quinta-feira, janeiro 15, 2015

"DOZE PONTOS DIRETO DE PARIS" - POR PADRE MARCOS BELIZÁRIO


1. Dizer “Je suis Charlie” não é estar de acordo com o Jornal Charlie Habdo;
2. “Je suis Charlie” é um slogan;

3. As charges do Jornal Charlie Habdo eram de mau gosto, de um humor “ácido”, mas nada justifica a morte dos jornalistas;
4. Dizer “Je ne suis pas Charlie” pode ser um ato tão radical como o fundamentalismo religioso ou de imprensa;

5. Hoje, uma semana depois dos atentados, os franceses pensam e repensam sobre a liberdade de imprensa, mas também a liberdade de religião, assim como a formação das crianças para um COEXISTIR numa sociedade livre e multicultural;
6. Falta uma liderança positiva junto aos nossos irmãos Mulçumanos para que possam refletir sobre o que propõe o Corão;

7. Falta uma liderança política na Europa, talvez no Mundo que faça com que o tema “liberdade” possa ser amadurecido e se encontre um caminho por uma “liberdade” que verdadeiramente liberte para a verdade e para a justiça; 

8. No Brasil também temos extremistas e fundamentalistas religiosos (cristãos e não cristãos), também temos um fundamentalismo de imprensa e absolutamente nada é feito para detê-los ou educá-los;

9. No Brasil também nos falta liberdade para discutir sobre questões sociais (educação, saúde, segurança,etc), 
logo não podemos fazer observações sobre o comportamento de outras nações, como por exemplo, não nos cabe um posicionamento contra a grande marcha de 11 de janeiro de 2015 em Paris ou a morte de milhares pessoas na Nigéria, quando no Brasil milhares já morreram vitimados por violência extrema e nada é feito para detê-la;

10. Hoje se fala de um “islãmofobismo”, assim como “cristianofobia”, mas parece que já desde muito existe um “OCIDENTE-FOBIA” por parte dos islâmicos fundamentalistas, e para todos os preconceitos temos que procurar um fim imediato.

11. Fica a pergunta: se o Ocidente, particularmente a França é tão ruim, o que fazem aqui os que odeiam esse lugar?

12. Os milhões de franceses que estiveram na grande marcha de 11 de janeiro não concordam ou nem conheciam Charlie Habdo, mas eles amam a França, eles amam o seu país e o defendem . Isso é democracia.
Padre Marcos Belizário Ferreira
Paris, 15 de janeiro de 2015.

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MENSAGEM RECEBIDA DO JIRJ – JOVENS JUDEUS, CATÓLICOS E MUÇULMANOS DO RIO DE JANEIRO

Nós, judeus, católicos e muçulmanos da Juventude Inter-Religiosa do Rio de
Janeiro (JIRJ) – grupo que busca promover o diálogo e a paz entre as diferentes
religiões –, repudiamos os atentados ocorridos na última semana em Paris ao jornal
Charlie Hebdo e ao mercado kosher. Diversos inocentes morreram na ocasião,
entre judeus, cristãos e muçulmanos. 


Somos a favor da vida, da liberdade de
expressão, de culto e da crítica pacífica. 

Nos colocamos contra qualquer tipo de violência e de discriminação social,
étnica ou religiosa. Somos jovens brasileiros e acreditamos que a identidade
nacional independe da identidade religiosa de cada cidadão, e que todos temos
direitos civis igualitários. 


Entendedores da Torah, do Novo Testamento e do Alcorão, percebemos que nenhuma religião é passível de culpa pela violência.
Somente os homens podem ser responsáveis pela interpretação que dão a um
documento, seja ele religioso ou civil. 

Estamos juntos neste momento difícil, e seguiremos juntos com o nosso
objetivo de contribuir para uma sociedade mais justa e mais humana, com todo o
coração e esperança pela harmonia entre as religiões. Que as almas dos
assassinados descansem em paz, e que da tragédia possa surgir a união pela paz e
pela fraternidade.
“Se você salvar uma vida, é como se estivesse salvando o mundo inteiro” –
Talmude Sanedrin37a.


“Eu vim para que todos tenham vida, e vida em abundancia!” (Biblia – Evangelho
de João 10, 10)
“Quem matar uma pessoa, será considerado como se tivesse assassinado toda a
humanidade, e quem a salvar, será reputado como se tivesse salvo toda a
humanidade” – Alcorão Sagrado (5:32)

JIRJ 



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