O
ensinamento de Jesus é muito claro e extremamente oportuno para este nosso
tempo de crise. Jesus não pretende ensinar etiquetas sociais, mas a
solidariedade para que todos possam participar do mesmo banquete da vida. O
mais importante não é estar no topo pisando nos outros; para Jesus, o mais
importante é participar do banquete da vida sem esquecer os últimos, sem
esquecer aqueles que sofrem mais que nós, sem esquecer aqueles que, em muitas
situações, o alimento não chega porque é totalmente consumido por aqueles que
estão sentados nos primeiros lugares. Na prática, o Evangelho de hoje destaca o
compromisso cristão com os pobres e com os menos favorecidos. Dar uma festa
para ricos, para pessoas de posse que podem retribuir não tem sentido para
Jesus. Não tem sentido porque falta a gratuidade, carece de solidariedade e de
misericórdia. Para entender o que Jesus está propondo faço uma comparação: um
presente que do qual se espera retribuição não é presente é troca ou compra.
Jesus está falando de convidar pessoas que não podem retribuir o teu bem com
outro presente. Trata-se do exercício da generosidade, por isso não olhar para
a sociedade com os olhos dos ricos que podem pagar, mas com o olhar dos pobres
que não tem com o que pagar.
Novamente,
aqui nos deparamos com o interesse pelos pobres e pelos que vivem nas
periferias sociais. Neste caso, Jesus ensina a não convidar os grandes e
os poderosos, nem mesmo os parentes; convidar sim os pobres, os deserdados
sociais, porque eles não têm como retribuir. Na prática, oferecer um lugar no
banquete da vida, mas sem esperar recompensa (Evangelho). Com tal ensinamento,
Jesus inverte a lógica social: não a proposta de oferecer algo para ser
recompensado, mas de ofertar com os mesmos parâmetros da misericórdia divina,
com um amor oblativo, que oferta sem esperar nada em troca. Esta é uma
característica do discípulo de Jesus. Não ama somente aqueles que o amam, mas
ama misericordiosamente como Deus. Não convida os que podem retribuir, mas
oferece oportunidade de vida aos que não a tem. Em resumo, a proposta de não se
manter no comportamento da sociedade, que faz para receber ou reverter em
lucro, mas buscar o comportamento misericordioso do Pai, que “derrama a chuva generosa" e "com
carinho prepara a terra para o pobre” (salmo responsorial) e nos conduz a
uma realidade palpável da divindade, na pessoa de Jesus (2ª leitura).