sábado, outubro 31, 2015

MISSÃO POPULAR EDIFÍCIO DEAUVILLE


A humanidade pergunta a nós, comunidade missionária, que “recebeu a missão de anunciar o Reino de Cristo e de Deus” (LG 6): “O que significa o anúncio deste Reino para os grandes problemas que ameaçam a humanidade? Qual é a contribuição (relevância) da comunidade missionária para a solução desses problemas? E nós, comunidade missionária, nos perguntamos: “Quais são esses problemas e qual é a solução que podemos oferecer ao mundo, à humanidade e, sobretudo aos pobres? Esses problemas têm solução? O quê significa “levar o anúncio da pessoa de Jesus, de Seu Evangelho, como luz de Deus e paradigma de humanidade (...) por meio das ações salvíficas da Igreja”, como o “Instrumento de Trabalho” (IdT 18) desse Congresso afirma? Como transformar a nossa proposta numa linguagem secular, para que o século XXI a entenda como sua, mordente, enraizada em seus contextos e, ao mesmo tempo, aberta ao transcendente, de onde “manifestou-se a bondade de nosso Salvador e Seus amor aos homens” (Ti 3,4; DdT 19)?



A esperança é uma mensagem central da fé bíblica (cf. SpS 2). A mensagem do Reino e da ressurreição de Jesus, que é promessa da justiça definitiva, é promessa a ser cumprida na ressurreição dos mortos, quando “todos reviverão em Cristo” (1Cor 15,22). Cremos no ressuscitado e anunciamos seu Reino no horizonte da plenitude escatológica de “um céu novo e uma nova terra” (Ap 21,1). O Deus conosco é sempre o Deus que caminha à nossa frente e ao nosso encontro. Ele é o futuro absoluto para a humanidade. A esperança, que é a força interior da fé, permite confiar no Deus sempre maior e no futuro prometido por Ele. Pela esperança somos capazes de compreender o incógnito de Deus não como ausência ou abandono, mas como a sua condição de ser e como centro do mundo, nos rostos dos migrantes e refugiados, dos desempregados e dos que vivem na rua das grandes cidades, dos agricultores e indígenas sem terra e dos afro-descendentes que lutam por seu reconhecimento em sociedades racistas (cf. DA 58, 65, 72, 88ss, 402, 427, 439, 454). O grito dessa gente nos lembra diariamente da presença de Deus e da injustiça humana, que domina o mundo como um câncer maligno. Deus ouve o grito de seu povo. Ele não só olhou para o sofrimento do povo, mas participou desse sofrimento. Ele está no grito de seu povo. Deus é o grito dos pobres. Deus não sofre mais por nós, mas tem compaixão de nós. E nós podemos nos expor ao sofrimento dos outros porque neles experimentamos a compaixão de Deus.




Quem sai de sua terra, como Abraão, ou da terra dos outros, onde foi escravizado, como Moisés, não sabe para onde vai. Em última instância, a esperança é confiança em Deus, é utopia, lugar inexistente, promessa absoluta. Uma primeira saída está na saída, no êxodo. A missão vive e propõe esse êxodo em direção de um mundo novo que acolhemos na metáfora do Reino de Deus. A esperança nos dá as razões e a força para decidir entre o presente acomodado e sofrido, e o êxodo para um futuro imprevisível e arriscado. Viver na esperança tem seus perigos e riscos.






Fonte: trechos do artigo de Dom Erwin Kraütler Bispo Prelado do Xingu




Ó Espírito Santo, dai-me um coração grande, aberto à vossa silenciosa e forte palavra inspiradora, fechado a todas as ambições mesquinhas, alheio a qualquer desprezível competição humana, compenetrado do sentido da santa Igreja. Um coração grande, desejoso de se tornar semelhante ao coração do Senhor Jesus. Um coração grande e forte para amar todos, para servir a todos, para sofrer por todos. Um coração grande e forte para superar todas as provações, todo tédio, todo cansaço, toda desilusão, toda ofensa. Um coração grande e forte, constante até o sacrifício, quando for necessário. Um coração cuja felicidade é palpitar com o coração de Cristo e cumprir, humilde e fielmente, a vontade do Pai. Amém. (Paulo VI)

