E
o Altar? Qual o zelo e atenção que lhe dedicamos? Qual seu significado para
nós? Estes e outros questionamentos queremos abordar e iluminar conforme a mais
antiga Tradição da Igreja e a Instrução Geral do Missal Romano, pois o altar
deve ocupar um lugar no espaço litúrgico, onde seja de fato o centro para onde
espontaneamente se volte à atenção de toda assembleia.
¨O
altar é a mesa própria para o sacrifício e o banquete Pascal¨ (IGMR, 3).
Portanto,
não se trata de uma mesa qualquer, trata-se de uma mesa sagrada para a Igreja.
E mesmo que pudéssemos celebrar o memorial de Cristo numa mesa que não tenha
sido dedicada para este fim, é sempre recomendável que a comunidade cristã
tenha um altar estável, visível, em proporção ao espaço litúrgico, para
celebrar a Ceia do Senhor.
Por
isso, ao entrarmos numa Igreja e sempre que passarmos diante do altar, devemos
nos acostumar a voltar nosso olhar e atenção para ele, e saudá-lo com uma
inclinação de corpo ou de cabeça, em atitude de respeito e terno amor para com
Jesus Cristo, Pedra viva que sustenta a comunidade cristã. A inclinação é um
sinal de veneração e humildade que deve ser feito por todos os fiéis, em todos
os momentos, não somente nos horários da celebração.
É
claro que essa centralidade do altar deve ser levada em conta também durante as
celebrações com alguns gestos litúrgicos: com a inclinação do corpo quando
passamos por ele, a incensação e o beijo. Uma vez que a consciência da Igreja é
a de que ¨o altar é o próprio Cristo¨, a
Igreja que é sua Esposa, ao encontrar-se com Ele no início da missa, em gesto
de adoração, beija-o. É, portanto, um beijo esponsal.
Se
o altar é o centro da assembleia reunida, devemos evitar que a cadeira da presidência e os assentos
dos acólitos e ministros extraordinários sejam colocados na frente dele, pois
os ministros ficando de costas para o altar, enfraquecem sua centralidade. Ele
é um sinal sacramental e para demonstrar isso, o altar de nossas Igrejas é
¨dedicado¨ em solene celebração.
Outro
sinal significativo vem desde os primeiros séculos da Igreja onde era costume
que os altares fossem construídos sobre o túmulo dos mártires. A Igreja manteve
essa tradição e conserva até hoje o gesto de colocar no altar, algumas
relíquias dos mártires. Havia uma consciência de que os corpos daqueles que
deram seu sangue a exemplo de Jesus honram o altar do Senhor. Como as relíquias
dos santos mártires são difíceis de ser encontradas, a Igreja prevê que possam
ser utilizadas também relíquias dos santos. No altar de nossa Catedral
(Colatina/ES) estão despositadas as relíquias de Santa Margarida Maria
Alacoque, Beato Cláudio de La Colombiére, São Geraldo Magela, Santa Terezinha
do Menino Jesus e dos mártires São Sebastião, Santa Inês e Santa Maria Gorete.
Esse
sinal significa que o sacrifício de Cristo ¨cabeça¨ estende-se no sacrifício
dos membros do corpo, não apenas aos declarados pela Igreja como santos, mas, a
todos os batizados, portanto, cada um de nós.
O
altar cristão que é sinal do verdadeiro altar, que é Cristo, é também um sinal
daquilo em que nós cristãos devemos nos transformar. Somos, de certa maneira,
¨altar espiritual¨. Por isso que após a preparação da mesa no ofertório, logo
que as espécies do pão e do vinho, a cruz, o altar e o que preside a celebração
são incensados, segue-se a incensação de toda assembleia. Terminada a
celebração, devemos cuidar para que o altar não se torne uma mesa qualquer onde
são colocados: objetos litúrgicos, folhetos, presentes, vasos….pois o altar
continua sendo um sinal sacramental.
Como
vemos, é preciso cuidar do altar de maneira que ele possa evocar, de verdade, o
mistério de Cristo e da Igreja, pois, o altar é a mesa própria para o
sacrifício e o banquete Pascal. Não percamos o foco, pois o altar é o sinal do
próprio Cristo e sobre ele, ao celebrarmos a Eucaristia, somos convidados
também a fazermos de nossa vida um altar onde nos oferecemos com Jesus, oferta
perfeita do Pai. Participemos, assim, em comunhão do Mistério Pascal em torno
do Altar do Senhor com o máximo respeito
e veneração, por tudo aquilo que ele significa para a Igreja.
Fonte: Diocese de Colatina