quinta-feira, janeiro 28, 2016

APÓSTOLO SÃO PAULO, TEXTO DOM FERNANDO RIFAN



Celebramos no dia 25 a conversão do grande apóstolo São Paulo, uma das colunas da Igreja ao lado de São Pedro. São Paulo foi o apóstolo dos gentios, dos povos não judeus, instrumento da propagação da Igreja fora da Judéia; o verdadeiro propagador do cristianismo.
O primeiro livro de História da Igreja, os Atos dos Apóstolos, escrito por São Lucas, discípulo de São Paulo e testemunha dos fatos, narra-nos que Saulo - esse era o seu nome antes - era um fariseu fanático, cheio de ódio pelos discípulos de Cristo. Ele, quando jovem, já havia participado, como coadjuvante, do apedrejamento de Santo Estevão, diácono. Quando ia pelo caminho de Damasco, capital da Síria, com ordens dos Sumos Sacerdotes, para prender os cristãos da cidade, foi violentamente derrubado do cavalo por uma luz misteriosa, que o cegou, da qual saia uma voz tonitruante que o invectivava: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” E ao perguntar quem era aquele a quem ele perseguia, a voz respondeu: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues”. Jesus atribuía a si a perseguição feita aos seus discípulos, os cristãos.
A partir daí, Saulo foi instruído na Fé cristã e batizado. Tornou-se o grande Apóstolo Paulo, escolhido por Deus para evangelizar os gentios, os povos não judaicos. É o autor de 14 epístolas endereçadas às primeiras comunidades cristãs, mas de valor e ensinamento perenes.
Foi martirizado em Roma, na perseguição de Nero. Sua grande basílica é a homenagem cristã àquele que, com São Pedro, é uma das colunas da Igreja Romana.


Jesus tinha escolhido 12 apóstolos para evangelizarem o mundo. Mas eles eram pessoas simples. Deus tudo pode, mas usa dos meios humanos mais apropriados, conforme ele quer e capacita. Para espalhar sua doutrina no mundo greco-romano pagão, ele quis escolher alguém, perito em diversas línguas, douto na doutrina judaica, cidadão romano, conhecedor do mundo grego e homem de decisão e forte personalidade. E o escolheu entre os seus piores inimigos: os fariseus. E esse fariseu fanático tornou-se, pela graça de Deus, o grande São Paulo.
A admirável conversão de São Paulo é a mostra do que pode a Graça de Deus. E essa Graça tem operado maravilhosas conversões no decurso dos séculos. Temos, entre tantos, os exemplos de Agostinho, gênio intelectual que, de gnóstico e herege, tornou-se o grande Santo Agostinho, doutor da Igreja, convertido pela força das lágrimas de sua mãe e pela convincente pregação de Santo Ambrósio; de Francisco de Assis que, de mundano tornou-se o grande santo da pobreza; de Santo Inácio de Loyola, convertido ao ler a vida dos santos, num leito de hospital; de Dr. Aléxis Carrel, prêmio Nobel de medicina, ao examinar um milagre de Lourdes.
Conversão é a saída do pecado para a Graça de Deus. É mudança de mentalidade e de vida. Para melhor. É por isso que todos nós precisamos nos converter. Todos os dias. 
“A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus. Quantos se deixam salvar por Ele são libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento” (Francisco, Evangelii gaudium, 1).

Dom Fernando Rifan





terça-feira, janeiro 26, 2016

FESTA DA CONVERSÃO DE SÃO PAULO



Paulo de Tarso, também chamado de Apóstolo Paulo, Saulo de Tarso e São Paulo, foi um dos mais influentes escritores do cristianismo primitivo, cujas obras compõem parte significativa do Novo Testamento. A influência que exerceu no pensamento cristão, chamada de "paulinismo", foi fundamental por causa do seu papel como proeminente apóstolo do Cristianismo durante a propagação inicial do Evangelho pelo Império Romano.

