Este
terceiro domingo do Advento tem um tema predominante: a alegria provocada pela
vinda do Senhor. Por isso, a cor rosa, que pode ser usada como um roxo
atenuado. Alegrai-vos (Gaudete!) – convida-nos a liturgia, inspirando-se nas
palavras do Apóstolo: “Alegrai-vos sempre no Senhor. De novo eu vos digo:
alegrai-vos! O Senhor está perto!” (Fl 4,4s).
Mas,
pensando bem: há motivos para alegria verdadeira, profunda, responsável? Ante
as lutas e fardos da vida, podemos realmente alegrar-nos? Antes as feridas e
machucados do nosso coração, é possível uma alegria duradoura e verdadeira?
Ante as desacertos e desvios do mundo, é realmente possível este gáudio a que
nos convida a Igreja, com as palavras de São Paulo? E, no entanto, o convite é
insistente: Alegrai-vos!
Pensemos
nas palavras tão consoladoras das leituras deste hoje! São para a terra deserta
do coração do mundo e para o nosso: “Alegre-se a terra que era deserta e
intransitável, exulte a solidão e cresça como um lírio. Germine e exulte de
alegria e louvores! Seus habitantes verão a glória do Senhor, a majestade do
nosso Deus!” Que cristão, que homem ou mulher de boa vontade não lamentam a
situação atual da humanidade? Quem não sente na vida a tentação de fraquejar, e
a mordida do desencanto? Quem, às vezes, não pergunta onde Deus está, que
parece tão distante e ausente? Escutai: “Fortalecei as mãos enfraquecidas e
firmai os joelhos debilitados. Dizei às pessoas deprimidas: ‘Criai ânimo, não
tenhais medo! Vede, é o vosso Deus: ele vem para vos salvar!’” É esta a
esperança do santo Advento: a esperança num Deus que não nos esquece, não nos
desilude, não nos deixa sozinhos… um Deus que vem ao nosso encontro no Santo
Messias esperado! O profeta Isaías promete: “Então se abrirão os olhos dos
cegos e se descerrarão os ouvidos dos surdos. O coxo saltará como um cervo e se
desatará a língua dos mudos”. E o que o profeta promete, o Senhor Jesus vem
realizar: “Ide contar a João o que estais ouvindo e vendo: os cegos recuperam a
vista, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os
mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados!” Eis aqui o motivo da nossa
alegria: a certeza da fé em Jesus Cristo: ele é a presença pessoal de Deus
entre nós, ele é aquele que cura nossas feridas, sustenta-nos na fraqueza,
enche de doce presença o nosso coração solitário! Confiemos ao Senhor o mundo,
a nossa vida, os nossos problemas, as coisas que nos preocupam. Lutemos e
confiemos; lutemos e enchamos o coração de esperança no Senhor! A salvação que
ele trouxe haverá de se manifestar um dia: “A Vinda do Senhor está próxima” –
diz-nos São Tiago!
As
grandes tentações para o cristão de hoje são a falta de entusiasmo e de
esperança, um cansaço ante a paganização do mundo e a teimosia humana… A
consequência, é a falta de uma alegria verdadeira. Procuram-se cristãos
alegres, cristãos convictos, cristãos radicais! Precisam-se urgentemente de
cristãos apaixonados, cristãos de verdade, cristãos que creiam no que
acreditam! Afinal, somente há alegria duradoura e profunda somente quando se
encontra o sentido da existência, e este sentido nos é oferecido pelo Cristo;
unicamente em Cristo! Esperemos nele: na sua palavra, no seu juízo, na sua
graça! Ele não nos esqueceu, ele não está ausente do mundo e da nossa vida!
Recordemos a forte exortação de São Tiago: “Ficai firmes até à Vinda do Senhor!
Ficai firmes e fortalecei vossos corações, porque a Vinda do Senhor está
próxima! Irmãos, tomai como modelo de sofrimento e firmeza os profetas que
falaram em nome do Senhor!”
O Advento não somente nos prepara para a celebração da primeira vinda do Senhor no Natal, mas nos convida a reconhecer suas vindas na nossa vida e a esperar com ânsia e compromisso sua Vinda final! Caminhemos, caríssimos, na alegria de quem espera com certeza: “Alegrai-vos sempre no Senhor! O Senhor está perto!”
Fonte: presbiteros.com