segunda-feira, julho 31, 2017

XVII DOMINGO DO TEMPO COMUM



Nos Domingos que precederam a este, prevaleceu o tema da “semente” plantada no terreno do coração. Um modo de dizer que as mudanças sociais, e também as mudanças nos relacionamentos com as pessoas, iniciam-se no coração, no interior da pessoa e não vem de fora, por alguma imposição. É pela mudança de coração que se terá uma sociedade nova, com relacionamentos mais fraternos. Agora, a partir deste 17º Domingo do Tempo Comum - A, a Liturgia conduz os celebrantes a considerar o valor do Reino de Deus, que é uma pérola; um verdadeiro tesouro (Evangelho).

É um Reino que se constrói não de cima para baixo, mas a partir de dentro, fermentando a sociedade com os valores do Evangelho, ouvindo o povo, vendo as necessidades do povo, percebendo o que o povo precisa para viver dignamente. O segredo para isso, explica o autor da 1ª leitura, está em Salomão, que intercede a graça de ouvir o que o povo tem a dizer. Salomão não pretende governar a partir de teorias de sábios e com estratégias políticas, mas ouvindo o que o povo diz e tem a dizer. A partir desse fato ele terá condições de conduzir os destinos do povo na justiça e na retidão.

Mas, não somente ouvir a voz do povo, antes disso, é preciso ouvir a voz divina, que fala ao povo através da sua Palavra. Paulo, na 2ª leitura, usa alguns termos que podem causar confusão, principalmente quando fala de “predestinação”. Nossa compreensão de “predestinação” é que existe um destino, no qual tudo está definido e o que acontece assim acontece porque tinha que acontecer. Segundo os estudiosos o sentido Bíblico de “predestinação” é outro. Com o termo “predestinação”, Paulo está propondo um caminho de fé que conduz à glória divina. O caminho do povo, portanto, tem uma meta já estabelecida, “predestinada”, para se participar da glória divina, para se participar da vida plena: trata-se do caminho do Evangelho com sua proposta do Reino. É neste caminho “predestinado” que somos chamados a caminhar, mas não obrigados. Existe a liberdade e na liberdade humana, marcada pela obediência e pela desobediência, feita de graça e de pecado, que Deus escreve sua história, sempre convidando o homem a participar do projeto do seu Reino. Quem compreende e encontra a história divina na vida pessoal (e igualmente na vida comunitária) encontra um tesouro.

As parábolas que Jesus conta, no Evangelho deste Domingo, contêm três aspectos que merecem ser considerados, no contexto de nossa reflexão. O primeiro é que o Reino de Deus não é feito de propagandas ou publicidades, mas é simples e se manifesta na simplicidade. Por isso está escondido e precisa ser encontrado. Tudo que é propagandeado não precisa ser descoberto, porque é mostrado e não necessita o esforço da busca e da procura. O Reino é uma pérola que aparece quando existe acolhimento fraterno, quando é possível rir com quem ri, chorar com quem chora... gestos simples, portanto, que escondem a pérola do Reino.

O segundo elemento é o risco do investimento: o homem descobriu, vendeu tudo e comprou o campo. Atitude diferente foi a daquele jovem rico (Mt 19), que não arriscou suas seguranças para comprar o campo da vida onde se encontra a pérola do Reino. E, por fim, o terceiro elemento é a necessidade de avaliar os valores “pescados” no decorrer da vida e perceber o que é pérola do Reino e o que não é. Não se pode viver apegado a tesouros que contêm coisas novas e velhas. O que conta é o novo do Reino.






















sábado, julho 29, 2017

SANTA MARTA




1. João 11,1-16: Uma chave para entender o sétimo sinal da ressurreição de Lázaro

Lázaro estava doente. As irmãs Marta e Maria mandam chamar Jesus: “Aquele a quem amas está doente!” (Jo 11,3.5). Jesus atende ao pedido e explica: “Essa doença não é mortal, mas é para a glória de Deus, para que por ela seja glorificado o Filho de Deus!” (Jo 11,4). No Evangelho de João, a glorificação de Jesus acontece através da sua morte (Jo 12,23; 17,1). Uma das causas da sua condenação à morte vai ser a ressurreição de Lázaro (Jo 11,50; 12,10). Assim, o sétimo sinal vai ser para manifestar a glória de Deus (Jo 11,4). Os discípulos não entendem (Jo 11,6-8). Jesus fala da morte de Lázaro, e eles entendem que esteja falando do sono (Jo 11,11-15). Ainda não percebem a identidade de Jesus como vida e luz (Jo 11,9-10). Porém, mesmo sem entenderem, eles estão dispostos a ir morrer com ele (Jo 11,16). A doutrina deles é deficiente, mas a fé é correta.



