sábado, junho 29, 2019

SOLENIDADE DO SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS









A parábola do pastor que abandona noventa e nove ovelhas no deserto para ir à procura de uma que se perdeu e que, chegado a casa, convoca os amigos e vizinhos para celebrar o achamento da ovelha perdida, é uma parábola estranha, se olharmos para ela com critérios de coerência e de lógica. Faz sentido abandonar noventa e nove ovelhas por causa de uma? E faz sentido esse espalhafato diante dos amigos e dos vizinhos, por causa de um fato tão banal para um pastor como é o reencontrar uma ovelha que se extraviou do grupo? Ora, são precisamente nesses exageros e nessas reações desproporcionadas que transparece a mensagem essencial da parábola.

Não há dúvida: Jesus deu-Se com gente duvidosa, com pessoas a quem os “justos” preferiam evitar, com pessoas que eram anatematizadas e marginalizadas por causa dos seus comportamentos escandalosos, atentatórios da moral pública. Certamente não foram os discípulos a inventar para Jesus o injurioso apelativo de “comilão e bêbedo, amigo de publicanos e de pecadores (Mt 11,19; cf. 15,1-2). Porque é que Jesus se dava com essas pessoas?
Porque, na perspectiva de Lucas, Jesus é o amor de Deus que Se faz pessoa e que vem ao encontro dos homens – de todos os homens – para os libertar da sua miséria e para lhes apresentar essa realidade de vida nova que é o projeto do “Reino”. A solicitude de Jesus para com os pecadores mostra-lhes que Deus os ama, que Deus não os rejeita, que Deus os convida a fazer parte da sua família e a integrar a comunidade do “Reino”. É que o projeto de salvação de Deus não é um condomínio fechado, com seguranças fardados para evitar a entrada de indesejáveis; mas é uma proposta universal, onde todos os homens e mulheres têm lugar, porque todos – maus e bons – são filhos queridos e amados do Pai/Deus. A lógica de Deus é sempre dominada pelo amor.

A “parábola da ovelha perdida” pretende, precisamente, dar conta desta realidade. A atitude desproporcionada de “deixar as noventa e nove ovelhas no deserto para ir ao encontro da que estava perdida” sublinha a imensa preocupação de Deus por cada homem que se afasta da comunidade da salvação e o “inqualificável” amor de Deus por todos os homens que necessitam de libertação. O “pôr a ovelha aos ombros” significa o cuidado e a solicitude de Deus, que trata com amor e com cuidados de Pai os filhos feridos e magoados; a alegria desmesurada do “pastor” significa a felicidade imensa de Deus sempre que o homem reentra no caminho da felicidade e da vida plena.
Jesus anuncia, aqui, a salvação de Deus oferecida aos pecadores, não porque estes se tornaram dignos dela mediante as suas boas obras, mas porque o próprio Deus Se solidariza com os excluídos e marginalizados e lhes oferece a salvação. Encontramos aqui o cumprimento da profecia de Ezequiel que nos foi apresentada na primeira leitura: Deus vai assumir-Se (através de Jesus) como o Bom Pastor, que cuidará com amor de todas as ovelhas e, de forma especial, das desencaminhadas e perdidas.

sexta-feira, junho 28, 2019

105 ANOS DA PARÓQUIA SÃO CONRADO, BENÇÃO DA PEDRA FUNDAMENTAL






No ultimo dia 27 de junho de 2019 a paróquia de são conrado comemorou os 105 anos da benção da pedra fundamental da igreja. Em outras oportunidades, ou melhor, nos últimos 5 anos, desde o centenário, por ocasião da mesma data, 27 de junho, tive ocasião de recordar insistentemente que a benção da “pedra” fundamental de uma construção é o marco, o selo, a garantia do inicio de uma outra construção que não é apenas física, mas espiritual. Os apóstolos, após o Pentecostes em suas Cartas, sobretudo São Paulo e São Pedro afirmam: que formamos um corpo místico, o Corpo de Cristo.
Neste ano de 2019 além desta rica comemoração (comemorar significa fazer a memória em comunidade), teremos no próximo 7 de julho a celebração do jubileu de ouro da Paróquia de São Conrado. O que significa? Significa que a Igreja de São Conrado em julho de 1969 por determinação do Cardeal Dom Jayme de Barros Câmara tornou-se Paróquia de São Conrado, foi um desmembramento da Paróquia de Santa Monica criando assim uma nova jurisdição para o Vicariato Sul. E o que é uma Paróquia? Quase todo mundo usa esse termo, mas o que ele significa mesmo?
O fascinante sentido espiritual por trás da palavra “paróquia” tem a ver com “morada próxima”, “peregrinos” e até com o “barco” que nos leva ao céu!
À medida que o cristianismo ia se estabelecendo firmemente mundo afora, crescia a necessidade de organizar as comunidades cristãs num sistema gerenciável. Essa tarefa ganhou corpo no século IV e foi sendo refinada ao longo das décadas, chegando a um ápice no século XVI com o Concílio de Trento.
Nesse concílio, os bispos foram instruídos a definirem claramente as paróquias e os sacerdotes que exerceriam nelas o seu ministério. Começaram então a ser estabelecidos os limites territoriais específicos de cada paróquia, com base na quantidade de almas presentes em cada região.
O pároco ficaria encarregado do cuidado espiritual e sacramental de todas as almas que vivessem dentro daquele território. Se houvesse necessidade, ele contaria com a assistência de mais sacerdotes sob a sua liderança.
O atual Código de Direito Canônico especifica que uma paróquia é “uma comunidade de fiéis cristãos constituída de forma estável” e estabelecida por um bispo. Como regra geral, a paróquia é territorial, ou seja, inclui todos os fiéis cristãos de um determinado território; no entanto, o direito canônico também prevê grupos de cristãos não vinculados por fronteiras territoriais. Isto, na prática, significa que pessoas que residem fora de uma determinada paróquia podem ainda assim pertencer a ela, não obstante a localização.

