Já
estamos no Advento, tempo da “bela tradição das nossas famílias prepararem o
Presépio, e também o costume de o armarem nos lugares de trabalho, nas escolas,
nos hospitais, nos estabelecimentos prisionais, nas praças” ...: é assim que
começa a recente Carta Apostólica “Sinal Admirável”, com que nos brinda o Papa
Francisco, sobre o presépio:
“Representar
o acontecimento da natividade de Jesus equivale a anunciar, com simplicidade e
alegria, o mistério da encarnação do Filho de Deus. O Presépio é como um
Evangelho vivo que transvaza das páginas da Sagrada Escritura. Ao mesmo tempo
que contemplamos a representação do Natal, somos convidados a colocar-nos
espiritualmente a caminho, atraídos pela humildade d’Aquele que Se fez homem a
fim de Se encontrar com todo o homem, e a descobrir que nos ama tanto, que Se
uniu a nós para podermos, também nós, unir-nos a Ele. O evangelista Lucas
limita-se a dizer que, tendo-se completado os dias de Maria dar à luz, ‘teve o
seu filho primogénito, que envolveu em panos e recostou numa manjedoura, por
não haver lugar para eles na hospedaria’ (2, 7). Jesus é colocado numa
manjedoura, que, em latim, se diz praesepium, donde vem a nossa palavra
presépio. Ao entrar neste mundo, o Filho de Deus encontra lugar onde os animais
vão comer. A palha torna-se a primeira enxerga para Aquele que Se há de revelar
como ‘o pão vivo, o que desceu do céu’ (Jo 6, 51). Uma simbologia, que já Santo
Agostinho, a par doutros Padres da Igreja, tinha entrevisto quando escreveu:
‘Deitado numa manjedoura, torna-Se nosso alimento’. Na realidade, o Presépio
inclui vários mistérios da vida de Jesus, fazendo-os aparecer familiares à
nossa vida diária”.
A ideia dessa representação é
atribuída a São Francisco de Assis: “Quero representar o Menino nascido em
Belém, para de algum modo ver com os olhos do corpo os incômodos que Ele
padeceu pela falta das coisas necessárias a um recém-nascido, tendo sido
reclinado na palha duma manjedoura, entre o boi e o burro”... “O Presépio é um
convite a ‘sentir’, a ‘tocar’ a pobreza que escolheu, para Si mesmo, o Filho de
Deus na sua encarnação, tornando-se assim, implicitamente, um apelo para O
seguirmos pelo caminho da humildade, da pobreza, do despojamento, que parte da
manjedoura de Belém e leva até à Cruz, e um apelo ainda a encontrá-Lo e
servi-Lo, com misericórdia, nos irmãos e irmãs mais necessitados”.
“‘Vamos
a Belém ver o que aconteceu e que o Senhor nos deu a conhecer’ (Lc 2, 15) ...:
os pastores tornam-se as primeiras testemunhas do essencial, isto é, da
salvação que nos é oferecida... Pouco a pouco, o Presépio leva-nos à gruta,
onde encontramos as figuras de Maria e de José. Maria é uma mãe que contempla o
seu Menino e O mostra a quantos vêm visitá-Lo... Ao lado de Maria, em atitude
de quem protege o Menino e sua mãe, está São José... É o guardião” ... “O
coração do Presépio começa a palpitar, quando colocamos lá, no Natal, a figura
do Menino Jesus. Assim Se nos apresenta Deus, num menino, para fazer-Se acolher
nos nossos braços... Em Jesus, Deus foi criança e, nesta condição, quis revelar
a grandeza do seu amor” ...
Fonte:
Dom Fernando Arêas Rifan