta consideração pelo dom recebido. Afirmava: "Que grandioso é o sacerdócio! Só se compreende bem no Céu... Mas, se o compreendesse sobre a terra, morrer-se-ia, não de temor, mas de amor". Além disso, quando criança, tinha confiado a sua mãe: "Se eu fosse padre, conquistaria muitas almas". E assim foi. No serviço pastoral, tão simples como extraordinariamente fecundo, este anónimo pároco de uma distante aldeia do sul da França conseguiu de tal modo identificar-se com o seu ministério que se tornou, de uma maneira visivelmente reconhecível,outro Cristo, imagem do Bom Pastor, que, ao contrário dos mercenários, dá a vida por suas ovelhas (cf. Jo 10:11). A exemplo do Bom Pastor, ele deu a vida durante as décadas do seu serviço pastoral. Sua existência foi uma catequese viva que adquiria uma eficácia particularíssima quando as pessoas o viam celebrar a missa, deter-se em adoração diante do sacrário ou passar muitas horas no confessionário... Atualmente, os desafios da sociedade moderna não são menos exigentes do que no tempo do Santo Cura d´Ars. Talvez até se tenham tornado mais complexos. Se naquele tempo havia a "ditadura do racionalismo", hoje verifica-se em muitos ambientes uma espécie de "ditadura do relativismo". Ambas oferecem respostas inadequadas à justa procura do homem... O racionalismo foi inadequado porque não teve em conta os limites humanos e aspirou a elevar apenas à razão a medida de todas as coisas, transformando-as numa ideia; o relativismo contemporâneo mortifica a razão, porque de fato chega a afirmar que o ser humano não pode conhecer nada com certeza além do campo científico positivo. Hoje, como então, o homem, "mendicante de significado e completude", sai em permanente busca de respostas exaustivas às questões de fundo, que não cessa de se colocar... O ensinamento que a este propósito continua a transmitir o Santo Cura d'Ars é que, na base de tal empenho pastoral, o sacerdote deve cultivar uma íntima união pessoal com Cristo, fazendo-a crescer dia após dia. Só se estiver apaixonado por Cristo, o sacerdote poderá ensinar a todos esta união, esta amizade íntima com o divino Mestre; poderá tocar os corações das pessoas e abri-las ao amor misericordioso do Senhor. Só assim poderá infundir entusiasmo e vitalidade espiritual à comunidade que o Senhor lhe confia... (Extratos de um discurso de Bento XVI, em 5 de Agosto de 2009).


Fonte: Dehonianos