“Peregrinos morando ao lado”

A palavra paróquia vem do grego “paroikía”, que significa algo como “casa ao lado”, “morada próxima”, “morar perto”. Tem relação com o termo “paroikos”, que quer dizer “forasteiro”, “estrangeiro”, “peregrino em outra terra”, e que aparece nos Atos dos Apóstolos quando Estêvão fala da história dos judeus e os descreve como “estrangeiros numa terra que não era a sua” (cf. Atos 7,6).
Um paroquiano é isso: um “peregrino” que viaja rumo à pátria celestial, e que, acolhido numa paróquia, ou seja, numa “morada próxima”, vai compartilhando essa viagem com seus irmãos e vizinhos!
Belíssima imagem para entendermos o conceito, não é?
Mas há mais imagens e metáforas que nos ajudam a descobrir a riqueza e a profundidade do conceito de paróquia.

As paróquias são como barcos

A imagem da barca é muito associada à Igreja, tradicionalmente representada como a “Barca de Pedro”. Desta mesma perspectiva, as paróquias são como barcos que levam grupos específicos de almas rumo ao céu. Não parece coincidência, aliás, que a parte mais ampla das igrejas tradicionais se chame “nave” (do latim “navis”, ou seja… navio, barco)!
Todo pároco, assim, é o “capitão” de um barco de almas a serem levadas até o porto seguro do céu! Isso não é uma tarefa simples, e é por isso que o padre precisa muito do envolvimento dos paroquianos na condução do barco – além, é claro, do sopro contínuo do Espírito Santo.

Analogias para pôr em prática

Da próxima vez que você for à sua paróquia, lembre-se dessas analogias com a “morada próxima”, com a “peregrinação”, com o “barco”. Essas imagens ajudarão você a entender melhor a tarefa gigantesca do pároco, especialmente quando ele é responsável por 3 ou 4 “barcos” ao mesmo tempo, e, por conseguinte, a compreender melhor a importância da sua própria participação e colaboração ativa como membro dessa tripulação.
Numa paróquia, afinal, somos todos peregrinos a bordo da mesma casa-barco, rumando ao céu!

quinta-feira, junho 27, 2019

CÉFAS, A PEDRA






No domingo próximo, transferida do dia 29, celebraremos a solenidade de São Pedro, apóstolo escolhido por Jesus para ser seu vigário aqui na terra (“vigário”, o que faz as vezes de outro), seu representante e chefe da sua Igreja. Junto com São Paulo, o apóstolo dos gentios, ambos constituem as colunas da Igreja de Cristo. Pedro, a pedra, foi o fundador da Igreja de Roma. Paulo, com o chamado especial de Cristo, tornou-se o grande propagador do Evangelho no mundo pagão, fora da Judéia.
Pedro se chamava Simão. Jesus lhe mudou o nome, significando sua missão, como é habitual nas Escrituras: “Tu és Simão, filho de João. Tu te chamarás Cefas! (que quer dizer Pedro - pedra)” (Jo 1, 42). Quando Simão fez a profissão de Fé na divindade de Jesus, este lhe disse: “Não foi carne e sangue quem te revelou isso, mas o meu Pai que está no céu. Por isso, eu te digo: tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as forças do inferno não poderão vencê-la. Eu te darei as chaves do Reino dos Céus (a Igreja): tudo o que ligares na terra será ligado nos céus e tudo o que desligares na terra será desligado nos céus” (Mt 16, 13-19).
Corajoso e com imenso amor pelo Senhor, sentiu também sua fraqueza humana, na ocasião da prisão de Jesus, na casa de Caifás, ao negar três vezes que o conhecia. “Simão, Simão! Satanás pediu permissão para peneirar-vos, como se faz com o trigo. Eu, porém, orei por ti, para que tua fé não desfaleça. E tu, uma vez convertido, confirma os teus irmãos” (Lc 22, 31-32).  E Pedro, depois de ter chorado seu pecado, foi feito por Jesus o Pastor da sua Igreja.
São Pedro, fraco por ele mesmo, mas forte pela força que lhe deu Jesus, representa bem a Igreja de Cristo. “Cremos na Igreja una, santa, católica e apostólica, edificada por Jesus Cristo sobre a pedra que é Pedro... Cremos que a Igreja, fundada por Cristo e pela qual Ele orou, é indefectivelmente una, na fé, no culto e no vínculo da comunhão hierárquica. Ela é santa, apesar de incluir pecadores no seu seio; pois em si mesma não goza de outra vida senão a vida da graça. Se realmente seus membros se alimentam dessa vida, se santificam; se dela se afastam, contraem pecados e impurezas espirituais, que impedem o brilho e a difusão de sua santidade. É por isso que ela sofre e faz penitência por esses pecados, tendo o poder de livrar deles a seus filhos, pelo Sangue de Cristo e pelo dom do Espírito Santo” (Credo do Povo de Deus).
“Enquanto Cristo ‘santo, inocente, imaculado’, não conheceu o pecado, e veio expiar unicamente os pecados do povo, a Igreja, que reúne em seu seio os pecadores, é ao mesmo tempo santa, e sempre necessitada de purificação.... A Igreja continua o seu peregrinar entre as perseguições do mundo e as consolações de Deus, anunciando a paixão e a morte do Senhor, até que ele venha. No poder do Senhor ressuscitado encontra a força para vencer, na paciência e na caridade, as próprias aflições e dificuldades, internas e exteriores, e para revelar ao mundo, com fidelidade, embora entre sombras, o mistério de Cristo, até que no fim dos tempos ele se manifeste na plenitude de sua luz” (Lumen Gentium, 8).


