domingo, março 31, 2013

VIGÍLIA DA PÁSCOA 2013

RECONHECIDO PELOS ANTIGOS COMO UM DOS QUATRO ELEMENTOS DO MUNDO, O FOGO É UM PRINCÍPIO ATIVO. SUAS CARACTERÍSTICAS SÃO CERTA “MATERIALIDADE” OU “ESPIRITUALIDADE”, QUE O TORNA PRÓXIMO A DEUS. TEM CAPACIDADE DE PURIFICAR E REGENERAR.

Na Bíblia, o FOGO é sinal da presença e ação de Deus no mundo (1Rs 19,12), é expressão da santidade e transcendência divinas.
 Na liturgia da VIGÍLIA PASCAL, o fogo representa a grande teofania de Deus: a nova criação realizada na ressurreição de Jesus.
A LUZ é força fecundante, condição indispensável para que haja vida. 
Em oposição às trevas, símbolo do mal, da infelicidade, da perdição e da morte, a luz exalta o que é belo e bom.
 Na Bíblia, DEUS É LUZ (Sl 27,1; Is 9,1). 
JESUS É A LUZ DO MUNDO (Jo 8,12; 9,5). 
Quem crê se torna luz (Mt 5,14), reflexo da luz de Cristo (2Cor 4,6). 

A vida inspirada pela fé é um “caminhar na luz” (1Jo 2,8-11). A transfiguração de Jesus, manifestação de sua filiação divina, é uma antecipação da glória pascal que ilumina os que crêem.
Entre todos os simbolismos que derivam da LUZ e do FOGO, o CÍRIO PASCAL é a expressão mais forte por sua riqueza de significados.  É a fusão da lua cheia de Nisan (símbolo da salvação pascal) e o rito da luz (quando, ao fim da tarde, os hebreus acediam as lâmpadas), que é uma ação pelo dom da luz.
Representa CRISTO RESSUSCITADO, vencedor das trevas e da morte (os cravos do círio), Senhor da história (os algarismos), princípio e fim de tudo (Alfa e Omega), sol que não conhece acaso. 
É aceso com o fogo novo, produzido em plena escuridão, pois na Páscoa tudo renasce.
A tipologia da luz é descrita no EXULTET, que forma um todo orgânico com o anúncio da libertação pascal.
A aclamação “Eis a luz de Cristo” é um memorial da Páscoa. A procissão com o círio marca a presença de Cristo no meio do seu povo. 
HOMILIA DE PADRE MARCOS BELIZÁRIO FERREIRA
“Duelam forte e mais forte é a vida que vence a morte”. A vida é mais forte. 
O amor supera e vence a morte. O silêncio da vigília pascal está grávido de aleluia. Os anjos que crêem em Cristo já podem preparar a festa, como as mulheres que, ao contemplar de longe o lugar em que depositaram o corpo de Jesus
teimavam em crer que a vida é mais forte, e foram premiadas por sua fé e coragem. Nosso último inimigo foi vencido.
As portas da vida que não termina foram abertas pelo primogênito dentre os mortos, a brilhante estrela da manhã. As leituras procuram dar uma panorâmica da História da Salvação, desde a criação até a nova criação realizada na morte-ressurreição de Jesus. Grosso modo, representam as várias etapas dessa história.  

De fato, parte-se do Gênesis 1,1-2,2, onde “tudo era bom”(I Leitura). No sacrifício de Isaac e na fé de Abraão (Gn 22,1-18) estão prefigurados o sacrifício de Jesus e a adesão dos fieis, pela fé em Cristo, ao projeto de Deus (II Leitura). A libertação de Israel da escravidão ( Ex 14,15-15,1) anuncia a libertação definitiva em Cristo e a “passagem” dos cristãos da morte à vida (III Leitura). 
As crises de Israel no exílio em Babilônia (Is 54,5-14) suscitam a memória do amor perene de Javé por seu povo, suas esposa ( IV Leitura). As promessas de Deus se cumprem na história, fecundando de esperança a vida das pessoas (Is 55,1-11), e essas promessas atrairão todos os povos a Deus (V Leitura)  

Quem foi infiel: Javé ou Israel? Baruc ( 3,9-15.32-4,4), exorta Israel a tomar consciência do que fez, convidando-o ao arrependimento (VI Leitura). Esgotados todos os recursos para salvar o povo, Deus anuncia a nova aliança (Ez 36,16-17a.18-28), na qual ele será nosso Deus e nós seremos seu povo (VII Leitura). 

