Homilia
de Padre Marcos Belizário Ferreira
XXIX
Domingo do Tempo Comum – Ano C
A parábola do Evangelho não se pode explicar como se tratasse
de um simples ensinamento sobre a insistência e a constância na oração.
Não corresponde ao estilo de Jesus Cristo um ensinamento que induz o discípulo a forçar a vontade de Deus, para O fazer mudar de idéias e obrigá-Lo a fazer aquilo que nós queremos! Pelo contrário, a parábola é provocatória e, para a compreendermos bem, temos de entender a inversão de perspectiva.
Não corresponde ao estilo de Jesus Cristo um ensinamento que induz o discípulo a forçar a vontade de Deus, para O fazer mudar de idéias e obrigá-Lo a fazer aquilo que nós queremos! Pelo contrário, a parábola é provocatória e, para a compreendermos bem, temos de entender a inversão de perspectiva.
Jesus quer dizer, antes de mais, que Deus não é assim:
Deus não é injusto e desonesto. Deus não deve ser obrigado a fazer o bem. A
insistência de que se fala não é a obstinação ou a fixação religiosa: não é uma
atitude filial e confiante que pretende obrigar Deus a fazer o que nós
queremos, a fazer a “nossa vontade'.
Jesus conclui a narrativa com uma pergunta que pretende driblar os Seus ouvintes: se um juiz desonesto cede, com muito maior razão o Senhor, que é bom, misericordioso e justo, acolhe a oração dos Seus Filhos.
Jesus conclui a narrativa com uma pergunta que pretende driblar os Seus ouvintes: se um juiz desonesto cede, com muito maior razão o Senhor, que é bom, misericordioso e justo, acolhe a oração dos Seus Filhos.
A questão, portanto, não é a pessoa a quem se pede,
mas aquilo que se pede. De fato, a viúva pedia com insistência que lhe fosse
feita “justiça” contra o seu “adversário”(Lc 18,3), e Jesus assegura que Deus
“fará justiça bem depressa” aos Seus eleitos, que “por Ele clamam dia e noite”
(18,7-8). É este o centro de interesse: a “justiça”.
Poderíamos dizer que se trata de uma parábola paulina,
isto é, de uma narração que Lucas aprendeu ouvindo o Apóstolo São Paulo, muito
interessando no tema da justiça. Pedir ao senhor que nos “faça justiça”significa
desejar com todas as forças tornarmo-nos justos, obter uma boa relação com Ele,
crescer na amizade com o Senhor.
Significa aspirar com força e vencer o nosso
adversário, isto é, o mal e aquela inclinação para o mal que é conatural ao
nosso caráter.
Por exemplo: se alguém não consegue perdoar a quem o ofendeu,
mas pede ao Senhor com perseverança e convicção que o Senhor o torne capaz de
perdoar, acaso Deus não o escutará?
Se insiste em pedir a humildade e a generosidade, se
suplica “noite e dia (isto é, “sempre”), para obter a paciência e a castidade,
acaso Deus não o escuta? Escutará certa e “prontamente”, garante Jesus, porque
o pedido é perfeitamente conforme à Sua vontade.
Como para Israel no deserto (Primeira Leitura), também
na nossa vida se trata de combater contra um adversário poderoso, que não pode
ser vencido apenas com as nossas forças humanas.
A oração, constante e convicta, é sinal de quem confia na ajuda divina, “levanta as mãos” (Ex17m11) e clama continuamente (Lc 18,7), tirando proveito da palavra que escutou, convencido de que pode realizar-se.
A oração, constante e convicta, é sinal de quem confia na ajuda divina, “levanta as mãos” (Ex17m11) e clama continuamente (Lc 18,7), tirando proveito da palavra que escutou, convencido de que pode realizar-se.
O problema, então, está na fé; temo-la, esta fé? Isto
é, temos a atitude crente e confiante, para desejar fortemente aquilo que é
conforme ao projeto de Deus?
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