 Dom Fernando Arêas Rifan

quarta-feira, junho 26, 2019

NOSSA SENHORA DO PERPÉTUO SOCORRO






Em 27 de junho, temos uma das festas mais antigas e belas de Nossa Senhora: “Nossa Senhora Mãe do Perpétuo Socorro”. Jesus é o Perpétuo Socorro. E esta festa é celebrada no mesmo dia do grande S. Cirilo de Alexandria (330-442), bispo e doutor da Igreja, que presidiu o importantíssimo Concílio de Éfeso que no ano de 431 proclamou solenemente Nossa Senhora como Mãe de Deus (Theotókos), diante da heresia de Nestório, patriarca de Constantinopla, que negava esta verdade.

A devoção à Nossa Senhora Mãe do Perpétuo Socorro é uma devoção universal, conhecida e venerada em todos os continentes do mundo, talvez a mais ampla e conhecida devoção de Nossa Senhora, especialmente no Oriente. No mundo todo são realizadas as famosas Novenas Perpétuas em honra de Nossa Senhora Mãe do Perpétuo Socorro. Esta novena começou em 11 de julho de 1922 nos EUA.

O famoso e conhecido quadro de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro foi pintado em estilo bizantino e representa Nossa Senhora, Mãe de Deus, a Senhora das Dores, que socorre seu Filho ainda Menino assustado diante da visão de S. Miguel com o vaso de vinagre à esquerda e S. Gabriel com a Cruz à direita. A Criança divina assustada diante desses instrumentos de sua Paixão se refugia nos braços de sua Mãe, agarra em suas mãos e deixa cair a sandália do pé direito. A Mãe a acolhe e a prepara para um dia viver a Paixão redentora da humanidade.



Nossa Senhora tem o semblante coberto de tristeza e resignação e traz na cabeça a coroa de Rainha.

O quadro tem origem desconhecida; segundo um antiga tradição teria sido pintado por S. Lucas, o que não é garantido. Mas com certeza se sabe que desde 1499 é venerado em Roma. Em 1866, o Papa Pio IX o entregou aos Padres Redentoristas para que divulgassem essa devoção, o que eles fazem ainda hoje. Ela é a Patrona dos Redentoristas. Atualmente o quadro original se encontra na igreja de S. Afonso de Ligório em Roma.

Maria é a Senhora que nos apresenta Jesus, o Perpétuo Socorro da humanidade. Cada cristão precisa te-la como mãe. Aos pés da Cruz Jesus a entregou ao discípulo amado João, que representa toda a humanidade, cada um de nós, amados de Jesus. “Mãe, eis ai o teu filho; filho, eis ai a tua Mãe”. E o evangelista S. João diz que “ele a levou para a sua casa” (Jo 19, 25s).

S. João levou Nossa Senhora para morar com ele naquela casinha no alto das montanhas de Éfeso que existe ainda hoje, na Turquia. Eu já tive a oportunidade de estar ali em peregrinação. Éfeso era a capital da Província Romana da Ásia; ali havia cerca de 300 mil pessoas no tempo em que Nossa Senhora viveu com S. João.

Cada um de nós precisa também “levar Maria para sua casa” como Mãe, como Jesus mandou. Se Jesus no-la deu aos pés da Cruz, com lábios de sangue, é porque nós precisamos dela para nos ajudar na difícil caminhada da vida em busca da nossa salvação. Desprezar Nossa Senhora como mãe, seria, então, uma ofensa muito grave a Jesus; seria desprezar a última dádiva que Ele nos deixou antes de morrer por nós.

Prof. Felipe Aquino

segunda-feira, junho 24, 2019

XII DOMINGO DO TEMPO COMUM






O Evangelho de hoje define a existência cristã como um “tomar a cruz” do amor, da doação, da entrega aos irmãos. Supõe uma existência vivida na simplicidade, no serviço humilde, na generosidade, no esquecimento de si para se fazer dom aos outros. É esse o “caminho” que eu procuro percorrer?

Na sociedade em geral e na Igreja em particular, encontramos muitos cristãos para quem o prestígio, as honras, os postos elevados, os tronos, os títulos são uma espécie de droga de que não prescindem e a que não podem fugir. Frequentemente, servem-se dos carismas e usam as tarefas que lhe são confiadas para se auto-promover, gerando conflitos, rivalidades, ciúmes e mal-estar. À luz do “tomar a cruz e seguir Jesus”, que sentido é que isto fará? Como podemos, pessoal e comunitariamente, lidar com estas situações? Podemos tolerá-las – em nós ou nos outros? Como é possível usar bem os talentos que nos são confiados, sem nos deixarmos tentar pelo prestígio, pelo poder, pelas honras? Tem alguma importância, à luz do que Jesus aqui ensina, que a Igreja apareça em lugar proeminente nos acontecimentos sociais e mundanos e que exija tratamentos de privilégio?