2. João 11,17-19: Jesus chega em Betânia

Lázaro está morto mesmo. Depois de quatro dias, a morte é absolutamente certa, o corpo entra em decomposição e já cheira mal (Jo 11,39). Muitos judeus estão na casa de Marta e Maria para consolá-las da perda do irmão. Os representantes da Antiga Aliança não trazem vida nova. Só consolam. Jesus é que vai trazer vida nova. Os judeus são os adversários que querem matar Jesus (Jo 10,31). As duas mulheres criaram um espaço novo de contato entre Jesus e seus adversários. Assim, de um lado, a ameaça de morte contra Jesus! De outro lado, Jesus chegando para vencer a morte! É neste contexto de conflito entre vida e morte que vai ser realizado o sétimo sinal.

3. João 11,20-24: Encontro de Marta com Jesus – promessa de vida e de ressurreição

No encontro com Jesus, Marta diz que crê na ressurreição. Ela está dentro da cultura e da religião do povo do seu tempo. Os fariseus e a maioria do povo já acreditavam na ressurreição (At 23,6-10; Mc 12,18). Acreditavam, mas não a revelavam. Era fé na ressurreição no final dos tempos, e não na ressurreição presente na história, aqui e agora. Não renovava a vida. Faltava dar um salto. A vida nova da ressurreição só vai aparecer com Jesus.

4. João 11,25-27: A revelação de Jesus provoca a profissão de fé

Jesus desafia Marta a dar este salto. Não basta crer na ressurreição que vai acontecer no final dos tempos, mas tem que crer que a ressurreição já está presente hoje na pessoa de Jesus e naqueles que acreditam em Jesus. Sobre eles a morte não tem mais nenhum poder, porque Jesus é a “ressurreição e a vida”. Então, Marta, mesmo sem ver o sinal concreto da ressurreição de Lázaro, confessa a sua fé: “Eu creio que tu és o Cristo, o filho de Deus que vem ao mundo”.

5. João 11,28-31: O encontro de Maria com Jesus

Depois da profissão de fé, Marta vai chamar Maria, sua irmã. É o mesmo processo que já encontramos na chamada dos primeiros discípulos: encontrar, experimentar, partilhar, testemunhar, conduzir até Jesus. Maria vai ao encontro de Jesus, que continua no mesmo lugar onde Marta o tinha encontrado. Tal como a sabedoria, que se manifesta nas ruas e nas encruzilhadas (Pr 1,20-21), assim Jesus é encontrado no caminho fora do povoado. Hoje, tanta gente busca saídas para os problemas da sua vida nas ruas e nas encruzilhadas! João diz que os judeus acompanhavam Maria. Pensavam que ela fosse ao sepulcro do irmão. Eles só entendiam de morte, e não de vida!

6. João 11,32-37: A resposta de Jesus

Maria repete a mesma frase de Marta: “Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido” (Jo 11,21). Ela chora, todos choram. Jesus se comove. Quando os pobres choram, Jesus se emociona e chora. Diante do choro de Jesus, os outros concluem: “Vede como ele o amava!” Esta é a característica das comunidades do Discípulo Amado: o amor mútuo entre Jesus e os membros da comunidade. Alguns ainda não acreditam e levantam dúvidas: “Esse que curou o cego, por que não impediu a morte de Lázaro?”



7. João 11,38-40: Retirem a pedra!

Pela terceira vez, Jesus se comove (Jo 11,33.35.38). É assim que João acentua a humanidade de Jesus contra aqueles que, no fim do século I, espiritualizavam a fé e negavam a humanidade de Jesus. Jesus manda tirar a pedra. Marta reage: “Senhor, já cheira mal! É o quarto dia!” Novamente, Jesus a desafia, apelando para a fé na ressurreição, aqui e agora, como um sinal da glória de Deus: “Não te disse que, se creres, verás a glória de Deus?”

8. João 11,41-44: A ressurreição de Lázaro

Retiraram a pedra. Diante do sepulcro aberto e diante da incredulidade das pessoas, Jesus se dirige ao Pai. Na sua prece, primeiro, faz ação de graças: “Pai, dou-te graças, porque me ouviste. Eu sabia que tu sempre me ouves!” O Pai de Jesus é o mesmo Deus que sempre escuta o grito do pobre (Ex 2,24: 3,7). Jesus conhece o Pai e confia nele. Mas agora ele pede um sinal por causa da multidão que o rodeia, para que possa acreditar que ele, Jesus, é o enviado do Pai. Em seguida, grita em alta voz: “Lázaro, vem para fora!” E Lázaro vem para fora. É o triunfo da vida sobre a morte, da fé sobre a incredulidade! Um agricultor do interior de Minas comentou: “A nós cabe retirar a pedra. E aí Deus ressuscita a comunidade. Tem gente que não quer tirar a pedra e, por isso a comunidade deles não tem vida!”

FONTE:http://www.franciscanos.org.br/?p=55459


sexta-feira, julho 28, 2017

BEATO KARL LEISNER



Durante a Segunda Guerra Mundial, o campo de concentração nazista de Dachau, localizado na Alemanha, era o lugar para onde os membros do clero eram enviados. Foi neste local de dor e morte que aconteceu um incrível evento: a ordenação de um sacerdote católico.