quarta-feira, outubro 28, 2015

28 DE OUTUBRO DIA DO APÓSTOLO SÃO JUDAS TADEU


São Judas Tadeu ou São Judas Apóstolo é um santo cristão e um dos doze apóstolos de Jesus. Seus outros nomes são Judas Tadeus, Judas Lebeus e Judas, irmão de Tiago. Ele é também conhecido como São Tadeu (em grego: Θαδδαῖος, transl. Thaddæus ou Thaddaeus em diferentes versões da Bíblia), e como São Matfiy(Фаддей, он же Иуда Иаковлев или Леввей, em russo) na tradição ortodoxa russa (junto com São Judas). Ele é às vezes identificado como sendo Judas, "irmão de Jesus" , mas não deve ser confundido com Judas Iscariotes, também outro apóstolo, que traiu Jesus.
A Igreja Apostólica Armênia honra Tadeu juntamente com São Bartolomeu como santo padroeiro e responsável por ter levado o Cristianismo à Arménia. É o santo patrono das causas desesperadas e das causas perdidas na Igreja Católica Romana.
O atributo de São Judas é a maça. Ele também é geralmente mostrado nos ícones com uma chama à volta da cabeça, que representa a sua presença durante o Pentecostes, quando ele recebeu o Espírito Santo juntamente com os outros Doze apóstolos. Outro atributo comum é ver Judas Tadeu segurando uma imagem de Jesus Cristo, a imagem de Edessa. Em algumas ocorrências, ele pode ser visto segurando um rolo ou um livro (supostamente a Epístola de Judas) ou uma régua de carpinteiro.
Nas listas apostólicas de Mateus e Marcos, não se fala em Judas, mas em Tadeu (ou, em alguns manuscritos de Mateus 10:3, "Lebeus, de sobrenome Tadeu"). Isto levou muitos cristãos desde os primeiros anos a harmonizar as listas propondo um "Judas Tadeu", conhecido por ambos os nomes. Esta proposta se torna ainda mais plausível pelo fato de que "Thaddeus" parece ter sido um apelido (veja Tadeu). Uma complicação adicional está no fato de que o nome "Judas" foi manchado por Judas Iscariotes. Já se argumentou que por isso não é surpreendente que Marcos e Mateus se refiram a ele por um outro nome.
Alguns estudiosos bíblicos rejeitam esta teoria, porém, defendendo que Judas e Tadeu não são a mesma pessoa . Outros então propuseram teorias alternativas para explicar a discrepância: uma substituição de um pelo outro ainda durante o ministério de Jesus por conta de uma suposta apostasia ou morte ; a possibilidade que "doze" seria um número simbólico ou uma estimativa ou simplesmente que os nomes não foram preservados de forma exata pela igreja antiga.
Tadeu, o apóstolo, é ainda geralmente entendido como sendo distinto de Tadeu de Edessa, um dos Setenta Discípulos.
A tradição conta que São Judas pregou o Evangelho na Judeia, Samaria, Idumeia, Síria, Mesopotâmia e Líbia antiga. Acredita-se também que ele visitou Beirute e Edessa, embora o emissário desta última missão seja também identificado por outras fontes como sendo Tadeu de Edessa, um dos Setenta. Sua morte teria ocorrido junto com a de Simão, o zelote na Pérsia, onde teriam sido martirizados por um multidão insuflada por sacerdotes de Zoroastro.
A lenda reporta ainda que São Judas teria nascido de uma família judaica em Paneas, uma cidade na Galileia que, quando foi posteriormente reconstruída pelo Império Romano, foi renomeada para Cesareia de Filipe. É quase certo que ele falava tanto o grego quanto o aramaico, assim como os seus contemporâneos naquela região, e que era um fazendeiro de profissão. Ainda de acordo com a lenda, São Judas era filho de Cleofas e sua esposa, Maria, uma irmã da Virgem Maria. Esta mesma tradição afirma que seu pai fora assassinado por sua devoção aberta e irrestrita ao Cristo ressucitado.
Embora São Gregório, o Iluminador seja creditado como sendo o "Apóstolo dos Armênios", quando ele batizou o rei Tirídates III em 301 d.C., convertendo os armênios, os apóstolos Judas e Bartolomeu são tradicionalmente acreditados como tendo pela primeira vez levado o cristianismo para a Armênia e são, por isso, venerados como santos padroeiros pela Igreja Apostólica Armênia. Ligada à esta tradição estão os mosteiros de São Tadeu (hoje no norte do Irã) e o São Bartolomeu (hoje no sudeste da Turquia), ambos tendo sido construídos no que então era parte da Armênia (província romana).
Suas relíquias se encontram supostamente na Basílica de São Pedro, em Roma, para onde teriam sido trasladadas e são veneradas até hoje.
Fonte: Wikipedia

segunda-feira, outubro 26, 2015

O QUE QUERES QUE EU TE FAÇA?




O que podemos fazer quando a fé vai se apagando em nosso coração? É possível reagir? Podemos sair da indiferença? Marcos narra a cura do cego Bartimeu para animar seus leitores a viver um processo que possa mudar.
Não é difícil reconhecer-nos na figura de Bartimeu. Vivemos às vezes como “cegos', sem luz para olhar a vida como Jesus a olhava. “Sentados”, instalados numa religião convencional, sem força para seguir seus passos. Descaminhados, “à beira do caminho” que Jesus percorre, sem aceitá-lo como guia de nossa vida. O que podemos fazer?
Apesar de sua cegueira, Bartimeu “fica sabendo” que por sua vida está passando Jesus. Não pode deixar escapar a ocasião e começa a gritar seguidamente: “Tem compaixão de mim! ” Esta é sempre a primeira coisa: abrir-se a qualquer chamado ou experiência que nos convida a curar nossa vida. O cego não sabe recitar orações feitas por outros. Só sabe gritar e pedir compaixão, porque se sente mal. Este grito humilde e sincero, repetido do fundo do coração, pode ser o começo de uma vida nova. Jesus passará ao largo.





O cego continua no chão, longe de Jesus, mas escuta atentamente o que lhe dizem seus convidados: “Coragem! Levanta-te, porque ele te chama”. Primeiro se deixa animar, abrindo uma pequena brecha para a esperança. Depois ouve o chamado a levantar-se e reagir, Por último, já não se sente sozinho: Jesus o está chamando. Isto muda tudo.

Bartimeu dá três passos que vão mudar sua vida. “Jogando fora o manto”, porque o impede de encontrar-se com Jesus . Depois, embora ainda mova entre trevas, “dá um salto” decidido.Desta maneira “se aproxima” de Jesus. É o que precisamos muitos de nós: libertar-nos de amarras que emperram nossa fé ; tomar , por fim, uma decisão sem deixá-la para mais tarde e colocar-nos diante de Jesus com confiança simples e nova.