Quem é Jesus, para nós? É alguém que conhecemos das fórmulas do catecismo ou dos livros de teologia, sobre quem sabemos dizer coisas que aprendemos nos livros? Ou é alguém que está no centro da nossa existência, cujo “caminho” tem um real impacto no nosso dia a dia, cuja vida circula em nós e nos transforma, com quem dialogamos, com quem nos identificamos e a quem amamos?

sábado, junho 22, 2019

NATIVIDADE DE SÃO JOÃO BATISTA






Saber se dar, voltar à honestidade e não maltratar os mais fracos


São João Batista é um dos santos mais retratados na arte cristã. Reconhecê-lo é fácil: o profeta que se alimentava de gafanhotos e mel silvestre usa uma veste de pele de camelo e um cinto e está quase sempre junto a um cordeiro, imagem que evoca Jesus, o Cordeiro de Deus.
João, cujo nome significa “Deus é misericórdia”, é o último profeta do Antigo Testamento. A Igreja o homenageia tanto no dia do seu martírio (29 de agosto) quanto no do nascimento (24 de junho), data-marco dos seis meses que antecedem o nascimento de Jesus, segundo as palavras do Arcanjo Gabriel a Maria. São João Batista, junto com Jesus e Nossa Senhora, é o único santo a quem a Igreja celebra no dia do nascimento neste mundo, já que a tradição é celebrar os santos no dia do seu nascimento para a vida eterna.

João teria nascido em Ain Karim, cerca de sete quilômetros a oeste de Jerusalém, numa família sacerdotal: seu pai, Zacarias, era da classe de Abias, e sua mãe, Isabel, descendia de Aarão. “Chamar-se-á João”, afirmou seu pai.

No décimo quinto ano de Tibério (28-29 d.C.), iniciou a sua missão no rio Jordão: pregar e batizar. Daqui vem o nome “Batista”.

Quando batiza Jesus, João revela a identidade de Deus:

“Eis o Cordeiro de Deus, eis aquele que tira o pecado do mundo!”

Anuncia que Deus vem ao mundo como um frágil e bom cordeiro e que o Seu sacrifício salvará o homem da morte.

“Assim, pois, esta minha alegria se cumpre. É necessário que Ele cresça e eu diminua” (Jo 3,29-30).

Morre decapitado por capricho de Salomé, a filha de Herodíades, amante do rei de Israel.

A vítima, porém, não encontra paz neste mundo nem sequer após a morte. Nos tempos do imperador Juliano, o Apóstata, em 361-362, seu sepulcro é profanado e queimado. Suas cinzas, segundo a tradição, estão na catedral de São Lorenço, em Gênova, para onde os cruzados as teriam levado em 1098.


O que São João Batista pode dizer hoje aos fiéis e aos que não creem?

1 – Ele ensina um verbo: dar.
É o verbo que esculpe um futuro novo. A nova lei de um mercado diferente e humano: em vez do acúmulo, a doação; em vez do desperdício, a sobriedade; em vez do sucesso a todo custo, dar espaço a Outro.

De si, ele oferece tudo: tempo, presença, dinheiro, afeto, correção, transparência. O Batista diz: “Quem tiver duas túnica reparta com quem não tem, e quem tiver alimentos faça o mesmo” (Lc 3,11). Um critério de justiça animado pela caridade.

Bento XVI afirmou:

“A justiça pede superar o desequilíbrio entre aqueles que têm o supérfluo e aqueles a quem falta o necessário. A caridade nos impele a estar atentos uns aos outros e a ir ao encontro das suas necessidades, em vez de procurar justificativas para defender os próprios interesses. Justiça e caridade não são opostas: ambas são necessárias e se completam. O amor será sempre necessário, mesmo na sociedade mais justa”, porque “sempre existirão situações de necessidade material nas quais é indispensável uma ajuda na linha do amor concreto para com o próximo” (encíclica Deus Caritas Est, 28).

2 – Ele nos ensina o retorno à honestidade
A volta à legalidade, começando por mim mesmo e pelos meus comportamentos mais simples: ser honesto mesmo nas pequenas coisas.

3 – O terceiro ensinamento é para aqueles que governam
Não maltratar e não extorquir nada de ninguém. Não se aproveitar do cargo para humilhar.


É sempre o mesmo princípio: primeiro as pessoas, depois a lei. Antes a misericórdia que a punição. E quando for preciso punir, fazê-lo com humanidade.