A história do Beato Karl Leisner é narrada no livro “La Baraque des prêtres, Dachau, 1938-1945” (O Pavilhão dos Padres, Dachau, 1938-1945) , escrito pelo jornalista francês Guillaume Zeller.

Karl Leisner nasceu na Alemanha em 1915 e cresceu na cidade de Cléveris. Desde jovem sentiu o chamado ao sacerdócio e ingressou no seminário de Munique quando tinha 19 anos. Nesse tempo, também se uniu ao movimento apostólico de Schoenstatt, ao qual pertenceu até a sua morte.

Em 1939, foi ordenado diácono, mas contraiu tuberculose e teve que ser internado em um hospital. Em novembro desse mesmo ano, Leisner foi preso pela Gestapo, a polícia secreta nazista, porque um companheiro o delatou por criticar Hitler.

Foi transferido a uma prisão na cidade de Freiburg e, em 14 de dezembro de 1941, os nazistas o enviaram ao campo de concentração de Dachau.

Em seu livro, Zeller assinalou que entre os anos de 1938 e 1945, foram enviados a esse campo de concentração 2576 sacerdotes, seminaristas e monges católicos. Desses, 1034 faleceram nessa prisão.

Zeller indicou que nesse local os nazistas se dedicavam a “desumanizar e degradar os prisioneiros” e afirmou que “o campo de Dachau continua sendo o maior cemitério de sacerdotes católicos no mundo”.

As duras condições de vida do campo de concentração fizeram com que a saúde de Leisner piorasse. Entretanto, o jovem nunca perdeu a alegria. Segundo narra uma biografia sua publicada no site de Schoenstatt, o beato era “capaz de alegrar e atrair os outros” e animava os prisioneiros tocando o violão que seus amigos conseguiram lhe enviar.

A tuberculose o debilitava cada vez mais e o jovem sentia que se reduziam as possibilidades de que fosse ordenado sacerdote. Mas, tudo mudou quando o Bispo da Diocese francesa de Clermont-Ferrand, Dom Gabriel Piguet, chegou como prisioneiro em 6 de setembro de 1944.

Como somente o bispo pode conceder a ordenação sacerdotal, Leisner pediu a um sacerdote belga, Pe. Leo de Coninck, que intercedesse em seu favor ante Dom Piguet. O Prelado aceitou com a condição de que esta ordenação tivesse a autorização do Arcebispo de Munique, Cardeal Michael Faulhaber, porque era a ele que Leisner devia obediência.

O trâmite para conseguir a autorização foi realizado por uma jovem chamada Josefa Imma Mack, que anos mais tarde se tornaria religiosa. Mack conhecia os sacerdotes e religiosos que estavam presos em Dachau porque alguns desses vendiam às pessoas as flores e frutas que cultivavam lá.

O ‘Catholic Herald’ narrou que esta jovem conseguiu entregar aos prisioneiros as cartas nas quais o Cardeal Faulhaber concedia a autorização para ordenar Leisner sacerdote. Conseguiu inclusive o óleo do crisma, uma estola e os livros litúrgicos.

Graças à intervenção diplomática do Vaticano, os nazistas autorizaram que se construíssem uma capela no Bloco 26 do campo de concentração de Dachau. O sacrário, o altar, os bancos e os candelabros foram elaborados com materiais disponíveis na prisão. A primeira Missa foi celebrada em 21 de janeiro de 1941.

Em seu livro, Guillaume Zeller descreveu que a cerimônia de ordenação do Beato Leisner, realizada em 17 de dezembro de 1944, “teve um impacto duradouro entre os sacerdotes que estiveram presentes”.

Nesse dia, o jovem diácono usava a alva sobre o uniforme de listras que os prisioneiros usavam. Até mesmo alguns dos paramentos do Bispo, como a casula e a mitra, foram feitos pelos próprios sacerdotes prisioneiros.

A ordenação de Leisner também motivou vários gestos de solidariedade por parte de protestantes e judeus. Um grupo de pastores ajudou a organizar a cerimônia e um violinista judeu se ofereceu para tocar perto da capela para gerar uma distração.

Dom Piguet escreveu em suas memórias que ao presidir a celebração sentiu “como se esta tivesse sido na minha catedral ou na capela do meu seminário. Nada, não faltava nada no que diz respeito à grandeza religiosa de tal ordenação, que é provavelmente única nos anais da história”.

Pe. Leisner presidiu sua primeira e única Missa em 26 de dezembro de 1944, porque sua saúde se agravou. Foi libertado do campo de concentração em 4 de maio de 1945, cinco meses depois de sua ordenação.

Nessa época, sua doença estava na fase final e passou as últimas semanas de sua vida em um hospital em Munique, onde faleceu rodeado por sua família em 12 de agosto daquele mesmo ano.

As últimas palavras que escreveu em seu diário foram: “Abençoa, oh Altíssimo, também os meus inimigos!”.

