sexta-feira, novembro 29, 2024

PREPARAÇÃO DA FESTA DE SÃO CONRADO DE CONSTANÇA










Evangelho de hoje nos apresenta palavras de Jesus que, à primeira vista, podem nos parecer sombrias. Ele fala da destruição de Jerusalém, de calamidades e sinais no céu, e de um futuro marcado por angústia e medo. Mas, no meio dessas palavras que descrevem o caos, Jesus nos entrega uma mensagem de esperança: “Levantai-vos e erguei a cabeça, porque a vossa libertação está próxima.”

Este é o coração do Evangelho de hoje: mesmo em meio às trevas e às tribulações, a luz de Cristo brilha, apontando para a vitória final do Reino de Deus.

Jesus começa falando da destruição de Jerusalém, que seria cercada e devastada por exércitos inimigos. Este evento histórico realmente aconteceu no ano 70 d.C., quando a cidade foi arrasada pelos romanos. Mas as palavras de Jesus vão além de um fato específico. Jerusalém representa para nós aquilo em que, muitas vezes, depositamos nossa confiança: segurança material, estruturas humanas, riquezas e conquistas.

Jesus nos alerta que nada disso é permanente. Assim como Jerusalém foi destruída, tudo neste mundo é passageiro. Por isso, Ele nos chama a não construir nossas vidas sobre alicerces frágeis, mas sobre o que é eterno: o amor de Deus e a esperança na vida eterna.

Jesus fala de sinais no céu e na terra, de nações angustiadas, de pessoas desmaiando de medo diante do que está por vir. Essas imagens são fortes e podem nos assustar. Mas, atenção: o objetivo de Jesus não é nos paralisar pelo medo, mas nos despertar para a vigilância e para a confiança.

Esses sinais nos lembram que o mundo, em sua forma atual, está destinado a passar. As forças que parecem inabaláveis serão abaladas. Mas para os que confiam em Cristo, isso não é o fim, mas o começo de algo novo e glorioso.

No meio de tudo isso, Jesus nos dá a promessa que transforma nossa visão: “Então eles verão o Filho do Homem, vindo numa nuvem com grande poder e glória.” Este é o ponto central da nossa fé. Jesus, que sofreu e morreu por nós, voltará em glória para estabelecer definitivamente o Reino de Deus.

Para os que esperam em Cristo, este é o momento da libertação, da vitória, da vida eterna. É a certeza de que toda dor, toda injustiça e todo sofrimento terão fim. Por isso, em vez de desespero, Jesus nos convida a “levantar e erguer a cabeça”. A libertação está próxima! A vitória não pertence ao caos, mas a Cristo.

O Evangelho de hoje nos desafia a refletir: como estamos vivendo diante dessas verdades? Estamos preparados para o momento em que o Filho do Homem voltará? Ou estamos tão distraídos com as preocupações do mundo que esquecemos da eternidade?









terça-feira, novembro 26, 2024

CELEBRAÇÃO DO SACRAMENTO DO CRISMA

 






O sacramento da Confirmação (ou crisma), em comparação com os demais, parece carecer de uma especificidade, de uma finalidade. Basta observar os outros seis Sacramentos para perceber essa aparente falta de sentido.

Santo Tomás de Aquino, na Suma Teológica, III Parte, na Questão nº 72, artigo 5, diz o seguinte: "Como o batismo é uma geração espiritual para a vida cristã, assim a confirmação é um crescimento espiritual que faz o homem avançar até a idade perfeita espiritual". Trata-se, portanto, de um crescimento e é por isso que na lista dos sete sacramentos, a crisma está em segundo lugar, não em ordem de importância, mas segundo a natureza.

Existe diferença entre uma pessoa que foi apenas batizada e outra que já recebeu a crisma. Santo Tomás diz que "o sacramento dá confirmação dá ao homem um poder espiritual para determinadas outras ações sagradas, além daquelas para as quais o batismo o qualifica." Deste modo, ao ser batizado, o homem recebe um poder e, ao ser crismado, recebe um poder ainda maior.