Conhecido também como Saulo , se dedicava à perseguição dos primeiros discípulos de Jesus na região de Jerusalém[nota b]. De acordo com o relato na Bíblia, durante uma viagem entre Jerusalém e Damasco, numa missão para que, encontrando fiéis por lá, "os levasse presos a Jerusalém", Saulo teve uma visão de Jesus envolto numa grande luz, ficou cego, mas teve a visão recuperada após três dias por Ananias que também o batizou. Começou então a pregar o Cristianismo.

Juntamente com Simão Pedro e Tiago, o Justo, ele foi um dos mais proeminentes líderes do nascente cristianismo. Era também cidadão romano, o que lhe conferia uma situação legal privilegiada.


Treze epístolas no Novo Testamento são atribuídas a Paulo, mas a sua autoria em sete delas é contestada por estudiosos modernos. Agostinho desenvolveu a ideia de Paulo que a salvação é baseada na fé e não nas "obras da Lei" . A interpretação de Martinho Lutero das obras de Paulo influenciou fortemente sua doutrina de "sola fide".

A conversão de Paulo mudou radicalmente o curso de sua vida. Com suas atividades missionárias e obras, Paulo acabou transformando as crenças religiosas e a filosofia de toda a região da bacia do Mediterrâneo. Sua liderança, influência e legado levaram à formação de comunidades dominadas por grupos gentios que adoravam o Deus de Israel, aderiam ao código moral judaico, mas que abandonaram o ritual e as obrigações alimentares da Lei Mosaica por causa dos ensinamentos de Paulo sobre a vida e obra de Jesus e seu "Novo Testamento", fundamentados na morte de Jesus e na sua ressurreição.


Nomes

O nome original de Paulo era "Saulo" (em hebraico: שָׁאוּל- Sha'ul; tiberiano: Šāʼûl - "o que se pediu, o que se orou por" e traduzido em grego antigo: Σαούλ - Saul - ou Σαῦλος - Saulos), nome que divide com o bíblico Rei Saul, um outro benjaminita e primeiro rei de Israel, que foi sucedido pelo Rei Davi, da tribo de Judá. Segundo suas próprias palavras, era um fariseu.

O uso de "Paulo" (em grego: Παῦλος - Paulos; em latim: Paulus ou Paullus - "baixo"; "curto") aparece nos "Atos" pela primeira vez quando ele começou sua primeira jornada missionária em território desconhecido. EmAtos 13:6-13, Paulo aparece, juntamente com Barnabé e João Marcos, conversando com Sérgio Paulo, um oficial romano em Chipre que será convertido por ele. Paulus era um sobrenome romano e alguns argumentam que Paulo o adotou como seu primeiro nome . Outra teoria, apontada pelo Vaticano, afirma que era costume para os judeus romanizados da época adotarem um nome romano e o pai de Paulo provavelmente quis agradar à família dos Pauli[14] . Por fim, há ainda os que consideram possível a homenagem a Sérgio Paulo e mais provável que a mudança esteja mais relacionada a um desejo do apóstolo em se distanciar da história do Rei Saul, que perseguiu Davi .

Antes da conversão

Em "Atos dos Apóstolos", Paulo afirma ter nascido em Tarso (na província de Mersin, na parte meridional da Turquia central) e faz breves menções à sua família. Um sobrinho é mencionado em Atos 23:16 e sua mãe é citada entre os que moram em Roma emRomanos 16:13. É ali também que o apóstolo confessa que «Saulo assolava a igreja, entrando pelas casas e, arrastando homens e mulheres, os entregava à prisão.» (Atos 8:3) .

Mesmo tendo nascido em Tarso, foi criado em Jerusalém, "aos pés de Gamaliel"[nota r], que é considerado um dos maiores professores nos anais do judaísmo" e cujo equilibrado conselho (Atos 5:34-39), pedindo que os judeus contivessem a fúria contra os discípulos, contrasta com a temeridade de seu estudante que, após a morte de Estevão, saiu num rompante perseguindo os "santos".
Conversão e a sua missão

A conversão de Paulo pode ser datada entre os anos de 31 e 36 pela referência que ele fez em uma de suas epístolas. De acordo com os "Atos dos Apóstolos", sua conversão (metanoia) ocorreu na "estrada para Damasco", onde ele afirmou ter tido uma visão de Jesus ressuscitado que o deixou temporariamente cego .