Essa nova aliança foi selada na morte-ressurreição de Jesus (Evangelho) e nós a renovamos em nosso Batismo (Rm 6,3-11). Com anúncio vitorioso: “Ele ressuscitou! Não está aqui!” os cristãos começam a celebrar o memorial da presença de Deus no meio do povo (Eucaristia) 

Esse memorial inicia com o Batismo: mortos com Cristo, viveremos para Deus (Epístola, liturgia batismal)". 

   
"Esta é a PÁSCOA em que é imolado o cordeiro.
Esta é a noite em que foram libertados nossos pais do Egito. Esta é a noite que nos salva da escuridão do mal.  Esta é a noite em que Cristo venceu a morte, e  retorna vitorioso.


Ó admirável condescendência do teu amor
Ó admirável ternura e caridade 
 Que para resgatar o escravo, sacrificaste o Filho. Sem o pecado de Adão, o Cristo não nos teria resgatado.
"A ÁGUA" é símbolo da vida. 
  A descida do catecúmeno à fonte batismal é assimilada à descida de Cristo à profundezas da terra a força fecundante de Cristo, gerador de vida nova, para que todos os que se banharem nessa água fecundada se tornem filhos de Deus. 
A imersão do círio pascal na água é a união do elemento divino com o humano. 
 Representa a eficácia do sangue redentor de Cristo, comparado à água que lava. 
Ó feliz culpa que mereceu tão grande Redentor, ó feliz culpa!
Nesta noite aceita Pai Santo este sacrifício de louvor 
que a Igreja te oferece por meio dos ministros.
Na liturgia solene deste Círio que é sinal da nova luz.
Nós te rogamos, Senhor, que este Círio oferecido em honra do teu nome brilhe radiante.
Chegue a ti como perfume suave e se confunda com as estrelas do céu.
O encontre aceso a estrela da manhã, esta estrela que não conhece o acaso.
Que é Cristo teu Filho, Ressuscitado, Ressuscitado da morte.
Amém, Amém, Amém, Amém. 




sábado, março 30, 2013

SEXTA-FEIRA DA PAIXÃO 2013


Que atitude deve ter o crente então hoje? Mergulhar na dor de Cristo, deixar-se compenetrar e “impressionar”; mas não ficar nisso. 
A dor é somente um sinal; a realidade significada é seu amor por nós.
 E diante da prova suprema de que Cristo nos ama (visto que “não há amor maior do que dar a vida pela pessoa amada”) 
 não se pode dar o primado à compaixão nem à  compunção; o primado deve ser do estupor, da gratidão e da alegria.
Os escritos de João: “com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único (Jo 3 ,16), 
 e de Paulo: “Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim.
A minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no filho de Deus, que me amou e se entregou por mim (Gl 2,20)
  são frases com ponto de exclamação, exprimem estupefação.
 Diante de nossa compaixão, Jesus nos poderia dizer: É só isto que sabes dar-me em resposta? 
A cruz simboliza as duas direções que se cruzam do mandamento do amor: o amor a Deus na direção vertical e o amor ao próximo na direção horizontal. 
Quem ama não quer ser compadecido, mas amado: “Quem não amaria a quem nos ama?”
- dizia São Boaventura; isto é: como não amar a quem nos amou tanto? 
 E Paulo: “Se alguém não amar o Senhor, seja maldito!”(1 Cor 16,23)
Esta é a verdadeira adoração espiritual da cruz, que é adoração da sua potência salvadora, mas também do amor sem limites de que é sinal.
 Gratidão, amor, admiração, portanto, esperança. Se Deus não poupou o próprio Filho, mas o entregou por todos nós, como não nos haverá de agraciar em tudo junto com  ele?
Quem acusará os eleitos de Deus? Quem nos separará do amor de Cristo?
  Mas em tudo isto, inclusive a morte, somos mais que vencedores, graças àquele que nos amou até a cruz (Rm 8,31-37).