Quando Jesus lhe pergunta o que quer dele, o cego não duvida. Sabe muito bem do que precisa: : Mestre , que possa ver novamente”. É o mais importante. Quando alguém começa ver as coisas de maneira nova, sua vida se transforma. Quando uma comunidade recebe luz de Jesus, ele se converte.



Oração Eucarística VI-D

"Dai-nos olhos para ver as necessidades e os sofrimentos dos nossos irmãos e irmãs; inspirai-nos palavras e ações para confortar os desanimados e oprimidos; fazei que, a exemplo de Cristo e seguindo o seu mandamento, nos empenhemos lealmente no serviço a eles. Vossa Igreja seja testemunha viva da verdade e da liberdade, da justiça e da paz, para que toda a humanidade se abra à esperança de um mundo novo."




sábado, outubro 24, 2015

HOMÍLIA DO PAPA BENTO XVI NA CANONIZAÇÃO DE FREI GALVÃO


“Bendirei continuamente ao Senhor, seu louvor não deixará meus lábios” (Sl 33,2)
Alegremo-nos no Senhor, neste dia em que contemplamos outra das maravilhas de Deus que, por sua admirável providência, nos permite saborear um vestígio da sua presença, neste ato de entrega de Amor representado no Santo Sacrifício do Altar. Sim, não deixemos de louvar ao nosso Deus. Louvemos todos nós, povos do Brasil e da América, cantemos ao Senhor as suas maravilhas, porque fez em nós grandes coisas. Hoje, a Divina sabedoria permite que nos encontremos ao redor do seu altar em ato de louvor e de agradecimento por nos ter concedido a graça da Canonização do Frei Antônio de Sant’Anna Galvão.
Nesta solene celebração eucarística foi proclamado o Evangelho no qual Cristo, em atitude de grande enlevo, proclama: “Eu te bendigo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequenos” (Mt 11,25). Por isso, sinto-me feliz porque a elevação do Frei Galvão aos altares ficará para sempre emoldurada na liturgia que hoje a Igreja nos oferece. Saúdo com afeto a toda a comunidade franciscana e, de modo especial, as monjas concepcionistas que, do Mosteiro da Luz, da Capital paulista, irradiam a espiritualidade e o carisma do primeiro brasileiro elevado à glória dos altares.
Demos graças a Deus pelos contínuos benefícios alcançados pelo poderoso influxo evangelizador que o Espírito Santo imprimiu em tantas almas através do Frei Galvão. O carisma franciscano, evangelicamente vivido, produziu frutos significativos através do seu testemunho de fervoroso adorador da Eucaristia, de prudente e sábio orientador das almas que o procuravam e de grande devoto da Imaculada Conceição de Maria, de quem ele se considerava “filho e perpétuo escravo”.
Significativo é o exemplo do Frei Galvão pela sua disponibilidade para servir o povo sempre quando era solicitado. Conselheiro de fama, pacificador das almas e das famílias, dispensador da caridade especialmente dos pobres e dos enfermos. Muito procurado para as confissões, pois era zeloso, sábio e prudente. Uma característica de quem ama de verdade é não querer que o Amado seja ofendido, por isso a conversão dos pecadores era a grande paixão do nosso Santo. A Irmã Helena Maria, que foi a primeira “recolhida” destinada a dar início ao “Recolhimento de Nossa Senhora da Conceição”, testemunhou aquilo que Frei Galvão disse: “Rezai para que Deus Nosso Senhor levante os pecadores com o seu potente braço do abismo miserável das culpas em que se encontram”. Possa essa delicada advertência servir-nos de estímulo para reconhecer na misericórdia divina o caminho para a reconciliação com Deus e com o próximo e para a paz das nossas consciências.
Unidos em comunhão suprema com o Senhor na Eucaristia e reconciliados com Deus e com o nosso próximo, seremos portadores daquela paz que o mundo não pode dar. Poderão os homens e as mulheres deste mundo encontrar a paz, se não se conscientizarem acerca da necessidade de se reconciliarem com Deus, com o próximo e consigo mesmos? De elevado significado foi, neste sentido, aquilo que a Câmara do Senado de São Paulo escreveu ao Ministro Provincial dos Franciscanos no final do século XVIII, definindo Frei Galvão como “homem de paz e de caridade”. Que nos pede o Senhor?: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amo”. Mas logo a seguir acrescenta: que “deis fruto e o vosso fruto permaneça” (cf. Jo 15,12.16) E que fruto nos pede Ele, senão que saibamos amar, inspirando-nos no exemplo do Santo de Guaratinguetá?
A fama da sua imensa caridade não tinha limites. Pessoas de toda a geografia nacional iam ver Frei Galvão que a todos acolhia paternalmente. Eram pobres, doentes no corpo e no espírito que lhe imploravam ajuda.
Jesus abre o seu coração e nos revela o fulcro de toda a sua mensagem redentora: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida por seus amigos” (ib.v. 13). Ele mesmo amou até entregar sua vida por nós sobre a Cruz. Também a ação da Igreja e dos cristãos na sociedade deve possuir esta mesma inspiração. As pastorais sociais, se forem orientadas para o bem dos pobres e dos enfermos, levam em si mesmas este sigilo divino. O Senhor conta conosco e nos chama amigos, pois só aos que se ama desta maneira se é capaz de dar a vida proporcionada por Jesus com sua graça.