Testemunho pós-conversão

Nos versículos iniciais da Epístola aos Romanos, Paulo nos dá uma litania de sua própria alegação apostólica e de suas convicções pós-conversão sobre a ressurreição de Cristo.

Os seus próprios textos nos dão alguma ideia sobre o que ele pensava de sua relação com o Judaísmo. Se por um lado se mostrava crítico, tanto teologicamente quanto empiricamente, das alegações de superioridade moral ou de linhagem dos judeus, por outro defendia fortemente a noção de um lugar especial reservado aos filhos de Israel.

Ele ainda afirmou que recebeu as "boas novas" não de qualquer um, mas por uma revelação pessoal de Jesus Cristo. Por isso, ele se entendia independente da comunidade de Jerusalém : (possivelmente no Cenáculo), embora alegasse sua concordância com ela no que tangia ao conteúdo do Evangelho. O que é mais impressionante nessa conversão é a mudança na forma de pensar que ocorreu. Ele teve que mudar seu conceito sobre quem o Messias era e, particularmente, aceitar a ideia, então absurda, de um Messias crucificado. Ou talvez o mais difícil tenha sido a mudança de seus conceitos sobre a superioridade dos judeus. Ainda há debates sobre se Paulo já se considerou como o veículo de evangelização dos gentios no momento de sua conversão ou se isto se deu mais tarde.

Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Paulo_de_Tarso


III DOMINGO DO TEMPO COMUM


A Liturgia da Palavra desta celebração fala dela mesma, quer dizer, destaca o valor da Palavra de Deus na vida pessoal e na vida da comunidade.  Para se viver bem e para se colher frutos do Ano Santo da Misericórdia, a Palavra é aquela que ilumina o caminho e indica como viver. Indica um “modus vivendi”. Podemos dizer que o cristão é incapaz de se tornar discípulo e discípula de Jesus se não cultivar a Palavra em sua vida, especialmente o cultivo do Evangelho.






Depois do Concílio Vaticano II, a Igreja passou a semear mais prodigamente a Palavra e a incentivar cada cristão a ter contato direto com a Palavra, coisa que até tempos antes não era bem assim que acontecia. Hoje, graças a Deus, a Palavra é ouvida, meditada e estudada, seja individualmente seja em grupos eclesiais, encontros e momentos de estudos. Muitas são as iniciativas neste sentido a ponto de, penso eu, se faz necessários ter cuidado para evitar um grande perigo: falar demais sobre a Palavra e impedir a Palavra de falar para a vida pessoal e para a vida da comunidade.Além disso, tenho observado que em muitos encontros que destacam a Bíblia, especialmente aqueles celebrativos, o caráter excessivamente emocional da Palavra, com sorteios de páginas para saber o que Deus tem a dizer para a vida, sem considerar que a vida é a grande página onde Deus fala a quem vive iluminado pela Palavra, não deixa de trazer preocupações. Alguns pregadores não acendem luzes na vida das pessoas por estarem demais preocupados em demonstrar conhecimentos e emocionar. São riscos a serem considerados.




Charles de Foucauld quando entrou no silêncio do deserto algeriano dizia que existem dois modos para falar de Deus: ou falar doce e suavemente, de modo que fiquem impressos no coração do homem e da mulher ou, falar de tal modo que desperte admiração e entusiasmo; mas nada suscita tanta fascinação pela Palavra de Deus que a experiência da paz interior que ela promove no coração de quem a acolhe. De fato, quem dedica um tempo à Palavra de Deus, seja individualmente ou comunitariamente, começa a agir de modo diferente, tem um estilo de conviver com os outros de modo diferente. Não busca concorrência, mas favorece em tudo a partilha na fraternidade, como diz o Sl 18, que canta a Liturgia da Palavra deste Domingo.