Fonte: Aleteia

sexta-feira, junho 21, 2019

CORPUS CHRISTI







A belíssima catedral gótica de Orvieto, na Itália, que já visitei, conserva o relicário com o corporal sobre o qual caíram gotas de sangue da Hóstia Consagrada, durante uma Santa Missa, celebrada em Bolsena, cidade próxima, onde vivia Santo Tomás de Aquino, que testemunhou o milagre. Estamos no século XIII. O Papa Urbano IV, que residia em Orvieto, ordenou ao Bispo Giacomo que levasse as relíquias de Bolsena a Orvieto, em procissão. Quando o Papa encontrou a Procissão na entrada de Orvieto, pronunciou diante da relíquia eucarística as palavras: “Corpus Christi (o Corpo de Cristo)”. O Papa prescreveu então, em 1264, que na 5ª feira após a oitava de Pentecostes fosse oficialmente celebrada a festa em honra do Corpo de Deus, sendo Santo Tomás de Aquino encarregado de compor o texto da Liturgia dessa festa. O Papa, que havia sido arcediago de Liège, na Bélgica, e conhecido Santa Juliana de Mont Cornillon, atendia assim ao desejo manifestado pelo próprio Jesus a essa religiosa, pedindo uma festa litúrgica anual em honra da Sagrada Eucaristia. Em 1247, em Liège, já havia sido realizada a primeira procissão eucarística, como festa diocesana, sendo estabelecida mundialmente pelo Papa Clemente V, que confirmou a Bula de Urbano IV. Em 1317, o Papa João XXII publicou na Constituição Clementina o dever de se levar a Eucaristia em procissão pelas vias públicas.
        Por que tão solene festa?  Porque “a Eucaristia é o coração e o ápice da vida da Igreja, pois nela Cristo associa sua Igreja e todos os seus membros a seu sacrifício de louvor e ação de graças oferecido uma vez por todas na cruz a seu Pai; por seu sacrifício ele derrama as graças da salvação sobre o seu corpo, que é a Igreja. A Eucaristia é o memorial da Páscoa de Cristo: isto é, da obra da salvação realizada pela Vida, Morte e Ressurreição de Cristo, obra esta tornada presente pela ação litúrgica. Enquanto sacrifício, a Eucaristia é também oferecida em reparação dos pecados dos vivos e dos defuntos, e para obter de Deus benefícios espirituais ou temporais” (C.I.C. nn.1407, 1409 e 1414). “O Sacrifício Eucarístico, memorial da morte e ressurreição do Senhor, em que se perpetua pelos séculos o Sacrifício da cruz, é o ápice e a fonte de todo o culto e da vida cristã, por ele é significada e se realiza a unidade do povo de Deus, e se completa a construção do Corpo de Cristo. Os outros sacramentos e todas as obras de apostolado da Igreja se relacionam intimamente com a santíssima Eucaristia e a ela se ordenam” (C.D.C. cân. 897).
        Por ser tão importante e digna da nossa honra e culto, o Papa São João Paulo II, na sua Encíclica “Ecclesia de Eucharistia”, nos advertia contra os “abusos que contribuem para obscurecer a reta fé e a doutrina católica acerca deste admirável sacramento” e lastimava que se tivesse reduzido a compreensão do mistério eucarístico, despojando-o do seu aspecto de sacrifício para ressaltar só o aspecto de encontro fraterno ao redor da mesa, concluindo: “A Eucaristia é um dom demasiado grande para suportar ambiguidades e reduções”.


Fonte: Dom Fernando Arêas Rifan





















quarta-feira, junho 19, 2019

COMO SE COMPORTAR DIANTE DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO












Pode parecer engraçado e estranho para alguns, mas muitas pessoas não sabem como se portar nem adorar Jesus no santíssimo como se deve, adoração é o primeiro ato da virtude da religião. Adorar a Deus é reconhecê-lo como Deus, como o Criador e o Salvador, o Senhor e o Mestre de Tudo o que existe, o Amor infinito e misericordioso. “Adorarás o senhor teu Deus, e só a ele prestarás culto” (Lc 4,8), diz Jesus, citando o Deuteronômio (6,13).

“Adorar a Deus é, no respeito e na submissão absoluta, reconhecer o nada da criatura, que não existe a não ser por Deus. Adorar a Deus é, como Maria no Magnificat, louvá-lo, exaltá-lo e humilhar-se a si mesmo, confessando com gratidão que Ele fez grandes coisas e que seu nome é Santo. Adoração do Deus único liberta o homem de se fechar em si mesmo, da escravidão do pecado e da idolatria do mundo.” ( Catecismo da Igreja Católica n. 2096 e 2097).

Toda vez que estivermos perante o Santíssimo esteja Ele exposto ou no sacrário devemos nos colocar numa atitude de despojamento e professarmos a fé na sua presença no pão e no vinho que para nós são Corpo e Sangue de Cristo. E podemos fazê-lo com estas palavras ou de forma espontânea:

“Meu Deus! Eu creio, adoro, espero e amo-Vos; peço-Vos perdão para os que não crêem, não adoram, não esperam e não Vos amam”

“Um momento de verdadeira adoração tem mais
valor e fruto que a mais intensa atividade, mesmo se
tratasse da mesma atividade apostólica”. Papa João Paulo II

Muitas vezes, nos colocamos diante de Jesus presente na Eucaristia e, envolvidos com nossos problemas e tribulações, não aproveitamos esses momentos preciosos diante de Deus vivo.

Inicie sempre a sua adoração com uma postura de respeito e submissão(se possível de joelhos), procurando ouvir Jesus lhe dizendo:
“Não é preciso, meu filho, saber muito para me agradar, basta-me amar fervorosamente. Fala-me, pois de uma coisa simples, assim como falarias com o mais íntimo dos amigos.”

1º) Tens algum pedido em favor de alguém?

Jesus te diz: Menciona-me o seu nome e diz-me o que desejais que eu faça. Pede-me muito. Não receies em pedir. Fala-me das necessidades das pessoas com quem você convive.

2º) E tu, precisas de alguma graça?

Jesus insiste e te pergunta: Diz-me abertamente que precisas de ajuda. Pede-me que eu vá ao teu encontro, em teu auxílio. Não te envergonhes! Há muitos justos e muitos santos no céu que tinha exatamente os mesmos defeitos, mas pediram com humildade e pouco a pouco se viram livres deles. Que necessitas hoje? O que posso fazer por ti? Ah! Se soubesses quanto Eu desejo ajudar-te!

3º) Andas preocupado?