sexta-feira, outubro 23, 2015

FINADOS



A ressurreição de Jesus trouxe uma revolução em relação à morte, transformou o “poente em nascente”, Cristo “matou a morte”. Bem escreveu o poeta Turoldo: “morrer é sentir quanto é forte o abraço de Deus”. O fim transforma-se em começo e acontece um segundo nascimento, a ressurreição. “Então, descansaremos e veremos. Veremos e amaremos. Amaremos e louvaremos. Eis o que haverá no Fim que não terá fim” (Sto Agostinho). A fé nos garante que a morte não é uma aniquilação da vida, mas uma transformação. O homem vive para além da morte. Não precisa reencarnar. Creio na ressurreição da carne e no mundo que há de vir. A morte será então a maior festa da vida porque com ela dá-se o início da plena realização da pessoa humana. Habitaremos com Deus com um corpo incorruptível, espiritual e glorioso. 


Com Santa Terezinha, todo cristão pode dizer: “Não morro, entro na vida”.  A morte não é apenas um fim, ela é também e principalmente um começo. É o início do dia sem ocaso, da eternidade, da plenitude da vida. A vida é imortal espiritualmente falando. Na morte chegamos a ser plenamente “ Teu rosto Senhor é nossa pátria definitiva”. No céu veremos, amaremos, louvaremos, diz Santo Agostinho. A participação na vida divina faz brotar em nossos corações, assombro e gratidão. Sem fé, porém a morte é absurdo, inimigo, derrota, ameaça, humilhação, tragédia, vazio, nada. Na fé, a morte é irmã, é condição para mais vida, é coroamento e consumação; é revelação e glória do bem.


Por fim, a morte tem um valor educativo: ensina o desapego da propriedade privada, iguala e nivela todas as classes sociais, relativiza a ambição e ganância, ensina a fraternidade universal na fragilidade da vida, convida à procriação para eternizar a vida biológica, rompe o apego a circuito fechado entre as pessoas mesmo no matrimônio, leva ao supremo conhecimento de si e oportuniza a decisão máxima e a opção fundamental da pessoa. 


Para morrer bem, é preciso viver fazendo o bem: “levaremos a vida que levamos”.  O bem é o passaporte para a eternidade feliz e o irmão que ajudamos será o avalista de nossa glória no céu: “Vinde benditos”.

Dom Girônimo Zanandréa

MISSÃO POPULAR EDIFÍCIO TROUVILLE



Mergulhemos no mês missionário! “Não se abre uma rosa apertando-se o botão”, escreveu alguém.  É um pensamento muito próprio para uma reflexão sobre a vocação missionária do cristão para este mês de outubro, dedicado às missões. Jesus disse ao enviar os apóstolos para anunciar o ano da graça: “Eis que vos enviou como carneiros em meio a lobos vorazes” (Cf. Mt. 10,16). E, quando, mal recebidos em uma cidade, João e Tiago pretendiam mandar o fogo dos céus sobre aquele povo, mas Jesus os repreendeu “Não sabeis de que espírito sois. (Cf. Lc. 9,55).




A primeira atitude do missionário deve ser a mansidão. O anúncio da Boa Nova é um anúncio de paz. O texto do profeta Isaías lido por Jesus na sinagoga de Nazaré (Cf. Lc. 4,16-22)) e a si próprio aplicado, diz: “O Espírito do Senhor está sobre mim, eis porque me ungiu e mandou-me evangelizar os pobres, sarar os de coração contrito, anunciar o ano da graça”(Cf. Is. 61, 1-4).
E, logo a seguir, no Sermão da Montanha, revirando todos os princípios e conceitos que o pecado instilara nos corações dos homens, da sociedade e da cultura, declara bem aventurados os mansos, os misericordiosos e os que promovem a paz (Cf. Mt. 5).



O cristão que tem, pelo batismo, a vocação missionária, a missão de anunciar a Boa Nova, tem de ter, ele próprio, um coração semelhante ao de Cristo, manso e humilde, como pedimos na jaculatória, “fazei nosso coração semelhante ao vosso”. Paulo VI, na Evangelii Nuntiandi exorta: “A obra da evangelização pressupõe um amor fraterno, sempre crescente, para com aqueles a quem ele (o missionário) evangeliza.” (nº 79) e cita São Paulo aos Tessalonicenses (2Tes. 8) como programa.
O missionário, ao levar a Boa Nova a um mundo angustiado e sem esperança ou cuja esperança se esgota com o último suspiro, não pode se apresentar triste e desanimado, impaciente ou ansioso, mas deve manifestar uma vida irradiante de fervor e da alegria de Cristo. Nesse espírito o missionário, sem tergiversar sobre sua fé e sobre a mensagem, abra sua voz para “propor aos homens a verdade evangélica e a salvação em Cristo, com absoluta clareza e com todo o respeito pelas opções livres que a consciência dos ouvintes fará” (E.N 80).