segunda-feira, janeiro 25, 2016

PADRE MARCOS PRESIDE A EUCARÍSTIA NA PARÓQUIA DE SANTA ELIZABETH HUNG, VERSAILLES


Anúncio do Ano Santo

Você ouviu que Jesus desenrolou o livro de Isaías. Os livros, no tempo de Jesus eram feitos em forma de rolo. O livro de Isaias, dizem os estudiosos da Bíblia, tinha mais ou menos 4 metros de comprimento. Esse é um detalhe curioso. Tem outro detalhe, mais importante que esse: o início da pregação de Jesus e a presença do Espírito Santo em sua vida. Uma pregação marcada, essencialmente, pela libertação: “o Espírito do Senhor está sobre mim e me envia para libertar...”, diz Jesus, em síntese. Outro detalhe importante, para este tempo que estamos vivendo agora, é o anúncio do Ano Jubilar feito por Jesus no Evangelho, presente nas palavras: “para proclamar um ano da graça do Senhor”. Este “ano da graça” é um outro nome para Ano Jubilar ou, como dizemos nós, atualmente, Ano Santo. Ano da graça por ser um tempo especial, no qual se manifesta a gratuidade divina, especialmente presente no perdão dos pecados, no perdão de dívidas impagáveis dos pobres e no perdão aos escravos, oferecendo-lhes a liberdade. No Ano da Graça, portanto, celebra-se uma celebração especial que nos colega com o Ano Santo da Misericórdia, que vivenciamos neste ano de 2016. Um ano marcado pelo perdão e pela libertação.



Um programa de vida para os pobres

O programa do Ano da Graça, anunciado por Jesus, beneficia diretamente os pobres, que são os preferidos de Deus. Neste programa divino, entendemos bem porque Papa Francisco fala tanto da periferia social, porque é para lá que Deus dirige um olhar especial de graça, de amor e libertação. Dirige seu olhar para os pobres, os que vivem à margem da sociedade e à mercê dos poderosos, sem forças, sem condições de resistir aos ricos, sem qualquer tipo de proteção e, o pior de tudo, sendo presas fácil dos gananciosos. Jesus propõe seu programa como aliado dos pobres e como o libertador desses mesmos pobres. Nisto consiste a boa nova que Jesus anuncia: veio libertar os pobres e oprimidos. São Lucas é conhecido no meio acadêmico como o Evangelista dos pobres. No Evangelho de Lucas, Jesus sempre está ao lado dos pobres e a favor deles. Lucas apresenta Jesus como libertador dos pobres, aqueles que ouvimos nomeados no Evangelho: os cativos, os cegos e os oprimidos, além de tantos outros, nomeados no decorrer do Evangelho, como os samaritanos e os publicanos.








Ano Santo da Misericórdia

A boa notícia de Jesus consiste em anunciar a libertação dos marginalizados: presos, cegos, oprimidos, surdos, coxos. Ele veio para proclamar o Ano da Graça; o ano da libertação e da vida nova porque imensa é a misericórdia divina para conosco. Ano da Graça significa propor um modo novo de viver, marcado especialmente pela misericórdia nos relacionamentos sociais. O Ano Santo da Misericórdia tem esta finalidade de colaborar com o projeto divino para libertar quem vive aprisionado na vida pelo motivo que for. Libertar, por exemplo, tantas pessoas que vivem cegas porque incapazes de ver um sentido para suas vidas; libertar tantas pessoas que vivem coxas, incapazes de caminhar na vida, libertar tantos oprimidos e deprimidos, incapazes de sentir o prazer e a alegria da vida. Ter misericórdia para com esta gente não significa ficar com pena deles, ter dó, mas estender uma mão libertadora para favorecendo-lhes a libertação e a vida plena. 






