Amados
irmãos, o Evangelho de hoje nos chama com força à vigilância espiritual. “Vós
também, ficai preparados!” Não como quem vive com medo, mas como servos fiéis
que esperam, com esperança viva, o Senhor que vem. Jesus nos coloca diante da
imagem do servo atento, com os rins cingidos e as lâmpadas acesas, à espera de
seu Senhor que volta das núpcias.
Não
tenhas medo
Logo
no início, Cristo nos acalma o coração: “Não tenhas medo, pequeno rebanho,
porque foi do agrado do Pai dar-vos o Reino”. Aqui está o ponto de partida da
nossa vigilância: não o pânico, mas a confiança. O Pai deseja dar-nos o Reino.
A vigilância, portanto, não é medo de perder, mas zelo por não desperdiçar.
Jesus
continua com um convite claro: “Vendei vossos bens e dai esmola. Fazei bolsas
que não se gastam.” Ou seja, invistam no que é eterno, não no que passa. Há
aqui um chamado à liberdade interior: quem está preso às riquezas e à
autossuficiência, não conseguirá esperar o Senhor com o coração leve. Ele será
como o servo distraído, embriagado com os banquetes do mundo, insensível às
necessidades do próximo.
A
vinda do Senhor
Na
teologia espiritual, esta parábola reflete o modo escatológico de viver a fé:
conscientes de que este mundo passa, vivemos o presente com responsabilidade e
expectativa. Não adianta conhecer a doutrina se ela não se traduz em escolhas.
A vinda do Senhor será como um ladrão — não para nos roubar, mas para nos
surpreender. E será feliz aquele servo que Ele encontrar cumprindo fielmente a
sua missão.
Pedro
pergunta: “Senhor, é para nós que dizes essa parábola ou para todos?” E Jesus
responde com outra imagem: o administrador fiel, a quem o Senhor confia sua
casa. Esse administrador não é apenas uma figura dos apóstolos ou dos líderes
da Igreja; é cada batizado, cada cristão, chamado a cuidar do que lhe foi
confiado: sua família, seu trabalho, sua fé, sua alma.
A quem
muito foi dado
Contudo,
quanto mais recebemos, mais será exigido de nós. Jesus é claro: “A quem muito
foi dado, muito será pedido.” Essa frase, ao mesmo tempo, nos responsabiliza e
nos dignifica. O Senhor confia tanto em nós, que nos dá dons, nos revela
mistérios, nos coloca como guardiões do Reino. Mas isso não é para orgulho, é
para serviço.
Na
vida cotidiana, essa vigilância se traduz em atitudes concretas:
–
Não adiar o bem que podemos fazer hoje.
–
Cultivar a oração como lâmpada acesa.
–
Viver com sobriedade, sem se distrair com excessos.
–
Ser fiel nas pequenas tarefas.
–
Estar reconciliado com Deus e com os irmãos.
A
vigilância cristã não é tensão, é prontidão. Como a noiva que espera o noivo,
como o lavrador que prepara a colheita, vivemos o presente com olhos fixos na
eternidade.
Ficai
preparados!
Portanto,
irmãos e irmãs, não durmamos no comodismo, nem fujamos para a agitação sem
sentido. Estejamos despertos, não o fim dos tempos, mas para cada momento em
que o Senhor se aproxima: nas dores dos que sofrem, nos pedidos discretos dos
pobres, nas oportunidades diárias de amar melhor.
Porque
o Senhor virá. E feliz o servo que Ele encontrar vigilante.
Vós
também, ficai preparados! Amém.