O anúncio do Evangelho é importante, urgente e todos nós somos protagonistas deste mandato apostólico do próprio Senhor Jesus: “Ai de mim se não anunciar o Evangelho”. Ser missionário não é somente uma tarefa de todo o batizado, mas a razão única para a nossa felicidade completa. A omissão na tarefa missionária é um pecado grave e devemos nos confessar para pedir a graça de sermos discípulos-missionários de Jesus Cristo. 
Neste ano da esperança em que o gesto concreto em nossa Arquidiocese é justamente a missão em regiões especiais de nossas paróquias e que deve contagiar os corações para sermos “permanentemente missionários”, este mês de outubro se reveste de uma solenidade especial. A nossa missão é evangelizar, pelo testemunho e pela palavra. É anunciar a tempo e fora do tempo a boa notícia. E sabemos que todos esperam escutar essa Palavra que salva!





A evangelização é uma missão de toda a Igreja. Assim, São Paulo, nos ensina que a iniciativa da pregação não é nossa, mas de um encargo em que a Igreja nos confia. "Assim, livre em relação a todos, eu me tornei escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível" (1Cor 9,19). Evangelizar e pregar o Evangelho com a nossa vida é o culto mais agradável a Deus. Vamos fazer isso de corpo e de alma! 
 Dom Orani João Tempesta  Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)

FAMÍLIA: UM BEM INESTIMÁVEL



Em Roma, prosseguem os trabalhos da 14ª. assembleia geral ordinária do Sínodo dos Bispos, um organismo criado pelo Papa Paulo VI em 1965 para consultar os representantes do episcopado católico de todo o mundo sobre diversas questões. O Papa Francisco quis que, desta vez, a assembleia se dedicasse ao tema da vocação e missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo. Afinal, qual é o papel da família, no entender da Igreja?
A cultura contemporânea questiona e, de alguma forma, também abala algumas das convicções mais elementares sobre a pessoa humana, o casamento e a família. Já não é mais clara para todos a razão de ser da família; muitos deixam de casar e de constituir família, por acharem que ela traz mais problemas que soluções. Buscam-se até vias alternativas ao Matrimônio, equiparando ao casamento entre um homem e uma mulher também a união de duas pessoas do mesmo sexo. A indissolubilidade e a unidade do vínculo matrimonial, como também a fidelidade estrita dos esposos, parecem coisas ultrapassadas e até a procriação tornou-se um elemento secundário. A legislação de muitos países assemelhou o Matrimônio aos pactos transitórios, que se podem dissolver com a mesma facilidade com que se desfazem certos contratos de interesse comercial.
A questão, porém, é mais profunda; passamos por uma séria crise cultural, que afeta diretamente a compreensão sobre o ser humano, o casamento, as realidades familiares e as relações humanas básicas; conceitos antropológicos consolidados tornaram-se líquidos e se estão vaporizando cada vez mais. A própria sexualidade “binária”, entendida normalmente como masculina e feminina, é vista por alguns como uma imposição insuportável da natureza à autonomia e à liberdade de escolha do indivíduo.

A pergunta é, se isso tudo veio para ficar, ou não passa de uma onda momentânea, que poderá ser superada com mais um pouco de tempo e paciência? As ousadas “inovações” de certo pensamento antropológico, com suas consequências, não deixam de revelar suas fragilidades. A afirmação extrema da autonomia e da liberdade individual transforma o ser humano numa mônada, sem abertura para relações humanas enriquecedoras, como o casamento, a família e as iniciativas altruístas. Empenhar-se num laço estável com alguém parece pouco atraente pois isso implicaria na limitação da própria liberdade; ter filhos, assumir responsabilidades sobre outros, inclusive com renúncias e sacrifícios pessoais, contradiria o ideal de felicidade centrado na satisfação do próprio “eu”, acima de tudo...
No entanto, será que semelhante atitude diante da vida pode levar à felicidade e à realização madura e frutuosa da existência? O resultado final não será a solidão, o vazio e uma amarga experiência de fragilidade? Quem deixou de partilhar com generosidade a própria vida poderá confiar na generosidade de outros?
No Sínodo, a Igreja Católica faz a sua reflexão sobre o casamento e a família e também deseja dizer uma palavra sobre as situações novas e complexas enfrentadas por essa “célula básica da sociedade”. Onde encontrar base sólida para dar orientação e sentido ao casamento e à família? O certo é que essas realidades, apesar dos seus diversos revestimentos culturais entre os povos e ao longo da história, não surgiram porque nós as inventamos a partir do nosso arbítrio: o próprio ser humano, sua sexualidade, o casamento, a geração de filhos, a paternidade, a maternidade e a família existem independentemente de nossas teorias e decisões sobre elas e têm um sentido próprio, que o homem precisa descobrir e acolher, sem a pretensão de ser, ele próprio, o autor de si mesmo.
Casamento e a família, antes de serem realidades reguladas pelo Estado e pela própria Igreja, já existem a partir de uma base natural, que revela a intenção boa do Criador: “Deus viu que era muito bom tudo o que havia feito” (cf Gn 1,31). Mediante o olhar da fé, iluminado pela Palavra de Deus, podemos desvendar o valor primordial da união matrimonial e da família e chegar também ao seu arquétipo – o próprio amor de Deus, e entrever seu horizonte mais luminoso - a beatitude final em Deus. 
A vocação da família está inscrita na própria natureza do homem e da mulher, que se atraem para a união. Esse chamado ao casamento e à família está expresso de maneira figurativa no poema bíblico da criação do casal humano. Deus compadeceu-se da solidão de Adão, que vivia no jardim do Éden, rodeado de plantas, animais e seres de todo tipo, mas, entre esses, “não encontrou nenhum que lhe correspondesse”. Então Deus disse: “não é bom que o homem esteja só”. E criou a mulher, apresentou-a ao homem, que se alegrou e a reconheceu: “é carne da minha carne e osso dos meus ossos!”. Adão, que não se identificou com nenhum dos outros seres, viu em Eva alguém semelhante a si; os dois se correspondiam (cf Gn 2,18-24).
Homem e mulher, portanto, foram feitos um para o outro e, na complementariedade recíproca, está a sua vocação, da qual também decorre a missão de ser um para o outro, interessar-se pelo bem recíproco, tornar fecundo seu amor e cuidar do fruto desse amor. A família torna-se também a base das relações humanas na grande sociedade e para a própria humanidade, que também é uma grande família.
Poderíamos imaginar uma sociedade sem base na família? O papel da família é profundamente humanizador; apesar de todos os limites e problemas que possa enfrentar, ela permanece um bem inestimável para a pessoa e para a comunidade humana. Se a sociedade descuidar da família, colherá muitos problemas. E aqui está um dos objetivos do Sínodo: lembrar que é preciso zelar pela saúde da célula básica do grande corpo social. Cuidar bem da família é cuidar do bem de toda a sociedade. 
Artigo publicado no jornal O Estado de S. Paulo