Proposta de vida nova

Quando falamos de misericórdia, no contexto do Evangelho que acabamos de ouvir, entendemos a necessidade de alimentar a esperança para que a vida não seja um peso a ser carregado, mas uma festa a ser vivida com alegria. O plano de Jesus pede que todos os marginalizados sejam incluídos na sociedade para usufruir daquilo que a sociedade oferece para o bem da vida de todos, especialmente a dignidade e a alegria. O Ano Santo da Misericórdia está ajudando-nos a entender que ser misericordioso não consiste somente cultivar conceitos emocionais abstratos de dó ou de pena, mas de viabilizar um projeto libertador que favorece a vida de todos, especialmente aquela dos oprimidos sociais. A boa nova de Jesus é um projeto, um plano prático para levar as pessoas a se reintegrarem na sociedade. Esta reintegração social é um gesto misericordioso por oferecer condições de viver dignamente a vida plena que ele veio trazer. Que o Ano Santo da Misericórdia nos torne mais misericordiosos, quer dizer, mais empenhados em dedicar a vida, para que a vida seja plena para todos, como é o desejo do próprio Deus. Amém!






sexta-feira, janeiro 22, 2016

ESTUDOS E APROFUNDAMENTOS PARTE IV- AS TRÊS EPIFANIAS DO SENHOR JESUS



Sete coisas que talvez não sabia sobre a Epifania e os famosos Reis Magos


1. A Igreja comemora três Epifanias

A festa dos Reis Magos ou Dia dos Santos Reis é conhecida como Epifania, palavra que em grego significa manifestação, no sentido de que Deus se revela e se manifesta.Entretanto, a Igreja celebra como Epifanias três manifestações da vida de Jesus: a Epifania diante dos Reis Magos do Oriente (manifestação aos pagãos), Epifania do Batismo do Senhor (manifestação aos judeus) e a Epifania das bodas de Caná (manifestação aos seus discípulos).








2. Esta é a segunda festa mais antiga


A Festa da Epifania é uma das mais antigas dos cristãos, provavelmente a segunda depois da Festa da Páscoa. Teve início no Oriente e logo passou a ser comemorada no Ocidente, por volta do século IV.
Dizem que no princípio os cristãos comemoravam as três epifanias em uma mesma data. Inclusive, em algumas igrejas orientais, nesta festa comemoram o nascimento de Cristo, mas foi somente até o século IV, quando começou a festividade romana do Natal.Na Idade Média, a Epifania pouco a pouco passou a ser mais conhecida como a festa dos Reis Magos. Atualmente, a Igreja Católica celebra as três epifanias em diferentes datas do calendário litúrgico.

3. Um santo definiu a data

Alguns estudos comprovam que a Epifania passou a ser celebrada no dia 6 de janeiro porque neste dia era comemorado o nascimento do Aión, deus padroeiro da metrópole de Alexandria, que supostamente estava relacionado com o deus sol. Do mesmo modo, também porque desde esta época, celebravam no Egito o solstício de inverno em 6 de janeiro.No século IV, São Eusébio de Cesárea e São Jerônimo, assim como São Epifânio no século VI, disseram que os reis encontraram o Menino antes de completar dois anos de idade.Entretanto, Santo Agostinho (séculos IV e V) em seus sermões sobre a Epifania afirmou que chegaram 13 dias depois do nascimento do Senhor. Ou seja, no dia 6 de janeiro do calendário atual.

4. Reis por tradição

São Mateus, o único evangelista que fala sobre os Reis Magos na Bíblia, explica que eram do Oriente, uma região que era para os judeus os territórios da Arábia, Pérsia ou Caldeia. Por outro lado, os orientais chamavam os doutores de “magos”.“Mago” na língua persa significava “sacerdote” e justamente os magos (“magoi” em grego) eram um grupo de sacerdotes persas ou babilônios. Eles não conheciam a revelação divina como os judeus, mas estudavam as estrelas a fim de procurar Deus.
A tradição chamou de “reis” aos magos de acordo com o Salmo 72 (10-11) que diz: “Os reis de Társis e das ilhas trarão presentes; os reis da Arábia e Etiópia oferecerão dons. E todos os reis se prostrarão perante ele; todas as nações o servirão”.