Pe. Karl Leisner foi beatificado por São João Paulo II em 23 de junho de 1996, em Berlim, junto com Pe. Bernhard Lichtenberg, que faleceu em 1943, enquanto era transferido para Dachau.


quinta-feira, julho 27, 2017

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS



No caos político-social em que vivemos, relembramos aos católicos os princípios fundamentais da doutrina social da Igreja, que devem servir de pauta à sociedade. Eles são baseados na lei natural e na busca do bem comum.

1º. Subordinação da ordem social à ordem moral estabelecida por Deus: Não “querer construir uma ordem temporal sólida e fecunda prescindindo de Deus, fundamento único sobre o qual ela poderá subsistir” (João XXIII, Mater et Magistra, 214).

2º. Dignidade da Pessoa Humana: “A dignidade da pessoa humana se fundamenta em sua criação à imagem e semelhança de Deus” (C. I. C., 1700). À luz do cristianismo, qualquer ser humano deve ser considerado pessoa, objeto do ideal cristão do amor fraterno. Assim, a vida humana deve ser respeitada desde a concepção até o seu término natural.

3º. Solidariedade: “O homem deve contribuir, com seus semelhantes, para o bem comum da sociedade, em todos os seus níveis. Sob este ângulo, a doutrina da Igreja opõe-se a todas as formas de individualismo social ou político” (CDF, Nota Doutrinal).

4º. A busca do bem comum: “a total razão de ser dos poderes públicos” (João XXIII, Pacem in terris, 54). Bem comum, não individual próprio.
5º. A atenção especial aos pobres: por serem mais fracos, precisam de maior proteção e cuidado do Estado (Leão XIII, Rerum Novarum 20).

6º. Não ao império do dinheiro: considerado como valor supremo, e do lucro sem moral. Portanto, repúdio completo a toda a forma de corrupção.

7º. Não ao socialismo: que pretende a abolição da propriedade privada, inspirado por ideologias incompatíveis com a fé cristã (Paulo VI, Octog. Adveniens, 31). Sim à socialização, no sentido do crescimento e interação de relações sociais e crescente desenvolvimento de formas associativas, sem se precisar recorrer ao Estado (cf. João XXIII, Mater et Magistra).

8º Subsidiariedade ou ação subsidiária do Estado: que não absorva a iniciativa das famílias e dos indivíduos. Incentivo à iniciativa privada, na geração de empregos e na educação.

9º Prioridade do trabalho sobre o capital: “É preciso acentuar o primado do homem no processo de produção, o primado do homem em relação às coisas” (J. Paulo II, Lab exercens, 12f). “Ambos têm necessidade um do outro: não pode haver capital sem trabalho, nem trabalho sem capital” (Leão XIII, Rerum Novarum, 28).

10º. Destinação universal dos bens: sem prejuízo do direito de propriedade privada. “O direito à propriedade privada está subordinado ao direito ao uso comum, subordinado à destinação universal dos bens” (João Paulo II, Laborem exercens, 19).

11º. O justo salário: “Acima dos acordos e das vontades, está uma lei de justiça natural, mais elevada e mais antiga, que o salário não deve ser insuficiente para assegurar a subsistência do operário sóbrio e honrado” (Leão XIII, Rerum novarum, 63).


Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney


quarta-feira, julho 26, 2017

DIA DOS AVÓS



Cidade do Vaticano (RV) – “Quanto são importantes os avós na vida da família para comunicar o patrimônio de humanidade e fé essencial para cada sociedade!”.

Com o tweet publicado esta quarta-feira, 26 de julho, dia em que a Igreja recorda São Joaquim e Santa Ana, o Papa Francisco enfatiza mais uma vez o papel desempenhado pelos avós no seio da família e da sociedade, também na transmissão da fé.

Desde o início de seu Pontificado, Francisco insiste na importância deste “arco da vida” que liga a infância e juventude - repletas de ímpetos de mudança – com a velhice, cheia de sabedoria.

Não faltaram iniciativas nestes anos como o Dia dos Idosos, realizado na Praça São Pedro em 2014, assim como a série de catequeses a eles dedicadas.

Na Audiência Geral de 11 de março de 2015, Francisco falou que a velhice é uma vocação:

“A velhice é uma vocação. Não é ainda o momento de “tirar os remos do barco”. Este período da vida é diferente dos precedentes, não há dúvida; devemos também “criá-lo” um pouco, porque as nossas sociedades não estão prontas, espiritualmente e moralmente, para dar a isso, a esse momento da vida, o seu pleno valor. Uma vez, de fato, não era assim normal ter tempo à disposição; hoje é muito mais. E mesmo a espiritualidade cristã foi pega um pouco de surpresa e se trata de delinear uma espiritualidade das pessoas idosas. Mas graças a Deus não faltam os testemunhos de santos e santas idosos!”

