terça-feira, setembro 10, 2019

XXIII DOMINGO DO TEMPO COMUM







Mais cedo ou mais tarde, todos nós teremos que sofrer. Uma doença grave,um acidente inesperado, a morte de um ente querido, desgraças e dilacerações de todo tipo nos obrigam um dia a tomar posição diante do sofrimento. O que fazer?

Alguns limitam-se à revolta. É uma atitude explicável: protestar, revoltar-nos diante do mal.Quase sempre esta reação intensifica ainda mais o sofrimento. A pessoa se crispa e se exaspera. É fácil terminar no esgotamento e no desespero.

Outros se fecham no isolamento. Vivem dobrados sobre sua dor, relacionando-se apenas com suas tristezas e sofrimentos. Não se deixam consolar por ninguém. Não aceitam alívio algum. Por esse caminho , a pessoa pode autodestruir-se. 

Há os que adoram a postura de vítimas e vivem compadecendo-se de si mesmos. Precisam mostrar seus sofrimentos a todo mundo: “Vejam como sou infeliz”, “Vejam como a vida me maltrata”. Esta maneira de manipular o sofrimento nunca ajuda a pessoa a amadurecer.

A atitude do crente é diferente. O cristão não ama nem busca o sofrimento, não o quer nem para os outros nem para si mesmo. Seguindo os passos de Jesus, luta com todas as suas forças para arrancá-lo do coração da existência . Mas, quando é inevitável , sabe “carregar sua cruz” em comunhão com o Crucificado .

Esta aceitação do sofrimento não consiste em dobrar-nos diante da dor porque é mais forte do que nós : isso seria estoicismo ou fatalismo, mas não atitude cristã . O crente tampouco procura “explicações” artificiosas, considerando o sofrimento um castigo , uma prova ou uma purificação que Deus nos envia. O Pai não é nenhum “sádico” que encontra prazer especial em ver-nos sofrer. Tampouco tem motivo para exigi-lo, como que a contragosto, para que fique satisfeita sua honra ou sua glória.

O cristão vê no sofrimento uma experiência na qual, unido a Jesus, ele pode viver sua verdade mais autêntica. O sofrimento continua sendo mau, mas precisamente por isso se transforma na experiência mais realista e profunda para viver a confiança radical em Deus e a comunhão com os que sofrem .

Vivida assim a cruz é o que há fr mais oposto ao pecado. Por quê? Porque pecar é buscar egosticamente a própria felicidade, rompendo com Deus e com os outros. “Carregar a cruz” em comunhão com o Crucificado é exatamente o contrário: abrir-nos confiantemente ao Pai e solidarizar-se com os irmãos precisamente na ausência de felicidade.