5. Poderiam ser mais de três

São Leão Magno e São Máximo do Turim, séculos IV e V respectivamente, falam de três magos provavelmente não por apoiar-se em alguma tradição, mas sim talvez pelos três presentes que descreve o evangelista.Nos primeiros séculos há representações pictóricas nas quais aparecem dois, quatro, seis e até oito magos. Entretanto, o afresco mais antigo da adoração dos magos data do século II e se encontra em um arco da capela grega das catacumbas romanas da Priscila e ali aparecem três.

6. A origem de seus nomes, fisionomias e presentes

Os nomes dos magos não aparecem nas Sagradas Escrituras, mas a tradição lhes deu certos nomes. Em um manuscrito de Paris, do final do século VII, aparece que se chamavam Bitisarea, Melchor e Natasa, mas, no século IX, começou-se a propagar que eram Gaspar, Melchior e Baltazar. Melchior é caracterizado geralmente como um idoso branco com barba em representação da região europeia e oferece ao Menino o ouro pela realeza de Cristo. Gaspar representa a área asiática e leva o incenso pela divindade do Jesus. Enquanto Baltazar é negro pelos provenientes da África e presenteia o Salvador com mirra, substância que se utilizava para embalsamar cadáveres e simboliza a humanidade do Senhor. Na época que se começou a representá-los com estas características não se tinha conhecimento da América. Além disso, os três fazem referência às idades do ser humano: juventude (Gaspar), maturidade (Baltazar) e velhice (Melchior).










7. A estrela teria sido uma conjunção de planetas

Sobre a estrela de Belém que os Reis Magos viram, foram construídas várias hipóteses. Inicialmente, dizia-se que foi um cometa, mas estudos de astronomia indicam que, ao que tudo indica, deveu-se à conjunção dos planetas Saturno e Júpiter na constelação de Peixes. Neste sentido, os Reis Magos possivelmente decidem viajar em busca do Messias porque, na antiga astrologia, Júpiter era considerado como a estrela do Príncipe do mundo; a constelação de Peixes, como o signo do final dos tempos; e o planeta Saturno no Oriente, como a estrela da Palestina.Ou seja, presume-se que os “sábios do Oriente” entenderam que o Senhor do final dos tempos apareceria naquele ano na Palestina. É provável que os Reis Magos soubessem algumas profecias messiânicas dos judeus e, por isso, chegaram a Jerusalém, ao palácio de Herodes, perguntando pelo rei dos judeus.

quinta-feira, janeiro 21, 2016

SOLENIDADE DE SÃO SEBASTIÃO




São Sebastião (França, 256 d.C. – 286 d.C.) originário de Narbonne e cidadão de Milão, foi um mártir e santo cristão, morto durante a perseguição levada a cabo pelo imperador romano Diocleciano. O seu nome deriva do grego sebastós, que significa divino, venerável (que seguia a beatitude da cidade suprema e da glória altíssima).


Ele teria chegado a Roma através de caravanas de migração lenta pelas costas do mar mediterrâneo, que na época era muito abundante de causa do mar mediterrâneo e o sahara e os dias não tão quente por causa da latitude em torno de 40°. De acordo com Actos apócrifos, atribuídos a Santo Ambrósio de Milão, Sebastião era um soldado que teria se alistado no exército romano por volta de 283 d.C. com a única intenção de afirmar o coração dos cristãos, enfraquecido diante das torturas. Era querido dos imperadores Diocleciano e Maximiano, que o queriam sempre próximo, ignorando tratar-se de um cristão e, por isso, o designaram capitão da sua guarda pessoal, a Guarda Pretoriana. Por volta de 286, a sua conduta branda para com os prisioneiros cristãos levou o imperador a julgá-lo sumariamente como traidor, tendo ordenado a sua execução por meio de flechas (que se tornaram símbolo constante na sua iconografia). Foi dado como morto e atirado no rio, porém, Sebastião não havia falecido. Encontrado e socorrido por Irene (Santa Irene), apresentou-se novamente diante de Diocleciano, que ordenou então que ele fosse espancado até a morte. Seu corpo foi jogado no esgoto público de Roma. Luciana (Santa Luciana, cujo dia é comemorado a 30 de Junho) resgatou seu corpo, limpou-o, e sepultou-o nas catacumbas.[3] [4]

Existem inconsistências no relato da vida de São Sebastião: o édito que autorizava a perseguição sistemática dos cristãos pelo Império foi publicado apenas em 303 (depois da Era Comum), pelo que a data tradicional do martírio de São Sebastião parece precoce. O simbolismo na História, como no caso de Jonas, Noé e também de São Sebastião, é visto, pelas lideranças cristãs atuais, como alegoria, mito, fragmento de estórias, uma construção histórica que atravessou séculos.