Na mesma ocasião, o Papa exortou os avós a seguirem os passos de São Joaquim e Santa Ana, dois “anciãos extraordinários”, acrescentando:

“Tornemo-nos também nós um pouco poetas da oração: tomemos gosto por procurar palavras nossas, reapropriemo-nos daquelas que a Palavra de Deus nos ensina. É um grande dom para a Igreja, a oração dos avós e dos idosos! A oração dos idosos e dos avós é um dom para a Igreja, é uma riqueza! Uma grande injeção de sabedoria também para toda a sociedade humana: sobretudo para aquela que está muito ocupada, muito presa, muito distraída. Alguém deve, então, cantar, também para eles, cantar os sinais de Deus, proclamar os sinais de Deus, rezar por eles!”

Não poucas vezes, especialmente nas homilias das Missas na Casa Santa Marta, Bergoglio recordou de sua avó, uma pessoa fundamental para a sua vida de fé e familiar.

“As palavras dos avós têm algo de especial para os jovens. E eles sabem disso. As palavras que a minha vó me entregou por escrito, no dia de minha ordenação sacerdotal, eu as levo ainda comigo, sempre, no breviário, e as leio e me faz bem”.

“Aos avós que receberam a bênção de verem os netos – disse o Papa em outra ocasião – foi confiada a tarefa de transmitir a experiência de vida, a história da família e partilhar com simplicidade a sabedoria e a fé, que é a herança mais preciosa”. “Bem-aventuradas as famílias que têm os avós próximos! O avô é pai duas vezes e a avó é mãe duas vezes”.

Ao celebrar os 25 anos de ordenação episcopal com uma missa concelebrada com os Cardeais na Capela Paulina no Vaticano em 27 de junho, o Papa ressaltava que “não somos gerontes, somos avôs... (...) Avôs para quais os netos olham e esperam de nós a experiência sobre o sentido da vida. Avôs não fechados...(...) Somos avôs chamados a sonhar e dar o nosso sonho à juventude de hoje, que necessita disso, porque tirarão dos nossos sonhos a força para profetizar e levar avante a sua missão.”

Assim, neste Dia dos Avós, podemos refletir sobre outra frase tão repetida por Francisco: “Um povo que não respeita os avós é um povo sem memória, e consequentemente sem futuro”. (JE)



terça-feira, julho 25, 2017

SÃO TIAGO, O MAIOR



Este apóstolo é chamado de Tiago Zebedeu, Tiago, irmão de João, Tiago Boanerges, isto é “filho do trovão”, e Tiago, o Maior. Chama-se Tiago Zebedeu não tanto porque foi filho carnal deste, mas porque Zebedeu significa simultaneamente “doador” e “doado”. O bem-aventurado Tiago doou a si mesmo a Cristo por meio de seu martírio e foi doado por Deus para ser nosso patrono espiritual.

Tiago nasceu doze anos antes de Cristo, viveu mais anos do que ele e passou para a eternidade junto a seu Mestre. Tiago, o Maior, nasceu na Galileia e era filho de Zebedeu e Salomé, segundo as Sagradas Escrituras. Era, portanto, irmão de João Evangelista, os “Filhos do Trovão”, como os chamara Jesus. É sempre citado como um dos três primeiros apóstolos, além de figurar entre os prediletos de Jesus, juntamente com Pedro e André. É chamado de “maior” por causa do apóstolo homônimo, Tiago, filho de Alfeu, conhecido como “menor”.

Nas várias passagens bíblicas, podemos perceber que Jesus possuía apóstolos escolhidos para testemunharem acontecimentos especiais na vida do Redentor. Um era Tiago, o Maior, que constatamos ao seu lado na cura da sogra de Pedro, na ressurreição da filha de Jairo, na transfiguração do Senhor e na sua agonia no horto das Oliveiras.

Consta que, depois da ressurreição de Cristo, Tiago rumou para a Espanha, percorrendo-a de norte a sul, fazendo sua evangelização, sendo por isso declarado seu padroeiro. Mais tarde, voltou a Jerusalém, onde converteu centenas de pessoas, até mesmo dois mágicos que causavam confusão entre o povo com suas artes diabólicas. Até que um dia lhe prepararam uma cilada, fazendo explodir um motim como se fosse ele o culpado. Assim, foi preso e acusado de causar sublevação entre o povo. A pena para esse crime era a morte.

O juiz foi o cruel rei Herodes Antipas, um terrível e incansável perseguidor dos cristãos. Ele lhe impôs logo a pena máxima, ordenando que fosse flagelado e depois decapitado. A sentença foi executada durante as festas pascais no ano 42. Assim, Tiago, o Maior, tornou-se o primeiro dos apóstolos a derramar seu sangue pela fé em Jesus Cristo.

No século VIII, quando a Palestina caiu em poder dos muçulmanos, um grupo de espanhóis trouxe o esquife onde repousavam os restos de são Tiago, o Maior, à cidade espanhola de Iria. Segundo uma antiga tradição da cidade, no século IX o bispo de lá teria visto uma grande estrela iluminando um campo, onde foi encontrado o túmulo contendo o esquife do apóstolo padroeiro. E a Espanha, que nesta ocasião lutava contra a invasão dos bárbaros muçulmanos, conseguiu vencê-los e expulsá-los com a sua ajuda invisível.