"Pois no batismo o homem recebe o poder de realizar o que concerne à salvação pessoal, enquanto vive para si mesmo: mas na confirmação recebe o poder de realizar o que concerne ao combate espiritual contra os inimigos da fé." O poder do sacramento da confirmação confere ao homem uma missão pública, voltada para o outro, para a Igreja.

Finalizando a resposta, Santo Tomás diz: "Como se patenteia pelo exemplo dos apóstolos que, antes de receberem a plenitude do Espírito Santo, estavam no cenáculo "assíduos na oração"; depois, porém, saíram e não temiam confessar a fé publicamente, mesmo diante dos inimigos da fé cristã. Assim, é patente que o sacramento da confirmação imprime caráter." A Confirmação faz com que a pessoa se torne um cristão público, com coragem para enfrentar os principais inimigos da fé: a carne, o mundo e o diabo.

A Crisma dá ao soldado de Cristo mais recursos para enfrentar o inimigo. Santo Tomás afirma que "o combate espiritual contra os inimigos invisíveis cabe a todos. Mas a luta contra os inimigos visíveis, isto é, contra os perseguidores da fé, pela confissão do nome de Cristo, é própria dos confirmados que já chegaram espiritualmente à idade viril."

O Catecismo da Igreja Católica cita este mesmo ensinamento de Santo Tomás para falar da Confirmação. Ele diz no número 1305:

"deve-se dizer que todos os sacramentos são declarações de fé. Mas o batizado recebe o poder espiritual de confessar a fé em Cristo pela recepção dos demais sacramentos; o confirmado, porém, recebe, como por dever de ofício, o poder de professá-la com palavras, publicamente."

Quem recebe o sacramento da Confirmação deve, portanto, professar a fé publicamente. Eis aqui a diferença entre um batizado e um confirmado. A crisma é um verdadeiro Pentecostes para o fiel cristão, pois ela o introduz na vida pública. O Espírito Santo é justamente o auxílio que vem do alto, dando a força necessária para que a pessoa se torne um soldado da estirpe de Cristo.



















segunda-feira, novembro 18, 2024

33º DOMINGO DO TEMPO COMUM









O Evangelho que acabamos de ouvir é, ao mesmo tempo, um alerta e uma promessa. Jesus nos fala de eventos cósmicos, tribulações e da gloriosa vinda do Filho do Homem. Palavras que nos deixam atônitos, mas também cheias de esperança. Não são palavras de medo, mas de preparação e confiança.

 

O drama do fim: sinais no céu e na terra

Jesus descreve um cenário dramático: o sol se escurece, a lua perde seu brilho, estrelas caem do céu. Essas imagens não são literais; são símbolos de uma transformação profunda. Elas nos falam de como o Reino de Deus não é apenas uma renovação, mas uma revolução total. Tudo aquilo que parecia permanente — como o sol e a lua — será abalado. Jesus nos mostra que o que é terreno e material tem fim. Mas Ele também nos diz que a sua Palavra é eterna.

E isso é um conforto. Porque, quando o mundo parece desabar, quando as tribulações nos cercam, é em Cristo que encontramos estabilidade. Sua promessa não falha

 

A vinda do Filho do Homem

Depois de descrever o caos, Jesus nos dá a visão mais gloriosa: “vereis o Filho do Homem vindo nas nuvens com grande poder e glória.” Que cena grandiosa! Essa imagem de Jesus vindo nas nuvens nos lembra que Ele é o Rei, o Senhor do Universo. Ele virá para reunir os eleitos, para restaurar todas as coisas.