quarta-feira, outubro 21, 2015

HISTÓRIA DE SÃO JOÃO PAULO II, DATA LITÚRGICA 22 DE OUTUBRO



História de São João Paulo II

João Paulo II nasceu no dia 18 de maio de 1920 na cidade de Wadovice na Polônia sob o nome de Karol Wojtyla. Sua história está totalmente ligada a história do seu país, oprimido até a 1ª Guerra Mundial e em sua grande maioria católico. A Polônia era praticamente uma vitoriosa em meio a tantos países vizinhos protestantes e ortodoxos. Ali, ser católico era motivo de orgulho a pátria e o nosso papa João Paulo II, desde criança, foi um católico fervoroso e muito nacionalista.

Os primeiros passos na Igreja Católica

Tinha o sonho de ser ator e aos 19 anos seu maior sonho era ajudar a Polônia a vencer a guerra e queria fazer isso através do teatro, utilizando-o como "arma" para "ganhar espíritos". A Polônia tinha sido invadida por Hitler e os nazistas haviam proibido qualquer tipo de missa ou seminário mas em 1942, com 22 anos, entrou para o seminário “clandestinamente” e surpreendeu a todos quando anunciou que queria ser padre. A intenção continuava a mesma, mas agora tinha o propósito da Igreja Católica por trás de dela.
João Paulo II manteve-se firme e tranquilo durante todo o processo principalmente contra os comunistas que eram contra o catolicismo e com seu carisma e diplomacia conseguiu subir rapidamente na hierarquia da Igreja Católica. No dia 1º de novembro de 1946 aconteceu a sua ordenação sacerdotal na Cracóvia e em 1948 após a sua gradução como doutor, voltou a Polônia onde foi vigário e capelão dos Universitários.

A nomeação como Papa

Em 1960, a Igreja Católica na Polônia vivia o momento oposto da Igreja Católica no Ocidente. Enquanto uma era muito respeitada e admirada a outra ia de mal a pior. Por conta disso, em 1962 o Papa João XXIII convocou o “Concílio do Vaticano” com o intuito de de modernizar o catolicismo e reverter a atual situação que a Igreja se encontrava.
João Paulo II, recém promovido a bispo, foi um dos convidados do Concílio e sua participação foi muito firme e discreta, fato que despertou o interesse do Papa VI (sucessor de João XXIII) em querer escutar mais as suas propostas e ideias. Karol foi responsável por influenciar muitas realizações na Igreja até a morte do Papa VI e a fatídica morte do Papa João Paulo I (seu sucessor) que morreu após 33 dias no cargo. Diante dessa situação, houve uma votação e com 99 votos de 108 era eleito como novo papa, Karol Wojtyla, que escolheu o nome de João Paulo II em homenagem aos seus 3 antecessores.

Realizações e fatos

Na missa inaugural, João Paulo II declarou publicamente a sua vontade de estar com os poloneses. Nunca um Papa tinha entrado em um bloco comunista, mas sob ameaça de revolta, o dirigente na época foi obrigado a ceder e proporcionar ao povo uma visita de 8 dias a sua terra Natal sendo recebido pelo grito “queremos Deus”.
Em 1981, sofreu um atentado onde levou dois tiros e por pouco não morreu. Até hoje não se sabe quem foram os responsáveis, mas desconfia-se da participação de algum governo comunista. Mesmo depois disso, o Papa seguiu firme nos seus propósitos e continuou criticando os comunistas e usava suas armas mais fortes: diplomacia agressiva, espionagem e encontros secretos. Prova de seu carisma e popularidade foi o encontro de diversos líderes religiosos em 1986 onde a seu pedido houve uma trégua mundial que foi respeitada em várias nações em guerra. Inclusive, foi um dos grandes responsáveis pela queda do comunismo.
Em 1991, lutou contra a queda dos costumes da Igreja e também contra os escândalos de pedofilia na igreja americana além de lutar também dentro da própria Igreja onde acusou muitos dérigos e teólogos que defendiam casamento de padres, ordenação de mulheres e outras teses polêmicas.
No final de seu pontificado, já estava com a saúde bem debilitada e sofrendo do mal de Parkinson e com dificuldades para falar, respirar e andar teve que parar com as viagens que lhe renderam o carinhoso título de “grande missionário” e também com as aparições em público.