Mais tarde, naquele local, o rei Afonso II mandou construir uma igreja e um mosteiro, dedicados a são Tiago, o Maior, com isso a cidade de Iria passou a chamar-se Santiago de Compostela, ou seja, do campo da estrela. Desde aquele tempo até hoje, o santuário de Santiago de Compostela é um dos mais procurados pelos peregrinos do mundo inteiro, que fazem o trajeto a pé.

Essa rota, conhecida como “caminho de Santiago de Compostela”, foi feita também pelo papa João Paulo II em 1989. Acompanhado por milhares de jovens do mundo inteiro, foi venerar as relíquias do apóstolo são Tiago, o Maior, depositadas na magnífica catedral das seis naves, concluída em 1122.

A Igreja também celebra hoje a memória dos santos: Cristóvão e Valentina.


segunda-feira, julho 24, 2017

XVI DOMINGO DO TEMPO COMUM



Deus é bom 

A Palavra deste Domingo fala de dois tipos de sementes: a semente do bem e a semente do mal, esta última simbolizada no joio. Jesus explica que o bem e o mal são cultivados igualmente no meio da sociedade, mas também na comunidade eclesial e, infelizmente, em muitas famílias. Uma fofoca, por exemplo, é um joio que pode estragar anos de cultivo de alguma semente boa plantada na comunidade. Se é assim, por que Deus não permite arrancar e exterminar as ervas daninhas que tanto atrapalham a vida pessoal, a vida da comunidade e de tantas famílias? A resposta está na bondade divina, como relatado na 1ª leitura e no salmo responsorial. Deus é bom e sua bondade é misericordiosa, e quem é misericordioso promove a vida, sempre está a favor da vida e, assim, dedica-se em semear vida. O segredo para vencer o mal consiste em semear a vida, semear aquilo que promove vida, semear paz, alegria, fraternidade... Vida!


Ajuda do Espírito Santo 

A conclusão da 1ª leitura tem um pensamento forte: “o justo é humano”. O jeito para sermos misericordiosos como Deus é misericordioso, não é algo impossível, é apenas um modo de nos tornar mais humanos. Ser misericordioso é ser humano. Somos capazes disso? Em parte sim, mas precisamos da ajuda do Espírito Santo. São Paulo, na 2ª leitura, dizia que é o Espírito que sabe o que precisamos e é ele vem em socorro da nossa fraqueza. Que fraqueza? A fraqueza de considerar que é preciso destruir todas as sementes de joio que existem na face da terra. Quem tem esse poder é somente Deus e Deus não faz isso. Por isso, Paulo é muito preciso ao dizer que o Espírito Santo penetra no íntimo de nossos corações e intercede para que não caiamos na tentação de enfrentar o cultivo do joio com as forças do mundo, mas sim com a proposta divina de semear a bondade no coração das pessoas, a começar das crianças, adolescentes, jovens...


Pequenez e simplicidade 

A proposta de Jesus para enfrentar o joio cultivado no mundo é um empenho de contracorrente. Se o mundo propõe debelar o mal com a força de armas e estratégias violentas, e ainda assim o mal não é derrotado, a proposta de Jesus fala de semear o bem. O que vemos em nossos dias? Quando aparece um foco de maldade que ameaça a comunidade internacional, apontam-se mísseis para aquela região, na tentativa de abafar o mal com a morte. O que fazem estratégias de segurança contra a violência urbana? Apelam para a violência. E, seja num caso como noutro, o mal continua; se não visível, mas na semente de diferentes tipos de joio cultivados entre nós. A proposta de Jesus é pela simplicidade: plantar sementes do bem, semear sementes de humanidade e de humanização. Uma gentileza aqui, um sorriso ali, um pedido de desculpas dentro de casa. Semear a boa educação, ensinar jovens e crianças a serem bons. Esta é a proposta. Não à violência, mas sim ao cultivo do bem no coração dos simples. Amém.





















sexta-feira, julho 21, 2017

MARIA MADALENA, APÓSTOLA DA ESPERANÇA




A Esperança cristã – Maria Madalena, apóstola da Esperança

Caros irmãos e irmãs, bom dia !

Nestas semanas a nossa reflexão se move, por assim dizer, na órbita do mistério pascal. Hoje encontramos alguém que, de acordo com os Evangelhos, foi a primeira pessoa a ver Jesus ressuscitado: Maria Madalena. Havia terminado o descanso de sábado. No dia da paixão não tinha havido tempo para completar os ritos funerários; por isso, naquele amanhecer cheio de tristeza, as mulheres vão ao sepulcro de Jesus com unguentos perfumados. A primeira a chegar é ela: Maria Madalena, uma das discípulos que tinham acompanhado Jesus desde a Galileia, mantendo-se a serviço da Igreja nascente. Em seu caminho para o túmulo se reflete a lealdade de muitas mulheres que dedicam anos indo ao cemitério, em memória de alguém que não está mais entre nós. Os laços mais autênticos não são quebrados até mesmo por morte: há aqueles que continuam a amar, mesmo se o se a pessoa amada se foi para sempre.