Mas atenção! Essa vinda não é um momento para especular. Jesus deixa claro: ninguém sabe o dia ou a hora, nem mesmo os anjos. Por isso, o foco não está em “quando” Ele virá, mas em como estamos vivendo enquanto esperamos. Estamos prontos para recebê-Lo? Estamos vivendo como Ele nos ensinou?


terça-feira, novembro 05, 2024

DIA DE TODOS OS SANTOS






Para além das imagens que podem suscitar uma boa interpretação teológica, a primeira leitura retirada do Livro do Apocalipse (Ap.7,2-4.9-14), nos apresenta a esperança concretizada. João vê a santidade que foi plantada, regada, frutificada e colhida ao longo da história da salvação. As situações concretas da vida cotidiana são, às vezes, carregadas de sofrimento. Feliz é quem permanece fiel em momentos de angústia, de perseguição e crise. Em linguagem apocalíptica, feliz é quem alveja suas vestes no sangue do Cordeiro. Essa expressão significa assumir a veste nova do batismo em situação de perseguição, sofrimento e martírio, a ponto de se identificar com o Cristo crucificado. Os santos são aqueles cuja consciência de pertença a Cristo é tão forte, que os leva a tudo realizar por amor a Deus. O que alimenta as suas ações é o amor; o mesmo amor oblativo que moveu Jesus Cristo na oferta da própria vida na cruz. Os membros desta inumerável multidão não estão mortos, mas vivos. Não são membros de um grupo fechado e elitista.

            Por isto, na segunda leitura (1Jo 3,1-3), ao escrever para uma de suas comunidades, o mesmo São João, lembra aos seus membros e fiéis que pela filiação divina todos recebemos o mesmo chamado. Deus no seu infinito amor, por meio de seu Filho Unigênito, Jesus Cristo, nos acolheu como filhos! Somo filhos no Filho. Assim entendemos que a santidade consiste em vivermos como filhos e filhas de Deus. Pelo batismo que nos foi dado, recebemos a graça de sermos seus filhos adotivos; chamados a participar da glória eterna. O chamado de revelar ao mundo a santidade de Deus através de nossa própria santificação. Para João, se Deus, no seu imenso amor, faz de nós seus filhos, não nos pode abandonar. Por isto, em Jesus e na sua Ressurreição, contemplamos já o futuro de todos que pertencem à família divina: seremos semelhantes a Ele.

            Mas como alcançar a santidade?  As bem-aventuranças apresentadas hoje no Evangelho (Mt. 5,1-12) são como que um programa a ser seguido para quem almeja alcançar a coroa da santidade. Elas são um caminho de santidade que sintetiza o rosto do testemunho e do testamento espiritual do próprio Jesus de Nazaré. Cristo é a fonte da santidade dos cristãos. As Bem-aventuranças foram primeiramente vividas por Jesus e, por isso, Ele se tornou o critério pelo qual discernimos se estamos vivendo ou não de acordo com a vontade de Deus. As Bem-aventuranças representam uma vida ética que, quando vivida com seriedade, é capaz de renovar as pessoas e transformar a sociedade, como o demonstra a vida de todos os santos.

            Viver a santidade ou a bem-aventurança é um desafio para almas fortes e generosas. Afinal não é fácil ser pobre em espírito e no coração em um mundo que glorifica o poder, o ter e o domínio sobre os outros. Ser manso em um mundo agressivo e violento; ter e manter o coração puro diante da corrupção e da ganância, buscar alcançar a paz enquanto tanto no mundo declaram a guerra.

            Contudo, contrariamente àquilo que encontramos nas biografias embelezadas por acontecimentos místicos e sobrenaturais, os santos não foram perfeitos. Os santos foram pessoas em caminhada em direção à perfeição que se completa ao se alcançar “a maturidade, a estatura de Cristo em plenitude” (cf: Ef. 4,13).  São e foram peregrinos da vida quotidiana, a maior parte deles realizou feitos heroicos ou prodígios. Com certeza temos alguns que produziram realizações espetaculares na história da Igreja. Mas muitos outros, e podemos dizer na sua maioria, são os santos da simplicidade e vida discreta que viveram a santidade a partir de sua vida em família e nos limites de sua própria vida de fé e que faleceram na discrição da santidade conhecida apenas por Deus. Mas todos unanimemente apresentam um rosto com traços de Cristo. Encontramos em cada um dos santos e santas um mesmo perfil: Vidas que deixaram-se formar, modelar e se transformar por Cristo.

