No
encontro com Deus que somos salvos. Deus vem salvar-nos, e nós havemos de ir ao
seu encontro pelo caminho que Ele mesmo nos prepara: “Haverá ali uma estrada e
um caminho que se chamará Via Sagrada ... é para aqueles que por ele devem
andar e os menos espertos não se perderão. Apenas passarão os remidos”. Mas,
para ir ao encontro de alguém, é preciso caminhar. Por isso, as leituras
insistem na cura daqueles que não podem caminhar: “o coxo saltará como um
veado-; “Levanta-te ... e vai”.
O
Evangelho dá-nos uma lição de otimismo. São muitos os nossos males, as nossas
carências. Mas são exatamente eles que nos levam a buscar o Senhor. Se aquele
homem não fosse paralítico, talvez nunca tivesse encontrado a Cristo. Foi a sua
limitação que o levou a procurar a Cristo. E Cristo correspondeu ao seu pedido,
e ofereceu-lhe muito mais: “Homem, os teus pecados estão perdoados”. Pode
surpreender-nos que Jesus tenha, em primeiro lugar, oferecido o perdão dos
pecados, àquele que lhe pedia a cura da paralisia. É que o divino Mestre não
faz uma leitura superficial dos males da humanidade. Vai ao fundo dos problemas
e faz-nos compreender que a mais urgente necessidade é o perdão, pois o pecado
é o pior mal, e a raiz de males que afligem a humanidade. O Reino de Deus
manifesta-se, em primeiro lugar, como reconciliação do pecador com Deus, como
nova possibilidade, oferecida pela graça, para retomar o caminho, depois da
paralisia da sua liberdade provocada pela culpa.
Quem
não tem fé, continua a pensar que os mais graves problemas da humanidade são
outros: a saúde, a economia, a gestão do poder, o subdesenvolvimento, os
desequilíbrios ecológicos ... A Palavra de Deus alerta-nos para outra dimensão
mais profunda do mal do homem e, ao mesmo tempo, anuncia a salvação. É por isso
que o deserto floresce e a estepe árida regurgita de nova vida.