O Evangelho (cf. Jo 20,1-2.11-18) descreve Maria Madalena colocando logo em evidência que ela não era uma mulher entusiasmo fácil. De fato, após a primeira visita ao túmulo, ela volta decepcionada para lugar onde os discípulos estavam escondidos; relatos de que a pedra foi movida da entrada do sepulcro, e sua primeira opção é a mais simples que pode ser formulada: alguém deve ter roubado o corpo de Jesus. Assim, o primeiro anúncio que Maria traz não é o da ressurreição, mas de um roubo de autores desconhecidos, enquanto toda Jerusalém estava dormindo.

Em seguida, os Evangelhos falam de uma segunda viagem da Madalena ao túmulo de Jesus. Ela era teimosa! Ela foi, ela voltou … porque não estava convencida! Desta vez, o seu passo é lento, muito pesado. Maria sofre duplamente: em primeiro lugar pela morte de Jesus, e depois pelo desaparecimento inexplicável de seu corpo.

É enquanto ela está inclinada perto da sepultura, com os olhos cheios de lágrimas, que Deus a surpreende da maneira mais inesperada. O evangelista João enfatiza como era persistente sua cegueira: não nota a presença de dois anjos que a interrogam, e nem mesmo desconfiado ao ver o homem atrás dela, quem ela acredita ser um jardineiro. Mas descobre o acontecimento mais marcante da história humana quando finalmente é chamada pelo seu nome: “Maria” (V. 16).

Como é belo pensar que a primeira aparição de Cristo ressuscitado – de acordo com os Evangelhos – tenha ocorrido de forma tão pessoal! Que há alguém que nos conhece, que vê o nosso sofrimento e decepção, e que se comove por nós, e nos chama pelo nome. É uma lei que encontramos esculpida em muitas páginas do Evangelho. Ao redor de Jesus, existem muitas pessoas que buscam a Deus; mas a realidade mais prodigiosa é que, muito antes, há em primeiro lugar Deus que se preocupa com nossas vida, que a quer levantar, e para fazer isso nos chama pelo nome, reconhecendo o rosto pessoal de cada um. Cada homem é uma história de amor que Deus escreve sobre esta terra.

Cada um de nós é uma história de amor de Deus. Cada um de nós é chamado, por Deus, pelo próprio nome: nos conhece pelo nome, nos olha, nos espera, nos perdoa, é paciente conosco. É verdade ou não é verdade? Cada um de nós faz esta experiência.

E Jesus a chama: “Maria!”, a revolução de sua vida, a revolução destinada a transformar a existência de cada homem e mulher, começa com um nome que ecoa no jardim do sepulcro vazio. Os Evangelhos nos descrevem a felicidade de Maria: a ressurreição de Jesus não é umaalegria dada com conta-gotas, mas uma cascata que afeta toda a vida.

A vida cristã não é tecida com a felicidade suave, mas de ondas que transformam tudo. Tentem pensar também vocês neste instante, com a bagagem de decepção e derrota que cada um de nós carrega em seu coração, que há um Deus próximo de nós, que nos chama pelo nome e nos diz: “Levanta-te, pare de chorar, porque Eu vim para libertá-lo “. E isso é belo.

Jesus não é alguém que se adapta ao mundo, tolerando que nele perdure a morte, tristeza, ódio, a destruição moral de pessoas … Nosso Deus não é inerte, mas o nosso Deus – permito-me a palavra – é um sonhador: sonha a transformação do mundo e realizou no mistério da Ressurreição.

Maria gostaria de abraçar o seu Senhor, mas Ele está agora orientado ao Pai celeste, enquanto ela é enviada a levar o anúncio aos irmãos. E assim a mulher, que antes de conhecer Jesus estava em poder do maligno (cf. Lc 8,2), agora se tornou uma apóstola da nova e maior esperança.

A sua intercessão nos ajude também a viver esta experiência: na hora do pranto, na hora do abandono, ouvir Jesus ressuscitado que nos chama pelo nome, e com o coração cheio de alegria ir e anunciar: “Eu vi o Senhor “(v. 18). Eu mudei de vida porque eu vi o Senhor! Agora sou diferente, sou uma outra pessoa. Eu mudei porque eu vi o Senhor. Esta é a nossa força e esta é a nossa esperança. Obrigado.

Papa Francisco , em 17 de maio de 2017 




quinta-feira, julho 20, 2017

PAPA FRANCISCO: CUIDADO QUE SE DEVE TER PARA COM A AMIZADE



“É um mistério a paciência de Deus, como também é necessária a paciência para forjar uma boa amizade entre duas pessoas. Tempo e paciência.”