 

1)   A multidão , da Primeira Leiurua , somos nós

2)   Confirmado na Segunda leitura

3)   A santidade de vida se dá no dia a dia








segunda-feira, novembro 04, 2024

DIA DE FINADOS










Queridos irmãos e irmãs, estamos hoje aqui reunidos para a Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos, o dia em que lembramos daqueles que partiram, nossos entes queridos, amigos e irmãos na fé. E neste dia, o Evangelho nos traz as palavras de Jesus sobre a vigilância, sobre a espera e a preparação. É uma passagem que nos fala de prontidão e de esperança, duas atitudes que o cristão deve cultivar com o coração cheio de amor.

Jesus começa com uma imagem muito clara: “Que vossos rins estejam cingidos e as lâmpadas acesas.” Ora, ele nos pede que estejamos sempre prontos, cingidos, como aqueles que esperam para partir, como quem está preparado para a viagem. Ele nos diz que devemos ter nossas lâmpadas acesas. Mas o que significa essa luz que devemos manter acesa? É a nossa fé, irmãos! A luz que Jesus nos pede para manter acesa é a chama da fé, que nos permite enxergar a vida além da morte, que nos ajuda a ver com os olhos da esperança.

 

Jesus continua com outra imagem poderosa: a de um senhor que volta de uma festa de casamento e encontra seus empregados acordados, prontos para lhe abrir a porta. E ele diz: “Felizes os empregados que o senhor encontrar acordados quando chegar.” Isso é mais do que uma advertência; é uma promessa. Jesus diz que esses empregados serão servidos pelo próprio senhor. Imaginem só! Um senhor que serve seus empregados? Isso é uma imagem de amor e humildade, e é exatamente assim que Deus nos acolhe na eternidade.

 

Quando lembramos nossos fiéis defuntos, pensamos neles como esses servos fiéis que esperaram com as lâmpadas acesas. Eles viveram suas vidas na fé e na esperança, e agora descansam no Senhor. Eles nos mostram que a vida aqui é apenas uma parte da jornada. A morte, que para muitos parece o fim, é na verdade o momento em que o senhor chega e bate à nossa porta para nos levar para a festa eterna.

 

Mas, como Jesus nos alerta, “o Filho do Homem vai chegar na hora em que menos o esperardes.” Essa é uma verdade que às vezes preferimos não pensar. Quem sabe o dia ou a hora? Não sabemos, e essa incerteza nos desafia a viver cada dia como um presente, a aproveitar cada oportunidade de amar, de perdoar, de servir. A vida é breve, e é justamente essa brevidade que a torna tão preciosa.

 

Hoje, ao lembrarmos dos que já se foram, estamos também refletindo sobre a nossa própria vida. Jesus nos chama a viver de forma vigilante, a estar prontos, a ser luz para o mundo enquanto estivermos aqui. Porque, assim como eles partiram, também um dia nós partiremos, e então o Senhor baterá à nossa porta. Que ele nos encontre com as lâmpadas acesas e o coração cheio de amor.

 

Portanto, irmãos, não vivamos como se tivéssemos todo o tempo do mundo. Não deixemos para depois o amor que podemos dar agora, o perdão que podemos oferecer, a palavra de conforto que podemos dizer. Porque, como nos ensina este Evangelho, é na simplicidade da espera, no pequeno gesto de acender uma lâmpada, que demonstramos nossa fé.

 

Que neste Dia de Finados possamos recordar com carinho aqueles que partiram, confiantes de que eles já estão à mesa com o Senhor, sendo servidos pelo próprio Deus, que os acolheu com amor. E que possamos nós também, em nossa caminhada, manter as lâmpadas acesas, preparados, esperando a hora de nos encontrarmos com Ele, cheios de esperança. Amém.