Canonização

trajetória do Papa João Paulo II até o pontificado é cheia de fé, coragem e determinação e não podemos deixar de exaltar esses elementos como fatores essenciais para a sua canonização e popularidade até nos dias de hoje.

Fonte: http://www.nossasagradafamilia.com.br/conteudo/historia-de-sao-joao-paulo-ii.html


Ó São João Paulo, das janelas do Céu dá-nos a tua bênção! Abençoa a Igreja que amaste, serviste e guiaste, empurrando-A corajosamente pelos caminhos do mundo a fim de levar Jesus a todos e todos a Jesus. Abençoa os jovens, que foram a tua grande paixão. Ensina-os a sonhar, ensina-os a olhar para o alto a fim de encontrar a luz que ilumina os caminhos desta vida daqui.
Abençoa as famílias, abençoa cada família! Tu advertiste contra o assalto de Satanás contra esta preciosa e indispensável centelha do Céu que Deus acendeu na terra. São João Paulo, protege com tua oração a família e cada vida que floresce na família.
Roga pelo mundo inteiro, ainda marcado por tensões, guerras e injustiças. Tu combateste a guerra invocando o diálogo e semeando o amor: roga por nós, para que sejamos incansáveis semeadores de paz.
Ó São João Paulo, das janelas do Céu, onde te vemos próximo a Maria, faz descer sobre todos nós a bênção de Deus. Amém

segunda-feira, outubro 19, 2015

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO, DIA MUNDIAL DAS MISSÕES 2015


MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO PARA O DIA MUNDIAL DAS MISSÕES DE 2015
(18 de Outubro de 2015)
Queridos irmãos e irmãs
O Dia Mundial das Missões 2015 se realiza no contexto do Ano da Vida Consagrada e recebe um estímulo para a oração e a reflexão. Na verdade, se todo batizado é chamado a testemunhar o Senhor Jesus proclamando a fé recebida como um presente, isso vale, de modo particular, para a pessoa consagrada, pois entre vida consagrada e missão existe uma ligação forte. O seguimento a Jesus, que determinou o surgimento da vida consagrada na Igreja, responde ao chamado a tomar a cruz e segui-lo, a imitar a sua dedicação ao Pai e seus gestos de serviço e amor, e a perder a vida para reencontrá-la. Como a existência de Cristo tem um caráter missionário, os homens e mulheres que o seguem mais de perto assumem plenamente esse mesmo caráter.
A dimensão missionária, que pertence à própria natureza da Igreja, é intrínseca a todas as formas de vida consagrada, e não pode ser negligenciada sem deixar um vazio que desfigura o carisma. A missão não é proselitismo ou mera estratégia; a missão faz parte da “gramática” da fé, é algo imprescindível para quem escuta a voz do Espírito que sussurra “vem” e “vai”. Quem segue Cristo se torna missionário e sabe que Jesus «caminha com ele, fala com ele e respira com ele. Sente Jesus vivo junto com ele no compromisso missionário» (EG, 266).
A missão é ter paixão por Jesus Cristo e ao mesmo tempo paixão pelas pessoas. Quando nos colocamos em oração diante de Jesus crucificado, reconhecemos a grandeza do seu amor que nos dá dignidade e nos sustenta; e no mesmo momento percebemos que aquele amor que parte de seu coração transpassado se estende a todo o povo de Deus e a toda a humanidade; e assim sentimos também que Ele quer servir-se de nós para chegar cada vez mais perto de seu povo amado (cf. ibid., 268) e de todos aqueles que o procuram de coração sincero. No mandamento de Jesus: “ide”, existem cenários e sempre novos desafios para a missão evangelizadora da Igreja. Nela, todos são chamados a anunciar o Evangelho por meio do seu testemunho de vida; e os consagrados, especialmente, são convidados a ouvir a voz do Espírito que os chama para ir rumo às grandes periferias da missão, entre as pessoas que ainda não receberam o Evangelho.
O quinquagésimo aniversário do Decreto conciliar Ad gentes nos convida a reler e a meditar esse documento que despertou um forte impulso missionário nos Institutos de vida consagrada. Nas comunidades contemplativas, retomou luz e eloquência à figura de Santa Teresa do Menino Jesus, padroeira das missões, como inspiradora da ligação íntima da vida contemplativa com a missão. Para muitas congregações religiosas de vida ativa, o anseio missionário que surgiu do Concílio Vaticano II se concretizou com uma abertura extraordinária para a missão ad gentes, muitas vezes acompanhada pelo acolhimento a irmãos e irmãs provenientes de terras e culturas encontradas na evangelização, de modo que hoje se pode falar de uma interculturalidade difundida na vida consagrada. Por esse motivo, é urgente repropor o ideal da missão em seu centro: Jesus Cristo, e em sua exigência: o dom total de si ao anúncio do Evangelho. Não pode haver tratativa sobre isto: quem, pela graça de Deus, acolhe a missão, é chamado a viver de missão. Para essas pessoas, a proclamação de Cristo nas várias periferias do mundo se torna o modo de como viver o seguimento a Ele e a recompensa de muitas dificuldades e privações. Toda tendência que desvia dessa vocação, mesmo que acompanhada por motivos nobres relacionados com as muitas necessidades pastorais, eclesiais e humanitárias, não é coerente com o chamado pessoal do Senhor para servir o Evangelho.
Nos Institutos missionários, os formadores são chamados tanto a indicar com clareza e honestidade essa perspectiva de vida e ação, quanto a influir no discernimento de vocações missionárias autênticas. Dirijo-me de modo especial aos jovens, que ainda são capazes de testemunhos corajosos e atitudes generosas e por vezes contracorrentes: não deixem que lhes roubem o sonho de uma missão verdadeira, de doar-se ao seguimento a Jesus que requer o dom total de si. No segredo de sua consciência, pergunte-se o motivo pelo qual escolheu a vida religiosa missionária e meça a disponibilidade em aceitá-la por aquilo que é: dom de amor a serviço do anúncio do Evangelho, lembrando que, antes de ser uma necessidade para aqueles que não o conhecem, o anúncio do Evangelho é uma necessidade para quem ama o Mestre.
Hoje, a missão enfrenta o desafio de respeitar a necessidade de todos os povos poderem recomeçar de suas raízes e salvaguardar os valores de suas respectivas culturas. Trata-se de conhecer e respeitar as outras tradições e sistemas filosóficos e reconhecer, em cada povo e cultura, o direito de fazer-se ajudar por sua tradição na inteligência do mistério de Deus e no acolhimento ao Evangelho de Jesus, que é luz para as culturas e sua força transformadora.
Dentro dessa dinâmica complexa nos perguntamos: “Quem são os destinatários privilegiados do anúncio evangélico?” A resposta é clara e a encontramos no próprio Evangelho: os pobres, os pequenos e os enfermos, aqueles que muitas vezes são desprezados e esquecidos, aqueles que não podem te retribuir (cf. Lc 14,13-14). A evangelização dirigida preferencialmente a eles é sinal do Reino que Jesus veio trazer: «Existe um vínculo inseparável entre a nossa fé e os pobres. Não os deixemos nunca sozinhos» (EG, 48). Isso deve ser claro, especialmente para as pessoas que abraçam a vida consagrada missionária: com o voto de pobreza se escolhe seguir Cristo nessa sua preferência, não ideologicamente, mas como Ele, identificando-se com os pobres, vivendo como eles na precariedade da existência cotidiana e na renúncia de todo o poder para se tornar irmãos e irmãs dos últimos, levando-lhes o testemunho da alegria do Evangelho e a expressão da caridade de Deus.
Para viver o testemunho cristão e os sinais do amor do Pai entre os pequenos e os pobres, os consagrados são chamados a promover, no serviço da missão, a presença dos fiéis leigos. O Concílio Ecumênico Vaticano II afirmou: «Os leigos colaboram na obra de evangelização da Igreja, participando como testemunhas e como instrumentos vivos da sua missão salvífica» (AG, 41). É necessário que os consagrados missionários se abram sempre mais corajosamente para aqueles que estão dispostos a colaborar com eles, mesmo que por um tempo limitado, por uma experiência a campo. São irmãos e irmãs que desejam partilhar a vocação missionária inerente ao Batismo. As casas e estruturas das missões são lugares naturais para o seu acolhimento e apoio humano, espiritual e apostólico.
As Instituições e Obras missionárias da Igreja estão totalmente a serviço daqueles que não conhecem o Evangelho de Jesus. Para realizar de maneira eficaz esse objetivo, elas precisam dos carismas e do compromisso missionário dos consagrados, mas também os consagrados precisam de uma estrutura de serviço, expressão da solicitude do Bispo de Roma para garantir a koinonia, de modo que a colaboração e a sinergia sejam partes integrantes do testemunho missionário. Jesus colocou a unidade dos discípulos como uma condição para que o mundo creia (cf. Jo 17, 21). Essa convergência não equivale a uma submissão jurídico-organizacional a organismos institucionais ou a uma mortificação da fantasia do Espírito que inspira a diversidade, mas significa dar mais eficácia à mensagem do Evangelho e promover a unidade de propósitos que é também fruto do Espírito.
A Obra Missionária do Sucessor de Pedro tem um horizonte apostólico universal. Por isso precisa também dos muitos carismas da vida consagrada, para se dirigir ao vasto horizonte da evangelização e ser capaz de garantir uma presença adequada nas fronteiras e territórios alcançados.
Queridos irmãos e irmãs, a paixão do missionário é o Evangelho. São Paulo afirmou: «Ai de mim se eu não anunciar o Evangelho!» (1 Cor 9,16). O Evangelho é fonte de alegria, libertação e salvação para todos os homens. A Igreja é consciente desse dom, por isso não se cansa de proclamar incessantemente a todos «o que era desde o princípio, o que ouvimos e o que vimos com os nossos olhos» (1 Jo 1,1). A missão dos servidores da Palavra - bispos, sacerdotes, religiosos e leigos - é colocar todos, sem exceção, em relação pessoal com Cristo. No imenso campo da ação missionária da Igreja, todo batizado é chamado a viver bem o seu compromisso, segundo a sua situação pessoal. Os consagrados e consagradas podem dar uma resposta generosa a essa vocação universal a partir de uma intensa vida de oração e união com o Senhor e com o seu sacrifício redentor.
Confio a Maria, Mãe da Igreja e modelo de missionariedade, todos aqueles que, ad gentes ou no próprio território, em todos os estados de vida, colaboram com o anúncio do Evangelho e, de coração, concedo a cada um a Bênção Apostólica.