Pediu
a São Conrado, Bispo de Constança, que se dignasse fazer a consagração da
igreja de sua Abadia. O Prelado atendendo a solicitação, dirigiu-se ao
Convento, acompanhado do Santo Bispo de Augsbourg, Ulric, e de uma comissão de
cavalheiros da sociedade.
No
dia fixado para a cerimônia, São Conrado e alguns religiosos se dirigiram a
igreja, alta noite, e se puseram em oração. De repente, viram que a igreja se
iluminara de uma luz celeste e que o próprio Jesus Cristo, acolitado pelos
quatro evangelistas, celebrava no altar o oficio da Dedicação. Anjos espargiam
perfumes à direita e à esquerda do Divino Pontífice; o apóstolo São Pedro e o
Papa São Gregório seguravam as insígnias do pontificado; e diante do altar se
achava a Santa Mãe de Deus, circundada de uma auréola de glória. Um coro de
anjos, regido por São Miguel, fazia vibrar as abóbadas do templo com seus
cantos celestiais. Santo Estêvão e São Lourenço, os mais ilustres mártires
diáconos, desempenham as suas funções. São Conrado refere em uma de suas obras
as diversas exclamações dos anjos no canto do Sanctus, do Agnus Dei e do
Dominus vobiscum final. Ao Sanctus, entre outras, diziam eles: “Tende piedade
de nós, ó Deus, cuja santidade refulge no santuário da Virgem gloriosa. Bendito
seja o Filho de Maria, que vem a esse lugar para reinar eternamente!”
Maravilhado
com semelhante aparição, o Bispo continuou a rezar até onze horas do dia. E o
povo esperava com ansiedade o início da cerimônia, sem que, no entanto, alguém
ousasse indagar a causa dessa demora.
Afinal,
alguns religiosos se acercam do Prelado e lhe pedem que comece a solenidade.
Mas São Conrado, sem deixar o lugar onde rezava, conta com simplicidade tudo o
que presenciara e ouvira. Sua narração fez supor que ele estivesse sob a ilusão
de um sonho. Finalmente, o santo Bispo, cedendo às instâncias de todos,
dispôs-se a proceder a consagração da igreja. Foi então que aos ouvidos dos
fiéis escutaram estas palavras, pronunciadas por uma voz angélica, que
repercutiu em toda a assembléia, dizendo mais de uma vez, na linguagem da
Igreja: “Cessa, cessa, frater! Capella divinitas consecrata est: detende-vos,
detende-vos, meu irmão, a capela já foi divinamente consagrada.”
Dezessete
anos mais tarde, São Contado, Santo Ulrico e outras testemunhas oculares do acontecimento,
encontrando-se reunidos em Roma, prestaram acerca dele um solene testemunho. E
depois de todas as necessárias informações jurídicas, Leão VIII deu publicidade
ao fato por meio de uma bula especial, que foi confirmada pelos papas Inocêncio
IV, Martinho V, Nicolau IV, Eugênio VI, Nicolau V, Pio II, Júlio II, Leão X,
Pio IV, Gregório XIII, Clemente VII e Urbano VIII. E, a 15 de maio de 1793, Pio
VI ratificou os atos de seus predecessores, a despeito dos céticos, sempre
prontos a duvidar do que lhes não convém, e cheios de credulidade absurda para
com o que os lisonjeia.
(MÊS
DE NOSSA SENHORA DO SANTISSIMO SACRAMENTO – Pe. Alberto Tesnière, S.S.S. – Tip.
Maria Auxilium, S.P. – la. edição, 1946, pp. 76 -77