NOS
EVANGELHOS vemos vários momentos em que Maria responde com fidelidade ao querer
divino. O “sim” que pronuncia na anunciação do anjo foi “o primeiro passo de
uma longa lista de obediências que acompanharão todo o seu itinerário de
mãe”[5]. Talvez a maior expressão dessa fidelidade se encontre quando permanece
ao pé da cruz, junto ao seu Jesus, oferecendo-lhe o maior consolo só com a sua
presença. Os evangelistas não dizem nada sobre a sua reação, simplesmente
relatam que, no Gólgota, Ela permanecia ali: “estava”. A Virgem Maria não
concebia uma atitude de fuga nem de distanciamento. Tinha descoberto que a
maior das felicidades – desta vez misturada com abundantíssima dor – em algumas
ocasiões consiste simplesmente em “estar” com o seu Filho.
A
vida de Maria também esteve marcada por outros momentos de fidelidade
cotidiana, que o Evangelho não recolheu. O seu dia a dia decorreu possivelmente
como o da maior parte das mulheres da época. E foi nessas tarefas comuns às da
sua gente que também cumpriu a vontade de Deus. Santificou o pequeno e o grande
que cada dia traz consigo, o que à primeira vista tinha pouco valor, mas, ao
mesmo tempo, muito valor para nós. Soube pôr amor em tudo o que realizava. “Um
amor levado até ao extremo, até ao esquecimento completo de si mesma, feliz de
estar onde Deus a quer, cumprindo com esmero a vontade divina. Isso é o que faz
com que o menor de seus gestos não seja nunca banal, mas cheio de conteúdo”[6].
Deste
modo se realizava o que mais tarde Jesus diria aos seus discípulos: “Quem é
fiel nas pequenas coisas também é fiel nas grandes” (Lc 16, 10). Desde que
Maria foi apresentada no Templo, toda a sua vida girou ao redor de Deus. E,
graças a essa fidelidade no pequeno, vivida sob a ação do Espírito Santo, Maria
soube ser fiel também no grande.