O bárbaro método de execução de São Sebastião fez dele um tema recorrente na arte medieval, surgindo geralmente representado como um jovem amarrado a uma estaca e perfurado por várias setas (flechas); três setas, uma em pala e duas em aspa, atadas por um fio, constituem o seu símbolo heráldico.

Tal como São Jorge, Sebastião foi um dos soldados romanos mártires e santos, cujo culto nasceu no século IV e que atingiu o seu auge na Baixa Idade Média, designadamente nos séculos XIV e XV, tanto na Igreja Católica como na Igreja Ortodoxa. Embora os seus martírios possam provocar algum ceticismo junto dos estudiosos atuais, certos detalhes são consistentes com atitudes de mártires cristãos seus contemporâneos.





Algumas das igrejas dedicadas a São Sebastião









quarta-feira, janeiro 20, 2016

SÃO SEBASTIÃO,TEXTO DE DOM FERNANDO RIFAN


Hoje celebramos a solenidade do glorioso mártir São Sebastião, padroeiro da Cidade maravilhosa e do nosso Estado do Rio de Janeiro.

Segundo nos explica Dom Orani João Tempesta, Cardeal Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, ele nasceu em Narbona, uma cidade ao Sul da França, no século III. Era filho de uma família ilustre. Ficou órfão do pai ainda menino, e então, foi levado para Milão por sua mãe, onde passou os primeiros anos da infância e juventude.

A mãe educou-o com esmero e muito zelo. Ele ingressou no exército imperial, e, por sua cultura e grande capacidade atingiu os mais altos graus da hierarquia militar, chegando a ocupar o posto de Comandante do Primeiro Tribunal da Guarda Pretoriana durante o reinado de Diocleciano, um dos mais severos imperadores romanos, perseguidor dos cristãos.

Foi denunciado ao Imperador como sendo cristão. Mesmo sendo um bom soldado romano, suas atitudes demonstravam sua fé cristã, e, diante de todos, confessou bravamente sua convicção. Foi acusado, então, de traição. Na época, o imperador tinha abolido os direitos civis dos cristãos. Por não aceitar renunciar a Cristo, São Sebastião foi condenado à morte, sendo amarrado a um tronco de árvore e flechado. Porém, não morreu ali. Foi encontrado vivo por uma mulher cristã piedosa que tinha vindo buscar o seu corpo. Diante do ocorrido, recuperada a saúde, apresentou-se diante do Imperador e reafirmou sua convicção cristã. E nova sentença de morte veio sobre ele: foi condenado ao martírio no Circo. Sebastião foi executado, então, com pauladas e boladas de chumbo, sendo açoitado até a morte e jogado nos esgotos perto do Arco de Constantino. Era 20 de janeiro.

Seu corpo foi resgatado e levado para as catacumbas romanas com grande honra e piedade. Sua fama se espalhou rapidamente. Suas relíquias repousam sobre a Basílica de São Sebastião, na via Apia, em Roma. O Papa Caio escolheu-o como defensor da Igreja e da fé.

Nesses tempos de grande negação da fé e de valores espirituais e religiosos, humanos e sociais, São Sebastião torna-se um grande modelo de ajuda para nós hoje, principalmente aos jovens, envoltos em grande confusão moral e espiritual. Ele é um sinal de fidelidade a Cristo mesmo com as pressões contrárias. Dessa forma, ele continua anunciando Jesus Cristo, por quem viveu, até os dias de hoje. Ele nos ensina a não desanimarmos com as flechadas que recebemos e a continuarmos firmes na fé.
Um mártir não deve ser um estranho para nós. Ainda em pleno século XXI encontramos irmãos e irmãs nossas que são mortos em tantos países, outros têm ainda seus direitos civis cassados por serem cristãos, outros são condenados à prisão ou à morte por aderirem ao Cristianismo, e ainda são expulsos de suas cidades e suas igrejas queimadas. Além disso, muitos são martirizados em sua fama, em sua honra e tantas outras maneiras modernas de “matar” pessoas por causa da fé ou de suas convicções cristãs.

