S.
João revela-nos o amor de Jesus e a sua vontade em relação a nós: «Ele deu a
sua vida por nós», afirma o discípulo amado do Senhor. E continua afirmando:
«assim também nós devemos dar a vida pelos nossos irmãos». Trata-se de uma
lógica que não esperaríamos, que não é a nossa lógica, mas é a de Deus:
O
Novo Testamento tem esta característica: insiste no movimento do amor. Não
podemos limitá-lo ou fechá-lo em nós numa espécie de íntimo comprazimento. Deus
dá-nos o seu amor para que o partilhemos com os outros, para que nos insiramos
no dinamismo do seu amor oblativo. Quem fecha o coração aos outros não entra
nessa dinâmica.
Jesus,
o humilde filho de José, tem força e autoridade para dizer a quem entende:
«Segue-me» (Jo 1, 43). E só o encontra quem se decide a procurá-Lo. As
experiências dos discípulos permitem-nos penetrar no mistério de Jesus. Essas
experiências começam por «ficar com» Jesus e concluem-se com a jubilosa
confissão de fé no Messias, sobre quem sobem e descem os anjos de Deus (cf. Jo
1, 51).
O
céu associa-se ao testemunho de fé dos discípulos: Jesus é, na verdade, o único
revelador de Deus e o elo que liga o homem ao céu. O cristão descobre em Jesus
a «casa de Deus» e a «porta do céu». O homem Jesus é o «Filho de homem» (cf Dan
7, 13), é o Verbo encarnado e o homem glorificado pela ressurreição, que
revela, com autoridade, o Pai. Jesus é a glória de Deus, o ponto de união entre
o céu e a terra, o mediador entre Deus e os homens, é nova escada de Jacob, de
que Deus se serve para dialogar com o homem. Em Jesus o homem encontra o espaço
ideal para dialogar com Deus.
Estamos
"ao serviço da Igreja", por isso, estamos inseridos no
"movimento do amor redentor, doando-nos aos irmãos, com e como
Cristo" (Cst. 21), isto é, somos "participantes na missão da
Igreja"; "estamos ao serviço da missão salvífica do Povo de Deus no
mundo de hoje (cf. LG 12)" (Cst. 27).
Contemplar
o Trespassado (cf. Jo 19, 37), como é nossa particular vocação, é um olhar
amoroso de fé. Nesse olhar contemplamos o caminho do amor de Deus até nós e o
nosso caminho de amor até Ele, na interioridade de Cristo, expressa pelo Seu
Coração. Esta contemplação leva-nos a experiência do mistério de Cristo, na
profundidade do seu amor, e leva-nos a inserir-nos na dinâmica com que actuou a
nossa redenção e quer redimir todos os homens. A experiência de Cristo
insere-nos na dinâmica do seu amor salvífico em favor dos irmãos.