A
parábola do filho pródigo é a mais conhecida das três "parábolas da
misericórdia". Mas as duas primeiras dão-nos também uma grande luz.
Recordemos que as ovelhas tinham grande importância para o pastor. Não se pode
aceitar que ele perdesse uma. Quanto à dracma, era uma soma importante. Basta
pensar que uma família inteira podia viver um dia com duas dracmas.
Compreende-se que a mulher que a perdeu, tudo faça para a encontrar. Jesus
precisa: o pastor procura a sua ovelha perdida "até a encontrar"; a
mulher procura a dracma perdida "até a encontrar". Através destas
duas personagens, é o Pai que Jesus nos quer mostrar. Eis como o nosso Pai age:
diante dos homens que se afastam d'Ele, que vão por caminhos de perdição, Ele
parte à sua procura, mas nunca pára esta procura. Quando há um naufrágio,
efetuam-se procuras para encontrar as vítimas. Mas, ao fim de um certo tempo,
acabam-se estas procuras: já não há mais esperança! Mas não para Deus. Ele vai
até ao fim, Ele encontrará de qualquer modo a sua criatura perdida. Mas onde? É
na morte, consequência última da recusa do amor, que cai o homem. É na morte
que Jesus irá para encontrar a humanidade perdida. E aí, no fundo das nossas
trevas, que faz o pastor? Enche-se de cólera, bate na sua ovelha infiel,
obriga-a a subir todo o caminho pelos seus próprios meios? Não! Nada disso!
Quando a encontra, leva-a aos ombros. Jesus pega o homem aos ombros, poupa-lhe
a dificuldade da subida para a luz. Como dizer mais explicitamente a gratuidade
da salvação que Ele nos vem trazer? É a mesma luz do Pai que acolhe o seu filho
sem nada lhe pedir, que lhe dá gratuitamente a sua dignidade de homem livre o
seu lugar de filho, como se nada se tivesse passado. Como não transbordar de
alegria diante de um tal Deus?