Conta-me tudo! — Insiste Jesus com você — O que te ocupa? O que pensas? O que desejas? Conta-me eu quero te ajudar.

4º) Por acaso estás triste ou mal-humorado?

Quem te feriu? Quem de desprezou? Diga para mim o que passar e como recompensa hás de receber a minha benção consoladora. Lança-te nos braços da minha amorosa providência. Estou contigo, ao teu lado. Vejo tudo e ouço tudo, em nenhum momento te desamparo.

5º) Tens alguma alegria que possa partilhar comigo?

Jesus quer saber das suas vitórias! Por que não me deixas tomar parte nelas com a força de um bom amigo? Você tem surpresas agradáveis para me contar? Boas notícias? Quais demonstrações de carinho você tem dado ou recebido. Talvez tenha conseguido vencer alguma situação difícil, sair de algum apuro. Tudo é obra minha. Diz-me simplesmente: “Obrigado meu Pai, obrigado!”

6º) Queres prometer-me alguma coisa?

Bem sabes que eu leio o que está no fundo do teu coração. É fácil enganar os homens, mas a Deus não podes enganar. Fala-me com toda sinceridade: fizeste o firme propósito de, no futuro, não mais te expores àquela ocasião de pecado, de te privares dos objetos de sedução. Ora meu filho, volta agora às tuas ocupações habituais: ao teu trabalho, à tua família, aos teus estudos; mas não esqueças esses minutos que tivemos desta agradável conversa. Não deixe de Me buscar na Eucaristia. Eu te espero no Santíssimo Sacramento.

Adoração é algo pessoal, mas aqui vai um pequeno roteiro

para fazer durante a hora de adoração

inicio

Inicie a sua Hora de Adoração com o Sinal da Cruz
“Em Nome do Pai, do Filho, do Espírito Santo. Amém”

1º Passo — Invocando o Espírito Santo

Invoque o Divino Espírito Santo sobre todo o seu ser para se tornar, a cada dia e a cada hora, um Verdadeiro Adorador.

Oração de submissão ao Espírito Santo

“Ó Espírito Santo, alma da minha alma, eu Vos adoro, esclarecei-me, guiai-me, fortificai-me, aconselhai- me, dizei-me o que eu devo fazer, dai-me as Vossas ordens, eu prometo submeter-me a tudo o que desejardes de mim e aceitar tudo o que permitirdes que me aconteça, fazei-me conhecer somente a Vossa Vontade!”

Cardeal Mercier (*1851 +1926)

2º Passo — Pedindo a proteção de Deus

Revista-se da armadura e da proteção de Deus para expulsar todo mal.

Armadura do cristão

“Finalmente, irmãos, fortalecei-vos no Senhor, pelo seu soberano poder. Revesti-vos da armadura de Deus, para que possais resistir às ciladas do demônio. Pois não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra os principados e potestades, contra os príncipes deste mundo tenebroso, contra as forças espirituais do mal (espalhadas) nos ares. Tomai, por tanto, a Armadura de Deus, para que possais resistir nos dias maus e manter-vos inabaláveis no cumprimento do vosso dever. Ficai alerta, à cintura cingidos com a Verdade, o corpo vestido com a couraça da Justiça, e os pés calçados de prontidão para anunciar o Evangelho da Paz. Sobretudo, embraçai o escudo da Fé, com que possais apagar todos os dardos inflamados do Maligno. Tomai, enfim, o capacete da Salvação e a espada do Espírito, isto é, a Palavra de Deus. Intensificai as vossas invocações e súplicas. Orai em toda circunstância, pelo Espírito, no qual perseverai em intensa vigília de súplica por todos os cristãos” (Efésios 6, 10–18).

Jesus, protege-me

Jesus, Filho Redentor do Eterno Pai, mais uma vez venho humildemente invocar Tua divina proteção sobre mim. Protege-me, Senhor, de toda espécie de violência. Resgata e afasta minha alma de toda e qualquer ocasião de pecado. Que durante as 24 horas deste dia, a Tua força venha constantemente ao encontro da minha fraqueza. Amém.

3º Passo — Ladainha do Louvor

Vá dizendo, uma após outra, frases em louvor a Deus Pai, depois a Jesus e, em seguida ao Espírito Santo:

“Eu te louvo, Deus Pai, por teres me criado”…

“Eu te louvo, Jesus, pelo teu Sagrado Coração, cheio amor e misericórdia”…

“Eu te louvo, Espírito Santo, porque és o Amor do Pai e do Filho”…

4º Passo — Deus fala com você

Leia o as leituras ou o evangelho do dia

5º Passo — Hora do Perdão

A partir da oração do Pai Nosso, peça perdão a Deus e a graça de conseguir perdoar as pessoas que passaram pela sua vida.

Pai Nosso

“Pai Nosso que estais no céu, santificado seja o Vosso Nome; venha a nós o Vosso Reino, seja feita a Vossa Vontade, assim na terra como no céu; o Pão-Nosso de cada dia nos dai hoje; perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido, e não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Amém.”

6º Passo — Hora da Intercessão

Pense nas Mãos poderosas de Jesus tocando na cabeça de cada pessoa pela qual você intercede e peça com fé e confiança total: “Jesus, coloca tuas Mãos benditas, ensanguentadas, chagadas e abertas sobre… (diga aqui os nomes das pessoas pelas quais você intercede).

