segunda-feira, maio 07, 2018

VI DOMINGO DA PÁSCOA






Deus é amor
São João, no Evangelho, define Deus como Espírito (Jo 4,24); em sua primeira carta, São João define Deus como luz (1Jo 1,5), mas a sua definição de Deus mais conhecida é aquela que acabamos de ouvir na 2ª leitura: “Deus é amor”. De tão conhecida, talvez não nos dediquemos a aprofundar o sentido que esta definição representa para a nossa vida cristã. É o próprio João, na 2ª leitura, que define o significado e a característica do amor divino: “foi assim que o amor de Deus se manifestou entre nós: Deus enviou seu Filho ao mundo, para que tenhamos vida por meio dele”. O amor divino, portanto, consiste em enviar Jesus ao mundo, o Filho de Deus, para que possamos ter vida, para que possamos viver de modo pleno. A partir disso, vou fazer duas considerações. 



O amor promove a vida
A Teologia de João, presente na 2ª leitura e no Evangelho, é uma proposta revolucionária. De fato, João está dizendo que a promoção da vida não acontece por nenhuma forma de poder humano: poder político, poder financeiro, poder da mídia, poder da violência dos mais fortes... O que promove a vida, o que dá qualidade de vida é o amor. João não fala aqui somente do amor que envolve o sentimento, fala do amor que envolve atitude, em especial, a mais importante das atitudes: a doação da própria vida de modo gratuito. Amar como Deus que, no dizer da 2ª leitura, não esperou que nós o amássemos, mas amou por primeiro doando sua vida para que pudéssemos viver de modo pleno. Amar, no sentido cristão, significa promover a vida do outro, independendo de quem seja o outro. A isso, nós chamados de amor fraterno. Neste amor, a exemplo do amor divino, não se ama o outro por quem ele é, mas porque é um irmão ou uma irmã.



Mandamento novo
A promoção da vida do outro está resumida no Mandamento Novo de Jesus: “o que vos mando é vos ameis uns aos outros, como eu vos amei”. — Como Jesus nos amou? Entregando sua vida. Para isso, é preciso permanecer no amor de Jesus, quer dizer, estar unido a ele como o ramo está unido à videira, como refletíamos no Domingo passado. Permanecer em Jesus é a condição para amar o outro como irmão e como irmã. Não amar com sentimento humano, que sempre espera a retribuição do amor, mas amar com a mesma proposta divina de, gratuitamente, entregar a própria vida. É assim que Deus ama, entregando a vida de seu Filho. Sobre isso, concluo a homilia com um pensamento de Santo Agostinho: "Eis onde começa a caridade, — diz Agostinho— . Se ainda não estás pronto para morrer pelo teu irmão, esteja pronto, ao menos, para dar ao teu irmão um pouco de teus bens (...). Se não consegues dar o supérfluo ao irmão, como poderias dar por ele a tua vida?" Não existe amor fraterno sem a doação da própria vida para ajudar o outro a viver mais dignamente. Amém!