Antes
de mais, temos de considerar a mensagem principal do nosso texto... João, o
Batista, afirma claramente que preparar a vinda do Messias passa pela
"metanoia" - isto é, por uma transformação total do homem, por uma
nova atitude de base, por uma outra escala de valores, por uma radical mudança
de pensamento, por uma postura vital inteiramente nova, por um movimento
radical que leve o homem a reequacionar a sua vida e a colocar Deus no centro
da sua existência e dos seus interesses. Neste tempo de Advento, de preparação
para a celebração do Natal do Senhor, trata-se de uma proposta com sentido:
preparar a vinda de Jesus exige de nós uma transformação radical da nossa vida,
dos nossos valores, da nossa mentalidade.
O
"estilo de vida" de João constitui uma interpelação pelo menos tão
forte como as suas palavras. É o testemunho vivo de um homem que está
consciente das prioridades e não dá importância aos aspectos secundários da
vida - como sejam a roupa "de marca" ou a alimentação cuidada. A
nossa vida também está marcada por valores, nos quais apostamos e à volta dos
quais construímos toda a nossa existência... Quais são os valores fundamentais
para mim, os valores que marcam as minhas decisões e opções? São valores importantes,
decisivos, eternos, capazes de me dar vida e felicidade, ou são valores
efémeros, particulares, egoístas e geradores de dependência e escravidão? Como
nos situamos frente a valores e a um estilo de vida que contradiz, claramente,
os valores do Evangelho?
Ao
acentuar o carácter decisivo e determinante do apelo de João, Marcos
convida-nos a uma resposta objetiva, franca, clara e decidida. Não podem
existir meias palavras ou tentativas de protelar a decisão... Estamos ou não
dispostos a dizer "sim" aos apelos de Deus? Estamos ou não dispostos
a aceitar a sua proposta de "metanoia"? Não chega dizer
"talvez" ou "sim, mas...". Deus espera uma resposta total,
radical, decidida, inequívoca à oferta de salvação que Ele faz. Isso significa
uma renúncia decidida ao nosso comodismo, à nossa preguiça, ao nosso egoísmo, à
nossa autossuficiência e um embarcar decidido na aventura do Reino que Jesus,
há mais de dois mil anos, veio propor aos homens...