A sexta edição do Simpósio de Teologia da Pontifícia Universidade
Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), que teve como tema “Promoção da cultura
da paz num mundo em conflito”, foi realizada entre o dia 1º e o
dia 3 de setembro, no campus da Gávea.
O evento contou com a parceria da Universidade Católica Portuguesa, representada pela
professora Luísa Maria Varela Almendra, e da Universidade Gregoriana, de Roma,
na pessoa do professor padre João Vila-Chã. Colaboraram para a realização do
simpósio o Centro de Teologia e Ciências Humanas e o Departamento de Teologia,
além de diversos departamentos da PUC-Rio.
Relação e
cuidado
O cardeal ganês
Peter Turkson, presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, foi quem
proferiu a primeira conferência, abordando “Grandes cidades: desafios para a
unidade e a paz”.
O cardeal chamou
a atenção para os cinco “blocos de construção da paz social” propostos pelo
Papa Francisco em seus ensinamentos: realismo e discernimento; uma visão
fundamental do todo (visão sistêmica); confiança, paciência e responsabilidade;
uma cultura da paz renovada e de esperança; e um compromisso constante com o
diálogo.
Ele trabalhou
cada um desses pontos ao longo do dia e explicou que o compromisso com a
justiça e a não violência está intrinsecamente ligado à conversão. Segundo ele,
promotores da paz tendem a emergir de situações de sofrimento, não de
configurações acadêmicas. Portanto, é necessário que haja conversão para que se
libertem desse padrão.
“Aqueles que promovem uma transformação pacífica do mundo, geralmente tiveram que primeiro trabalhar para combater as tendências violências e opressivas dentro de si, e só então começaram a advogar em favor daqueles que sofrem as violentas consequências de estruturas sociais injustas”, explicou.
Conversão e comunhão
O segredo para um mundo mais pacífico estaria na conversão e na relação. Ele explicou, durante todas as palestras e debates dos quais participou no Rio, que a família de Deus, a Igreja, tem como premissa a comunhão. E para haver comunhão é necessário que haja relação em todos os níveis da vida entre indivíduos e nações com a criação e com Deus.
Missa com Cardeal Turkson no Seminário São José |
“A questão é simples: estamos nos movendo na mesma direção de relações mais justas ou no sentido oposto? Se não estamos contribuindo ativamente para a solução, então somos certamente parte do problema. Porém, deixem-me esclarecer que ninguém deve tomar esta expressão de maneira isolada: construir as ‘cidades das relações’ é uma tarefa em que todos devem trabalhar juntos e com respeito mútuo, independente da fé que tenham”, sublinhou.
Ele lembrou, porém, que a primeira Exortação Apostólica do Papa Francisco, “Evangelii Gaudium”, chama a atenção para o fato de que a paz social não pode ser entendida como pacificação ou como mera ausência de violência obtida pela imposição de uma parte sobre as outras.
“As
reivindicações sociais, que têm a ver com a distribuição das riquezas, a
inclusão social dos pobres e os direitos humanos, não podem ser sufocadas com o
pretexto de construir um consenso de escritório ou uma paz efêmera para uma
minoria feliz.
A dignidade da pessoa humana e o bem comum devem se sobrepor à
tranquilidade de alguns que não querem renunciar aos seus privilégios”, propõe
o item 3 do capítulo 4, “A dimensão social da evangelização”.
Dia de Oração
para o Cuidado da Criação
O cardeal
encerrou sua fala com trechos das duas orações da “Laudato Si”, “Oração pela
nossa Terra”, e “Oração cristã com a criação”, chamando a atenção para o Dia de
Oração para o Cuidado da Criação, declarado pelo Papa Francisco, comemorado na
data.
“Desde 1989, os
cristãos ortodoxos têm feito do dia 1º de setembro um dia em que se reza pelo
meio ambiente. Então, ouvindo a sugestão do patriarca, Bartolomeu I, o Papa
Francisco também declarou o ‘Dia Católico de Oração pelo Cuidado da Criação’ ”,
frisou o cardeal sobre essa primeira jornada de oração, que é coordenada por
seu dicastério, Pontifício Conselho da Justiça e da Paz.
ARQRIO
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