quinta-feira, julho 29, 2021

A BÊNÇÃO, VOVÔ E VOVÓ












Na segunda-feira passada, celebramos São Joaquim e Sant’Ana, pais de Maria Santíssima, avós de Jesus. Por isso o Papa Francisco estabeleceu neste domingo anterior a esta festa, o I Dia Mundial dos Avós e dos Idosos. O Papa usa como tema de sua mensagem a frase de Jesus aos discípulos “Eu estou contigo todos os dias” (Mt 28,20), para lembrar a nossa solidariedade e preocupação com os avós e idosos, sem nunca os deixar abandonados.

 

Francisco lembra aos idosos que estamos em tempos difíceis: “Bem sei que esta mensagem te chega num tempo difícil: a pandemia foi uma tempestade inesperada e furiosa, uma dura provação que se abateu sobre a vida de cada um, mas, a nós idosos, reservou-nos um tratamento especial, um tratamento mais duro. Muitíssimos de nós adoeceram – e muitos partiram –, viram apagar-se a vida do seu cônjuge ou dos próprios entes queridos, e tantos – demasiados – viram-se forçados à solidão por um tempo muito longo, isolados”.

 

Mas, consola-nos a presença do Senhor: “O Senhor conhece cada uma das nossas tribulações deste tempo. Ele está junto de quantos vivem a dolorosa experiência de ter sido afastado; a nossa solidão – agravada pela pandemia – não O deixa indiferente. Segundo uma tradição, também São Joaquim, o avô de Jesus, foi afastado da sua comunidade, porque não tinha filhos; a sua vida – como a de Ana, sua esposa – era considerada inútil. Mas o Senhor enviou-lhe um anjo para o consolar. Estava ele, triste, fora das portas da cidade, quando lhe apareceu um Enviado do Senhor e lhe disse: ‘Joaquim, Joaquim! O Senhor atendeu a tua oração insistente’. Giotto dá a impressão, num afresco famoso, de colocar a cena de noite, uma daquelas inúmeras noites de insônia a que muitos de nós se habituaram, povoadas por lembranças, inquietações e anseios”.

 

“Ora, mesmo quando tudo parece escuro, como nestes meses de pandemia, o Senhor continua a enviar anjos para consolar a nossa solidão repetindo-nos: ‘Eu estou contigo todos os dias’. Di-lo a ti, di-lo a mim, a todos. Está aqui o sentido deste Dia Mundial que eu quis celebrado pela primeira vez precisamente neste ano, depois dum longo isolamento e com uma retomada ainda lenta da vida social: oxalá cada avô, cada idoso, cada avó, cada idosa – especialmente quem dentre vós está mais sozinho – receba a visita de um anjo! Este anjo, algumas vezes, terá o rosto dos nossos netos; outras vezes, dos familiares, dos amigos de longa data ou conhecidos precisamente neste momento difícil. Neste período, aprendemos a entender como são importantes, para cada um de nós, os abraços e as visitas, e muito me entristece o fato de as mesmas não serem ainda possíveis em alguns lugares”.

 

“Tenho medo duma sociedade onde todos formamos uma multidão anônima e já não somos capazes de erguer os olhos e reconhecer-nos. Os avós, que alimentaram a nossa vida, hoje têm fome de nós: da nossa atenção, da nossa ternura; de sentir-nos perto deles. Ergamos o olhar para eles, como Jesus faz conosco” (Papa: Homilia do I Dia Mundial dos Avós e Idosos).

 

Fonte: Dom Fernando Arêas Rifan