7º Passo — Entrega

Oração de Abandono

“Meu Pai, entrego-me a Vós, fazei de mim o que for de Vosso agrado. O que quiserdes fazer de mim, eu Vos agradeço. Estou pronto para tudo, aceito tudo desde que Vossa Vontade se realize em mim, em todas as Vossas criaturas, não desejo outra coisa, meu Deus. Deponho minha alma em Vossas mãos, eu Vo-la dou, meu Deus, com todo o amor do meu coração, porque Vos amo e porque, para mim, é uma necessidade de amor dar-me e entregar-me em Vossas mãos, sem medida, com uma confiança infinita, pois sois meu Pai”.

Beato Charles de Foucauld (*1858 +1916)

Tomai, Senhor

“Tomai, Senhor, e recebei toda a minha liberdade, a minha memória também, o meu entendimento e toda a minha vontade; tudo o que tenho e possuo, vós me destes com amor. Todos os dons que me destes com gratidão vos devolvo; disponde deles, Senhor, segundo a vossa Vontade. Dai-me somente o vosso amor, vossa graça, isso me basta, nada mais quero pedir”

Santo Inácio de Loyola (*1491 +1556)

8º Passo — Adoração

Pense somente em Deus e estabeleça com Ele uma profunda união. Comece reconhecendo que só Ele é Deus, Uno e Trino: Pai, Filho e Espírito Santo. Bendiga-O de todo o seu coração, glorifique-O pelo que Ele é. Adore-O pelo que Ele fez, faz e ainda fará em sua vida. Vá dizendo muitas e muitas vezes Santo, Santo, Santo, até entrar num momento de Adoração silenciosa e contemplativa, onde você se sentirá completamente mergulhado na Misericórdia infinita de Jesus que, com o Pai e o Espírito Santo, abraçam você no envolvimento de seu eterno Amor. Além de orações espontâneas, reze também:

Adoração e reparação

“Meu Deus, eu creio, adoro, espero e amo-Vos. Peço- Vos perdão para aqueles que não creem, não adoram, não esperam e não Vos amam. Santíssima Trindade, Pai, filho e Espírito Santo, adoro-Vos profundamente e ofereço-Vos o Preciosíssimo Corpo, Sangue, Alma e Divindade de Jesus Cristo, presente em todos os Sacrários da Terra, em reparação dos ultrajes, sacrilégios e indiferenças com que Ele mesmo é ofendido. E, pelos méritos infinitos do Seu Sacratíssimo Coração e do Imaculado Coração de Maria , peço-Vos a conversão dos pobres pecadores. Amém.”

Jesus, quero te adorar

“Jesus, quero te adorar do mais profundo do meu ser, meu Deus, meu Salvador, meu Rei. Jesus, eu te adoro por tudo o que está acontecendo na minha vida. Eu te adoro, Jesus, porque és meu Senhor e meu Deus.”

9º Passo — Agradecimento

Além de agradecer com orações espontâneas que brotam do seu coração, reze também:

Obrigado Pai, Filho e Espírito Santo

“Pai Santo, Pai de Amor, eu te agradeço por tantos dons e tantos presentes que o Senhor tem me dado. Muito obrigado, Pai, pela minha filiação, por ser teu filho e teu herdeiro. Obrigado pelo meu passado, pelo meu presente e pelas bênçãos e graças que estão sendo derramadas sobre mim e minha família nessa hora de adoração. Obrigado pelo meu futuro e pelo Plano de Amor que o Senhor traçou para minha vida. Jesus Cristo, meu melhor amigo, meu Salvador e meu Rei, muito obrigado pela minha salvação, pela redenção. Muito obrigado, meu Mestre, porque o Senhor veio me ensinar o seu Caminho. Muito obrigado, Jesus, pela sua presença amorosa na Santa Comunhão e por vir fazer sua morada no mais íntimo do meu coração. Divino Espírito Santo, meu santificador, luz do meu caminho. Obrigado pela obra maravilhosa obra que o Senhor está realizando em mim. Agradeço por me ensinar a adorar ao Pai e ao Filho. Obrigado por me transformar, a cada dia, a cada hora, num verdadeiro adorador e servo de Deus!”

Encerramento

Conclua a sua Hora de Adoração rezando:

1 Pai Nosso
1 Ave Maria
1 Glória.

terça-feira, junho 18, 2019

QUAIS SÃO OS EFEITOS E OS BENEFÍCIOS DA ADORAÇÃO?






Estar em Adoração, diante do Santíssimo Sacramento, é uma oportunidade espiritual que modifica nossa vida e nosso coração

Em uma entrevista concedida ao padre Antônio Spadaro, SJ, o Papa Francisco assim expressou-se sobre seus momentos de Adoração ao Santíssimo Sacramento: “O que verdadeiramente prefiro é a adoração vespertina, mesmo quando me distraio e penso em outra coisa ou mesmo quando adormeço rezando. Assim, à tarde, entre as sete e as oito horas, estou diante do Santíssimo durante uma hora”. Estar diante do Santíssimo, para o Papa Francisco, é importante dentro dos seus momentos diários de oração. E para nós? Como vivemos os momentos de Adoração em nossa vida? Quais efeitos e benefícios a Adoração tem para nossa vida?

Estar diante de Jesus, presente no Santíssimo Sacramento do Altar, é uma graça, um momento profundo de encontro e intimidade com o próprio Deus. Em seu infinito amor por todos nós, Cristo continua presente na Eucaristia, atualizando em nossa vida Seu mistério de amor, doação e entrega.

