domingo, maio 18, 2014

"SEGUIR O CAMINHO DE JESUS" - V Domingo da Páscoa - Ano A


Homilia de Padre Marcos Belizário Ferreira
"Os catecismos costumam falar de alguns “traços” ou atributos que caracterizam a verdadeira Igreja de Cristo. 
Como confessamos no credo, a Igreja de Cristo é “una, santa, católica e apostólica”. Não poderíamos, certamente, reconhecê-la numa Igreja de comunidades que se defrontam, em que predomina a injustiça, que excluem os outros ou abandonam a fé inicial pregada pelos apóstolos.
Mas há algo que é condição prévia e não podemos esquecer: Uma Igreja verdadeira é, antes de tudo, uma Igreja que “se parece” com Jesus.
Se ela não tem algum traço parecido com Ele, nessa mesma medida estamos deixando de ser sua Igreja, por mais que continuemos repetindo que pertencemos a uma Igreja santa, católica e apostólica.
Parecer-se com Jesus significa reproduzir hoje seu modo de vida e sua maneira de ser, encarnar-se na vida real das pessoas como Ele se encarnava: despertar confiança em Deus no coração das pessoas e, sobretudo, amar como Ele amava. 
Jesus disse: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”. A maneira de caminhar para o Pai é seguir seus passos.
Pode-se notar que a Igreja é de Jesus se ela se preocupa com os que sofrem, se ela se arrisca a perder prestígio e segurança por defender a causa dos últimos, se ela ama acima de tudo os desvalidos.
Se amamos a Igreja temos que preocupar-nos em fazer que nela e a partir dela as pessoas sejam amadas como Jesus as amava. Uma Igreja onde as pessoas são amadas e se busca uma vida mais digna e feliz para todos “se faz notar”hoje, porque é isso precisamente que mais falta no mundo: nas relações entre povos ricos e pobres, na economia controlada pelos poderosos, na sociedade dominada pelos fortes.
Por outro lado, só assim a Igreja se torna digna da fé. Se não sabemos reproduzir hoje o amor de Jesus, é inútil procurar fazer-nos dignos de fé por outros meios, as pessoas verão que somos como todos: incapazes de guiar-nos só pelo amor compassivo. Não seremos “Igreja de Jesus”, pois nos faltará o traço que o melhor o caracterizou. Jesus terá deixado de ser para nós “o Caminho, a Verdade e a Vida”.
Há na vida momentos de verdadeira sinceridade em que surgem do nosso interior, com lucidez e claridade incomuns, as perguntas mais decisivas: em última análise, em que eu creio? O que é que espero? Em quem apoio minha existência?
Ser cristão é, antes de tudo, crer em Cristo. Ter a sorte de ter-se encontrado com Ele. Acima de toda crença, fórmula, rito ou ideologização, o verdadeiramente decisivo na experiencia cristã é o encontro com Jesus, o Cristo. Ir descobrindo por experiência pessoal, sem que ninguém tenha que dizer-nos de fora, toda a força, a luz, a alegria, a vida que podemos ir recebendo de Cristo. Poder dizer a partir da própria experiência que Jesus é “Caminho, Verdade e Vida”.
Em primeiro lugar, descobrir Jesus como Caminho. Escutar nele o convite a caminhar, avançar sempre, não deter-nos nunca, renovar-nos constantemente, aprofundar-nos na vida, construir um mundo justo, fazer uma Igreja mais evangélica. 
Apoiar-nos em Cristo para andar dia a dia o caminho doloroso e ao mesmo tempo gozoso que vai da desconfiança à fé. E segundo lugar, encontrar em Cristo a verdade. A partir dele descobrir Deus na raiz e no extremo do amor que nós seres humanos damos e acolhemos. Dar-nos conta, por fim, de que a pessoa só é humana no amor. Descobrir que a única verdade é o amor, e descobri-lo aproximando-nos do ser concreto que sofre e é esquecido.
Em terceiro lugar , encontrar em Cristo a vida. Na realidade, as pessoas creem naquele que nos dá a vida. Por isso, ser cristão não é admirar um líder nem formular uma confissão sobre Cristo. É encontrar-nos com um Cristo vivo e capaz de fazer-nos viver
Jesus é “Caminho, Verdade e Vida.
 É outro modo de caminhar pela vida. Outra lucidez e outra generosidade. Outra dimensão mais profunda. Outra lucidez e outra generosidade. Outro horizonte e outra compreensão. Outra luz. Outra energia. Outro modo de ser. Outra liberdade. Outra esperança. Outro viver e outro morrer".
João 14, 1-12 – “Naquele tempo, disse Jesus a seus discípulos: “Não se perturbe o vosso coração. Tendes fé em Deus, tende fé em mim Também. Na casa de meu Pai há muitas Moradas. Se assim não fosse, eu vos teria dito. Vou preparar um lugar para vós, e quando eu tiver ido preparar-vos um lugar, voltarei e vos levarei comigo, a fim de que onde eu estiver estejais também vós. 
E para onde eu vou, vós conheceis o caminho.” Tomé disse a Jesus: “Senhor, nós não sabemos para onde vais. Como podemos conhecer o caminho?” 

Jesus respondeu: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vai ao Pai senão por mim. Se vós me conhecêsseis, conheceríeis também o meu Pai. 
E desde agora o conheceis e o vistes.” Disse Felipe: “Senhor, mostra-nos o Pai, isso nos basta!” Jesus respondeu: “Há tanto tempo estou convosco, e não me conheces, Felipe? Quem me viu, viu o Pai. Como é que tu dizes: ‘Mostra-nos o Pai?‘ Não acreditas que eu estou no Pai e o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo, não as digo por mim mesmo, mas é o Pai, que, permanecendo em mim, realiza as suas obras. Acreditai-me: eu estou no Pai e o Pai está em mim. 
 Acreditai, ao menos, por causa destas mesmas obras. Em verdade, em verdade vos digo: quem acredita em mim fará as obras que eu faço, e fará ainda maiores do que estas. Pois eu vou para o Pai.” 
(cf: O Caminho aberto por Jesus - João José Antonio Pagola, Ed Vozes)


 --