O Papa Francisco confessou em uma recente entrevista que se sentiu por pessoas que se apresentaram como amigos seus mas, possivelmente, ele não tenha visto mais que uma ou duas vezes na vida.

Assim o afirmou o Santo Padre em uma entrevista com o jornalista evangélico Marcelo Figueroa de Rádio Milenium de Buenos Aires (Argentina) que foi difundida no domingo, 13 de setembro, e que fora realizada na Casa Santa Marta onde reside o Pontífice.

Ao ser perguntado sobre a amizade por Figueroa, o Pontífice disse que existe no mundo uma tendência a ter amigos por interesse “vejamos que proveito posso tirar de me aproximar dessa pessoa e fazer-me amigo dela”.

“Isso me dói. E eu me senti usado por pessoas que se apresentaram como amigos e que eu possivelmente não tinha visto mais que uma ou duas vezes na vida, e usaram isso para seu proveito. Mas é uma experiência pela qual todos passamos, a amizade utilitária”.

O Papa explicou que “a amizade é um acompanhar a vida do outro”.

“Em geral as verdadeiras amizades, não se explicitam, dão-se e vão como cultivando-se. A tal ponto que a outra pessoa já entrou em minha vida como preocupação, como bom desejo, como sã curiosidade de saber como vai, como vai a sua família, seus filhos É dizer que alguém vai entrando”.

O Santo Padre disse logo que “outra característica para distinguir a boa amizade de outras formas que são chamadas de amizade, mas na verdade são companheirismo, etc. É notar que com um amigo, mesmo quando você não o vê durante muito tempo, quando o encontra, e às vezes passam meses ou até um ano, você sente como se te tivesse visto ontem, conectam num instante. É uma característica muito humana da amizade”.

Diante da pergunta sobre o sentido profundo da amizade como Vigário de Cristo na terra, o Papa comenta que “nunca tive tantos ‘amigos’ entre aspas, como agora. Todos são amigos do Papa. A amizade é algo muito sagrado. A Bíblia diz: ‘tenha um ou dois amigos’”.

“Antes de considerar um amigo, deixe que o tempo o prove, veja como reage diante de você. E é o que aconteceu em nossa história. Você evangélico, eu católico e trabalhando juntos por Jesus. Mas não só funcionalmente, mas esta amizade foi dando-se e também envolveu a sua mulher, seus filhos”, disse o Papa ao jornalista recordando a sua longa relação de amizade com Figueroa, que o conhece desde que era bispo em Buenos Aires.

Na amizade de ambos “também houve momentos escuros. Não é certo? Como quando você teve que passar o túnel da incerteza que te dá uma Doença. Confesso-te, eu sentia a necessidade de estar perto de ti, da sua mulher, dos seus filhos. Porque um amigo não é um conhecido, alguém com quem você apenas goza de um bom momento de conversa”.

O Santo Padre ressaltou que “a amizade é algo profundo. Eu acredito que Jesus quis que isto se desse. Indo além da sua piada de que você é ‘minha ovelha protestante’, está essa aproximação humana de poder falar de coisas comuns com profundidade”.

Sobre a dimensão espiritual da amizade de Deus com o homem, o Papa Francisco disse que a atitude do Senhor “está repleta de carinho paternal, é obvio, mas também de amizade. Não sei como podemos interpretar isso de que Deus e Moisés falavam cara a cara, como um amigo fala com outro amigo. Quer dizer: Deus amigo de Moisés! Essa capacidade de lhe confiar tudo, seus planos, o que ia fazer…”.

Depois de fazer um repasse sobre a passagem bíblica de Caim e Abel e como esse episódio é uma mostra clara da “cultura da inimizade” em que muitas vezes está submerso o homem, o Santo Padre explicou a importância da paciência para que as pessoas sejam boas amigas.

“É um mistério a paciência de Deus, como também é necessária a paciência para forjar uma boa amizade entre duas pessoas. Tempo e paciência. Como dizem os árabes: ‘é preciso comer vários quilogramas de sal’. Muito tempo para falar, estar juntos, conhecer-se e aí se forja a amizade. Essa paciência na qual uma amizade é real, sólida. Porque nesse tempo passam muitas coisas que deve-se responder como amigo, ou como indiferente”.

Figueroa questionou ao Papa sobre a possibilidade de ser amigos de Jesus e como se pode viver essa amizade: “Ele o disse na Ceia: ‘já não vos chamo servos, e sim amigos’. O servo não sabe o que vai fazer seu senhor, o amigo sim. Ou seja conhece os segredos”.

“O que significa hoje –prosseguiu o Papa– é deixar que ele nos diga amigo. Porque frente à palavra de Jesus que te diz amigo. Ou é um néscio, ou um desgraçado que não entendem o que significa, ou abrem seu coração e entra-se nesse diálogo de amizade. Jesus aposta muito aí, porque poderia ter dito o metre, o doutor, poderia ter usado tantos títulos. Não, ‘vocês são meus amigos, eu os escolhi por amigos’”.