Angelo Roncalli nasceu em 25 de novembro de 1881, no norte da Itália. Foi eleito Papa no dia 28 de outubro de 1958, tendo então 77 anos. Seu desejo, como ele expressou uma vez, era o de ser “um simples padre do interior”, mas Deus tinha outros planos para ele. Como Papa, no entanto, nunca perdeu sua maneira simples e bondosa de ser, o que lhe conferiu o adjetivo de “O Papa Bom”. Apesar de ter sido considerado um Papa de transição, em seu pontificado convocou o Concílio Vaticano II, importantíssimo para a renovação e continuidade da vida da Igreja que hoje experimentamos.
Em seu brasão pontifício podemos encontrar o seu lema: Obetientia et Pax (Obediência e Paz). O Papa Francisco disse que João XXIII era um homem naturalmente sereno, cordial, tranquilo, e em paz. E foi esse espírito que se manifestou ao mundo inteiro como bondade. Por outro lado, essa bondade e essa paz, são frutos da primeira palavra do seu lema: a obediência. Roncalli foi um homem que soube sempre se colocar à disposição do Plano de Deus, o que o levou por vários lugares do mundo e onde sofreu muitas dificuldades. Com todas essas experiências ele foi desapegando-se cada vez mais de si mesmo, deixando que Cristo dirigisse sua vida. Esse ensinamento, segundo o Papa Francisco, serve também para nós, para que aprendamos também a deixar-nos conduzir pelo Espírito Santo.
Sempre muito livre ao conversar, com um tom informal e próximo, como o de um bom avô cheio de sabedoria e amor pelos seus filhos e netos, João XXIII disse que a convocação do Concílio Vaticano II floresceu em seu interior de maneira imprevista. Diz o Santo Padre: “Foi algo de inesperado: uma irradiação de luz sobrenatural, uma grande suavidade nos olhos e no coração. E, ao mesmo tempo, um fervor, um grande fervor que se despertou, de repente, em todo o mundo, na expectativa da celebração do Concílio”. Hoje, olhando para o passado e vendo a importância que o Concilio teve e continua tendo para a Igreja, podemos falar que essa convocação foi um verdadeiro anúncio profético, desejado por Deus.
Neste Papa se une de maneira muito visível a humilde cooperação do homem com a infinita força de Deus. Com sua simplicidade, humildade e bondade, João XXIII realizou a única obra que Deus pede que realizemos, a de confiar a nossa vida em suas mãos, cumprindo o Plano que Ele tem para cada um de nós. Quando se faz isso com a honestidade e a radicalidade desse homem, nasce o santo, o que transforma a realidade de maneira positiva e com uma força infinitamente maior do que a que se pode esperar de um ser humano, porque é na verdade a força de Deus que age por meio do homem. Isso se vê em nas Encíclicas que esse Santo Padre escreveu e que impactaram de maneira especial na questão social e na Doutrina Social da Igreja, mas talvez onde mais se perceba isso seja mesmo na convocação e realização do Concílio Vaticano II.
João XXIII morreu no dia 3 de junho de 1963, quando o Concílio, que duraria até dezembro de 1965, estava ainda em plena atividade. Roncalli foi a voz profética que percebeu nos sinais dos tempos a voz de Deus que pedia essa reunião e essa reflexão sobre a Igreja e sua missão. Continuaria essa audaz empreitada o seguinte Papa, Paulo VI, que conduziu o Concílio até o seu encerramento.