*Bispo da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney





terça-feira, janeiro 19, 2016

II DOMINGO DO TEMPO COMUM



A retomada do Tempo Comum inicia-se com um símbolo muito expressivo para evidenciar o relacionamento entre Deus e a humanidade: é o símbolo do casamento. Muitos autores exegetas definem o casamento como um dos símbolos mais importantes para compreender o relacionamento entre Deus e a humanidade. O símbolo do casamento encontra-se, neste 2º Domingo do Tempo Comum, tanto na profecia de Isaías (1ª leitura) como no conhecido episódio das Bodas de Caná (Evangelho).





A profecia de Isaías acontece num tempo de depressão popular. O povo está triste diante da necessidade de reconstruir a vida pessoal e a vida comunitária, depois do exílio. Isaías aparece, portanto, como um incentivador espiritual do povo, profetizando que Deus volta a falar e a iluminar sua vida com sua Palavra, não como alguém autoritário, mas como um noivo apaixonado, capaz de mudar tudo, até mesmo esquecer as tantas traições sofridas (1ª leitura). Deus é o noivo apaixonado que assume seu povo como uma esposa amada, reconstruindo a relação matrimonial com o povo, chamando-o de “terra desposada”, “minha predileta”, “bem-casada” (1ª leitura). Ou seja, Deus tira a vergonha de uma esposa recusada e a assume como amada e como a alegria para o seu noivo, que é o próprio Deus. É um movimento de recuperação do povo, pelo qual Deus refaz a vida, fazendo novas todas as coisas. Ele é o Deus criador e re-criador do povo, de onde o incentivo para cantar a Deus um canto novo, pois sua glória se manifesta em todas as nações da terra (salmo responsorial).



O mesmo tema matrimonial aparece no início do Evangelho de João, narrando as Bodas de Caná. Deste episódio, vamos destacar dois símbolos. O primeiro deles faz referência ao tempo. Nosso Lecionário brasileiro não menciona, mas muitas traduções Bíblicas iniciam a narrativa dizendo: “No terceiro dia houve um casamento...” (cf. Bíblia da CNBB em Jo 2,1). A referência temporal é continuidade do último versículo do capítulo anterior, relatando a realização de todas as coisas em Jesus Cristo. Simbolicamente, o número três é a metade do número seis (número da imperfeição), indicando que Jesus está entrando neste espaço imperfeito para realizar a plenitude dos tempos, quando o vinho novo será melhor que aquele primeiro oferecido aos convidados (Evangelho).



O segundo sinal fala da abundância do vinho, que alguns exegetas dizem ser em torno de 400 a 700 litros. É um sinal da plenitude messiânica, um projeto divino que aponta para a grande festa da vida, repleta da alegria e de abundância, graças a presença do Deus da vida entre nós; da vida que Deus derramará nos corações daqueles que participam do convite para com ele se banquetear com o “vinho novo”. Por isso, compreende-se que a advertência de Maria — “eles não têm mais vinho” (Evangelho) — não é apenas um cuidado feminino e maternal, como costumamos dizer, mas uma profecia em vista do futuro da humanidade: a transformação desta vida em festa não é uma tarefa puramente humana, mas algo possível a Deus “fazendo tudo que ele disser” (Evangelho).

Este contexto de serviço, de colaboração com a construção de um tempo novo, de trazer o “tempo da plenitude”, onde o vinho novo é oferecido a todos acontece através dos ministérios, no interior das comunidades eclesiais (2ª leitura). Ministérios que atuam em comunhão e participação para que todos possam participar das núpcias (aliança) entre Deus e o seu povo.