Estar em Adoração diante do Santíssimo Sacramento é uma oportunidade espiritual para modificarmos nossa vida e o nosso coração. Esses momentos devem ser vividos com intensidade e profundidade. O silêncio ajuda. Calarmos as vozes internas para ouvirmos a voz divina. No silêncio, Cristo nos fala ao coração. É preciso silenciarmos para ouvi-Lo. No barulho e na agitação, torna-se fundamental o exercício do calar-se para poder ouvir a voz do Senhor. Aprender a cultivar momentos de silêncio é um desafio para o nosso tempo, no qual vivemos interligados 24 horas por dia.


Efeitos da Adoração em nossa vida

O primeiro efeito e benefício da Adoração é o silêncio que começamos a cultivar em nossa vida. Na simplicidade da Eucaristia, o próprio Cristo nos ensina a silenciar para que a Sua presença seja completa em nós. Silenciar diante do Mistério Eucarístico para silenciarmos também diante dos mistérios da vida. Silenciar as palavras para nos silenciarmos diante dos julgamentos alheios que fazemos ao longo do dia. Silenciar o coração para silenciarmos nossa própria agitação. Silenciar para ouvir com mais profundidade a voz d’Aquele que nos fala ao coração.

Na Adoração, entramos em profundo contato com o amor de Cristo por cada um de nós. Esse mesmo amor que contemplamos, somos convidados a levar aos nossos irmãos e irmãs. Nossos momentos de Adoração estão profundamente enraizados com o cotidiano de nossa vida. Diante do Senhor, levamos aquilo que somos: nossas fragilidades e potências, nossas dores e alegrias, nossos pecados e nossa santidade. Não nos despedimos do que somos para estar diante do Senhor, mas, nos apresentamos na condição que nos encontrarmos para sairmos transformados desse encontro de amor e paz.

Transformados para transformar! Amados para amar! Eis o maior efeito e benefício da Adoração em nossa vida! Uma vez iluminados por Cristo, somos chamados a ser, no mundo, um sinal dessa mesma luz: iluminarmos tantas situações de trevas presentes na vida, na família, na sociedade, no trabalho, na comunidade, etc.; nossa Adoração não deve ser individualista e egoísta, mas feita de momentos de profunda comunhão com todos os nossos irmãos e irmãs em Cristo Jesus.

Na Escola de Adoração, aprendemos a cultivar uma vida interior que germina do mistério de amor de um Deus, que vem ao nosso encontro para nos fazer pessoas novas para um mundo novo.


Fonte: Canção Nova

segunda-feira, junho 17, 2019

SOLENIDADE DA SANTÍSSIMA TRINDADE






Na Solenidade da Santíssima Trindade, vamos colocar uma pergunta essencial para nossa vida de fé: como podemos nos encontrar com Deus? A catequese é conhecida, mas vale a pena ser recordada em três modos, iluminando-nos a Palavra que acabamos de ouvir. O primeiro modo é pela contemplação da criação divina. Podemos nos encontrar com Deus na contemplação das paisagens, na vida dos animais, naquilo que acontece na natureza. Em cada vida da criação, no dizer da 1ª leitura, existe uma marca divina. O salmo responsorial reforçava esta proposta: “contemplando estes céus que plasmastes”. A contemplação, portanto, é um modo de entrar em contato com Deus. Quando silenciamos diante de uma paisagem bonita, por exemplo, podemos perceber que Deus passou por ali. O salmo termina com a vida dos animais, dos peixes e das aves... vê-los significa que a sabedoria divina deixou também naquelas formas de vida a sua marca. E o que dizer da ordem da criação? De tudo que funciona perfeitamente? Nesta ordem nós nos deparamos com a sabedoria divina regendo tudo.

O segundo modo para entrar em contato direto e existencial com Deus encontra-se na pessoa de Jesus Cristo. Este é, sem dúvida alguma, o modo mais fácil de entrar em contato com Deus, principalmente considerando seu amor e sua humanidade. Poderíamos nos perguntar se valorizamos a mediação de Jesus Cristo entre nós e Deus. Jesus é o nosso único mediador. Hoje, são apresentados muitos caminhos para se relacionar a Deus e, estranhamente, até mesmo entre cristãos praticantes, Jesus Cristo é apenas um dos modos entre outros. Muitos cristãos não consideram Jesus como o modo primordial e o único caminho, verdade e vida que nos conduz ao encontro com Deus. Alguns caminhos são, inclusive, incompatíveis com a própria fé cristã, como é o caso do espiritismo e de muitas filosofias orientais. Por isso, tomem cuidado para não cair no relativismo, achando que é tudo a mesma coisa.

Por fim, um terceiro modo de entrar em contato com Deus é considerando o papel do Espírito Santo na vida cristã. Ouvimos no Evangelho que o Espírito santo tem a função de aprofundar o Evangelho em nossas vidas e torná-lo vivencial. Tudo aquilo que precisávamos conhecer da Revelação foi revelado por Jesus. Mas, o aprofundamento e o modo de viver o Evangelho, isto é obra do Espírito Santo. E, também neste ponto, parece ser pouco claro em nossos dias, quando se considera a busca de videntes e de "pessoas especiais" que parecem ter contato direto com Deus. Muitos cristãos, infelizmente, em vez de trilhar o caminho normal de ir ao encontro de Deus pela pessoa de Jesus e pelo seu Evangelho, vão atrás de videntes, do extraordinário, do milagroso... Quando acolhemos o Evangelho, o Espírito Santo entra em nós e nos conduz ao conhecimento e à vivência do Evangelho na simplicidade da vida. Amém.